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YEAH, HOUSTON, WIR HABEN BÜCHER!

e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

POEMA ESCRITO NO BUZÃO VINDO À UNIVERSIDADE

“Imaturidade é achar que todas as cores se resumem uma única cor”
– Claufe Rodrigues, “Acróstico”

[sem título]
PARTE do meu Coração está em Belo Horizonte
25% em Londrina
Um Quarto de Olhos Castanhos Amorenados
A Última Parte de Vermelho Voluptuoso.
E agora, meu Boi,
Boi da Lua,
O que fazer?
Coração partido (mas não quebrado), o que fazer?
Alguns demônios exorcizados e uma Highway to Hell de último semestre da graduação pra percorrer.
Um dia, as mãos Delas nas minhas e quando de novo?
Quando de novo, Vardé?
Só com as Lembranças
Sozinho com que Elas me deixaram de Tesouro.

:: 30 de setembro de 2013 ::

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CONTO ESCRITO NO BUZÃO

GAUMEN TAKT KONTUR








“Que significa o símbolo? Boca na água,
mas sou boca valva e meus feitos são violados e sem nexo.
O símbolo é oculto
e teu umbigo oculta o mundo como o redemoinho a água.
O símbolo é a força, e teu calor é preguiça armada,
eu, micróbio mimado entre os teus seios. 
Batizaram-se as mulheres com nomes estranhos.
Eu esquecerei o teu se te chamarem por algum.”
– Unsi Al-Haj, poeta árabe. 






Rothaarige Frau, pintura da alemã Petra Rohling-Unsinn



AINDA LEMBRO DE SEU GOSTO. De sua carne. De sua pele. Característicos. Particulares. Concomitantes. Complementares. Lembro de cada curva de seu corpo. Abençoadamente, corpo de mulher; não como dos produtos que somos (quase que) obrigados e condicionados a aceitar como idealizados e ideais através de celulose e ondas eletromagnéticas transmitidas de diferentes freqüências e por diferentes origens – modificados e possivelmente com sabor metálico. Não, não você. Você a meia-luz ou à luz cortada por lençóis escuros cobrindo a janela. Sob lençóis e sob colchão, sobre colchão e sob tecido algum, somente você sobre a cama, eu sentado n’uma cadeira a te ver dormindo silenciosa como a noite sem som algum que serve de moradia às estrelas. Ah, seu gosto... Seus gostos em seu gosto, todos em um todo, todos a um todo, todos um todo, todos todo. Gostos em contorno, gosto em formato, formatos, desenhos rabiscados e já arte-finalizados, naturais como a natureza e com gosto de quero-mais quero-até-enjoar impossível-não-querer impossível-enjoar. Formato de pernas-macias-suculentas. Colo-aqui-será-seu-lar. Braços-abraçam-apertam. Mãos-descobrem-caminhos. Pés-marotos-em-você-me-apoio. Quadris-aqui-à-sua-vontade. Cintura-aqui-suas-mãos. Costas-caminhos-sem-volta. Barriga-em-mordidas-lambidas. Busto-seu-mundo-imponente. Pescoço-me-beije-me-chupe. Olhos-que-queimam-desejam-sem-falar. Lábios-que-aos-suspiros-e-arfares-imploram-por-gozar. Primeira vez como se fosse ontem. A cada vez a primeira e não importar onde e momento. Encaixe perfeito, o começo e o fim de um mundo a cada amanhecer ou anoitecer ou entardecer. Panelas prestes a explodir, mísseis se aproximando de seus alvos. Orgasmo liberando energia para possibilitar fissão de um átomo. Átomos. Cadeias. Seqüências pré-ordenadamente determinadas. Corpos de mulheres. Seu corpo. Segredos inconcebíveis e inenarráveis a cada descobertas. Desabrochar das flores, a flor declamar-poesia e flor-pela-qual-se-declamam poesias e odes e sonetos. Lábios idealizados, os montes-de-carne indescritivelmente desejados para diversos fins desejados de acordo com quem idealiza e deseja. Ah,o enfim conseguir. As pernas enfim como os braços da donzela que esperou seu guerreiro retornado e ela suspira para encher o ar de um castelo inteiro. “Vem!” E ir. Vitória. Plena. O Todo. Toda. Você. Quem vos vê, não vos vê, só vê passar. E seus Montes desejados. Seu Todo desejado. Seu Todo uma vez meu. Me chamastes “meu rei” e em verdade sou vosso servo. Incapaz de obedecer sempre mas sempre ao alcance de vossas mãos. Suas unhas me rasgando a carne enquanto vos fazia minha. Minha? Outrora. Outrora quanto tempo? Tanto tempo que ainda lembro? Creio que não deves mais lembrar? Lembrar? Lembro de seus gostos e sabores e contornos – por um momento pensando em como lembras de mim. Ah! Ah!, um momento Tu minha completamente uma vez e novamente enquanto o universo se termina e se reinicia em jubilo e gozo.

