ouvindo: Brian Tyler, The Expendables: Original Motion Picture Soundtrack, de 2010
2 Coelhos é minha gratíssima surpresa desse mês descobri totalmente na doida, de forma aleatória no Twitter: um cara que me segue e eu o sigo apresentou como “pérola do cinema nacional” ou coisa assim. vi o trailer e curti perguntei pruns amigos e disseram que é bacana então “foda-se, por que não?”. procurei pra baixar e vamos lá.
enquanto o Red Hot Chilli Peppers tem “Californication”[1] como homenagem à indústria dos videogames, pegando tons de Tony Hawk e dos dois primeiros GTA[2], 2 Coelhos presta seu tributo a nivel metalinguístico, metassemiótico, metanarrativo, intersemitótico e internarrativo à obra conjunta inicialmente criada[3] pelos designers de jogos escoceses David Scott Jones e Michael “Mike” Dailly. CURIOSIDADE IMPORTANTE: a dupla também foi responsavél por um dos incomparáveis e inexoráveis e obrigatórios clássicos da história dos videogames: Lemmings, também pela DMA Design e lançado em 1991.
vídeoclipe de “Californication”, do RHCP, dirigido pelos cineastas estadunidenses Jonathan Dayton e Valerie Faris[4]
Lemmings, de David Scott Jones e Michael “Mike” Dailly
[2 Coelhos] é um imparável O Silêncio Q Precede o Esporro[5] e NÃO é uma obra pra se esperar OH!, uma reflexão filosófica que vai mudar tua vida, apesar de ter uma porrada de crítica social assaz pertinente et relevante (sim, o negócio ‘tá lá sim, nem tem como dizer que não) as atuações convencem, a edição (feita por Afonso Poyart[6] – roteirista e diretor da obra, inclusive –, André Toledo e Lucas Gonzaga) e a fotografia (de Carlos André Zalasik[7]) jogam muitão a favor do texto[8]. todavia, admito que, mesmo tendo música do Matanza, a trilha sonora composta pelo André Abujamra[9] e pelo Marcio Nigro[10] não me convenceu não.
o Afonso Poyart se inspirou descaradamente em Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, escrito e dirigido pelo Guy Ritchie (), e a HQ Dead Body Road, escrita por Justin Jordan () e desenhada por Matteo Scalera (), para fazer 2 Coelhos; além de juntar tudo o que aprendera de cinema aqui e ali. nada é de graça na história, tudo vai se explicando aqui e ali e até as mortes escrotas são legais se tu não fores um crítico de cinema chato que só preza pelo feijão com arroz dos “clássicos”, certeza que haverás de gostar desse filme.
Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, de 1998, escrito e dirigido pelo Guy Ritchie
Dead Body Road, escrita por Justin Jordan e desenhada por Matteo Scalera, para a Image Comics no biênio 2013-2014
“AFINAL, QUAL O PAPO DE 2 COELHOS?!?”
Edgar (Fernando Alves Pinto[11], que também faz a narração em terceira pessoa[12]) é indiciado por matar, em um acidente de carro, a esposa e o filho de Walter (Caco Ciocler[13]). Hermes (Norival Antônio Rizzo[14]), o pai de Edgar, o quita pra Miami até que a poeira baixe enquanto contrata Walter para trabalhar em seu restaurante.
CONSIDERAÇÃO UM: Hermes pede ajuda ao deputado estadual Jader Kerteis (Roberto Marchese[15]) para livrar a cara de Edgar.
CONSIDERAÇÃO DOIS: no momento do acidente, Edgar estava com a promotora pública Júlia (Alessandra Negrini[16]), esposa do advogado Henrique (Neco Vila Lobos[17]). os dois trabalham para livrar a cara de Maicon (Marat Descartes Campos[18]), chefe de um das maiores quadrilhas de São Paulo (ONDE A NARRATIVA SE PASSA).
