Postagem em destaque

YEAH, HOUSTON, WIR HABEN BÜCHER!

e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

sábado, 12 de novembro de 2016

Ouvindo: Motörhead, Bad Magic, 2015.

Creio eu que uma estrela morre a cada dizer “desocupem a universidade porque os outros alunos querem estudar” (isso na melhor das hipóteses). Estudar Introdução aos Processos de Ensino e Aprendizagem e Filosofia da Educação ninguém quer, né?

Então vamos aos questionamentos e desarmamentos.
Teu centro ‘tá ocupado? Não? Não reclama e toca o barco.
Pararam as aulas do teu PPG? ‘Tá? Não reclama e toca o barco.
O projeto de pesquisa que fazes parte parou? Não? Não reclama e toca o barco.
Teu TCC ‘tá atrasado? ‘Tá? Vai botar em dia!
Teu PPTCC ‘tá atrasado? ‘Tá? Vai botar em dia!
Tens algum artigo teu atrasado? ‘Tá? Vai botar em dia!
Tem matéria acumulada? Tem? Vai botar em dia!
Não tem como estudar em casa? Não? O que não falta por ai é biblioteca.
Não gosta de estudar sozinho/a? Vai fazer grupo de estudo com o pessoal. Grupos de filósofos da Idade Antiga e Clássica e povos de Clubes dos Livros da metade do século passado mandam lembranças e te saúdam.
Algum/a amigo/a ou conhecido/a teu/tua não tem o conteúdo de alguma disciplina? Vai ajudar!
Algum/a amigo/a ou conhecido/a teu/tua ‘tá fudido/a em alguma disciplina? Vai dar uma força se tu souberes da dita!
Teu/Tua professor/a aderiu à greve? Vai encher o saco dele/a com todas as dúvidas que tu tens das tuas leituras. A maioria dos professores viaja pra só-Gaia-sabe-onde pra não ser incomodado por aluno. Enfie os polegares e os dedos médios nos cus deles/as pra eles/as ficarem ligados/as e aprenderem quem é que manda. Faça os salários deles/as valer o aumento.
Por fim, tem um monte de material que ainda não ‘tá na internet pro pessoal! Vai escanear e upar! Todo mundo quer na mão mas ninguém quer upar pro povo!
Logo, só fica aos-Deuses-dará quem quiser! Dê o seu jeito!

Por fim, é muito fácil chamar quem luta pra conseguir e/ou manter direitos sociais pra todo mundo: “desocupados”, “vagabundos”, “safados”, etc etc etc. mas ir pra linha de frente ninguém quer. É cômodo por demais usufruir de direitos conquistados por poucos para todos e ainda desmerecer a luta dos caras.
Não reclame de uma luta por todos. Porque eles todos também lutam por você.
Reflita sobre isso.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

[sobre as – até agora e desde sempre – infrutíferas discussões entre a “Esquerda” e “Direita” no Brasil]

“O diálogo não é um mero ‘rebuliço sonoro’, mas é uma arte essencial que marca a dinâmica humana. Na visão de um dos grandes pensadores do século XX, Hans George Gadamer (1900-2002), o diálogo é ‘um atributo natural do homem’, que ocorre mediante a linguagem (GADAMER, 2002, p.143). Distintamente do intercâmbio que se trava na ruidosa vida social, o diálogo traduz a comunicação recíproca e o encontro entre duas pessoas com a peculiaridade de sua visão e imagem do mundo. São dois mistérios que se encontram, que partilham suas experiências e buscam se compreender mutuamente, estando igualmente abertos para o recíproco enriquecimento. O diálogo não apaga, porém, a diferença do outro, que permanece velado por um “mistério intransponível”. É um exercício essencial de ampliação da singularidade, pois deixa uma marca nos parceiros. O que revela o diálogo verdadeiro, sublinha Gadamer, ‘não é termos experimentado algo de novo, mas termos encontrado no outro algo que ainda não havíamos encontrado em nossa própria experiência do mundo (...). O diálogo possui uma força transformadora. Onde um diálogo teve êxito ficou algo para nós e em nós que nos transformou. O diálogo possui, assim, uma grande afinidade com a amizade.’ (Idem, p.247)
O diálogo, enquanto conversação verdadeira, é sempre uma operação inquietante e arriscada, pois coloca em questão a autocompreensão dos interlocutores. Nele está implícito o desafio da provocação do outro, que reclama para si o reconhecimento de sua singularidade e dignidade. Em toda conversação respeitosa ocorre um processo de mudança, que pode ser mais radical, envolvendo uma experiência de conversão, ou mais controlada, embora também autêntica. Igualmente nesse caso ocorre a apropriação de uma nova possibilidade para o sujeito, que vê seu mundo enriquecido pelo toque da alteridade.”
– Faustino Teixeira, O imprescindível desafio da diferença religiosa. 2012. 
Beijo no coração e bom dia só pra quem acha lindo traficante se converter ao Cristianismo e continuar sendo traficante!!!
Eu só olho esse bando de pau na beira dito “esclarecido” que diz aos quatro ventos que “brasileiro não sabe votar e quer dar teco nas eleições dos EUA”, sem ter a mínima ciência que somos colônia de exploração do país supracitados e que as decisões deles a nível de relações exteriores nos afetam diretamente.
Conhecimento de política internacional docês, ó. Um ó mesmo.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

“Toda linguagem socialmente partilhada fornece um modelo de mundo. Esse modelo de mundo é arbitrário, culturalmente delimitado. Ele apresenta o mundo como “ele é” sendo, no entanto, apenas uma forma de organiza-lo entre outras possíveis. Porém o jogo da ideologia do poder é precisamente dar transparência a essa linguagem, dando-lhe aura de realidade. Segunda essa perspectiva, o mundo é como o descrevemos e as relações sociais, étnicas, de gênero, etc. ali representadas são dadas como naturais. Cientes desse poder instaurador de realidade que a linguagem tem sobre o homem e a mulher comum, estados, partidos e grandes corporações investem muito dinheiro em repetir pedaços dessa realidade por meio de bordões, jingles, pequenas cenas padronizadas, comportamentos recorrentes, de forma que na nossa percepção imediata do mundo não tenhamos mais que pensar nas formas como ele é composto. Ele nos é dado.”
– Paulo Augusto de Souza Nogueira, Religião e linguagem: proposta de articulação de um campo complexo, 2016.
“Segundo Merlin Donald, a linguagem surgiu com o objetivo de narrar do mundo, e a forma por excelência dessa narração é o mito (DONALD, 1991, 258; ver também DEACON, 2009, 500). Aderindo a essa perspectiva também diríamos que essa forma elementar de narração, o mito, é a única que permite encaixar num texto elementos desconexos, improváveis, inesperados, aqueles mesmos com que os seres humanos se depararam ao se darem conta da grande assimetria, de que a cultura humana se constituía como uma das formas de enganar a morte, dando-lhe significado. Existe, no entanto, algo mais absurdo do que dar sentido à morte? É aqui que o mito entra em ação, como narrativa densa e improvável, e por isso indispensável.”
– Paulo Augusto de Souza Nogueira, Religião e linguagem: proposta de articulação de um campo complexo, 2016.
“A leitura não é um movimento linear, progressivo, uma questão meramente cumulativa: nossas especulações iniciais geram um quadro de referências para a interpretação do que vem a seguir, mas o que vem a seguir, mas o que vem a seguir pode transformar retrospectivamente o nosso conhecimento original, ressaltando certos aspectos e colocando outros em segundo plano. À medida que prosseguimos a leitura, deixamos de lado suposições, revemos crenças, fazemos deduções e previsões cada vez mais complexas; cada frase abre um horizonte que é confirmado, questionado ou destruído pela frase seguinte. Lemos simultaneamente para trás e para a frente, prevendo e recordando, talvez conscientes de outras concretizações possíveis do texto que a nossa leitura negou. Além do mais, toda essa complicada atividade é realizada em muitos níveis ao mesmo tempo, pois o texto tem ‘segundos e primeiros planos’, diferentes pontos de vista narrativos, camadas alternativas de significado, entre as quais nos movemos constantemente.”
– Terry Eagleton, Fenomenologia e Teoria da Recepção, 1997. Tradução de Waltensir Dutra com revisão de João Azenha Júnior.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

projeto inicial de poema

[¡poema por ora incompleto!]