:: 27 de setembro de 2013 ::
:: escrito de uma só porrada em um UFPA - Cidade Nova 6, a caminho do campus Guamá da Universidade Federal do Pará ::
:: „Gaumen, Takt, Kontur“: do alemão, “Paladar, Tato, Contorno” ::

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

TEXTO DO DIA: POR UMA ABORDAGEM SENSÍVEL DO POEMA - ALEILTON FONSECA

Por uma abordagem sensível do poema
Aleilton Fonseca

“A emoção não é burra, ela abre horizontes.”
Benedito Nunes

Os poetas escrevem poemas; os leitores os lêem. Diferentemente dos leitores comuns, os estudiosos de literatura abordam um poema ou um conjunto de poemas, em busca de produzir novos conhecimentos acerca de um texto, de um autor ou da poesia em geral. Para isso, ao longo de sua formação, adquirem instrumentos teóricos e metodológicos que lhes permitem fazer uma abordagem supostamente objetiva, coerente e eficaz. Trata-se de modelos de análise, geralmente construídos e propostos por teóricos acadêmicos, utilizados como ferramentas que permitem desmontar e dissecar os textos — analisá-los, classificá-los, enfim, estabelecer a sua análise. O analista geralmente aplica sobre o texto poético uma nomenclatura — as categorias analíticas — enfim, formula uma metalinguagem que se desdobra sobre o objeto (o poema torna-se um objeto de estudo), muitas vezes subsumindo-o, incorporando-o, tornando-o tributário da análise. De tal forma que, não raras vezes, o resultado causa estranhamento até aos próprios autores. Não foi à toa que Carlos Drummond de Andrade escreveu um longo poema com o objetivo de exorcizar as nomenclaturas analíticas que os vários teóricos de diversas vertentes lançam sobre o texto literário*. Nesse poema, intitulado Exorcismo, o poeta enumera os conceitos, concluindo cada sequência com o apelo crítico e irônico: “Libera nos, Domine”**. 

  
EXORCISMO
Carlos Drummond de Andrade

Das relações entre topos e macrotopos
Do elemento suprassegmental
Libera nos, Domine

Da semia
Do sema, do semema, do semantema
Do lexema
Do classema, do mesma, do sentema
Libera nos, Domine

Da estruturação semêmica
Do idioleto e da pancronia científica
Da reliabilidade dos testes psicolingüísticos
Da análise computacional da estruturação silábica dos falares regionais
Libera nos, Domine

Do vocóide
Do vocóide nasal puro ou sem fechamento consonantal
Do vocóide baixo e do semivocálico homorgâmico
Libera nos, Domine

Da leitura sintagmática
Da leitura paradigmática do enunciado
Da linguagem fática
Da fatividade e da não fatividade na oração principal
Libera nos, Domine

Da organização categorial da língua
Da principalidade da língua no conjunto dos sistemas semiológicas
Da concretez das unidades no estatuto que dialetaliza a língua
Da ortolinguagem
Libera nos, Domine

Do programa epistemológico da obra
Do corte epistemológica e do corte dialógico
Do substrato acústico do culminador
Dos sistemas genitivamente afins
Libera nos, Domine

Da camada imagética
Do espaço heterotópico
Do glide vocálico
Libera nos, Domine

Da lingüística frástica e transfrástica
Do signo cinésico, do signo icônico e do signo gestual
Da clitização pronominal obrigatória
Da glossemática
Libera nos, Domine

Da estrutura exo-semântica da linguagem musical
Da totalidade sincrética do emissor
Da lingüística gerativo-transformacional
Do movimento transformacionalista
Libera nos, Domine

Das aparições de Chomsky, de Mehler, de Perchonock
De Saussure, Cassirer, Troubtzkoy, Althusser
De Zolkiewsky, Jakobson, Barthes, Derrida, Todorov
De Greimas, Fodor, Chao, Lacan et caterva
Libera nos, Domine



O poeta mineiro deixa transparecer que, submetido a essa “provação” conceitual, o poema, em si, como invenção de linguagem e experiência, sucumbe à análise, perde sua aura de mistério, sua magia, com suas metáforas e opacidades reveladas à exaustão, classificadas, dobradas ao entendimento objetivo, racional. Como diria Drummond, “um claro enigma que uma vez decifrado não resta mais nada”. Um grande estudioso como Antonio Candido não se furta a registrar o mal-estar do crítico sensível, diante dessa situação:

Não posso aproximar-me da poesia, como crítico, sem sentir um certo constrangimento. Por que, para fugir de uma certa crítica detestável de impressões vagas e de tiradas sem sentido, o crítico vai se esforçando por se exprimir em conceitos, que são o resultado de análises em que o seu esforço foi — por mais que não o quisesse — o de intelectualizar as emoções.

