Postagem em destaque

YEAH, HOUSTON, WIR HABEN BÜCHER!

e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

quarta-feira, 8 de abril de 2020

ANIARA - análise e crítica do filme

ouvindo: Plínio  Marcos, Balbina De Iansã, de 1971

“Estou perdido, sei que estou
Cego para assuntos banais
Problemas do cotidiano
Eu já não sei como resolver

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui”
– Capital Inicial, “Leve Desespero”








(vou postar todos os posteres pra cinema porque eu gostei de todos e foda-se se tu não gostares)
vamos de Aniara porque eu gostei da crítica e porque hoje é Dia da Astronomia[1] – sendo esta uma das mais antigas ciências executadas e estudadas pelo ser humano, tratando de corpos celestes e fenômenos que se originam fora da atmosfera do planeta Terra – e porque eu também pesquiso e escrevo ficção literária, foi até tema do último conto que escrevi.
Aniara é um filme sueco-dinamarquês de 2018, escrito e dirigido pelos suecos Pella Kagerman e Hugo Lilja sobre o poema épico homônimo[2] de outubro de 1956 do escritor sueco vencedor do Nobel de Literatura Harry Martinson (1904-1978)[3] e produzido por Annika Rogell, para os estúdios Meta Film Stockholm, Moretti Films, iaplay, Film Capital Stockholm Fund & Gotlands Filmfond e Ljud & Bildmedia.

“O QUE ME CONTAS DE VOSMECÊ, ANIARA?”
Aniara é um verbete de origem grega que significa “triste” e “desesperado”[4], sendo que “triste” é um adjetivo que caracteriza muito bem o filme – “melancólico” seria melhor adequado. 
como em Wandering Earth (filme chinês que critiquei NESTE vídeo do meu canal), catástrofes naturais estão ferrando o planeta e a humanidade está com dias contados no planeta e, ao contrário do visto no texto chinês, há Aniara, uma nave (que mais parece uma peça de Lego ou um pente de memória RAM[5]) de cruzeiro que levará gente que tem MUITA GRANA até Marte, que já foi colonizada e minimamente suficientemente adaptada para receber pequenas populações humanas (i.e., terraformada).viagem de três semanas, coisa rápida – pros padrões da época, que não é dita em momento algum (o que tomei por bastante conveniente).
sabe o que é Lei de Murphy, abiguinh@? é um corolário que preconiza que 
Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.

“ah, mas é isso que acontece em Aniara?” 
hell yeah, cara. não que tenham celebrado a embarcação como um novo Titanic. todavia, ao invés de um fucking iceberg, um parafuso atingiu uma fresta do casco, chegando ao reator principal, desencadeando uma pane que forçou a ejeção do combustível nuclear, para que, caso outro imprevisto, não resulte em um acidente maior ainda.e lá o capitão Gary Francis Cane Cherone (Arvin Kananian) diz que houve um problema técnico e que usarão a gravidade de outro planeta para voltar à trajetória original e isso não deve levar mais do que dois anos, e não há necessidade de desespero.
AHAM, ‘TÁ OK.
não, não é ESTE Cherone

“mas um parafuso, porra?”
considere que, se conseguem tirar da Terra à Lua Marte em três semanas, é porque a viagem espacial evoluiu pra caralho, né? e, se entre Terra e Lua já tem LIXO ESPACIAL PARA CARALHO[7], imaginem o que não teria de entulho entre a Terra e Marte, que é uma distância 598,2728124024555 vezes maior que da Terra a seu satélite natural.
e se faz necessário pontuar que vemos a narrativa pela ótica de Mimarobe (Emelie Jonsson), a controladora da sala conhecida como Mima, computador dotado de inteligência artificial desenvolvido para liberar os tripulantes de todas suas mágoas e frustrações, as substituindo por sentimentos agradáveis – para melhorar o humor d(urante) a viagem.
os problemas começam quando o tédio e a frustração decorrente da nova duração estipulada de viagem começam a se tornar insuportáveis e TODO MUNDO quer usar a porra da Mima AO MESMO TEMPO. Mimarobe avisa ao capitão que pode dar merda, ele diz que pode ajudar, mais ainda quando ela diz que não há esperança alguma de acontecer o que ele disse ao resto da tripulação, visto que a colega de quarto de Roberta Twelander (Anneli Martini), a astrônoma alcoolatra e frustrada com a vida desde seu divórcio após 31 anos de casamento, havia lhe dito que não havia corpo celeste algum para contornarem para retornar à vicinal de origem. e, olha só a putaria!, Herr Kaptain diz que a alta cúpula dos diretores da nave pretendem transformar esta em um planeta (SÓ QUEM JÁ VIU ISSO EM HISTÓRIAS DO QUARTETO FANTÁSTICO E LEMBROU DO MUNDO BÉLICO LEVANTA A MÃO BEM ALTO!).
agora relê lá o adágio e agora vai pro começo do parágrafo anterior e agora vem a segunda parte do caos: pessoal fica loco oco oco, vai se desestressar com a Mima e ela
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, BANDO DE HUMANO MALDITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO, EU NÃO AGUENTO MAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIS VOCÊEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEÊS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
explode e mata todo mundo que ‘tava na sessão, provocando comoção geral e precisavam de algum BODE EXPIATÓRIO e como Libidel (Jennie Silfverhjelm) critica Mimarobe por retirar todo mundo da máquina, sem saber o que ‘tava acontecendo de fato, escolheram ninguém mais ninguém menos que a
sim
ela mesma
Mimarobe

sempre precisam de um bode expiatório, não?

