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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

ESTRANHOS NO PARAÍSO – análise et crítica do filme

ouvindo: Neil Young, Dead Man, de 1996.

“Take my hand I’m a stranger in paradise
All lost in a wonderland
A stranger in paradise
My eyes are shining?
If I stand starry eyed there’s a danger in paradise
For mortals who stand beside an angel like you

I saw your face ascending
Out of the common place and into the rare
Now somewhere out in space I hang suspended
Until I'm certain that there’s a chance that you care

Won’t you answer this fervent prayer
Of a stranger in paradise?
Don't send me in dark despair
From all that I hunger for
But open your angel's arms
To this stranger in paradise
And tell him that he need be
A stranger no more”
– Sarah Brightman, “Stranger In Paradise”[1]

primeira, primeira, primeira vez que tive acesso ao termo Estranhos no Paraíso foi quando li uma crítica do filme Dead Man: Homem Morto[2] na finada e saudosa revista Set, da editora Abril, que, por muitíssimo tempo, foi a única revista de divulgação de cinema no Brasil, ainda que fosse extremamente elitista e excludente, mesmo que tentasse pegar tudo o que fosse produzido de relevante no Brasil e no mundo, a exemplo da igualmente – senão mais, muito mais – finada e saudosa revista Bizz (depois ShowBizz), da mesma casa. me corrigindo, destes periódicos da Abril que saíram na década de 1980, só se mantém até hoje – e com um mínimo de relevância – a SuperInteressante[3], que já falei muito, muitíssimo por aqui. 
Dead Man: Homem Morto
, direção e roteiro de Jim Jarmusch. Alemanha, Japão, EUA: Miramax, 1995.
revista Set, da editora Abril, publicada no Brasil entre junho de 1987 e novembro de 2010
revista [Show]Bizz, da editora Abril, publicada no Brasil entre agosto de 1985 e julho de 2007
revista SuperInteressante, da editora Abril, publicada no Brasil desde setembro de 1987

nesta mesma resenha de meia página de Dead Man, eu li, pela primeira vez, os nomes Neil Young e Jim Jarmusch. o primeiro, responsável pela trilha sonora da obra[4]. o segundo, diretor e roteirista da mesma. cito primeiro o primeiro pela sua inquestionável relevância na minha vida desde que ouvi toda sua discografia, no primeiro semestre da graduação[5]. cito segundo o segundo porque........................ eu só lia et ouvia críticas extremamente positivas das obras do cara e........................ 
tem uma HQ que eu amodoro para um caralho chamada ESTRANHOS NO PARAÍSO, escrita e desenhada pelo estadunidense Terry Moore entre 1993 e 2007, pela qual eu declarei todo meu amor e admiração NESTE POST AQUI. e como falei neste mesmíssimo texto, Estranhos no Paraíso é “junto com Bone e Hellboy, dos também estadunidenses Jeff Smith e Mike Mignola, é uma das melhores coisas da década de 1990, considerada a década perdida dos quadrinhos norte-americanos” (Quilômetros-a-Pé, 2009[6]). ademais, como falei NESTE POST AQUI, eu gosto de pensar que Retalhos, do Craig Thompson, “é o Estranhos no Paraíso do século XXI” (idem, 2010)
Estranhos no Paraíso
, roteiro e arte de Terry Moore. Estados Unidos: Abstract, 1993 e 2007. saiu em brasileiro completa pela Devir um tempo desses ai década passada creio que ainda devem ter em estoque.

Bone
, roteiro e arte de Jeff Smith. Estados Unidos: Image, 1994 a 2007. a editora Todavia publicou tudo em brasileiro em 2019, com tradução de Érico Assis. 

Hellboy
, roteiro de Mike Mignola e arte de inúmeros artistas. Estados Unidos: Dark Horse, 1993 até hoje. o que tem publicado em brasileiro saiu pela Mythos.