Submeter a poesia ao processo de expressão crítica é, de certo modo, sacrílego e perigoso. Sacrílego, na mesma medida em que o é a crítica musical intelectualizada; perigoso, na medida em que o crítico sacrifica boa parte da sua experiência poética — passada em regiões e em termos inefáveis — e se intromete pela do leitor adentro**.

Eis aí o paradoxo inevitável. O poema é um objeto da cultura e, como tal, deve ser estudado, analisado, esclarecido como procedimento, como linguagem e experiência transmutadas em versos, como forma artística. A experiência do texto poético constitui um conhecimento e, a rigor, não se deve ter medo da análise e da teoria***. Todavia parece que a relação objetiva — e até fria, estritamente metodológica — do analista com este objeto extremamente sensível merece uma reflexão.

Ao impor ao texto poético um método, uma teoria, de fora para dentro, o crítico não o estaria deformando em sua natureza poética strictu sensu? Não o estaria limitando, enquadrando-o numa forma — restringindo-o aos aspectos qualificáveis dentro de um esquema de entendimento dado de antemão?  Outra questão: o analista, nessas condições, seria um leitor exemplar de poesia? Talvez não, se entendermos o poema não apenas como uma fórmula linguística desmontável, mas como texto insubmisso, desestruturador das convenções, único em sua invenção imagética. E mais: um poema é único em cada leitura, em cada recepção particular do leitor. O texto de poesia é muito mais do que uma equação de sentidos, muito mais do que sua camada intelectiva logicamente explicável. Ele é também experiência e afetividade humana condensadas em palavras, complexo imensurável, enigma cujo sentido pertence ao momento mesmo de sua concepção. As abordagens que primam pelo racional, explicam — não resta dúvida! — mas também limitam o universo do poema ao escopo teórico, restringem os seus sentidos aos parâmetros permitidos ou delimitados pelo modelo explicativo utilizado. De tal forma que, mudando-se o método, mudam-se os sentidos verificáveis e a cadeia demonstrativa aplicável ao texto. Ou seja, para cada tipo de análise, o poema é uma coisa diferente. Ele torna-se algo e faz sentido a partir dos pressupostos que lhe são aplicados. Mas, e o poema em si, em sua natureza íntima, o que é? É experiência, afetividade, sentimento pessoal e coletivo condensado em palavras. Trata-se de um discurso de exceção, para além do uso corrente da linguagem, carregado de afetividade, corrente energética que quer falar diretamente à dimensão afetiva do interlocutor, reflexivo, transitivo, figurativo do mundo e das experiências emotivas — seja no plano concreto, seja no plano do desejo ou das intenções.

Mas é possível enfrentar esse impasse. Para tanto, é preciso que o estudioso seja, antes de mais nada — e sobretudo! — um leitor sensível do poema. Que seja capaz de interagir com o texto segundo a sua natureza de discurso que busca sintonia e reciprocidade para com o domínio afetivo. Essa abertura proporcionará ao analista ampliar, sem abrir mão dos recursos de abordagem, o alcance de sua percepção, admitindo no estudo a substância de sua subjetividade, de sua experiência emotiva e de seu grau de sintonia afetiva para com o poema em consideração. O estudo do poema, portanto, escapa às rédeas do mero conceitualismo descritivo, sua abordagem deixa de ser pretensamente científica e passa a ser uma abordagem sensível, performance textual que se inscreve no campo da própria literatura.

A abordagem sensível do poema é aquela que atribui ao texto literário — e não à teoria e seu método — o lugar privilegiado. Nesse caminho, o conhecimento anterior é uma base, pois os sentidos se originam no poema e para ele convergem, soberano em sua conformação lingüística, semântica e contextual. Com isso, o discurso-guia da teoria, o discurso-praxis do pesquisador e o discurso-arte do poeta ficam livres para um diálogo sensível, sem subordinações, nem preconceitos. Trata-se de uma experiência em que a análise configura os sentidos presentificados pelo poema, considerando também os seus efeitos nos sentimentos do pesquisador.

A abordagem sensível configura seu método e sua teoria no processo em si, pois eles são intuídos e percebidos a partir do próprio campo de sentidos acionado pelo texto estudado. O pesquisador torna-se, dessa forma, um intérprete integral do poema. Sua percepção e sua consciência não são subordinadas a pressupostos e preconceitos — que, muitas vezes, levam à visão distorcida ou equívoca de um texto, considerando-o bom ou ruim, expressivo ou inexpressivo, à luz de postulados que lhes são externos. O analista sensível convoca ideias, informações, sentimentos e conceitos para formarem uma cadeia dialógica com o poema, amalgamando o domínio cognitivo e o domínio afetivo na sua percepção. Nessa abordagem, emoção e razão se reconciliam de fato, pois não há o recalque da primeira em proveito da segunda. E isto está consoante com a natureza íntima do poema, que é, em essência, o resultado da sintonia, do equilíbrio — não obrigatoriamente perfeito — entre as faculdades da razão e da emoção. De fato, a emoção somente não é capaz de transformar a experiência em texto poético, assim como a razão sozinha também não o integraliza. Enquanto, no processo, a razão é o anteparo do excesso, exercendo o domínio conformador da energia criadora, a emoção é o vetor por onde flui essa mesma energia.