É cheiro de UFPA depois que chove e então faz sol...
cheiro de grama não-cortada
cheiro de grama molhada
cheiro de grama molhada secando
cheiro de universidade federal com vista para um rio
cheiro de universidade federal a beira-rio
devia ser o cheiro das salas e dos discentes se não fossem ar-condicionados e ônibus e motos e carros.
Feche os olhos e sinta
feche os olhos e inspire
cheiro de UFPA depois que chove e então faz sol
é como se o sol brilhasse lá como não brilha no resto do planeta
melancolia particular.
Fechamos os olhos e abrimos
contemplamos o verde-grama-esverdear e o cinza-muro-de-arrimo-acinzentar
barro-cor-laranja-areia e  tons-de-cinza-seixo
se tornar transmutar longo-e-tortuoso-edificar
– pois enfim é assim que tudo se torna?
– pois então é assim que o tempo vem e tudo se transforma?

:: novembro de 2016 ::

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

(tem muita gente que vai me excluir por causa desse texto, mas foda-se)

A priori, é preciso apontar o fato que não sou feministo (oh, eu ODEIO VERDADEIRAMENTE este termo) desconstruído. Eu teria que estar, na melhor das hipóteses e no mínimo, no LvL do Sidarta Gautama (567 a.C.-484 a.C.), para tanto. Sim, ainda tenho atitudes bem machistas e alopradas (quem me segue no Twitter e me ouve falando sabe do que ‘tô falando), logo ainda me tenho e ainda posso ser tido como machista. Não que eu seja a bolacha no pacote por ter ciência de minha condição – eu não sou. Tem gente muito pior do que eu? Sim, tem. Isso me incentiva a não ser tão ruim. Mas creio falhar miseravelmente aqui e ali, o “aqui e ali” que faz o todo de aprendizado contínuo  diário. Feitos os esclarecimentos, vamos ao assunto.
(Expresso aqui meus agradecimentos pra todo mundo que veio à minha festa de aniversário deste ano, vocês foram FODA e vocês fizeram a festa. HAIL!!!!) E então que uma amiga minha bem das antigas (nome não vem ao caso) veio dias depois com um amigo dela (não faço questão de lembrar de onde, diga-se) aqui em casa pra compensar trazendo um monte de latinhas e uma carteira de cigarros e vamos botar a conversa em dia. E então que o pariceiro dela – homoafetivo, vamos situar no texto porque é importante para compreensão do mesmo –, ao ela perguntar da minha namorada da época “Porra, mas tu gostas de gordas? Gorda não é mulher!” Já bateu aquela tela azul da morte violentíssima, a pariceira já quis se enterrar, e o puto metralhando merda (sim, eu me vi na imagem dele em n situações, diga-se) sobre mulher gorda. Então a pariceira “fulana, mãe do Garou é gorda”. O cara se cala e fica assim até a hora de irem embora. De certo modo, foi até bom ele não ter se retratado porque ia ser pior pro lado dele. Muito pior. E como já sabemos o que seria alegado caso (quando) eu o agredisse em resposta...... Cri eu ser lenda urbana quando a Carolina e a Lita me falaram da existência de “gay misógino”. Até aquele dia.
E eis que ela nunca mais falou comigo depois de passar uma semana pedindo desculpas? Ela nunca mais falou comigo. ‘Tá na mão. Vida que segue.
Hoje acordo pra ir pro trampo. Mais dormindo que acordado e com um monte de papel pra ler assim que conseguir sentar. Olha só, tinha cadeira no ônibus quando entrei, coisa mais linda do universo. Então que entra um energúmeno pedaço de bosta que nunca vi na vida que não faço ideia de quem seja senta do meu lado todo sorridente, todo alegre, parece que comeu bacon com ovos (ui!) no café da manhã, senta do meu lado e solta a pérola.
“TU QUE É O MALAFAIA QUE SÓ COME GORDA E MAROMBADA?”
Desci do ônibus na hora e voltei pra casa. E ‘tô aqui, puto, remoendo raiva (e adiantando outras coisas que deixaria pra mais tarde). E pensando nisso – a ponto de confeccionar este texto. Porque não importa o quanto eu seja ruim, eu não posso piorar. Porque não importa o quanto eu seja ruim, eu tenho que melhorar. Não sei de onde a coragem de mudar tudo isso ai em mim virá, mas terá que vir. Porque não basta ter consciência do problema e consciência de que se é parte do problema e saber qual é a solução pro mesmo. É preciso... Eu preciso começar a fazer parte da solução. Porque, um dia o problema não vai ter mais solução. E esse dia não está longe.
Tenham certeza disso.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

“Ao defender a diversidade das culturas, Lévi-Strauss busca reagir ao etnocentrismo exacerbado, que desconhece e rebate a alteridade, entendendo-a como um escândalo ou desvio. Busca sublinhar que essa diversidade é, antes, um ‘fenômeno natural, resultante das relações diretas ou indiretas entre sociedades’ (LÉVI-STRAUSS, 1980, p.87). O etnocentrismo, porém, não é um mal em si, como assinala Lévi-Strauss. É um traço que acompanha todo ser humano em sua defesa de identidade. Toda cultura vem movida por uma peculiar dinâmica de resistência, que assinala sua vontade ‘de ser ela mesma’. A defesa da identidade e da convicção não é intrinsecamente problemática, pode, porém, vir a ser perigosa na medida em que foge do controle (Ibidem, p.53). É em situações de conflito que a questão da identidade vem à tona com vigor, quando a cálida experiência da comunidade entra em crise ou colapso. Nesse momento, ela se introduz com barulho e fúria. Marcar a identidade é marcar a diferença e singularidade.”
– Faustino Teixeira, O imprescindível desafio da diferença religiosa, 2012.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

“De todo modo, a religião se tornou temática em relação ao qual não se pode esquivar do debate, até mesmo devido à sua insistente mania de se manifestar no espaço público. Contrariando também certas previsões e prescrições modernas, ela nunca se contentou com a restrição ao âmbito privado. A crença e a fé ensejam práticas sociais, visões de mundo, valores morais e sociais que se pretendem verdadeiros. E, por isso mesmo, são colocados como formativos da cultura e da sociedade. Isso é visível por todos os lados. No caso brasileiro, a religião afeta vários âmbitos do espaço público: formação do estado, a prática política passada e atual, a formação de quadro de referências simbólicas para cultura, etc.”
– Frederico Pieper, O conflito das interpretações em Paul Ricoeur: aportes teóricos para se pensar a religião, 2015.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

“O discurso poético leva à linguagem aspectos, qualidades, valores da realidade que não têm acesso à linguagem diretamente descritiva e que só podem ser ditos a partir de um jogo complexo entre a enunciação metafórica e a transgressão regrada das significações usuais das palavras na nossa linguagem.”
– Paul Ricoeur, Poetique et symbolique. Tradução de Etienne Alfred Higuet, 2015.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

METAL WARRIORS!!!! a melhor lembrança

Há exatos três anos atrás, lá íamos o Tailson e eu na ♪♫Highwaaaaaaaaaay to Heeeeeeeeeeeeeell”♪♫ pra Castanhal apresentar a comunicação oral “As características da literatura de Ficção Científica no jogo eletrônico Metal Warriors” no IV SISEL - a saber, Seminário: Interação e Subjetividade no Ensino de Línguas -, que rolou no campus Castanhal da Universidade Federal do Pará.
(nota 1: sim, o considerado “último grande jogo plataforma do SNes”, de 1995, lançado pela LucasArts e comercializado pela Konami)
(nota 2: não fomos recebidos nem com “oi bom dia” e sim com “por que o Denison não veio?” EHUEHEUHEUEHEUEHEUEHUEHEUEHEUEHEUHAUHAUHAUAHUAHUAHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAU)

Aquele dia foi loco. São destas algumas das muitas melhores lembranças que levarei eternamente do período da graduação da UFPA.
HAIL!