Retalhos
, roteiro e arte de Craig Thompson. Estados Unidos: Top Shelf, 2003. saiu em brasileiro pela Quadrinhos e Cia em 2009, também com tradução de Érico Assis.

não é segredo pra ninguém que frequenta estas pairagens que eu penso de forma totalmente randômica. proseando com um chegado meu, também igualmente aleijado mental, ele me mostrou um vídeo sobre filmes com nomes de quadrinhos que não são baseados nos quadrinhos em questão e o primeiríssimo da lista foi fucking justamente Estranhos no Paraíso[6] e o quanto os dois textos são extremamente idiossincráticos. nicht so fucking viel nem tanto assim, por terem protagonistas de ascendência europeu-oriental, mas vou explicar isso mais lá pra frente. 

Estranhos no Paraíso
, direção de Jim Jarmusch e roteiro de Jim Jarmusch e John Lurie. Alemanha e Estados Unidos: Cinesthesia Productions Inc e Samuel Goldwyn Company, 1982.

então que acabei procurando pra baixar Estranhos no Paraíso justamente porque não sacava caralhos nenhuns de Herr Jarmusch e porque, inclusive, filmes em preto e branco, por motivos que desconheço, me interessam bastante. a obra, germano-estadunidense, inclusive, foi lançada no Brasil no fatídico ano georgeorwelliano (entendedores entenderão) e é algo que vai te tirar totalmente da zona de conforto se não tiveres familiaridade alguma com filme preto e branco, com filme lento e com filme sem muita trilha sonora. Estranhos no Paraíso meio que TAMBÉM vai te tirar da zona de conforto se não tiveres familiaridade alguma com filme preto e branco, com filme lento e com filme sem muita trilha sonora.
os dois textos – homônimos somente no Brasil[8] – são “iguais” por girarem ao redor de somente um núcleo de personagens. o ponto de convergência entre os dois é uma das protagonistas da HQ, Katina “Katchoo” Choovanski, ser de ascendência europeu-oriental e dois dos três protagonistas do filme (Bela “Willie WonkaLugosi [interpretado por John Lurie] e Eva [interpretada por Eszter Balint]) – e mais uma coadjuvante (tia Lotte [interpretada por Cecillia Stark]) – serem de origem húngara. 
pra quem não sabe, a Hungria é um enclave no meio da Europa, entre a Europa ocidental e a Europa oriental; sua capital é Budapeste; e o húngaro é o idioma não-pertencente ao tronco linguístico do indo-europeu mais falado no continente suas bases econômicas estão direcionadas à transição a uma economia de mercado regulamentada pela União Europeia, um dos conglomerados que a Hungria faz parte, além da OTAN dispensa apresentações, OCDE[9], Grupo de Visegrád[10] e Espaço Schengen[11]. fronteiras da Hungria: Eslováquia, ao norte; Romênia, ao leste; Sérvia ao sul; Croácia, a sudoeste; Eslovênia, a oeste; Áustria, a noroeste; e Ucrânia, a nordeste. pra vergonha da minha barba e dos meus cabelos vermelhos, não conheço porra nenhuma de literatura, cinema e quadrinhos made in Hungria.
de bandas punk de lá, eu conheço só o CPg, o C.A.F.B., o Kretens e o QSS.
Hungria, bandeira e localização
CPg 
C.A.F.B.
Kretens 
QSS