Essa abordagem do poema considera na análise aquilo que o método e a teoria em regra menosprezam e evitam — o saber da subjetividade/emotividade do pesquisador. Mas, paradoxalmente, sem essas prerrogativas, o analista corre o risco de ser um mero aplicador de fórmulas interpretativas e explicativas — um mero operador e conservador de conceitos preestabelecidos — pronto para jogar no lixo o imprevisto, o acidental, o inusitado. E tudo isso constitui a energia vital do poético e da renovação das formas.

A abordagem sensível põe em cena o pesquisador em sua condição humana integral, com seu aparato cultural e sua sensibilidade peculiar. Para ele, o poema é uma caixa de surpresas. Umas se encaixam na dimensão explicativa, outras ele pode apenas sentir e, nesse caso, registrar os achados do seu sentimento. Esta é uma forma mais justa, legítima e coerente de saber o poema, pois a emoção pode ser também uma dimensão privilegiada de pensar e refletir sobre o mundo, a arte e o ser humano.



NOTAS
* Antonie Compagnon levanta vários questionamentos acerca dos excessos da teoria. Cf. COMPAGNON, Antonie. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1999.
** ANDRADE, Carlos Drummond de. Exorcismo. In: ___.  Discurso de primavera e algumas sombras. 3.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979,  p. 113.
*** CANDIDO, Antonio. “Mário de Andrade – Poesias - Livraria Martins Editora – São Paulo, 1941”. In: Clima, n. 8, São Paulo, jan. 1942. Apud: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 36, São Paulo, 1994, p. 135. (publicado aí, com a ortografia atualizada).
**** LIMA, Luis Costa. “Quem tem medo de teoria?”. In: __. Dispersa Demanda. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981, p. 193-198.


FONTE
Poesia Sempre, N. 14, ano 13, p.173-177. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2006.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

FELIZ ANIVERSÁRIO, PORRA!!!!

“FELIZ ANIVERSÁRIO!!!” e “MUITOS ANOS DE VIDA!!!” a: 

- um dos melhores e mais importantes putos que conheci este ano. Direto de Santa Maria do Rio Grande do Sul, ANDERSON IORATI COLOMBELLI!
(“até o ENEH nós iremos, para o que der e vier...!” [e eu já tava muito bêbado na foto!])

- um dos meus Brüder von Deutschgeitschenwissenchaft bei UFPA: MICHEL GADELHA!

Y0U 4R3 FUCK1NG 0N3S, M4NN3R!!!! 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

POEMAS PERDIDOS EM CADERNOS: SEM TÍTULO PARA A DANIELLE

Esse poema já ‘tava pronto mas, como peguei meu caderno hoje, resolvi postar logo. É pra uma guria que conheci no ENEH.
E, sim!, espero de verdade que ela goste!
(e acho que a Ina Becker vai ficar puta por ter usado uma frase dela, mas vai o agradecimento logo no final)

[sem título]

Um Minuto, um Pra Sempre
Um Pouco Tempo, um “Infinito Particular”
Pequeno momento pra sempre
E olho pra sua foto
E sinto o peso suas pernas sobre minhas coxas
Sim, e eu me sinto bem
E olha minha vontade de ouvir sua voz novamente.
Você pode não achar
Mas sua voz pra mim é música
E quando suas mãos nas minhas novamente?
E quando novamente nossos narizes juntos
E nossas bocas próximas?
Perto demais da entrega total
mais próximo ainda de um beijo que poderia mudar Tudo?
Tudo? O que é o Tudo e o que Mudaria?
Becker disse que beijos abrem as pernas e revelam a alma
Coração aberto? Alma desnuda?
Aberto onde e Onde começa?
Um país continental de distância mas sempre próximos
Ah! Novamente suas Palavras com Som, Cheiro e Sabor aos meus ouvidos...!
Ah! Flores no formato de suas Mãos ao alcance das minhas
E Versos no formato de seu Rosto e de seu Corpo próximos
aos meus...!
Quanto tempo até a Próxima Vez?
Haverá Próxima Vez? E, se houver, serei o Capitão do Barco do Bem-Querer
Rumo ao Seu e ao Seu Coração?
Então?
Outra vez...
Mais uma vez...
Em Tempo Real e não em um ENEH,
Mas em um Mundo (nosso?) (como / tal qual em um ENEH).
Rios cruzados uma vez entrelaçados
Cientes de si mesmos
“Existirá outra vez?” à mente pelo menos
uma vez por dia
(muitas vezes ao dia)...!
Mais uma vez “Infinito Particular” por um Período (bem) mais longo do que o inicial...!
Mais Pequenos-Momentos-Para-Sempre...
Quadros em pareces, Curtas-metragens
Roteiros e Crônicas confeccionados a quatro mãos.
Ah! Uma vez suas Pernas sobre minhas coxas...
Ah!
E, da próxima vez, onde quer que seja –
Seu Corpo sobre o meu, adormecido
(minhas mãos acariciando) Seus Cabelos cobrindo Seu Rosto
no meu peito.

