“[...] em nenhum país cristão da atualidade os líderes religiosos podem contar com um grau de crença e participação como o que continua a ser normalmente encontrado em terras muçulmanas. Em poucos países cristãos, se é que em algum, os princípios e práticas cristãos estão imunes a comentários críticos ou discussões no nível em que é aceito como normal mesmo em sociedades muçulmanas ostensivamente seculares e democráticas. Na realidade, essa imunidade privilegiada tem sido estendida, de facto, a países ocidentais onde comunidades muçulmanas estão já estabelecidas e onde crenças e práticas muçulmanas têm garantia de imunidade a críticas num nível que as maiorias cristãs perderam e as minorias judias nunca tiveram. Mais importante ainda; com muito poucas exceções, o clero cristão não exerce ou nem ao menos demanda o tipo de autoridade pública que ainda é normal e aceita na maior parte dos países muçulmanos.
O nível mais elevado de fé e práticas religiosas entre os muçulmanos, em comparação com seguidores de outras religiões, explica, em parte, a atitude única dos muçulmanos frente à política; não é a explicação total, já que atitude semelhante pode ser encontrada em indivíduos e mesmo em grupos inteiros cujo compromisso com a fé e a prática religiosas é, no máximo, superficial. O islã é não apenas uma questão de fé e prática; e também uma identidade e uma lealdade que, para muitos, transcendem todas as demais.”
– LEWIS, Bernard. “Definindo o Islã”. IN: A crise do Islã: guerra santa e terror profano. Trad. Maria Lucia de Oliveira. Brasil: Jorge Zahar, 2004.
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