VOLTANDO: PRA MIM, Lotte foi uma dos muitíssimos húngaros que migraram aos EUA e apesar de não querer falar, na maioria do tempo, em estadunidensês[12], se habituou aos hábitos locais. é algo bastantíssimo comum entre os europeus que foram para a América (o continente americano como um todo) e tem mais obra com personagem assim do que estrelas mortas brilhando no céu.
Bela “Willie WonkaLugosi, pelo que entendi, ou é imigrante que veio novinho, novinho ¿nessa época já existiam Marias Mucilon? da Hungria ou foi criado pelos parentes imigrantes em uma comunidade de imigrantes e se mandou pra ser estadunidense assim que pôde, se desvinculando de tudo o que o tornava europeu/húngaro – talvez judeu também, vai saber. não coincidentemente, TAMBÉM é algo bastantíssimo comum tanto entre os europeus que foram para a América (o continente americano como um todo) como os descendentes de europeus que foram para a América e tem mais obra com personagem assim do que estrelas mortas brilhando no céu. Bela mora em Nova York, em um apartamento barato e com o mínimo possível, junto com Eddie van Halen (interpretado por Richard Edson), vive de trapaças em jogos e tal qual Bukowski, tal qual Lovelace[13], é um viciado em apostas em corridas de cavalos. 
Eva é, mais uma, húngara, que, tal qual outros inúmeras húngaras antes e depois, vai recomeçar a vida, fazer uma vida nova nos EUA. nenhum personagem novo, inclusive este círculo húngaro, inclusive, pode ser comparado, também, a um monte de obras de asiáticos que foram aos EUA ou de asiáticos a países que foram a outros países asiáticos. Eva vai ter que ficar no apartamento de Willie enquanto Lotte tem que se submeter a um tratamento médico de última hora. quando eles já estão criando certa afeição um pelo outro, em decorrência da convivência forçada (e das investidas contínuas de Eddie à moçoila), Eva tem que ir à cidade de Cleveland, capital do estado de Ohio, para onde iria originalmente. 
eu gostei dessa inversão, capital econômico-cultural  → outra cidade, pois geralmente é cidade qualquer → capital econômico-cultural, que – olha só – “não é raro, mas acontece muito” no cinema brasileiro. o primeiro ato dos três, O Novo Mundo, é baseado em apresentar o microverso habitado por Willie e Eddie, no qual Eva é inserida.
Um Ano Depois, o segundo ato, tem início com uma jogatina que não saiu como esperada, Willie e Eddie tiram das respectivas bundas a “jeneau” ideia de irem visitar Eva em Cleveland. ai que se dá-se uma comédia de erros, pois Lotte os trata como os párias da sociedade que são (pra não dizer “ela os trata como os lixos que eles dois são”, porque, no fim, eles e eu somos “areia da mesma jazida, mas não passamos em peneira de mesma malha”[14]), eles ferram o quase namoro que Eva teria com Billy (interpretado por Danny Rosen) e ainda levam o sarrafo de Lotte no jogo de cartas (é pra se questionar mesmo de onde Bela aprendera a jogar do jeito que joga, né, não?).
após se despedirem de Eva, após passearem por uma região de Cleveland que eu amaria morar – gelo e chuva pra todo lado que se veja – para voltarem para o buraco de onde moram no Brooklyn, Willie e Eddie (que mais parecem um Pinky e Cérebro, mas sem as partes engraçadas) tiram não somente outra jeneaulíssima ideia, mas duas jeneaulíssimas ideias: a primeira foi irem à Flórida e a segunda foi levarem a Eva. claro que a Lotte fica full putaça dazideia de ser deixada sozinha novamente. claro que a Eva acha o máximo, porque os EUA não deveriam ser o que ela ‘tava esperando[15]. in Westen nicht neues. 
a jeneaulíssima ideia de irem à Flórida dá pontapé de começo de jogo à Paraíso, derradeiro ato de Estranhos no Paraíso. sendo Willie e Eddie os cretinos que são, não é de se estranhar que o trem não dá bom. primeiro que viciado em qualquer merda que for é traço inconteste que vai dar merda. com Willie e Eddie não é diferente, pois não suficiente terem colocado Eva como clandestina no hotel de beira de estrada, já que só poderiam ficar duas pessoas por quarto, ainda tiveram o disparate de ir procurar seu santo bagulho de cada dia: jogos e apostas.
o Pinky só faz merda, né, não? todo mundo não concorda que Pinky só faz merda? com o Eddie não é diferente não – mas, ao contrário de sua contraparte animada criada na década seguinte, em 1993, Eddie não salva a pátria no final do episódio. o Pink... Eddie tem a jeneaulíssima ideia de irem apostar em CACHORROS ao invés de cavalos e os pés-rapados do West Side perdem quase todos os 555 dólares[16] que levaram pra gastar em Cleveland. NÃO SATISFEITOS, vão ao hipódromo mais próximo e conseguem recuperar parte da grana.
no ínterim, Eva é impedida novamente de ir e vai dar uma volta, na qual, admirando a praia é abordada por um tipo extremamente estranho, que lhe entrega um grande valor em dinheiro. em uma situação completada enrolada, ela volta pro motel, Bela vai para Budapeste e Eddie volta para o Brooklyn, vendo o avião levantar voos. o filme termina.