Será?


:: Universidade Federal do Pará, setembro de 2013 ::
:: „danke schön“: Tinara Rodrigues Becker ::

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

UMA FOTO FAZ UM CONTO.................

Ai que vi esta foto no mural da Lívia Franco Mendes e ai que hoje escrevi este conto nas aulas de Prática do Ensino e Aprendizagem e Psicolinguistica (só faltam estas duas pra eu me formar). E AINDA BEM QUE ELA GOSTOU!

ENTARDECER

“ela para e fica ali parada
olha-se para nada
(paraná)
fica parecida
(paraguaia)
para-raios em dia de sol”
– Engenheiros do Hawaii, “Parabólica”, Gessinger, Licks & Maltz, 1992.


Ela sentada parecia uma pintura, só à mesa, em silêncio e perdida em pensamentos, cabelos vermelhos cobrindo as orelhas e caindo sobre os óculos de grau, de armação fina e que casavam muito bem ao seu rosto. Pés sobre sandálias de dedo, ora cruzados, ora passados um no outro, unhas feitas, as palmas dos pés juntos, palmas dos pés pelas canelas até os joelhos. Uma das mãos na testa, semi-aberta, polegar passando pelas articulações doutros dedos, a unha polegar indo e voltando pelas outras; a outra segurando um canudinho, a outra metade dentro do copo, voltas e voltas. Olhos castanhos baixos, olhando para dentro deste copo, olhando para lugar nenhum, a mão na testa, inquieta, abrindo e fechando, sinais com os dedos, olhos baixos, ignorando o bar, o mundo, as pessoas, o fim de tarde ensolarada. Ao lado do copo, um crachá com uma foto (a dela) com o cordão enrolado organizadamente. Ao lado do crachá, um sabre de luz com as medidas de suas mãos. Aparentemente ignorado, era de uma família onde crianças aprendiam a falar e a andar ao mesmo tempo que eram versadas no uso de tais artefatos. Ela era atraente, mas não destoava do cenário, e o sabre evitava cortejos e aproximações indesejadas – e ela não estava ali para tanto. Após ver o que vira, precisava de um momento só, sem Conselho, amigos, família, mestre: só consigo mesma. As voltas no suco de frutas davam voltas em suas memórias e pensamentos, mais perguntas e incertezas do que respostas, para onde depois daquele dia, daquela tarde? Fim de tarde ensolarada, pele morena e olhos de um castanho quase do sol se pondo. O mesmo pôr-de-sol em Geonosis, onde o anoitecer tornou-se eterno para muitos de seus irmãos e irmãs, inclusive para muitos soldados da então República e os mercenários Mandalorianos – até mesmo o que roubara seu coração. Após aquela tarde que a enfim consagrara como Cavaleira, todos os dias eram-lhe insuportavelmente longos demais. Após Geonosis, todo pôr-do-sol fazia perder-se e tornar-se absorta em profunda e ímpar melancolia. Olhos castanhos baixos, voltas e voltas no suco de frutas.

:: para Lívia Franco Mendes ::
:: 16 de setembro de 2013 ::
:: agradecimentos ao Sr. João Paulo Leão ::

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

[por ora, sem título]

“Com ela em paz, sem mais ninguém” 
– Matanza, “Mesa de Saloon”, Santa Madre Cassino, 2001.