domingo, 16 de outubro de 2016

“A obra de arte permanece um fenômeno extremo que uma dedução mais geral a partir da produção social não poderia atingir na sua especificidade. Entre a generalidade do capital e a particularidade da obra se estabelece uma confrontação que nenhuma mediação poderia resolver. Por certo, a obra se inscreve num contexto social em que ela encontra, também seus limites. É preciso, assim, explicitar os diferentes momentos que se originam da situação histórica, descrever precisamente a sua constituição, para que apareça, justamente, o que já de irredutível na obra de arte. Se, portanto, certos momentos do processo social encontram sua expressão na arte, a particularidade dessa expressão manifesta, ao mesmo tempo, que ela não pode ser reconduzida inteiramente `sua origem social.”
- Jeanne-Marie Gagnebin, “A propósito do conceito de crítica em Walter Benjamin”.
“Se a obra é o ponto de partida da crítica ela é, também, o seu fim. A prática crítica procede em dois tempos: o comentário filológico e histórico, em primeiro lugar, e, depois, sobre usa base, uma reconstrução que permite nomear a falha da obra e, no mesmo movimento, a sua verdade.” 
- Jeanne-Marie Gagnebin
“A revisão crítica do processo de transmissão de uma obra do passado reveste-se de uma importância epistemológica e política fundamental, a de desembaraçá-la da ganga de imagens feitas que nos impedem perceber o que ela pode comportar em futuros irredutíveis ao futuro que a tradição lhe reservou. É somente após ter conscientemente analisado a imagem transmitida que o crítico pode esperar atingir a significação de um texto. Este desvio só parece um desvi para aquele que crê numa ilusória leitura imediata.”
- Jeanne-Marie Gagnebin, “A propósito do conceito de crítica em Walter Benjamin”.

sábado, 15 de outubro de 2016

SOBRE O DIA DOS PROFESSORES

SOBRE O DIA DOS PROFESSORES

Sou graduado na Licenciatura talvez mais famigerada da Universidade Federal do Letras: Letras Alemãs. Mas não sou professor. Eu raramente aparecia em sala de aula, muitas vezes só assinava o nome na lista de presença e desaparecia completamente até a semana seguinte. O que o alunado aprendeu comigo? Nada que eu possa lembrar agora porque talvez isso nem exista... Não sou professor. sou um pesquisador, um revisor e um tradutor. “Mas pode-se ser pesquisador e isso tudo o mais” Frau Matar e Carolina já me disseram. Frau Fortier e Frau Serpa o são, Alan e Odin idem. Mas não pra mim.
Mas este texto não é sobre mim. É sobre minha relação com meus professores.
“Pense bem, Quilômetros-a-Pé, tu fostes um bom aluno?”
Não, não fui.
Isso não quer dizer que eu não idolatrei, exaltei, os pus como Norte Verdadeiro e os segui como Estrelas-Guias. “Nós somos apenas humanos”, eles dir-me-ão. Não pra mim. Junto a minha Mãe, e aos pais de inúmeros amigos meus (Marcelos [Mesquita e Pontes], Victor, Breno e Magali, Elias, Letícia e irmãs e irmãos, Tiene, Armando, Albert e Raíssa, estou falando com vocês), Eles são os mais próximos de Totens-Realizadores-do-Impossível que eu posso imaginar. Por tudo que fizeram por mim – que fazem por mim –, os amo e os quero bem e os estimo mais do que imaginam. Tenho respeito indizível e imensurável por sua dedicação profissional e bravura e... E... [respirando fundo]
Tivemos nossos atritos. Problemas e problemáticas. Discussões e desentendimentos. Aprendi mais com amigos, periódicos e internet do que convosco. Eu nem sempre gosto de estar em aula, tenho um déficit de atenção que faz um buraco negro ser raso, as aulas nunca me pareceram ser suficientes, “‘tá faltando alguma coisa, eu não sei o que é mas falta”. É, talvez fosse por isso que eu sempre lia/leio alguma coisa por fora ou escrevendo Poema ou Poesia (o que seria do mundo sem Poema e Poesia?) ou fico conversando ou mesmo não ‘tô em sala. Até hoje, eu não entendo porque manter em sala um aluno que não quer assistir a aula – “quem não ajuda, não atrapalha”, não é isso? Se eu não consigo prestar 100% de atenção por que me manter na sala? Talvez eu nunca entenda.
Eu entendo que... Se o/a docente está lá dedicado, esforçado, determinado, não há porque alguém ficar lá, em sua aula, voando, não-compactuando de sua tarefa e empenho. Isso sem contar as malditas reprovações por falta... Sim, a meu ver não estar lá, não-compactuando de sua tarefa e empenho, é uma maneira de demonstrar respeito por sua tarefa. Não que eu não seja suficientemente esforçado e dedicado, etc etc etc. É, bem, eu não sou mesmo. Mas então atrapalhar voando? É, isso sempre me deixou muito, muitíssimo incomodado. A meu ver, não é legal não estar na mesma frequência de onda que alguém. “Por que eles/elas acorrentam ao chão se são eles/elas que nos preparam as asas pra voar?”, creio que a pergunta seja essa (dos males de ser intransigente e desajustado). 
“Por isso não se vês como um bom aluno, Quilômetros?”
Não sei. Também. Frau Steffen, Vanessa e Nair certamente podem. Herr Barroso, Herr Flores, Herr Arnegger e Herr Marco Antonio idem. Seria legal se Frau Pessoa e Herr Guilherme pudessem responder. Eu imagino a resposta de Frau Picanço (sim, eu estou rindo).
Não aprendi tanto em sala de aula quanto eu gostaria e deveria, eu tive mais lições de “o que fazer” e “o que não fazer”. Tive Mestres que me mostraram o sentido da vida, os que dão aula com energia capaz de explodir um sol, os “nhé”, os da antipatia imediata que (até hoje) não entendo como não foram mortos ao nascer e que deveriam fazer o imensurável favor à humanidade de se matar. Os, por fim, que “você é a tradução do que é o amor” os resume, que suas mais simples funções como docentes inspiraram muitos e muitos ao caminho da sala de aula.
Eu deveria ficar feliz ou triste por saber que nunca serei como estes últimos? “Só vou pra aula porque é aula dele/dela”, como fazem os alunos do Alberto, do Neuton, do Alex, do Thiago, do Artur, da Liana, da Camila, da Marluce e da Isa? Caso acenda uma vela em homenagem para cada um dos indivíduos que foram meus professores e dos que me inspiram a ser uma pessoa melhor e um professor melhor, minha casa vai parecer uma catedral. Certamente, eu nunca terei palavras.
Mas certamente tenho lágrimas e abraços suficientes para fazê-lo.
Salvas ao Professorado!
HAIL!

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A LIÇÃO DO DIA

“Hey, we think so supersonic
And we make our bombs atomic
Or the better quite neutronic
But the poor don't see a dime
Nowadays the air's polluted
Ancient people persecuted
That's what mankind contributed
To create a better time”
– Helloween, “Eagle Fly Free”, Keeper of the Seven Keys: Part II, 1988.

