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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

[muito mais] POEMAS [escritos dentro de sala de aula]

Bom, acabei de chegar da UFPA e posso dizer que hoje não foi o melhor dia do mundo. Mas ate que foi divertido – não é todo dia que se toma banho no rio Tucunduba, lá no Campus Básico, próximo ao RU (Restaurante Universitário). Foi mais divertido do que pensei, todavia não deu pra compensar 100% não termos tido aula de Filosofia da Linguagem e nem de P2LP (ver a postagem de quarta-feira para revisar o significado da sigla). Só teve aula de Frau Steffen mesmo e olhe lá (mas até que foi rentável, devido ter sido nessa aula que escrevi o poema que fecha os três deste post).

Bom, foda-se isso.

Como diz o nome da postagem, têm alguns poemas que escrevi recentemente (pra Luciana Silveira Duarte, só pra variar) que eu tinha até que postar aqui e, bem, pois bem, aqui estão eles. E, na moral, eles são alguns dos melhores que já escrevi este ano. Caaaaaaras, eu os adoro!
Aqui estão eles [2], precedidos de algumas citações que dão o tom do que estes poemas falam.
Fucking enjoy them all!



“Preciso acordar e não me notar, preciso vencer sem sequer ganhar, preciso precisar sem sequer ter.
Eu quero ser e não perceber, vou te amar e não te ter, entender sem estudar.
Me ensina a tirar essas marcas e encontrar... o meu verdadeiro... me ensina.
Vou te olhar de frente então, enfrentar a contradição, sem minha máscara vou sorrir.
Marcas de uma educação, ranços de uma herança que se vão, o poder de observar...
Observar e não ter poder, um verbo que devo calar, as palavras que você não vai ler...
Me ensina a tirar essas marcas e encontrar... o meu verdadeiro... me ensina.
E agora amor vou poder ser feliz... esqueci teu nome.
Seremos eu de verdade, esqueci meu nome.
E aprenderemos diariamente a desaprender e a viver como realmente somos.”
– Dead Fish, “Me Ensina”.

VÁ-SE-FODER! Este ano, pelo visto, eu estou me superando pra escrever coisas legais, muitíssimo superiores do que as que eu escrevia há dez anos atrás, quando eu fazia o Segundo Ano do Ensino Médio, no Anchieta. O poema abaixo já tá no meu Top 10 de melhores desta década, junto a textos como “Mineral” (ver Vivendo de Passado), “Sentimentos Escritos em Muros (Pedaços de Lembranças)” (ver O Mundo Ainda Não Acabou), “Samba do Bombardeio (Canção Para Letícia Tocar e Cantar)” (ver poema da guerra entre Líbano e Israel) e “Poema Completo Para Professora Fabíola” (ver Frau Garou Geburstagfeier!). Esse eu escrevi de uma-só-porrada na aula de Latim, lá na FIBRA. A propósito, o Tomcat do título é uma referência direta ao caça estadunidense F-14-A-Tomcat (que virou até jogo de videogame, o famoso Tomcat Alley). Bem, o Uchiha (Marcelo Santos de Lima) disse que é ultra-romântico, devido tanto ao “uso excessivo de metáforas na exaltação do sentimento” quanto pela “aceitação passiva da partida”, mas eu não sei. Pra mim, é só modernista mesmo (com algumas influências mais-do-que-descaradas de textos do Chico Buarque e do Vinicius) e só.
Além de ser um dos melhores de toda a minha vida.
Será que eu supero este?

TOMCAT ANNIE
Eu entendo perfeitamente
Mas não aceito completamente
De você precisar estar trajando estas tão belas roupas de cosmonauta
E precisar entrar naquele foguete
Que logo irá decolar
E retornará somente quando tudo
Enfim estiver em seu devido lugar.

Não tenha medo de procurar
Seu verdadeiro caminho.