O FATO: UMA GUERRA TERMINA COM UM LADO VENCEDOR E OUTRO PERDEDOR. O primeiro humilha o segundo antes de enfim subjuga-lo ou o humilha enquanto o subjuga. Um reino inteiro havia sido tomado e anexo a outro, mas não sem um verdadeiro oceano de sangue ter lavado ambos territórios e outro de lágrimas de mães e pais ter assolado as regiões. Há muito, o conflito começara, há muito não sabiam mais pelo que lutavam.
Em uma manhã que os clérigos previram ser ensolarada, a execução. A casa real triunfante ordenou que fosse com a armadura real. Como as tradições ordenavam, a armadura do rei devia ser vestida pela esposa, pela mãe e pela primeira filha. A esposa, por ser a mulher a quem prometia honra e ajudá-lo-ia a guardar e manter as tradições. A mãe, por trazer reis ao mundo e, junto ao pai, ensinar as tradições. A filha, por ser a próxima e em seu tempo, executar tais rituais. Mas não mais genitora e sem descendente e a esposa ainda batia às mãos no marido quando a tentava ajudar. “Nam”, ela dizia, “humpf!”, contrariada. Do lado de fora, soldados esperavam-os para o campo. Então, o último beijo antes de saírem.
Não trocaram palavra até o local. Ambos pares de mãos coçavam por não estarem juntos neste trajeto. Afoitos. Inquietos. Sedentos. Entretanto controlados. Ela alguns passos frente a ele – com um soldado a cada lado –, mas às mesmas passadas. Uma ama a cada lado, a dois passos atrás dela. Uma delas não havia dormido. Rei e rainha não conseguiram dormir. Um reino inteiro mal pregara os olhos desd’a noite anterior. O casal passara a noite zanzando pelo castelo, sem rumo, até ver o amanhecer, na torre mais alta. Então...
“Finalmente!”, o conquistador dissera. “Vocês demoraram muito! Que descortês!”, ironizou. Ele olhou com o rabo do olho para sua senhora. E eis que o novo soberano proferira um imenso discurso sobre as novas terras, novos súditos, novas perspectivas do futuro do reino enquanto expandido, liberdade, amor, governo, futuro. Um discurso tão pomposo e garboso que até sua mulher e seus súditos estavam entediados, que dirá os “novos súditos”... O sol estava alto e nem o conquistado aguentava mais a ladainha e esperava logo pelo seu inevitável devido ao calor incomum que os deuses resolveram conceder aquela manhã. Nenhuma nuvem no céu.
“Ah! Você!”, disse o conquistador. “Antes de tudo, deixe-me dizer...” Agora o quê, deuses?, o conquistado pensou, tal como todos os outros. Puxou a espada e apontou ao condenado. “Eu nunca gostei desse monte de pelo que você tem no rosto, sabe?”, começou. “Para quê?” Olhares de reprovação como estrelas surgindo no firmamento. Sorrisos se abrindo discretamente sob elmos. As pontadas podiam não ser sentidas na armadura, mas eram direto no ego e na vontade do até então soberano. “Que dignidade e virtude existem em não permitir que os outros vejam seu rosto?”, andava em círculos ao redor dele. E o calor... “Então, meu caríssimo derrotado”, estendeu a mão, a esposa foi até ele e entregou-lhe o que parecia ser uma... Tesoura de podar árvores. “Vossa pessoa tem duas opções bem simples”, passava o indicador, o médio e o anular da mão direita nas lâminas: “ou morre barbudo, como o animal que eu – e todos os aqui presentes – duvidamos que seja”, pegou o artefato pelas lâminas e o ofereceu pelo cabo ao conquistado, “ou morre com o rosto de um homem digno e decente, respeitando a nobreza de seu sangue e família”. Abriu sorriso mais escarnecedor e enojador que nunca haverá igual.
O dono da longa barba espessa e escura como trevas impenetráveis tomou o item da mão de seu adversário. Olhou-o muito bem. O pegou e o admirou como se fosse uma espada de fino trato que deve ser somente carregada mas nunca usada de fato. Balançou a cabeça afirmativamente algumas vezes. “Nada mal”, como era como dissesse, “parece ter um bom fio”. O “diretor da peça” se divertia muito e não escondia isso, talvez pelo fato de a etiqueta não permitir que risse como o chacal que era e que certamente riria em seus aposentos, após os ocorridos. Sua esposa o reprovava por perder tempo em algo tão supérfluo. Antes de perder pai e mãe no campo de batalha, via a guerra como algo desnecessário e infantil; após, era a maior incentivadora de envio de tropas ao front. A esposa do inimigo não chegou a conhecer a mãe, morta no parto; o pai morreu para salvá-la durante o sítio de seu feudo por tropas inimigas. Reprovava o marido por pensar pouco antes de agir. O viu jogando o item para o alto.
Antes que caísse, soberanos se olharam em olhos. Toda a guerra passou pelos olhos dos dois naquele momento. Para espanto geral, ao pegá-lo, o conquistado rasgou a um só golpe destruidor e preciso a própria garganta, antes de partir como um raio para cima do inimigo entonando o grito de guerra de seu povo. Antes que soldados fincassem lanças em suas costas para retirá-lo de cima de seu soberano, o mesmo já estava caído ante a escadaria do castelo, engasgado em seu próprio sangue, com o item cortante alojado até o cabo atravessando-lhe o espaço entre o gogó e o inicio da caixa torácica. Sangue real banhava vestes de cetim e veludo.
“Eu morrerei antes de ver meu povo escravizado e rastejando ante a ti”, o rei ainda conseguia gritar enquanto fincava a tesoura. “E tu, mais imundo e abjeto dos seres, morrerá antes de ver meu povo subjugado pelo vosso!”
E saiu antes de cair com o peso sobre os joelhos. “Se um dia morrer, Sophy”, ele disse a ela uma noite, “que seja em vossos braços”. Olhava para o céu azul sem nuvens. Mãos e barba vermelhas como os cabelos dela. Só sentiu os braços dela ao redor dele quando ela o chamou pelo nome e não por “meu senhor”. Ela colocou a cabeça dele junto ao seu busto enquanto descansava o queixo sobre a cabeça recentemente sem pelos. Mãos juntas pela última vez. Olhos fechados juntos pela última vez.


