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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

THE MOUNTAINS OF MADNESS - análise e crítica da HQ

ouvindo: David Bowie, Space Oddity, de 1969.

The Mountains of Madness, de Adam Fyda, de 2020

é, sim. tem umas e outras postagens paradas, pra upar aqui, mas como li hoje mais cedo a nova adaptação pra HQ de As Montanhas da Loucura, do Howard Phillips Lovecraft (1896-1936), é dela que vou tratar porque talvez seja meu texto favorito do (talvez) mais famoso rodislandês[1]. não preciso dizer QUEM é o cara, tem muito post aqui que já fiz isso e, quando vi “olha só, mais uma adaptação de As Montanhas da Loucura pra HQ, dexó ler essa porra”.

quem assina essa versão do texto original de 1930 mas que só foi publicado nas edições de fevereiro, março e abril de 1936 da Astounding Stories of Super-Science[2] é Adam Fyda, mas, importante observer, já tem duas adaptações anteriores da mesma obra pra nona arte. a primeira foi assinada pelo quadrinista, escritor, cineasta e animador britânico Ian “I.N. J.” Culbard para a editora escocesa SelfMadeHero, em 2010. a segunda pelo mangaká japonês[3] Gou Tanabe em 2016, para a Kadokawa. Tanabe já tinha produzido, pra mesma editora, as adaptações dos contos O Templo, O Cão de Caça e a Cidade Sem Nome, que saíram no Brasil n’antologia O Cão de Caça e Outras Histórias, da JBC, em 2015.

Astounding Stories of Super-Science de fevereiro de 1936

Astounding Stories of Super-Science de março de 1936

Astounding Stories of Super-Science de abril de 1936

a primeira Astounding Stories of Super-Science, de janeiro de janeiro de 1930

a versão de I.N. J. Culbard para Nas Montanhas da Loucura, SelfMadeHero, 2010

a versão de Gou Tanabe para Nas Montanhas da Loucura, Dark Horse, 2019[4]

O Cão de Caça e Outras Histórias, também de Gou Tanabe, da JBC, em 2015. trad. Edward Kondo.

1930. em uma expedição científica à Antártica, o geólogo e professor da Universidade Miskatonic William Dyer lidera uma expedição onde descobertas ruínas antigas, formas de vida pré-históricas desconhecidas para a ciência e não identificáveis como plantas ou animais, além de uma cadeia de montanhas mais alta que o Himalaia.

1932. uma nova empreitada ao continente “gelado”[5], liderada por Howard Pym, também professor[6]. este recebe de um desconhecido o livro de notações de Herr Professor Dyer (que, ulhe só, também é geólogo) e lhe é pedido que leia antes da quest[7], que será realizada pelos navios Arkham e Miskatonic. antes de chegarem ao destino, se relata, como em filme em preto e branco os percalços de Dyer na região até seu trágico desfecho. junto ao graduando Danforth[8], segue as orientações apresentadas por Dyer.

o que dá pra falar até aqui sem estragar a surpresa é que o Necronomicon é citado pelo Danforth e, por ter visto o que viu nas cavernas subterrâneas, acaba ficando pinel (destino comum a quem viu o livro em questão e por ter passad’o que passou).

logo, é possível concluir que o texto de Fyda acaba sendo não somente uma porra duma continuação do original lovecraftiano mas também uma adaptação livre, e os dois textos conversam formando um terceiro. é/seria algo como O Enigma de Outro Mundo, de 1982, do Carpenter[9], e o A Coisa, de 2011[10], do van Heijningen Jr., mas feito direito, e não aquela porra, de 2011. ai que acaba meio que não sendo necessária a leitura do texto original porque o negócio já tá praticamente todo na versão fydaiana – porque são textos a partir de um texto que, como eu falei, acabam sendo um só texto –, mesmo que o original ainda seja climática e narrativamente incomparável.

O Enigma de Outro Mundo, de 1982, de John Howard Carpenter; roteiro de William Henry Lancaster (1947-1997), baseado em Who Goes There?, uma novela de John Wood Campbell, Jr. (1910-1971) (sob o pseudônimo Don A. Stuart) e publicada na revista Astounding Science Fiction em agosto de 1938[11][11.1]


A Coisa, de 2011, de Matthijs van Heijningen Jr.; roteiro de Eric Heisserer (A Hora do Pesadelo, Bird Box, Quando as Luzes se Apagam)

Astounding Science Fiction de agosto de 1938

a arte de Fyda é outro espetáculo à parte. me lembrou muito a arte do Hergé em alguns pontos que creio que ficaria do caralho em uma animação os jogos de cores e iluminações jogam muito a favor do texto e nada fica fora do lugar. se a história fosse “muda”, também ia caber perfeitamente nota-se o cuidado que tem principalmente nos cenários de página dupla: são grandiosos sem ser ofensivos e com itens perdidos. as cenas de plano geral cortado em quadros em uma só página também são muito legais porque são detalhistas mas dá pra identificar tudo.

Fyda não tensiona abrir um novo capítulo na adaptação de textos lovecratianos para outras mídias, e sim contar uma história dentro de uma história sem que a segunda se perca na primeira. esta leitura de Nas Montanhas da Loucura pode muito bem ser utilizada como uma porta de entrada a novos leitores do rodislandês, ainda que tenha o “contraponto” Lovecraft Country, série da HBO baseada na obra homônima de Matthew Theron “Matt” Ruff, de 2016.

mas mesmo eu gostando muitão de série, umas mais que outras, eu ainda prefiro The Mountains of Madness, de Adam Fyda. e recomendo também.






[1] não ‘tô admirado desse gentílico de Rhode Island ser assim, se bem que eu tinha deduzido que seria algo assim.

[2] primeiro dos vários títulos da revista Analog Science Fiction and Fact, publicada de janeiro de 1930, inicialmente pela editora Snappy Stories, capitaneada por William Mann Clayton (1884-1946) e Hiram Gilmore "Harry" Bates III (1900-1981). sim, esse mesmo Harry Bates foi o autor de Adeus ao Mestre, publicado pela primeira vez na edição de outubro de 1940 desse mesmo periódico. a revista é publicada até hoje.

[3] não, não é só japonês que faz mangá.

[4] não encontrei as capas da edição japonesa então vão essas mesmas.

[5] aquecimento global, né?

[6] ¿seria parente do também pesquisador Henry Pym? (entendedores entenderão)

[7] nada me tira da cabeça que foi o próprio Drye que entregou o livro ao Pym.

[8] não se diz em nenhum momento da obra qual a área de estudos dele, deve ser Geologia também. tinha Geofísica ou afins nesse período histórico?

[9] descaradamentemente inspirado no texto original do Lovecraft neste post comentado.

[10] que não tem nada a ver com o filme homônimo de 1985, escrito e dirigido por Larry Cohen.

[11] além d’O Enigma de Outro Mundo e A Coisa, outro filme baseado no texto de Wood Campbell, Jr. foi O Monstro do Ártico, de 1951, dirigido por Christian Nyby (1913-1993) e roteiro de Charles Davies Lederer (1910-1976).

[11.1] primeiro filme dirigido por Christian Nyby. 











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