Júlia e Edgar tratam um plano para pegar a grana de Maicon e sumir no mundo, contando com a ajuda de Walter e Sophia (Aldine Muller[19]), esposa de Jader. só que, É CLARO, as coisas não são tão fáceis – AINDA BEM QUE NÃO – e é uma espiral descendente de cagadas ensaiadas imprevisíveis daquelas que dão muito gosto de ser vistas. e as participações especiais do Thaide[20] e do Robson Nunes[21] dão um sabor todão especial à narrativa, já que – junto a Hermes – acabam sendo os “efeitos colaterais” do plano (nada) perfeito de Júlia e Edgar.
a engrenagem final da trama é que a grana em questão é justamente a que Maicon pagaria Jader para este se motivar a livrá-lo da promotoria pública e do Ministério Público do Estado de São Paulo.
o roteiro de Poyart não é fácil, tampouco simples, mas consegue ser redondo justamente por não ser linear, por forçar o espectador a ver a película até o final e saber onde tudo se encaixa no final. creio que o texto não teria graça alguma se assim fosse – linear.
se tem final feliz? tem. infelizmente. mas FELIZMENTE não é nada óbvio. e este é o segundo grande trunfo do filme.
veja 2 Coelhos.
postagem amorosamente dedicada ao músico, compositor e ativista Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana (1965-2019), a.k.a. Marcelo Yuka.
[1] do álbum homônimo, de 1999.
[2] acrônimo de Grand Thief Auto, série de jogos de videogame. o primeiro foi desenvolvido pela softwarehouse britânica DMA Design e lançado pelas estadunidenses Take-Two Interactive e Rockstar para PlayStation 1, Game Boy Color, Windows e MS-DOS em novembro de 1997; o segundo também saiu pela DMA Design e comercializado pela Rockstar para as mesmas plataformas em setembro de 1999;
[3] yeah, o GTA;
[4] que dirigiram, entre outros CRÁSSICOS “Spider-Man”, do Ramones; “She’s Got Issues”, do Offspring (do Americana, de 1998); “Freak on a Leash”, do KoЯn (do Follow the Leader, de 1998); “Perfect”, do The Smashing Pumpkins (do Adore, de 1998); “More Than Words”, do Extreme (do Extreme II: Pornograffitti, de 1990);
“Spider-Man”, do Ramones
“She’s Got Issues”, do Offspring
“Freak on a Leash”, do KoЯn
“Perfect”, do The Smashing Pumpkins
“More Than Words”, do Extreme
[5] quinto álbum da banda brasileira O Rappa, lançado em 2003 e primeiro disco da banda sem o baterista e letrista Marcelo Yuka (1965-2019);
[6] que dirigiu vídeoclipes do Charlie Brown Jr. e Mais Forte que o Mundo - A História de José Aldo, de 2016;
[7] que trampou nos curtas Landau 66 (de Fernando Sanches, de 2008) e Teresa (de Paula Szutan e Renata Terra, do mesmo ano) e nos documentários Em Busca de Iara (de Flavio Frederico, de 2013) e Surfar é Coisa de Rico (Guga Sander, de 2015);
[8] como sou estudioso de hermenêutica, a meu ver, TUDO. É. FUCKING. TEXTO;
[9] DISPENSA APRESENTAÇÕES;
[10] ele trabalhou na OST de uma das minhas animações brasileiras favoritas, Peixonauta, de Célia Catunda, Kiko Mistrorigo e Kyle Hewitt [11] que começou carreira em Terra Estrangeira, de 1996, dirigido por Walter Salles e Daniela Thomaz. também atuou em Menino Maluquinho 2 - A Aventura, de Fernando Meirelles, e Lula, o Filho do Brasil, de Fábio Barreto (sim, o que dirigiu aquela porra chamada O Qu4trilho);
[12] O QUE ACHEI FODA PRA CARALHO!!!!!!;
[13] Carlos Alberto “Caco” Ciocler, ator, diretor e roteirista;
[14] ator brasileiro de televisão, cinema e teatro. atuou em obras como Opressão (de Mirella Martinelli), O Menino, a Favela e as Tampas de Panela (de Cao Hamburger), Rá-Tim-Bum (era a Esfinge) e Cúmplices de Um Resgate;
[15] ator, locutor, diretor, teatrólogo e professor;
[16] idem nota 9;
[17] trampou em Kubanacan e Chiquinha Gonzaga;
[18] trampou em Maysa - Quando Fala o Coração, 145 e O Matador;
[19] musa da pornochanchada, trampou em Os Imorais, de Geraldo Vietri, e Shock: Diversão Diabólica, de Jair Correia;
[20] idem nota 9;
[21] ator, dublador, roteirista e cantor. que felicidade a minha ao saber que ele não fez só Malhação.
BIS
ZU
DEM
BREAKIN
FUCKIN
NEUEN
POST
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