e a piloto que Mimarobe julgava ser sem coração e sem sentimentos, Isagel (Bianca Cruzeiro), é a que intercede em seu favor e então..... ficam juntas (E COMO FICAM, HA HA HA) e Isagel fica grávida em um dos rituais de celebração à Mima (já canonizada por um culto pagão celebrante à natureza criada pela máquina em questão), onde rolam orgias onde ninguém é de ninguém.estaria tudo lindo, maravilindo e maravilhoso se Isagel já não estivesse seriamente mentalmente debilitada. e dá pra piorar?
sempre dá, ‘cê sabe.
lá pelo quarto ano, descobrem uma sonda de combustível que pode ser alcançada por Aniara em cerca de quatorze meses e lá vai o fuckin Cherone dar esperanças pra galera e claro que dá merda porque não há tecnologia, não conseguem acessar a energia lá contida. Roberta se cansa dessa merda e quita desse projeto. Cherone a mata por insubordinação quando ela dá a real, dizendo que não aceitará mais hipocrisia por parte dele a cena do corpo dela sendo jogado ao espaço é poética (e eu me vi quando ela, deitada, pegou champagne de uma caixa de plástico ao lado da cama[8], sentindo inveja, MUITA INVEJA). e após Mimarobe fazer um senhor feixe de elétrons FODA que reproduz a paz de espirito produzida por Mima para que Isagel não se sentisse tão fora de si, Isagel se mata e ao filho delas.ainda que o infante não apareça, é uma cena, no mínimo, por assaz fudidamente angustiante pra porra. e o “mundo” (i.e., vida) acaba pra ela ai. e o filme ainda tem lenha pra queimar, pois, ao 24º ano em permanência no veículo, ele se torna o que Twelander previra, um caixão, um sarcófago.
e CINCO MILHÕES
NOVECENTOS E OITENTA E UM MIL 
E QUATROCENTOS E SETE 
ANOS
DEPOIS
Ainara chega à constelação de Lira, e vê-se um planeta que aparenta ter as mesmas condições da Terra de gerar vida.que coisa, não?

o filme não é chato, tampouco monótono. sim, é lento mas não é chato, tampouco monótono – a fotografia de Sophie Winqvist Loggins e a edição de Björn Kessler, Pella Kågerman e Michal Leszczylowski fazem totalmente a diferença na hora de criar uma atmosfera perene de “caralho, vai dar merda, mas vai acontecer o quê?”, sendo que SEMPRE vai aparecer algo que vai te deixar puto quando estiveres se “acostumando” com a última cagada feita.
se eu fosse escolher um filme pra comparar Aniara, seria Lunar – ainda que o estadunidense seja muito mais dinâmico e movimentado –, devid’os níveis de stress e frustração que nuna baixam sequer estabilizam, só vão aumentando, o que, estando personificado em Mimarobe, acontece muitas vezes nas nossas vidas: não importa o quanto tu se fodas, sempre estarás prestes a se fuder mais ainda (mesmo que ela tenha dito ao capitão que seria necessário desligar Mima por um período para lhe dar tempo de descarregar as memorias ruins acumuladas e este cagar pra ela).
e, por fim, como a mesma Roberta fala para Mimarobe, tanto Aniara quanto seus tripulantes são porra nenhuma no universo e nada do que façamos conta no plano geral das coisas. “ah, mas a minha religião...” tua religião não vai impedir de tu, eu, quem teve a ideia de criar blogs pra geral falar merda na internet sermos alguma REALMENTE RELEVANTE PARA O COSMOS e isso dá uma das sensações de impotência mais filhas da puta que já tive na vida.
Aniara é sobre o papel do ser humano na Terra e no universo, algo a qual tu não podes ser/ficar impassível. ou seja, é um filme que merece a conferida.

[1] vi no perfil da UFPA no Instagram.
[2] “Aniara: uma revisão do homem no tempo e no espaço”, em tradução literal do sueco.
[3] QUE SURPRESA UM ESCRITOR DE FICÇÃO CIENTÍFICA GANHAR UM NOBEL JUSTAMENTE POR UMA OBRA DE FICÇÃO CIENTÍFICA!
[4] pra caso se perguntes o porquê da citação do Capital Inicial.
[5] acrônimo de Random Access Memory, i.e., Memória de Acesso Randômico, i.e., memória que possibilita o acesso aos arquivos armazenados em dispositivos eletroeletrônicos, como computadores e telefones celulares.
[6] “Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha um parafuso
tinha um parafuso no meio do caminho
no meio do caminho tinha um parafuso.” 
[7] para melhores informações sobre lixo espacial ao redor da Terra, consultar
Detrito Federal Espacial
https://pt.wikipedia.org/wiki/Detrito_espacial

Carlos Cardoso. Veja em tempo real tudo que há em órbita (exceto os aliens, claro)
https://meiobit.com/348601/stuff-in-space-veja-em-tempo-real-tudo-que-ha-em-orbita-na-terra-lixo-espacial-catalogo-publico/

Régis Rodrigues. Quanto lixo há na órbita terrestre? 
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/lixo-espacial.htm

A.J. Oliveira. Mais de 90% dos objetos em órbita são lixo espacial
https://super.abril.com.br/ciencia/mais-de-90-dos-objetos-em-orbita-sao-lixo-espacial/

A missão para acabar com o lixo espacial
https://www.dw.com/pt-br/a-miss%C3%A3o-para-acabar-com-o-lixo-espacial/av-48433979

[8] revi a cena umas dez vezes para ter certeza que era champagne e não vômito, mas ‘inda creio que seja champagne COM vômito naquele vasilhame.










BIS
ZU
DEM
BREAKING
FUCKING
NEUEN
POST
!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você está em solo sagrado!
Agora entalhe com vossas garras na Árvore dos Registros e mostre a todos que virão que você esteve aqui!!!