O ex-presidente americano George H. Bush (o pai), de 85 anos, subiu no palco apoiado numa bengala; o ex-chanceler Helmut Kohl, de 79, sentado numa cadeira de rodas. Apenas Mikhail Gorbachev, o último presidente da União Soviética, aos 78 anos, caminhou sem auxílio. Vinte anos depois, os três protagonistas da queda do Muro de Berlim, da reunificação da Alemanha e do fim da Guerra Fria reuniram-se ontem no Palácio Friedrichstadt, na capital alemã, para receber homenagens e lembrar o episódio que mudou a configuração do mundoO ex-presidente americano George H. Bush (o pai), de 85 anos, subiu no palco apoiado numa bengala; o ex-chanceler Helmut Kohl, de 79, sentado numa cadeira de rodas. Apenas Mikhail Gorbachev, o último presidente da União Soviética, aos 78 anos, caminhou sem auxílio. Vinte anos depois, os três protagonistas da queda do Muro de Berlim, da reunificação da Alemanha e do fim da Guerra Fria reuniram-se ontem no Palácio Friedrichstadt, na capital alemã, para receber homenagens e lembrar o episódio que mudou a configuração do mundo.
Como velhos amigos que se reencontram, eles aproveitaram para dizer o que pensam uns dos outros. Gorbachev foi o mais franco. “Meu amigo Bush, os Estados Unidos também precisam de uma perestroika”, disse ele ao conservador ex-presidente americano, usando o nome dado às reformas que introduziu depois de assumir a liderança do Partido Comunista da União Soviética, em 1985 – que culminaram na dissolução da URSS, em 1991. “Os EUA estão maduros para a mudança. As pessoas estão esperando pelo (presidente Barack) Obama.”
Falando de improviso, ao contrário de Bush, que leu sua intervenção, Gorbachev ponderou que Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz no início do mês “sem ter feito muito ainda”. Mas acrescentou que os contatos feitos pelo presidente americano com governantes de outros países demonstram “uma grande dose de compreensão” e que Obama “sabe que mudanças são necessárias”.
“Sinto muito, Helmut, mas não tivemos boas relações no começo”, continuou Gorbachev, voltando-se para o ex-chanceler alemão. “Foi melhorando com o tempo.” O ex-presidente lembrou que a então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, e o então presidente francês, François Mitterrand, opunham-se à reunificação alemã. Ele contou que, numa entrevista coletiva com o ex-chanceler, depois da assinatura de um primeiro acordo, em junho de 1989, perguntaram-lhe se a “questão alemã” tinha sido discutida. Gorbachev respondeu que ela ficaria para o século 21. Três meses mais tarde, a ex-Alemanha Oriental liberava a passagem pelo Muro de Berlim, abrindo caminho para sua absorção pelo vizinho ocidental.
Kohl reconheceu que “a confiança cresceu com os anos”. Olhando para a platéia de 1.800 pessoas, muitas com os olhos marejados pelo simbolismo do encontro e pelas lembranças que ele suscita, Kohl disse: "Muitas das pessoas que estão aqui passaram metade de sua vida do lado errado do Muro. Muitos acreditaram que isso (a reunificação alemã) não aconteceria." No auditório estava a recém-reeleita chanceler Angela Merkel, originária da ex-Alemanha Oriental. Quando Gorbachev falou, ela não precisou do fone para ouvir a tradução simultânea. Como todos os que cresceram em países sob domínio soviético, Merkel entende russo.
“Na história alemã, não temos tantas razões para nos orgulharmos”, disse Kohl, considerado não só o artífice da reunificação alemã, mas também da integração européia. “Mas eu tenho orgulho da unidade alemã.” Chanceler entre 1982 e 1998, Kohl afirmou que se sentia mais próximo de Bush e de Gorbachev do que dos governantes europeus.
“Não tenho dúvida de que a história reconhecerá Mikhail por sua visão”, elogiou Bush, que presidiu os EUA de 1989 a 1993. “Hoje temos a dimensão das tremendas pressões que ele enfrentou nos anos 80, mas nunca fraquejou.” Quanto a Kohl, o ex-presidente americano classificou-o de “um dos maiores estadistas do século 20", e acrescentou: “Ele é sólido como uma rocha.”
O encontro de ontem, promovido pela Fundação Konrad Adenauer, marca o início das celebrações do aniversário da queda do Muro, que completa 20 anos no dia 9. Na noite do aniversário, Merkel, acompanhada de Gorbachev, lembrará a sua travessia para o lado ocidental. Uma grande réplica do Muro será derrubada, como se fossem peças de um dominó. Estarão presentes a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, e da Rússia, Dmitri Medvedev.
Na terça-feira, Merkel se reunirá com Obama e discursará no Congresso americano. Ela se tornará a segunda chanceler alemã a falar no Capitólio, depois de Konrad Adenauer, em 1957. A chanceler disse ontem aos jornalistas que pedirá apoio dos Estados Unidos para um compromisso em torno de medidas contra as mudanças climáticas, na reunião de Copenhague em dezembro. O acordo substituirá o Protocolo de Kyoto, que os Estados Unidos não assinaram, e que expira em 2012.