:: 11 de setembro de 2013 ::

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

PEQUENA ODE.......

[sem título]


Se fizerem uma pintura sua, tem uma auréola na sua cabeça
E também uma estrela olhando pra você.
Não sou cristão, mas você é a resposta das preces -
Cachorros filhos da puta especiais como você não são encontrados em esquinas...
Eu não tento mais entender como encontro gente como você...
Se meus amigos da UFPA e do CEFET te conhecessem
(QUANDO eles te conhecerem!)
Vão te amar e te idolatrar e até os ouço dizer não sem motivo:
“Caralho, Leo, você é um cara muito foda!”
Impossível não te pedir não nos matar de preocupação
Gente como você veio pra fazer barulho e ser ouvido.
Insatisfação e raiva e frustração são os motivos condutores?
Melhorar tudo pra todos e não pra alguns poucos!
Cara, cadê você? Aí em Belo Horizonte.
'Tô aqui em Belém, fecho os olhos e te ouço falar algo e até com as mãos
Ai bate a saudade e dá vontade de chorar.
Talita, Clau, Júlia, Elisiane, Juh e eu temos inveja e ciúme verdadeiros e saudáveis da Danielle, da Camila, do Guto, do Rodrigo e do Ricardo 
Porque eles 'tão sempre bem perto de você...!
Cara, cadê você? Nas nossas melhores memórias:
Uma semana é uma vida inteira e sempre teremos isso conosco.
Será que vai demorar muito pra nos termos todos como uma matilha?
Cante para nós com suas risadas e sua felicidade e bem-querer contagiantes de forma que fiquemos doentes e nunca queiramos melhorar.
Tudo vai melhorar, um dia vamos nos ver de novo
Ah, seus abraços novamente e suas lágrimas que não quebrarão os nossos corações!
Não lembro mais como nos conhecemos mas isso não importa mais agora...
O que importa? Importa é o Agora e o que temos agora conosco
E que nós te amamos e não te desejamos nada menos e nada além do que o MELHOR!
Obrigado pra sempre por aparecer pra nós
E muito mais ainda por nos acolher e estar conosco onde iremos: 
Nosso Grande Amigo e Nosso Grande Irmão LEO!

:: para João Leonardo Martins ::
:: 11 de setembro de 2013 ::
:: aula de Prática de Ensino e Aprendizagem de Alemão, Prof.ª Odinéia Bastos Amaral ::
:: „Danke fucking schön“: Edson Augusto, Juh Garmonbozia, Elisiane Cordeiro, Júlia Helane, Camila Reis, Danielle Brito, Rodrigo Marques, Ricardo, Talita Ricieri e Claudinei de Freitas ::

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CANÇÃO PARA TALITA - conto de Garou sobre o XXXII ENEH