Eu simplesmente não deveria mais me importar/admirar com o quanto as pessoas... A maioria delas faz o que faz e são o que e como são.
A minha lição aprendida hoje que eu gostaria de compartilhar é que calçadas capinadas são como bolos – todo mundo quer ver pronto e usufruir, mas pouquíssimos se dispõem a fazê-los. E ainda tem, sempre tem nego pra olhar torto e com reprovação quem o faz.
Mazuh caralhu, olha. Como se nego fosse superior a outrem que não capina ou faz outros serviços braçais. Mas creio que criou-se um ar de superioridade por parte de quem não o faz que chega ao paradoxo do “não preciso fazer mas preciso feito, tenho dinheiro para fazê-lo mas não quero me dispor a fazê-lo”. Isso sem contar o “eu não estudei pra capinar/lavar/passar/cozinhar”. Ah, tu não podes mas contratar o serviço de outrem ‘tá de boa mesmo tu urrando desesperado(a) quase sem grana? (E nem entrarei no mérito da jornada dupla/tripla de trabalho realizada por mulheres e muitíssimos homens).
Posso dizer que fomos criados para isso? Fomos? Estamos sendo? Desde quando era uma criança, ouvi dizer que estamos sendo/fomos criados para sermos “pessoas de verdade”. Olha aí as “pessoas de verdade” – querem pronto, não querem fazer e ainda fazem pouco de quem faz. “Estuda pra sair dessa vida.” “Olha, estuda pra não acabar assim.” “Estuda pra não acabar daquele jeito.” “Tal pessoa é assim porque não estudou.” E inúmeros afins e congêneres. E inúmeros dedos apontando. “Ulha” essa criação... Esse “amor ao próximo” me provoca repugnância e náuseas...
Ó, caralho. Deixa eu te dizer. Capinar não far-te-á menos [sua profissão aqui]. Lavar não far-te-á menos [sua profissão aqui]. Passar não far-te-á menos [sua profissão aqui]. Cozinhar não far-te-á menos [sua profissão aqui]. Em suma: AJUDAR NA TUA CASA NÃO REDUZIR-TE-Á ENQUANTO PROFISSIONAL DA TUA ÁREA.
Creio eu que, em algum momento, nos perdemos pelo caminho a ponto de não saber onde e como voltar para corrigir essa séria falha de visão e compreensão acerca do decréscimo e superestima de profissões. Em algum ponto em específico – talvez na Revolução Industrial –, começou o processo de nos tornarmos tão dependentes e cegos talvez que precisemos ser extintos para entender o que aconteceu e onde erramos sobre isso.
Isso é porque, segundo muitos, “evoluímos”. “Estamos no topo da cadeia alimentar.” Uhum. Somos o ápice. “Somos desenvolvidos.”
Até onde eu sei, aprendi e tomo como exemplo teórico e prático, isso não é evolução e desenvolvimento. Pode ser muita coisa mas definitivamente não é evolução e desenvolvimento. “Antes da iluminação, carregar água e cortar madeira”, tem um proverbio que vi num livro muito muito tempo atrás, “Depois da iluminação, carregar água e cortar madeira”. O Iluminismo iluminou tanto que nos cegou a ponto de esquecemos de como carregar água e cortar madeira? 
Eu queria não ficar admirado e assustado com tudo isso. Mas eu respiro fundo e continuo fazendo bolo... Quer dizer...
Continuo capinando. E fá-lo-ei enquanto me for possível e tiver forças para tanto.
Sem mais.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Embora as palavras sejam compreendidas mais pelo uso semântico do que pela terminologia, esta última é uma ajuda para definir o rito. A palavra latina ritus é uma ajuda sânscrito-védica rta (rita), a força da ordem cósmica sob a qual velam divindades como Varuna. É a estrutura normal das coisas, do que acontece no cosmo e na vida humana (com um matiz mais moral, rita foi substituída depois por darma).
– José Severino Croatto, A Expressão Religiosa: O Rito, 2010.

Escrevendo aqui meu PP e rindo sozinho lembrando agora do monte de retarddoido aleijado mental que se dizia “tr00 leitor de mangá” que mão curte Lobo Solitário porque “o desenho é muito feio, muito rabiscado e sem precisão nenhuma”, enquanto que o cara do Samurai X era o “mangaká supremo”. 
P O R R A
eu queria desenhar feio/rabiscado/sem precisão nenhuma como o Goseki Kojima

(p.s.: Nobuhiro Watsuki não é um autor ruim – a meu ver, só o traço shojo que descaracterizou a narrativa de Rurouni Kenshin e me faz preferir os filmes à HQ e principalmente às animações)

terça-feira, 20 de setembro de 2016

“É a diversidade que deve ser salva, não o conteúdo histórico que cada época lhe deu e que nenhuma poderia perpetuar para além de si mesma. E necessário, pois, encorajar as potencialidades secretas, despertar todas as vocações para a vida em comum que a história tem de reserva; é necessário também estar pronto para encarar sem surpresa, sem repugnância e sem revolta o que estas novas formas sociais de expressão poderão oferecer de desusado. A tolerância não é uma posição contemplativa dispensando indulgências ao que foi e ao que é. É uma atitude dinâmica, que consiste em prever, em compreender e em promover o que quer ser. A diversidade das culturas humanas está atrás de nós, à nossa volta e à nossa frente. A única exigência que podemos fazer valer a seu respeito (exigência que cria para cada indivíduo deveres correspondentes) é que ela se realize sob formas em que cada uma seja uma contribuição para a maior generosidade das outras.”
– Claude Levi-Strauss, “O duplo sentido do progresso”.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

“Se a ciência é a reunião de fatos, teorias e métodos reunidos nos textos atuais, então os cientistas são homens que, com ou sem sucesso, empenharam-se em contribuir com um ou outro elemento para essa constelação específica. O desenvolvimento torna-se o processo gradativo através do qual esses itens foram adicionados, isoladamente ou em combinação, ao estoque sempre crescente que constitui o conhecimento e a técnica científicos.”
– Thomas Samuel Kuhn (1922-1996), “Um Papel Para A História”. Tradução de Beatriz Vianna Doeira e Nelson Boeira.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

eu tava pensando uma presepada muito absurda aqui agora com os meus botões
“como gente desajustada, locomization, fora dos padrões, fazia pra arrumar sexo casual sem essa facilidade internet que a internet nos proporciona?”
devia ser uma putaria muito grande, olha, pessoal devia ser mestre ninja nível 100000000000
“A razão pela qual, muitos de nós nos envolvemos em atividades musicais, de composição, execução ou escuta, é que a música consegue despertar emoções profundas e significativas. Estas emoções podem variar desde o ‘simples’ deleite estético diante de uma construção sonora e desde emoções como alegria e tristeza.”
- John A. Sloboda, em tradução de Beatriz e Rodolfo Ilari.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Super ideia do dia: já que o pessoal ‘tá reclamando tanto do material didático do MEC, que tal deixar as escolas particulares – mais as escolas militares – à própria sorte enquanto as geridas pelo estado continuam com os conteúdos antigos? Já pensaram a caralhada que vai ser? A cagada ensaiada totalmente excelente?
Vai ser linda!
“Há um lugar especial no inferno para mulheres que não ajudam umas às outras! Talvez devamos corrigir essa afirmação: há um lugar especial no inferno para mulheres (e homens) que pensam que meio milhão de crianças mortas é um preço razoável a se pagar por uma intervenção militar que arruína um país, e que ao mesmo tempo calorosamente apoiam os direitos das mulheres e das minorias em casa…”
– Madeleine Albright, no programa 60 Minutes do canal CBS de 12 de maio de 1996.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O indivíduo:
- Nunca entrou em uma universidade pública, AFIRMA que todo mundo que vem de lá, é necessariamente de esquerda;
- Acredita que todo mundo que não é direita, é AUTOMATICAMENTE de esquerda;
- Acredita que quem critica os críticos do PT, é AUTOMATICAMENTE petista;
- Não prestou atenção nas aulas de História e Geografia (ou não estava mesmo lá), e AFIRMA que o doutrina-se o comunismo durante estas (e nem faz ideia do que seja comunismo e/ou socialismo, além da velha presepada de “onde foi que o comunismo/socialismo funcionou?”);
- Nunca estudou história, teoria e crítica da Literatura, e AFIRMA que esta é pervertida e alienante;
- Não sabe nem o nome completo do/a professor/a e o que ele/a passa pra ir dar aula, e o/a DECLARA como “vagabundo/a maconheiro/a que ensina o que é comunismo na escola”;
- Vomita que Filosofia (e demais Ciências Humanas) é inútil e desnecessária, mas NÃO CONHECE as bases do pensamento crítico das ciências que estuda;
- Não conhece os próprios direitos trabalhistas e chama de vagabundo quem faz protestos pelos seus, defendendo a truculência da polícia.

Ou seja, não dá pra defender. Muito menos levar a sério.
Faça os favores à humanidade de parar de externar suas opiniões torpes sobre o que tu não sabes ou então se matar mesmo.
Filho(a) da puta.

sábado, 27 de agosto de 2016

DO POEMA POMBA DO JORDÃO

DO POEMA POMBA DO JORDÃO

O céu – um sino.
A lua – língua.
Mãe – pátria minha.
Eu – bolchevique.

Onde tudo é amigo,
Tudo lindo, rindo,
Eu canto o fim do
Mundo antigo.

