“Eu não vejo a presença de negros nas tuas histórias.”
“Bem, eles ‘tão lá. E eu também quando conto em primeira pessoa ou falo de mim na terceira.”
[pausa]
“Mas eu falo de mulheres, das musas, mas mulheres que falas sobre. Das tuas ‘Musas’...”
“Ah, cara. Eu simplesmente vou lá e escrevo. Escrevo baseado em memória, em frustração, no que eu leio e vejo, das pessoas que conheço, das situações que passei. E sobre mulher, eu escrevo sobre ex, sobre atuais, sobre quem poderia ter sido, sobre o que não deveria ter sido, sobre quem eu quero e não posso ou não pude. Essas porras. Tudo isso ai.”
“Não, cara. Não é bem assim. Não é assim.”
“Cara, tu escreves?”
“Não, eu tenho talento. E eu ia escrever sobre o que?”
“Então vai à merda, seu menino. Começa a escrever as tuas próprias narrativas, baseadas no que tu vives e no que tu deliras e depois a gente conversa. Só dê teco nas minhas depois que começar a escrever as suas.”
“Mas eu também sou formado em Letras, eu sei do que ‘tô falando.”
“Tu és formado em encher o saco da humanidade, caralho. Vai escrever e não me dirige a palavra até vir com pelo menos uns cem poemas e uns cinquenta contos escritos. Cretino filho da puta corno miserável carniça do inferno.”
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