CANÇÃO PARA TALITA


NÃO ESTAVA MAIS ESCURO DENTRO DA BARRACA POR CAUSA DA ILUMINAÇÃO EXTERIOR DO BARRACÃO DA ESCOLA DE SAMBA. Dormiam de boca aberta, roncando em uníssono cada um a seu tom, ela com a cabeça e uma das mãos no peito dele, e ele com um dos braços ao redor dela, com os corpos colados. Não sabiam que horas eram, só sabiam que estavam lá.
Ele acordou com o balanço da barraca, ela com os gritos – algo acontecia lá fora. Até que ouviram algo parecido a... Uivos. Ele reconheceu alguns dos timbres na hora, até que ouvira seu nome naquela linguagem. “Fique na barraca”, ele disse – praticamente lhe ordenando –, já vestindo uma bermuda, “e não saia para nada até eu vir te buscar”, a beijou antes de sair. Era possível ver somente os contornos dos corpos e dos cabelos castanhos desgrenhados da menina.
O pandemônio. “A Batalha do Apocalipse começou e ninguém me avisou?”, ele disse. Pessoas correndo de um lado para outro e os Garou que sabia que estavam presentes já estavam em combate. Barracas em chamas, corpos jogados ao chão. “Ela está aqui em algum lugar!”, ele ouviu o brado feminino que liderava o ataque. Seu sangue gelou. “Quilômetros, faça alguma coisa”, Camila Suave-como-um-Córrego, Ahroun dos Filhos de Gaia da Universidade Federal de Santa Maria, ordenou sem pestanejar. Era um ataque coordenado de Espirais Negras, Malditos, Fomori e outras... Coisas que nunca havia visto antes. Ela havia lhe dito que os Garou do caern UFRJ estava a caminho mas que estavam resolvendo outra complicação no mesmo.
Júlia Último-Ás, Theurge Andarilha do Asfalto da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Anderson Derruba-Boi, Ahroun Fenrir da Universidade Federal de Santa Maria, Leo Cartada-Certeira, Galliard Andarilho do Asfalto da Universidade Federal de Minas Gerais, Rodrigo Semente-no-Concreto, Ragabash Andarilho do Asfalto da Universidade Federal de Minas Gerais, Claudinei Fonte-do-Verso, Galliard Fenrir da Universidade Estadual de Londrina, Dannyllo Berserker, Ahroun Andarilho do Asfalto da Universidade Estadual de Londrina, agiam sob a batuta de Juliana Assine-Bem-Aqui, Philodox Andarilha do Asfalto da PEMB, e Wanessa Dívida-de-Honra, Philodox Galliard Presa de Prata da Universidade de São Paulo. Eram poucos Garou para conter um ataque daquele porte e, para falar a verdade, eles nem sabiam porque se proteger. Havia um outro alojamento para abrigar os encontristas do mesmo evento e lá haviam outros lobisomens; todavia, na melhor das hipóteses, também estavam sob ataque. Para o azar deles, alguns Parentes já haviam sido mortos.
Embaixo de cobertas e com os olhos mareados de lágrimas, Talita ouvia os uivos de guerra dos Garou já em Crinos combatendo seus antagonistas e dos inocentes sendo mortos. Ao fechar os olhos novamente, viu índios e colonizadores em guerra. Entre eles, Parentes e Garou de todas as tribos, Vampiros, alguns Magi tradicionalistas e inclusive os da casa que seria conhecida como Tecnocracia (mas não saberia reconhece-los). E os viu. Um italiano levando sua mulher e filho – ambos indígenas – para o mais longe que poderia. E sendo perseguidos até que pai e mãe foram mortos. Um branco pegou a criança. A olhou bem. Entregou para uma mulher. Talita abriu os olhos.
Ascendeu em branco. Revelou-se com o mais límpido e furioso dos uivos. Semente-no-Concreto, Fonte-do-Verso e Assine-Bem-Aqui já haviam caído, Quilômetros-a-Pé lutava para se salvar e salvar a pele de Suave-como-um-Córrego (que ajudava Cartada-Certeira, lamentando por Rodrigo). A linha de frente era composta por Último-Ás, Derruba-Boi e Dívida-de-Honra. Quando a Ponte da Lua dos Garou da UFRJ foi aberta, eles foram encobertos por um clarão que engoliu todo um bairro da cidade do Rio de Janeiro. Ao desfalecer do iluminar, ela irrompeu com os mais belos pelos e olhos castanhos, como as árvores mais antigas das florestas mais perdidas.
“É ela”, foi a última coisa se ouviu de um dos inimigos. Com a graça de uma bailarina e a precisão de um samurai, foi derrubando um a um, deixando estupefatos todos os Urrah presentes. Nada em pé além dela, que não permitiu um escapar para levasse a mensagem a seus mestres. Ao final, os Garou de Gaia se reuniram ao redor dela, que voltara a forma humana, sendo acolhida por Quilômetros.
“Lita?”
“Rafael?”, ela perguntou. “O que aconteceu?”
“Essa pergunta é nossa, menina”, disse Derruba-Boi. Júlia ajoelhou-se frente a menina. “Somos muitos gratos a você, visse?”, seu sotaque era fortíssimo mas agradável. “Não é todo dia que somos salvos por uma Garou em sua Primeira Mudança”.
“O que eu sou?”, Talita perguntou.
Eles se entreolharam. “É uma longa história”, Camila sorriu, pegando docilmente em seus ombros, “agora você precisa descansar antes de saber”.
“Eu tive um sonho”. Todos levantaram as orelhas e viraram na direção dela. “Índios e colonizadores em guerra”, ela começou, já tinha atenção geral, “não sei onde, um branco levou sua mulher e bebê, os dois índios, até bem longe. Eles foram mortos, entregaram o bebê para uma mulher.”
“Talita”, Quilômetros pediu, “mostre as palmas das suas mãos”.
A jovem, ainda tremendo, estendeu as mãos e mostrou as palmas – Rafael segurou a direita e Camila a esquerda. Nelas, o pictograma da tribo outrora conhecida como Croatan entalhado como se em klaive. Todos perderam as palavras. Após minutos, Wanessa foi a primeira a falar.
“Puta que pariu. Por Mãe Gaia em toda sua misericórdia e piedade.”
Alguns Andarilhos se entreolharam, sem saber o que acontecia.
“Senhoras, senhoritas e senhores e todos os Garou presentes”, Camila disse, “temos aqui a última Croatan”, ela continuou.
“E, nos acreditem”, Dívida-de-Honra completou, “agora sim, começa a Batalha do Apocalipse.”


:: 06 de setembro de 2013 ::
:: sobre o XXXII Encontro Nacional de Estudantes de História ::