Alto e bom som
Retumbe na tua 
Tumba o sino azul
Como aquela lua.

Mundo de amar,
É boa a espera.
Ouço no ar
Nova era.

:: Sierguéi Iessênin ::
:: 1918 ::
:: Tradução de Augusto de Campos, 1985 ::

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Aviso à gringalhada no Brasil pras Olimpíadas: se brasileiro é mal-educado em viagens ao exterior, então aguentem o tranco ao visitarem o Anfitrião. O ditado não diz “em Roma, aja como os Romanos”. Agora, adivinhe quem são os Romanos da vez. Ser hospitaleiro não é sinônimo que aguentaremos todas as presepadas que vocês farão/fazem aqui.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

“Atualmente, os países em desenvolvimento estão sofrendo uma enorme pressão, por parte das nações desenvolvidas e das políticas internacionais de desenvolvimento controladas pelo establishment, para adotar um a série de ‘boas políticas’ e ‘boas instituições’ destinadas a promover o desenvolvimento econômico. Segundo essa agenda, ‘boas’ são as políticas prescritas pelo chamado Consenso de Washington em geral. Entre elas figuram políticas macroeconômicas restritivas, a liberalização do comércio internacional e dos investimentos, a privatização e a desregulamentação. ‘Instituições boas’ são, essencialmente, as existentes nos países desenvolvidos, sobretudo nos anglo-saxônicos. Entre as instituições-chave, incluem-se a democracia, a burocracia ‘boa’, o Judiciário independente , a forte proteção aos direitos de propriedade privada (inclusive a intelectual) e uma governança empresarial, transparente e orientada par a o mercado, assim como instituições financeiras (inclusive um banco central politicamente independente).
(...) discute-se muito se as políticas e instituições recomendadas são deveras convenientes para os atuais países em desenvolvimento. Mas o curioso é que numerosos críticos, que questionam a aplicabilidade de tais recomendações, dão com o ponto pacífico que essas políticas e instituições ‘boas’ foram efetivamente adotadas pelos países desenvolvidos quando estes ainda estavam em processo de desenvolvimento.
Por exemplo, aceita-se amplamente que a Grã-Bretanha veio a ser a primeira superpotência mundial graças à política de laissez-faire, ao passo que a França ficou relegada ao atraso em razão de uma política intervencionista. Do mesmo modo, é comum admitir-se que os Estados Unidos abandonaram o livre-comércio em favor da protecionista tarifa Smoot-Hawley e que o início da Grande Depressão (1930) foi, como disse Bhagwati (1985 , p.22, n.10), o famoso economista partidário do livre-comércio, ‘a lei mais notória e expressiva da estupidez anticomércio’. Outro exemplo da certeza de que os países desenvolvidos chegaram a esse status econômico graças às políticas e instituições ‘boas’ encontra-se na freqüente divulgação de que, sem a Lei de Patentes e os demais direitos de propriedade intelectual, eles não teriam gerado as tecnologias que os levara m à prosperidade. O National Law Center for Inter-American Free Trade (1997, p.l), com sede nos Estados Unidos, proclama que ‘[o] registro histórico nos países industrializados que outrora estavam em desenvolvimento demonstra que a proteção à propriedade intelectual foi um dos mais poderoso s instrumentos do desenvolvimento econômico, do aumento das exportações e da difusão de novas tecnologias, da arte e da cultura’. E assim por diante.
Será, no entanto, verdade que as políticas e instituições tão recomendadas aos países em desenvolvimento foram adotadas pelos desenvolvidos quando se achavam em processo de desenvolvimento? Mesmo em termos superficiais, não faltam indícios e evidências históricas fragmentária s sugerindo o contrário. E possível que alguns saibam que, contrariamente à sua natureza nos séculos XVIII ou XX, o Estado francês do século XIX foi essencialmente conservador e não-intervencionista. Também é provável que estejam informados sobre as elevadas tarifas praticadas pelos Estados Unidos, pelo menos a partir do fim da Guerra de Secessão. Uns poucos terão ouvido dizer que o banco central norte-americano, o Federal Reserve Board, foi criado bastante tardiamente, nada menos que em 1913. E é possível que uma ou duas pessoas saibam até que, no século XIX, a Suíça se alçou à categoria de líder mundial em tecnologia sem contar com uma só Lei de Patentes.
À luz dessas prova s contrárias à visão ortodoxa da história do capitalismo, cabe indagar até que ponto os países desenvolvidos não estão procurando esconder o ‘segredo de se u sucesso’. (...) vários elementos de informação histórica que contradizem a visão ortodoxa da história do capitalismo e oferecem um quadro abrangente, embora conciso, das políticas e instituições de que os países desenvolvidos se servira m quando estavam em processo de desenvolvimento. Em outras palavras, o que este livro pergunta é: com o os países ricos enriqueceram de fato?
A resposta mais sucinta é que ele s não seriam o que são hoje se tivessem adotado as políticas e as instituições que agora recomendam às nações em desenvolvimento. Muitos recorreram ativamente a política s comerciais e industriais ‘ruins’, com o a de proteção à indústria nascente e a de subsídios à exportação – práticas hoje condenadas ou mesmo proscritas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Antes de se tornarem completamente desenvolvidos (ou seja, antes do fim do século XIX e do início do XX), eles possuía m pouquíssimas dessa s instituições agora consideradas tão essenciais aos países e m desenvolvimento, inclusive as mais ‘básicas’ com o os banco s centrai se a responsabilidade limitada.
Se for esse o caso, as nações desenvolvidas não estarão se valendo do pretexto de recomendar políticas e instituições ‘boas’ unicamente para dificultar o acesso o dos países sem desenvolvimento às política se instituições que elas implementaram no passado a fim de alcançar o desenvolvimento o econômico?”
– Ha Joon Chang, Como os países ricos enriqueceram de fato?, 2003. Tradução de Luis Antônio Vieira de Araújo.

sábado, 13 de agosto de 2016

“Paraíso... Nós recebemos o paraíso e estamos transformando-o em um matadouro... Aonde quer que vamos...
Deixamos as coisas sangrando e gritando...
Estamos matando o mundo...
Devemos ser detidos... A Humanidade deve ser detida... Antes que não sobre nada...
Nós achamos que o mundo é nosso, mas... Oh, Deus... Nós caímos tanto...
E ainda...
Ainda... Não é... O fundo”
– Fera B’wana para Homem-Animal em “When we all lived in the forest” , Animal Men 04, de dezembro de 1988. Roteiro de Grant Morrison, arte de Chas Troug e Doug Hazlewood.
Publicado na DC 2000 Nº 6, de junho de 1990, sob o título “Quando todos vivíamos na floresta”.

[Sim, eu refiz a tradução a partir da HQ publicada no Brasil para algo mais inteligível se comparado à fala original do Fera B’wana.]
“Paraíso... Nós recebemos o paraíso e estamos transformando-o em um matadouro... Aonde quer que vamos...
Deixamos as coisas sangrando e gritando...
Estamos matando o mundo...
Devemos ser detidos... A Humanidade deve ser detida... Antes que não sobre nada...
Nós achamos que o mundo é nosso, mas... Oh, Deus... Nós caímos tanto...
E ainda...
Ainda... Não é... O fundo”
– Fera B’wana para Homem-Animal em “When we all lived in the forest” , Animal Men 04, de dezembro de 1988. Roteiro de Grant Morrison, arte de Chas Troug e Doug Hazlewood.
Publicado na DC 2000 Nº 6, de junho de 1990, sob o título “Quando todos vivíamos na floresta”.

[Sim, eu refiz a tradução a partir da HQ publicada no Brasil para algo mais inteligível se comparado à fala original do Fera B’wana.]

