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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

NOVO SUPER-MAN: FABRICADO NA CHINA - crítica da HQ / sobre política nas Histórias em Quadrinhos

ouvindo: Neil Young & Crazy Horse, Everybody Knows This Is Nowhere, de 1969.
NOTA: se tu és adept@ do “não ponha política no meu quadrinho”, RAPA DAQUI AGORA MESMO! 

esse post vem em um momento bastante irônico pra caralho porque essa semana mesmo eu vi a maravilindamente linda da Daniele Suzuki mimimiz... chorando na internet porque foi preterida em uma novela que foda-se-não-sei-o-nome-do-desgraçado escreveu pra ela e, no fim, a preteriu pela Giovana Antonelli (um dia vou entender que graça geral vê nessa mulher, quem precisa de Giovana Antonelli existindo Paola de Oliveira e Alessandra Negrini?).
sim, foi whitewashing na cara de madeira mesmo, violentão mesmo, fudidão mesmo, sendo que a trama se passa em uma colônia japonesa/nipo-brasileira, com a maioria dos personagens nascida nesse meio, vocês entenderam. quando eu tava pensando “se fuder, caralho, tem assunto de verdade pra se preocupar nessa porra e não ‘representatividade nipo-brasileira em novela da Globo’”, lembrei que tinha lido em algum periódico de HQ que a DC, em decorrência de seu enésimo reboot, Renascimento, iria criar um Super-Homem chinês, que TODO O UNIVERSO ficou “CARALHO, UM SUPER-HOMEM CHINÊS! FODA-SE!” 
dia desses, eu vi num site ai pra baixar todas as 24 edições do personagem em um .rar e “foda-se, por que não?”. baixei e li e gostei gostei, olha melhor ainda que não é um SH de uma terra alternativa (admito que seria infinitamente mais do caralho, mas deixa estar[1]) e o Kal-El, após ter desaparecido de alguma maneira que não me interessa saber porque eu não paro pra ler série regular da DC faz anos e não pretendo mudar isso, chega a visitar em algumas edições e TODOS os personagens de origem asiática da DC, os lá do Extremo Oriente, aparecem aqui e ali e isso é fudidamente maravilhoso. ademais, por essa “presença” no mundo que os heróis em suas versões canônicas estão, tudo o que acontece nos EUA está diretamente relacionamento ao que rola em, aqui e ali, em todo lugar ‘tá tudo lugar, o roteirista Gene Luen Yang (Super-Homem, Avatar) – que criou o personagem em conjunto ao desenhista Viktor Bogdanovic (Batman, Wolverine) – não perdoa não e esfrega todas as referências na tua cara impiedosamente.
 
 

 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
capas alternativas de Bernard Chang (Tropa dos Lanternas Verdes, Turok, Mary Shelley Monster Hunter)
Novo Super-Homem: Fabricado na China, como falei, tem 24 edições – publicadas entre setembro de 2016 e agosto de 2018 –, o único que se mantém presente em todas é o (já mencionado roteirista Gene Luen) Yang e é uma merda não ter, além do capista Bernard Chang, uma constância na arte. essa mudança, admito, incomoda bastante porque as histórias são muito boas e empolgantes e o que começa como Novo Super-Homem: Fabricado na China termina como Novo Super-Homem *E* a Liga da Justiça da China[2] e isso é absurdamente fenomenal. o Gene Luen Yang foi uma excelentissima escolha para o roteiro por não fazer personagens estereotipados em situações esdrúxulas que te fazem querer rasgar a revista e abandonar a leitura ele apresenta tanto (jovens) chineses cujo padrão de vida já foi definitiva e irremediavelmente influenciada pelo American Way of Life quanto os questionamentos políticos internos da China[3] e como eles estão reconfigurados aos tempos presentes.e como isso influenciou DIRETAMENTE a criação tanto dum SH quanto duma LJ sinólogas, tornando belchiormente tudo divino e tudo maravilhoso ver como os chineses veem o negócio, sem intermediações ocidentais a não ser o meio narrativo. e claro que também tudo fica mais lindo e maravilhoso porque a história é empestada de budismo, confucionismo e taoísmo que, em muitos momentos, não se consegue respirar mitologia e religião e filosofia gritando nos teus ouvidos sem parar e sem parar e sem parar, fazendo parte intrínseca da narrativa e, muitas partes, fazendo dos personagens o que são e que cheguem ao melhor e máximo de seus poderes e como pessoas.

“MAS QUAL É O PAPO AFINAL DESSE ‘NOVO’ SUPER-MAN?!?” 
um bully xangaiense chamado Kong Kenan, filho de um mecânico chamado Zhongdan (que diz que faz parte de um grupo de escritores mas a verdade é um grupo de combatentes que deseja tomar o poder na China e cujo lema é Verdade, Justiça, Democracia[4]), por puro “acaso”[5] encara um vilão chamado Condor Azul após uma entrevista à repórter Laney Lan[6], do Primetime Shangai[7], se torna meio que uma estrela pop na China, tendo seus 15 minutos de fama no mundo. enquanto visita o túmulo de sua mãe (que diz que morreu num desastre aéreo[8]), é cooptado pela Dr.ª. Sina, que trabalha para o Ministério da Supremacia (sim, contra o qual o grupo político de Zhongdan luta), que lhe propõe participar de um projeto que o faça alguém realmente capaz de ajudar os chineses. o projeto sai mais ou menos como esperado e, para conter Kenan, Sina convoca os equivalentes ao Batman e à Mulher-Maravilha da China: Peng Deilan e Wang Baixi, respectivamente[9].
para que Kenan descubra e aprenda a controlar devidamente seus poderes, é – via Ming Ming, assistente de Sina – encaminhado ao mestre I-Ching (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!), que também já tem suas próprias tretas pra resolver no decorrer do texto tal qual Deilan e Baixi.

