[eu ‘tava mais dormindo do que acordado quando escrevi este poema!]

ESTAÇÃO SAUDADE
“QUANTO tempo ele está naquele foguete:
Semanas? Meses? Dias? Anos?
Perdi a conta desde o dia que ele decolou
Tudo parece estar tão igual...”

“Só a escuridão, estrelas, cinturões de asteróides...
Fico a maioria do tempo em animação suspensa voluntária.
Somente os sonhos me levam de volta ao lar:
Não existe amanhecer e nem anoitecer...
Saudades de suas mãos nas minhas.”

“Quando vou deitar, quase não consigo dormir:
A cama de casal é um deserto interminável
Você cantava para que eu pudesse dormir todas as noites –
Acordava só para me fazer dormir...!”

“Com os pensamentos perdidos espaço afora
‘Ainda falta muito para chegar?’
‘Ao chegar, não estarás lá para me receber?’
Nesta missão tripulada, todo mundo sente falta de alguém.”

“Como será o céu azul da Terra-mãe que os antigos falavam?
Poderia ser mais belo do que estas manhãs laranjadas?
Faz quanto tempo que não vemos um fim do entardecer juntos?
Será que namorados também sentavam juntos para ver o amanhecer na Terra?”

“O que eu não daria para ter você aqui?
Quando o dever chama, estufar o peito e seguir em frente.
Passo horas frente ao monitor, vendo fotos suas e nossas.
Por sua causa, batizei a rádio da nave de ‘Estação Saudade’.”

O que eu não daria para ter você aqui?
Seus olhos, seu sorriso, seu silêncio, seus beijos junto aos meus...
Sua voz, você dormindo, seus sonhos, você dentro dos meus braços...
O que não daria para ter você aqui comigo:

Outra vez e para sempre...?

:: 02 de dezembro de 2011 ::