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

“reestruturar as formas de pensar os fundamentos do judô educativo na realidade considerando o modelo de pensamento sistêmico de Jigoro Kano, estruturado a partir da integração Oriente-Ocidente, tomando evidentemente o cuidado de reorganizar as referências conceituais emergentes para o momento histórico atual, pode ser pertinente se a intenção é integrar a sabedoria do Oriente e do Ocidente para dar ao homem a perspectiva da sabedoria da humanidade através da filosofia mundial”
– Sérgio Oliveira dos Santos, Trajetória das alterações nos sistemas simbólicos da luta de judô diante da linha evolutiva antropológico-filosófica das diferentes intencionalidades do homem nas lutas de origem japonesa, 2015.
livro completo aqui!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SOBRE O DIA DO ESTUDANTE

Graças à Lais Meyer Helena Caparroz, acabei de descobrir que o tal “Dia do Estudante”, no Brasil, foi criado em homenagem à fundação dos dois primeiros cursos de ciências jurídicas do país, em 11 de agosto de 1827, por D. Pedro I (ver http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-11-08-1827.htm). Todavia, o referido documento não faz referência a quaisquer outros estudantes. Então... Por que o tal dia? Só o pessoal de Direito estuda? Não à toa que é o Dia do Advogado e não Dia do Estudante propriamente dito. (parando por aqui senão pessoal vai dizer que é um ataque aos caras, e o texto não é sobre isso)
Eu lembro muitíssimo bem que todo “Dia do Estudante”, os professores sempre encontravam uma maneira nova de ferrar a gente valendo e até riam quando falávamos do tal dia. Quando questionava com meus amigos sobre, TODOS falavam a mesma coisa. Ou seja, “Pros professores tudo”, já pro alunado... Não ‘tô desmerecendo os professores, longe de mim fazê-lo devido o esforço hercúleo para nos formarem mediante condições indubitavelmente escrotas. Mas... Ai eu penso...
Citarei somente quatro dos casos mais acentuados do descaso com a educação no Brasil:
- a cagada ensaiada totalmente excelente do Escola Sem Partido, onde todo mundo se joga merda e não chega à conclusão alguma, deixando a entender que o pessoal não quer dar aula e sim militar suas causas ideológicas dentro de sala (claro que não é, mas esse zumzumzum pros desinformados/leigos...);
- professores universitários “lutando” por melhores salários mas descaradamente pouco se fudendo tanto pra melhorar a didática quanto se o alunado aprende de fato sua(s) disciplina(s) ou não (e nota-se que são sempre os piores professores que exigem melhores salários, já é de lei, isso sem contar os que têm mil coisas por fora e querem reclamar logo do salário do Estado);
- o assédio de professores a alunos e alunas (“ah, só homem é estuprador em potencial”, ‘tá, vai acreditando que “só homem assedia aluna”, VAI LÁ SÓ TU);
- por fim, o Estado se valendo de seu braço armado e seu braço midiático para invalidar a luta dos que querem estudar de fato e validar somente seus interesses escusos e torpes, ao contrário do dito “bem geral”, previsto pelo melhor livro de piadas já redigido – a Constituição de 1998 da República Federativa do Brasil.

Dia do Estudante?
Não me façam rir.










[Sim, tem a filosofia do “um dedo que aponta e três apontam contra”. Eu admito que fui verdadeiramente e extremamente relapso, desdenhoso e filho da puta na graduação quanto às disciplinas da licenciatura, só fazia mesmo pra me livrar e foda-se. Todavia, eu não entrei pra ser professor e sim tradutor ou teórico literário mesmo (a Licenciatura não serve SOMENTE para formar professores, que fique logo bem claro – se tu acreditas nisso, pare de ler o texto aqui) e acabei enveredando pela revisão e consultoria de textos acadêmicos (sim, apesar de todos os pesares, eu gosto do que faço), por isso eu nem tchum pras aulas e pro estágio “obrigatório”. Certo. Ai alguém dir-me-á que eu sou “parte do problema da crise da educação”. Alto lá. Eu nunca disse que queria ser professor. Eu disse, Carol? Eu disse, Tail? Não lembro de ter dito. Logo, eu não sou exceção tampouco regra, e sim caso totalmente isolado.]

terça-feira, 9 de agosto de 2016

“Se o adversário é inferior a ti, então por que brigar?
Se o adversário é superior a ti, então por que brigar?
Se o adversário é igual a ti, compreenderá o que tu compreendes...
então, não haverá luta.
Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui.”
– Funakoshi-Gichin (1868-1957), Karate ni sente nashi.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

CANÇÃO PARA RAFAELA

“A mulher negra tem força de viver no sangue, e, de todas as mulheres, de todas as raças, cores e credos, a mulher negra é a mais sábia, porque ela teve que passar por todos os preconceitos e machismos que toda mulher passa ao longo dos séculos, porém, ela teve que esfregar na marra, sua força, seu valor e sua capacidade na cara de uma sociedade imbecil e racista, que aos poucos e muito lentamente, se desprende de conceitos idiotas baseados apenas na cor da pele.
Hoje, graças a força que corre nesse sangue guerreiro, a mulher negra é sinônimo de sabedoria, liderança, beleza e inteligência, porque teve que fazer e saber, tudo em dobro das demais, para provar sua genética guerreira e sua capacidade de vitória.”
– Keila Sacavem

Não vou julgar ninguém por ficar feliz pela medalha olímpica da Rafaela Lopes Silva. É uma felicidade merecida mesmo, merecida pra caralho, merecidíssma. Quem viu a presepada que aconteceu com ela devido Londres-2012 sabe do que ‘tô falando, eu vi na TV quando aconteceu e fiquei “caralho...” 
[ela mesma foi um dos principais motivos de eu ter voltado a treinar até ter chego aos JUBs de 2012 e 2013 e então obtido a almejada sho-dan, em outubro de 2014 (sendo que a Ina e o Sussurro-do-Amanhecer-Nublado foram que mais me deram força pra não desistir dessa quest). mas este texto não é pra falar de mim.]
A vitória da Rafaela serve como um roundhouse kick de barra estourada na cara de todo mundo que falou aquele monte de merda pra ela em 2012, que – a meu ver – não foi somente pra ela e sim pra todos os negros, e principalmente para todas as mulheres negras. Eu não duvido que o Teddy Riner, campeão MUNDIAL de judô OITO VEZES, tenha ouvido as mesmíssimas coisas e até piores, sendo negro e francês, porém... Pode-se dizer que o caso é outro? “As coisas mudam de nome, mas continuam sendo”, já disse Gessinger. Todavia, como mulher e como mulher NEGRA, as dificuldades sempre se mostraram maiores para Rafaela e ela, como judoca que honra o obi, se curvou às dificuldades somente para aplicar-lhes as projeções e eis o ippon
Contudo, não deve-se desconsiderar a atual conjuntura politica do país e o caos social do estado do Rio de Janeiro. Todavia, Como bem sabe-se, uma das bases do heroísmo é a superação, e a judoca fluminense mostrou-se composta desta. Sim, o heroísmo e a superação de quem ajuda esse grande país grande a continuar em frente, mesmo acorrentado por todos e por si mesmo. Se a Inês Brasil é a dita, por muitos, “cara do Brasil” (que mais se assemelha ao “mítico” Maguila, sendo Inês uma continuação do “legado” do boxeador), Rafaela Lopes Silva é a cara que devemos buscar de fato dar ao nosso país, devido seu comprometimento, determinação, garra e vontade inexoráveis, inabaláveis e, por isso, exemplares.
E, por fim: agora sim, eu ‘tô vendo o judô brasileiro DE VERDADE em ação. Agora sim, eu ‘tô vendo judocas – não-somente brasileiros – irem com VONTADE, hoje negada foi com sangue nos olhos, mostrando tudo o que sabe. Pessoal ENFIM ligou o “botãozinho do foda-se” e ainda ativou o nitro, com Rafaela à frente, portando o estandarte de Kano-Jigoro-sensei em uma mão e Gungnir na outra, mostrando o caminho para Valhalla!
E tem judô olímpico até sexta, 12 de agosto. Que os deuses permitam e façam que o pessoal continue nesse nível ai, porque é ele que queremos ver. Tal como os deuses foram para com Rafaela Lopes Silva, a tornando humanamente e judocamente imortal.
HAIL!