NO MAIS, a dobradinha Novo Super-Homem/Novo Super-Homem e a Liga da Justiça da China é uma senhora forra da DC porque tem começo, meio, fim e não enrola quem se dispõe a ler. ‘tá tudo lá, certinho, direitinho, redondinho, com firulas aqui e ali, mas não deixa a peteca cair. esqueça toda essa merda de heróis estadunidenses e o caralho e vá ler Novo Super-Homem.

POR FIM, além da rotatividade de desenhistas e arte-finalistas e coloristas, o outro ponto negativo do título (era pra ser só um, “mas... mas... mas...”) é aparecer o Esquadrão Suicida (creio que em decorrência do hype daquele lixo que insistem em chamar de filme da equipe em questão, lançado em 2016). mas nada que comprometa o resultado final. pode ir e ir dicumforçamente no título que é só sucesso.
e eu gosto de pensar que o último arco da LJC[10] é uma zuada com os Scorpions. entendedores entenderão.


agora..... “sobre política nas Histórias em Quadrinhos” 
atualmente, ‘tá rolando uma choradeira monstra na internet sobre o pessoal falar de política nas Histórias em Quadrinhos, sendo que geral só procura uma válvula de escape pra tudo ao fugir pra ficção. 
porra, galera, tenho uma péssima notícia pra dar pra vocês: se a arte não é utilizada como ferramenta crítica do seu tempo, ela não serve de porra nenhuma, olha. e isso também vale pro esporte[11], vide a Democracia Corintiana e os protestos de torcedores em estádios, muitas vezes endossados por jogadores e comissão técnica. eu preciso MESMO citar os jogadores de basquete nos EUA?!?
política, amiguinho, SEMPRE esteve nas artes – não (ess)a tricotomia direita/centro/esquerda[12] – mas SEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEMPRE esteve nas HQs, criticando, satirizando, contestando, endeusando, etc, etc, etc vocês entenderam. nada é/foi/será ileso. nada é/foi/será incólume. nada é/foi/será sagrado. se um dos pilares tillichianos de qualquer sociedade (a arte) é impregnado de política, por que os outros dois (religião e filosofia) não seriam, visto que são criações idiossincraticamente humanas?!?
portanto, entendam: política na arte (nesse contexto, política nas HQs) NÃO SE RESUME à crítica/contestação/endeusamento relativos à “esquerda” e/ou à “direita” e sim à crítica, análise e leitura de determinadas relações a níveis ético, moral, social e histórico de tempos em específicos e locais em específico. o mundo não gira ao redor dos cus de vocês pra ‘cês pensarem que ‘tão falando de tudo por aqui e sempre batendo nessa mesma tecla. jamais esqueçam que a primeira leitura de qualquer obra é feita com paixão e contemplação, a segunda é com discernimento e parcimônia. 
tenham isso em vista e tudo, como já visto, será belchiormente divino e belchiormente maravilhoso. não temos dez mil anos de produção artística e filosófica pra um retardoido igual tu ficar jogando tudo no lixo com essas cumenêuticas[13]. ora, porra.





e é isso e eu volto mais cedo ou mais tarde comentando alguma coisa aqui (“mas não tinha coisa melhor pra tu comentares aqui?” ter, tem, mas como ainda é meu blog, vai se fuder e vai ler o que eu quiser comentar). quadrinho ou filme, vão vendo.


[1] que eu sigo em frente!
[2] YEAH! eu AMEI essa referência/homenagem (indireta) à fase Giffen-DeMatteis-Maguire quando estavam produzindo LJ entre o final de 1980 e começo de 1990.
[3] sim, retardado. se começa como Novo Super-Homem termina como Novo Super-Homem *E* a Liga da Justiça da China, é claro que a porra da história se passa na porra da China, né?
[4] eu, como simpatizante e estudante do anarquismo, poderia até ficar 50% empolgado com isso e 50% frustrado, mas ai lembro que a história é na China e fico “aham, ok, segue o jogo”.
[5] no budismo, no confucionismo e no taoísmo NÃO. EXISTE. ACASO.
[6] familiar nada esse nome, não? HAHAHAHAHAHAHAHAHA
[7] firme que todos os “dizeres” que não sejam em mandarim não escritos em tinta azul!
[8] bastante conveniente eu ter visto um vídeo sobre porque o Travis Barker, do Blink-182, não viajar mais de avião negócio muito tenso não fosse por isso, era pra ELE ser o novo baterista do Bad Religion e não o (não que eu não goste dele e tals, mas entre ele e o Barker, sem combate, ainda mais que considero este uma “continuação direta” do Brooks Wackerman.
[9] tem uma referência cruzada de O Reino do Amanhã com A Bela e a Fera. não vou dizer onde, terás que ler.
[10] Liga da Justiça da China.
[11] a saber, uma das artes, junto à música, dança, pintura, escultura/arquitetura, teatro, literatura, fotografia, HQs (EM GERAL), videogames e artes digitais.
[12] sim, eu aceito o “centro” como posição política sim, mas não vou entrar no caso, tampouco nas especificações centro-esquerda e centro-direita.
[13] hermenêutica praticada com o cu.









BIS 
ZU 
DEM 
BREAKING 
FUCKING 
NEUEN 
POST
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