Agora é o momento de eu erguer meus braços até onde possível
E abrir completamente minhas mãos
Para que você abra suas asas de liga mista de metal e carbono,
Ligue seus aparelhos de navegação,
Aqueça seus motores colocando-os em funcionamento.
Decole, decole, decole!
Pressione os trens de pouso contra o pavimento antes de enfim alçar vôo
Recolha os trens de pouso
Destroce as correntes de ar com seu corpo
Seu bico será o indicador do seu caminho!
Perfure as esferas que cobrem o planeta
E, com velocidade ultrasônica, chegue ao espaço sideral –
Chegue onde Luciana alguma jamais esteve antes!
Tatue em seu corpo “Liberdade” e “Força” e “Determinação”
Porque é disso que você é feita agora!
Voe! e Voe! e Voe!
Os céus são o seu novo lugar agora...

Contagem regressiva para o lançamento:
Eu sei muito bem como é estar na cadeira do piloto.
É quando você reza enquanto os números decrescem
E sua vida inteira passa como um filme completo
Na frente dos seus olhos, no reflexo do capacete.
“Decolar!” “Decolar!”
Agora enquanto os propulsores são ativados, nossos corações forçam saída pela boca!
Enquanto pássaros são incinerados, o tempo parece parar e esse lançamento durar a tarde toda!
A saudade já me despedaça e o foguete ainda cruza o céu, deixando uma trilha de fumaça.
E, pra você, como é a sensação de ver as estrelas se tornarem cada vez mais próximas,
E o firmamento, sempre tão azul quando não chove, se tornar escuro tal como petróleo verdadeiro e bruto?
Enquanto todos se levantam e se vão, eu permaneço sozinho e sentado até você sumir no céu.

E o último beijo não como aço faiscando em mármore
E o último abraço não como urso prendendo inimigo
E o último sorriso não como tubarão desmembrando presa
E o último olhar não como sniper no exato momento do tiro

E a paixão de agora tornar-se-á saudade
E a saudade tornar-se-á memória
E a memória tornar-se-á tempo
E o tempo tornar-se-á vida e viver a vida

E eu te vejo sumir tão lentamente enquanto decola
E, ao fechar os olhos, vejo você com aquele vestido misto de turquesa e rosa.
E meus olhos então transbordam de lagrimas
Enquanto meu coração transborda de tristeza e saudade e solidão.

:: escrito durante aulas da disciplina Latim, do professor Izidório Cabral ::
:: 26 de agosto de 2009 ::







“Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais

Da primeira vez, ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar

Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.
Mas deixe a lâmpada acesa
Se, algum dia, a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar

– Vinicius de Moraes e Toquinho, “Regra Três”.

Eu gostei muitíssimo do resultado final do texto seguinte. É um pretenso samba (e bote pretenso nisso – por isso o título do mesmo!), mas não rola musicar. A verdade é que fiquei um tempão com a canção “Regra Três” – cuja letra está acima – martelando o meu cérebro que este poema acabou saindo naturalmente enquanto eu tava indo pra UFPA, tanto que (o poema) foi escrito em uma cadeira do buzão UFPA-Cidade Nova 6 quando eu ‘tava indo pr’aula hoje de manhã. Ele contem um caralhal de referências tanto literárias quanto musicais. Apesar dele estar fodasticamente incrível, ainda vou refazer e re-escrever umas passagens dele, pra ficarem mais do meu gosto.