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

MATANZA - PIOR CENÁRIO POSSÍVEL - 2015

:: MATANZA ::
:: PIOR CENÁRIO POSSÍVEL ::
:: 2015 :

A SUA ASSINATURA
Eu posso ouvir, e posso ver você tentando se esquivar de mim
Você nunca foi um cara muito esperto
Acha que de mim não vai chegar nem perto
Mas eu estou a poucos passos de você
Mas tudo bem, porque eu sei do gosto ruim que a paranoia tem
Sei do desconforto de quem sente medo
Não há bebida que afogue o seu segredo
A um passado que não pode revelar

Mas soube me pedir, saiba também me pagar
Fácil como foi ter vindo aqui me procurar
Eu sei como se sente, eu sei que se arrepende, é assim com muita gente
Mas se essa assinatura é sua, a sua alma impura agora vem pra mim
Mas se essa assinatura é sua, a sua alma impura vem pra mim

Eu derrubei muita gente pra poder te transformar em rei
De um povo que te olha com desprezo
É tão irônico que encontra-se indefeso
Eu faço muito gosto em vê-lo decair
Não sei dizer o que explica a obsessão de ter pra aparecer
De conseguir as coisas sem merecimento
E é por isso que agora o atormento
Com a verdade que não quer admitir

Mas soube me pedir, saiba também me pagar
Fácil como foi ter vindo aqui me procurar
Eu sei como se sente, eu sei que se arrepende, é assim com muita gente
Mas se essa assinatura é sua, a sua alma impura agora vem pra mim

O QUE ESTÁ FEITO, ESTÁ FEITO
Nada muito bom mas eu não posso reclamar
Cheguei muito mais longe do que eu pude imaginar
Deveria me encontrar em melhor situação
Poderia ter ficado menos tempo na prisão

Eu tenho consciência do que fiz
E só lamento não ter feito direito
Matei e sei que mereço morrer
Não mataria se não tivesse porque

Eu devo admitir que não fui muito legal
Pelo menos é o que diz a minha ficha criminal
Eu tentei me defender e mostrar quem tem razão
E peguei mais de duzentos anos de detenção

Foi muito importante pra pensar na vida
Mas eu não gostei da comida
E da liberdade não se abre mão
Então achei na dinamite a solução

Nada que eu ache bonito, sei que não tinha o direito
Não resolvi o conflito quando matei o sujeito
Admito que enfureço se me faltam com respeito
E o que está feito, está feito

Nada muito bom mas eu não posso reclamar
Cheguei muito mais longe do que eu pude imaginar
Deveria me encontrar em melhor situação
Poderia ter ficado menos tempo na prisão

Eu tenho consciência do que fiz
E só lamento não ter feito direito
Matei e sei que mereceu morrer
Não mataria se não tivesse porque

Nada que eu ache bonito sei que não tinha o direito
Não resolvi o conflito quando matei o sujeito
Admito que enfureço se me faltam com respeito
E o que está feito, está feito

MATADOURO 18
Muito se espantariam os vizinhos da área
Se um dia soubessem
Que nos fundos do Matadouro 18
Coisas assim acontecem
Chega a polícia, investiga
Não acha nada, nem desconfia
Que há gente trancada no piso de baixo há dias

Quantos mais vão cair
Pelo poço do matadouro 18
Da câmara fria impossível sair
Alguns são depois encontrados na margem do rio
Mas a maioria simplesmente sumiu

Os que já sabem
Hoje vivem na sombra do medo
Jamais dirão qualquer coisa
Eles guardarão em segredo
Mesmo com todas as mortes
Teremos sempre um desavisado
Que resolve passar a noite acampando no lago

Quantos mais vão cair
Pelo poço do matadouro 18?
Da câmara fria impossível sair
Existe um riacho lá perto que já foi bom pra pescar
Hoje a água é turva e lodosa, ninguém mais vai lá

Quantos mais vão cair
Pelo poço do matadouro 18?
Da câmara fria impossível sair
A noite se ouve abafado o barulho do incinerador
E o cheiro que vem com a fumaça
Revela uma noite de horror

CASA EM FRENTE AO CEMITÉRIO
Essa casa é minha
Deviam ter ficado fora
Não há saída agora
Aqui só há raiva e rancor
No chão em que pisam, muito sangue fora derramado
Está amaldiçoado e eu me alimento dessa dor

Foi nessa casa onde nasci
Onde eu passei a vida, onde morri
Não vou deixar ninguém chegar
E achar que é dono do lugar
Jamais vou tolerar
Eu tenho raiva de quem entra aqui
Ódio de quem entra aqui
Nojo de quem entra aqui

A casa foi erguida
Em frente ao velho cemitério
Solo morto estéril
Quero que continue assim
Nunca tive pena de nenhum dos velhos moradores
Os fiz passar horrores, tiveram um pavoroso fim

Foi nessa casa onde nasci
Onde eu passei a vida, onde morri
Não vou deixar ninguém chegar
E achar que é dono do lugar
Jamais vou tolerar
Eu tenho raiva de quem entra aqui
Ódio de quem entra aqui
Nojo de quem entra aqui

SOB A MIRA
Não morri no dia do acidente
Em que meu carro foi quase partido ao meio
Não contavam com sobreviventes
Com um desastre realmente muito feio
Não morri quando fui baleado
Apesar de ter cruzado um tiroteio
Eu mesmo fiquei admirado
Porque nenhum dos 27 foi em cheio

Vejo que o azar tem trabalhado muito bem
Mas a morte ao que parece não quer nem saber de mim
Deve ter havido um erro na digitação
Porque as coisas não costumam ser assim

Eu devia ter morrido envenenado
Por ter misturado whisky e gasolina
Nem sequer fui hospitalizado
O caso eu resolvi com uma aspirina

Não morri quando calcei a bota
Sem saber que havia um escorpião lá dentro
Pode ser que eu seja um idiota
Pois não faço disso um acontecimento

A única certeza que se tem nessa vida
É que ela acabe, contra isso não há nada a se fazer
Posso imaginar a sua indignação
Não é só a discussão que vai perder

Estive sob sua mira
E acabou sua munição
Pra você ver que o jogo vira
Não sou eu nesse caixão
Assim acaba sua vida
Vá você que eu não vou não
Boa sorte na descida

Não quero te dar lição nenhuma
Uma explicação melhor fico devendo
Não há uma palavra que resuma
E você também não tem mais muito tempo

O fato é que eu também não entendo
Eu sigo o rumo que o destino aponta
E nesse meio tempo eu vou bebendo
Até que a morte chegue e peça a conta
Agora se me der licença
Eu vou fumar o meu cigarro
Vou tomar uma cerveja por ai
Pode ser que um dia a sorte mude
Sei que fiz tudo que pude
Só por isso estou aqui

Estive sob sua mira
E acabou sua munição
Pra você ver que o jogo vira
Não sou eu nesse caixão
Assim acaba sua vida
Vá você que eu não vou não
Boa sorte na descida

PIOR CENÁRIO POSSÍVEL
Então você se vê, perdido em alto mar
Sem água, sem comida e sem ideia de onde está
Sem diesel no motor, sem sinalizador
Sem chance de ser visto, de ser salvo por quem for
Em tal situação, fácil perde-se a razão
Começa a esperar de Deus alguma explicação
O fato é que não há mais nada a se fazer
Você mal pode crer

Quando vê a tempestade se formando no horizonte
A nuvem carregada vindo em sua direção
Gira o botão, mas o rádio não responde
Água subindo de nível
Pior cenário possível
Casco na proa esta rachado
O barco já está adernado
Teria alguma sugestão?
Não!