OS ARQUITETOS DA DEMOLIÇÃO
Mikhail Gorbachev, líder soviético (1985-1991)
Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos (1981-1989)
Margareth Thatcher, premiê da Grã-Bretanha (1979-1990)
George H. Bush, presidente dos Estados Unidos (1989-1993)
Helmut Kohl, chanceler da Alemanha Ocidental e da Alemanha Unificada (1982- 1998)
Lech Walesa, fundador do sindicato Solidariedade e presidente da Polônia (1990-1995)
Como velhos amigos que se reencontram, eles aproveitaram para dizer o que pensam uns dos outros. Gorbachev foi o mais franco. “Meu amigo Bush, os Estados Unidos também precisam de uma perestroika”, disse ele ao conservador ex-presidente americano, usando o nome dado às reformas que introduziu depois de assumir a liderança do Partido Comunista da União Soviética, em 1985 – que culminaram na dissolução da URSS, em 1991. “Os EUA estão maduros para a mudança. As pessoas estão esperando pelo (presidente Barack) Obama.”
Falando de improviso, ao contrário de Bush, que leu sua intervenção, Gorbachev ponderou que Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz no início do mês “sem ter feito muito ainda”. Mas acrescentou que os contatos feitos pelo presidente americano com governantes de outros países demonstram “uma grande dose de compreensão” e que Obama “sabe que mudanças são necessárias”.
“Sinto muito, Helmut, mas não tivemos boas relações no começo”, continuou Gorbachev, voltando-se para o ex-chanceler alemão. “Foi melhorando com o tempo.” O ex-presidente lembrou que a então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, e o então presidente francês, François Mitterrand, opunham-se à reunificação alemã. Ele contou que, numa entrevista coletiva com o ex-chanceler, depois da assinatura de um primeiro acordo, em junho de 1989, perguntaram-lhe se a “questão alemã” tinha sido discutida. Gorbachev respondeu que ela ficaria para o século 21. Três meses mais tarde, a ex-Alemanha Oriental liberava a passagem pelo Muro de Berlim, abrindo caminho para sua absorção pelo vizinho ocidental.
Kohl reconheceu que “a confiança cresceu com os anos”. Olhando para a platéia de 1.800 pessoas, muitas com os olhos marejados pelo simbolismo do encontro e pelas lembranças que ele suscita, Kohl disse: "Muitas das pessoas que estão aqui passaram metade de sua vida do lado errado do Muro. Muitos acreditaram que isso (a reunificação alemã) não aconteceria." No auditório estava a recém-reeleita chanceler Angela Merkel, originária da ex-Alemanha Oriental. Quando Gorbachev falou, ela não precisou do fone para ouvir a tradução simultânea. Como todos os que cresceram em países sob domínio soviético, Merkel entende russo.
“Na história alemã, não temos tantas razões para nos orgulharmos”, disse Kohl, considerado não só o artífice da reunificação alemã, mas também da integração européia. “Mas eu tenho orgulho da unidade alemã.” Chanceler entre 1982 e 1998, Kohl afirmou que se sentia mais próximo de Bush e de Gorbachev do que dos governantes europeus.
“Não tenho dúvida de que a história reconhecerá Mikhail por sua visão”, elogiou Bush, que presidiu os EUA de 1989 a 1993. “Hoje temos a dimensão das tremendas pressões que ele enfrentou nos anos 80, mas nunca fraquejou.” Quanto a Kohl, o ex-presidente americano classificou-o de “um dos maiores estadistas do século 20", e acrescentou: “Ele é sólido como uma rocha.”
O encontro de ontem, promovido pela Fundação Konrad Adenauer, marca o início das celebrações do aniversário da queda do Muro, que completa 20 anos no dia 9. Na noite do aniversário, Merkel, acompanhada de Gorbachev, lembrará a sua travessia para o lado ocidental. Uma grande réplica do Muro será derrubada, como se fossem peças de um dominó. Estarão presentes a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, e da Rússia, Dmitri Medvedev.
Na terça-feira, Merkel se reunirá com Obama e discursará no Congresso americano. Ela se tornará a segunda chanceler alemã a falar no Capitólio, depois de Konrad Adenauer, em 1957. A chanceler disse ontem aos jornalistas que pedirá apoio dos Estados Unidos para um compromisso em torno de medidas contra as mudanças climáticas, na reunião de Copenhague em dezembro. O acordo substituirá o Protocolo de Kyoto, que os Estados Unidos não assinaram, e que expira em 2012.
OS ARQUITETOS DA DEMOLIÇÃO
Mikhail Gorbachev, líder soviético (1985-1991)
Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos (1981-1989)
Margareth Thatcher, premiê da Grã-Bretanha (1979-1990)
George H. Bush, presidente dos Estados Unidos (1989-1993)
Helmut Kohl, chanceler da Alemanha Ocidental e da Alemanha Unificada (1982- 1998)
Lech Walesa, fundador do sindicato Solidariedade e presidente da Polônia (1990-1995)
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