(tentativa de) SAMBA (escrito) PARA LUCIANA
LUCIANA foi-se embora de uma vez
Com o primeiro F-117 da manhã
Sem ninguém para enxugar suas lágrimas:
Nem seu travesseiro
E nem as suas irmãs.
Ainda gostam-se tanto mas ele desistiu
Soltaram as mãos e agora seus corpos,
Mesmo com todo o café de Gaia,
Produzem tanto frio.
Ele sabia o que ia acontecer quando abriu seu coração
Foi devidamente implodido com carinho, bem-querer e afeição.
No fundo de sua alma, Luciana sabia desde então
Que ele não mudaria/cederia para manter/equilibrar a relação.
E amanhecido e se sentindo imensuravelmente vazio
No primeiro UFPA-Cidade Nova 6
Ele se foi para nunca mais.
Rezarão e pedirão e torcerão para que o outro
Encontre alguém que faça-lhe tão imensamente feliz
Como não fizeram a um tempo atrás.
O melhor remédio para o tempo e o tormento é o tempo,
Para a desgraça é a dor é a ressaca,
E para aliviar o sofrimento e apressar o esquecimento
Uma Babel e um Everest de trabalhos acadêmicos!
Brilhe, Estrela-da-Manhã, brilhe!
Chore, Luciana, chore
Raios de sol!
Mesmo com toda a Melancolia e o Pesar e a Beleza
Por hoje e até o indefinido, você é a Dona-da-Tristeza
Que, por muito, insistirão em te incomodar.
E, quando chegar o tão aguardado futuro,
Enquanto ele estiver usando beca e segurando o canudo,
A mulher mais determinada e forte e feliz do mundo
Você será.
E este foi o Samba-Para-Luciana
Bordado com Tristeza e Tarde e Saudade e Mágoa
Assim irá se terminar.
Pois o seu autor
Que assumidamente não sabe corretamente rimar
Retirar-se-á
para chorar.

:: 11 de setembro de 2009 ::






“O Passado e os fatos
me impedem de tentar
E sem vontade
mas prefiro te falar
Chamo de momento errado
mas não consigo esquecer
Quem sabe um dia
você possa me entender

Queria que você com os meus olhos
Conseguisse ver
Mudar o que escolhi
Sentir o que eu sinto
O seu perfume ainda esta aqui
Vamos viver
Agora só me resta
os abraços que perdi
(...)
Longos passos
e lembranças nada mais
Você que estava ao meu lado
e agora esta ai
Representando as escolhas que eu fiz

Tente imaginar como seria
(...)
Lembro do abraço que você me deu”

– Sugar Kane, “Abraço”.

O texto abaixo foi produzido durante a aula de hoje de Frau Steffen, quando eu tava (muitíssimo) mais dormindo do que acordado. Esse, tal como o anterior, foi escrito de uma só porrada. Ele não é tão legal quanto os dois anteriores, mas o resultado também saiu além do que eu esperava. Ele não é bem pra Luciana. “É” e “não é”. Tem umas nerdices no texto, que só nerds (como eu) entenderão. Mas, no todo, todos os meus poemas (como os que estão nesta postagem!) contêm nerdices!


[sem título]
POR que querer alguém
Vai ser sempre ser
Despedaçado
Em pedaços
Que só podem ser contados
Por calculadoras científicas
De centros aeroespaciais internacionais
n x x^y^t
a^b^c k^m^n
Por que: o vento sempre vai
Trazer a voz
o fechar dos olhos sempre vai
Trazer o Olhar?
roupas sempre vão
Trazer o Cheiro?
a chuva sempre vai
Trazer a Lembrança?
e esta trará
as Lágrimas?
Braços angelicais abertos para abraços
Agora estão trancados como portões de campos de concentração...
Mortais que residiam no mais belo Paraíso
Voltaram às suas monótonas e comuns de Antes.
Procurando beijos e abraços e afagos e olhares
E dedos e lábios e braços e pernas e dedos e corpos
Perdidos e salpicados eternamente no tempo e em memórias
Familiares se tornam indiferentes.
E agora chega o momento de todos os solitários e não-mais-amados
Se apoiarem e se afirmarem em seus próprios passos
Para reencontrarem seus caminhos para si próprios...

:: 11 de setembro de 2009 ::
:: inclui citação adaptada da letra de “Anteontem”, da banda paulista CPM22, do álbum A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum”, de 2000, escrita pelo guitarrista Wally ::


Postagem dedicada a todos os meus amigos que escrevem poesia, principalmente à Tami-chan, o Chuva-Vermelha-de-Sangue (taí, Bruno, voltei a escrever poesia, e muito melhores do que as de antes!), o Matt Benassuly (meu judeu favorito!), à Camila Souza, (Karina) Kleinwulf e o Uchiha-kun!

YOU ARE THE FUCKING ONES!


(trilha sonora de fundo: Neil Young e Crazy Horse, Broken Arrow, de 1996)

‘til the fuckin new post!

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