Dois dias atrás, quando partiu do cais
Deixou a terra em que não pisaria nunca mais
E agora o que fará, não consegue pensar
Com o vento que bate, você começa a congelar
Nem barco de pesca, nem guarda costeira
Por mais que se queira, não passa nem um avião
Porão inundado, sem alternativa
Total a deriva

Vendo a tempestade se formando no horizonte
A nuvem carregada vindo em sua direção
Gira o botão, mas o rádio não responde
Água subindo de nível
Pior cenário possível
O mar ficando agitado
Você vai sendo arrastado
Até sumir na escuridão então

O PESSIMISTA
Reconheço na voz a mentira
Me admira a frieza do olhar
O sorriso fingido da ira
Tanto inspira quem quer te matar
O discurso é de fato asqueroso
O conceito é arcaico e sombrio
Com um pretexto confuso, ardiloso
Que defende o que nunca existiu

E você que me acusa de ser pessimista
Quer que eu fique sentado e assista
Esse mundo mudando por si
Não vai mudar
Vai ficar bem pior do que está
Mais inútil dizer
Se ninguém quer saber
Não vou ficar
Vou embora pra outro lugar
Não consigo viver
Perto assim de você

Atitude é sempre covarde
Partido que não pode explicar
A pergunta se faz muito tarde
A resposta não queira escutar
Não explica a miséria do mundo
Não entende, não vai discutir
Nos ordena que mude de assunto
Diga algo que os faça sorrir

E você que me acusa de ser pessimista
Quer que eu fique sentado e assista
Esse mundo mudando por si
Não vai mudar
Vai ficar bem pior do que está
Mais inútil dizer
Se ninguém quer saber
Não vou ficar
Vou embora pra outro lugar
Não consigo viver
Perto assim de você

CHANCE PRO AZAR
Podia ser pior, mas não foi dessa vez
Realmente impressionante o estrago que fez
Mas teve sorte sim, mesmo com a explosão
Teve só um braço quebrado e uma laceração
Você podia estar em casa com sua mulher
A derrota é fazer tudo o que o diabo quer
Não sabe nada

Sempre dando chance pro azar
A noite poderia ter tido um final feliz
É como se diz
Não sabe fazer
Acaba pondo tudo a perder

Diante do juiz, que muito quer saber
O porquê de tudo isso que deu em você
Sem ter o que dizer, não há como negar
Sempre esta na hora errada e no pior lugar

Seu advogado fala da situação
A fiança pelos danos chega a um milhão
Que pilha errada
Sempre dando chance pro azar
A noite poderia ter tido um final feliz
É como se diz
Não sabe fazer
Acaba pondo tudo a perder

ORGULHO E CINISMO
Muito me embrulha o estômago ler os jornais
Talvez seja pra humanidade tarde demais
Navio naufraga e derrama petróleo no mar
Material radioativo que a usina deixa vazar
Teoria da conspiração
O triste fim da civilização?
Ou só mania de perseguição que leva à paranoia

Pode alguém dizer o que estamos fazendo aqui?
Esta estrada acaba num abismo
Mas pelo visto nós vamos todos cair com orgulho e cinismo
Cogitar que o mundo pode acabar seria um grande exagero
Mas, se o futuro prometido aqui chegar, há de suportar o mau-cheiro

Um chefe de estado suspende os direitos civis
Epidemia de vírus dizima todo um país
A fraude é só o que sustenta o sistema legal
É fato, não é boato, não li no jornal
Teoria da conspiração
O triste fim da civilização?
Ou só mania de perseguição que leva à paranoia

Pode alguém dizer o que estamos fazendo aqui?
Esta estrada acaba num abismo
Mas pelo visto nós vamos todos cair com orgulho e cinismo
Cogitar que o mundo pode acabar seria um grande exagero
Mas, se o futuro prometido aqui chegar, há de suportar o mau-cheiro

Pode alguém dizer o que estamos fazendo aqui?
Esta estrada acaba num abismo
Mas pelo visto nós vamos todos cair com orgulho e cinismo
Cogitar que o mundo pode acabar seria um grande exagero
Mas, se o futuro prometido aqui chegar, há de suportar o mau-cheiro

CONVERSA DE ASSASSINO SERIAL 
Precisa arrumar um novo culpado
Se tudo acabar dando errado
Precisa de um novo suspeito
Porque foi bem longe de um crime prefeito
Fez bem em tê-la enterrado
Pena que foi descuidado
Deixou na pá impressões digitais

Porque ninguém mais acredita
Que foi só um crime comum
Mesmo que a investigação não saiba onde procurar
Eu já vi mais de um repórter andando pelo local
Já começaram a publicar que é um assassino serial

A policia se depara com um cadáver
Associa uma série de outras mortes
Pelos traumas, pelos cortes
São imagens realmente muito fortes
O legista faz um relatório extenso
E atesta requintes de crueldade
Seis mulheres da mesma idade
Todas ela mortas no meio da tarde

Precisa sair disfarçado
Quando for deixar o condado
Precisa de um carro discreto
Não se preocupe vai dar tudo certo
Procure deixar pistas falsas
Cruze o rio pelas balsas
Pegue carona e siga pro sul

Eu cometi o mesmo erro que você tempos atrás
Me colocaram na cadeia, mas eu consegui fugir
Me escondi numa cabana na montanha por um mês
E não é pra me gabar, mas eu matei bem mais de seis

A policia identifica nas imagens
Um sujeito numa loja de ferragens
Um velhinho de aparência cordial
Chega a noite e compra dez quilos de cal
A patrulha o segue e chega numa casa
Que parece há muito tempo abandonada
Há vários corpos enterrados no quintal
Mas nem sinal do assassino serial

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

“Eu não vejo a presença de negros nas tuas histórias.”
“Bem, eles ‘tão lá. E eu também quando conto em primeira pessoa ou falo de mim na terceira.”
[pausa]
“Mas eu falo de mulheres, das musas, mas mulheres que falas sobre. Das tuas ‘Musas’...”
“Ah, cara. Eu simplesmente vou lá e escrevo. Escrevo baseado em memória, em frustração, no que eu leio e vejo, das pessoas que conheço, das situações que passei. E sobre mulher, eu escrevo sobre ex, sobre atuais, sobre quem poderia ter sido, sobre o que não deveria ter sido, sobre quem eu quero e não posso ou não pude. Essas porras. Tudo isso ai.”
“Não, cara. Não é bem assim. Não é assim.”
“Cara, tu escreves?”
“Não, eu tenho talento. E eu ia escrever sobre o que?” 
“Então vai à merda, seu menino. Começa a escrever as tuas próprias narrativas, baseadas no que tu vives e no que tu deliras e depois a gente conversa. Só dê teco nas minhas depois que começar a escrever as suas.”
“Mas eu também sou formado em Letras, eu sei do que ‘tô falando.”
“Tu és formado em encher o saco da humanidade, caralho. Vai escrever e não me dirige a palavra até vir com pelo menos uns cem poemas e uns cinquenta contos escritos. Cretino filho da puta corno miserável carniça do inferno.”

sexta-feira, 29 de julho de 2016

sobre a S02 de Mr. Robot até agora

Sobre a S02 de Mr. Robot até agora:
Primeiro: FORA, TEMER!
Segundo: Strange Things é para amadores.
Terceiro: Os caras conseguiram se superar em muitos níveis na série: roteiro, edição, atuação, trilha sonora, clima, tensão, etc etc etc.
Quarto: ASSISTAM A MR. ROBOT DEC0D3D! Discorre-se sobre o que é – e principalmente, sobre o que não é – Mr. Robot e sobre a S02, todavia sem spoilers.
Quinto: Ficaram neurados com a S01? Preparem-se pra essa que seus cus cairão das bundas.
Sexto: O Rami Malek continua comprovando porque personifica a alucinação e a desgraceiração de um marginal da sociedade mesmo inserido nesta. E vocês vão lembrar do Coringa. Ah, se vão! 
Por fim: FORA, TEMER!

quarta-feira, 27 de julho de 2016

lembrando porque a banda marcou mais de uma geração e ainda permanece pertinente




sábado, 23 de julho de 2016

♫♪“I just want to feel some sunshine
I just want to find some place to be alone

We can live beside the ocean
Leave the fire behind
Swim out past the breakers
Watch the world die”♪♫


sexta-feira, 22 de julho de 2016

♫♪“Algumas vezes eu menti
Desprezando os teus sorrisos
Todas as vezes eu te quis
Provocando, discutindo
Traz todo amor pra mim
Sem fugir ou me estranhar
Tá tudo aqui (tá tudo aqui).”♪♫

quinta-feira, 21 de julho de 2016

É muito fácil sofrer pela morte dos amigos. Também é muito fácil dizer “É frescura” “Age que nem homem” “Deixa de viadagem” quando não é a sua dor.
♫♪“Vou fazer uma canção em louvor ao santo preto
Canta, povo bragantino: bendito, oh! bendito.
Quando chegar dezembro
Qual é o santo que está no andor?
É São Benedito com Nosso Senhor.”♪♫