¿o que podemos aprender com Estranhos no Paraíso?
viciado é uma praga, não importa o local, a data e o idioma. 
parente é uma praga, não importa o local, a data e o idioma. 
Arte não é algo pra se criar expectativas durante o consumo.
tradução/adaptação de título de filme no Brasil sempre foi uma coisa de louco. o título original desse filme é Stranger THAN Fiction Paradise[17], que ficaria, como uma escolha mais óbvia, “Mais Estranho do que o Paraíso”. é, não vou dizer que não foi uma boa escolha... NÃO POSSO dizer que não foi uma boa escolha. há toda uma teorética da adaptação linguístico-textual sobre isso, toda essa merda não vem ao caso agora.

¿eu recomendaria Estranhos no Paraíso?
sim, porque foi algo realmente novo pra mim e que eu fiquei “olha só, compensa bastante”, são noventa minutos muito bem aproveitados. mas eu não comecei a ver filme “assim” ontem e tenho muitão apreço com “filme com gente ‘real’ se fudendo”. MAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAS.......... tem gente que não começou a ver filme ontem e pode não gostar de ver filme “assim”. tem gente que começou a ver filme “ontem” e pode gostar de ver filme “assim”. tem gente que começou a ver filme “ontem” e pode não gostar de ver filme “assim”. recomendo ver pra ter uma perspectiva maior e melhor sobre cinema enquanto arte não idealizadora/realizadora de lucro, narrativas experimentais e arte fora do que é usualmente capitalizável como arte atualmente. 

assista Estranhos no Paraíso



[1] eu ia abrir este post com “Light Blue Night”, do CPM, mas achei melhor fazer com “Stranger In Paradise”, da Sarah Brightman, porque o Moore usa essa letra (escrita por Robert Craig Wright [1914-2005] e George Forrest Chichester Jr. [1915-1999], sobre melodia de Alexander Porfiryevich Borodin [1833-1887] e presente no álbum Harem, da cantora em questão, lançado em 2003) para fechar o compilado de histórias presente no compilado Love me Tender, lançado pela editora Pandora Books, no mesmo ano.
a versão original de “Stranger In Paradise”, performada pelo cantor Tony Bennett (1926-2023), nome artístico de Anthony Dominick Benedetto
“Stranger In Paradise” 
performada por Sarah Brightman

[2] tradução de título de filme no Brasil sempre foi uma coisa de louco. o que já vale um post por si só de tanta presepada que é, vide o exemplo de Dead Man
[3] ‘tô escrevendo um post ai da SuperInteressante como periódico de divulgação cientifica mais importante do Brasil e como se manteve relevante contra o processo de desinformação e desacreditação científica vigente no Brasil desde meados da década passada.
[4] tenho que ver esse filme só por causa da OST composta pelo Neil Young, cuja OST eu já tinha sacado faz é tempo só por ter sido composta pelo Neil Young.
[5] eu já tinha encontrado a lista nos extras do DVD ao vivo, gravado com o Crazy Horse, chamado Year of the Horse, de 1995[!]. achei [essa discografia] numa comu(nidade) do Orkut chamada Rock Downloads, era tudo no RapidShare [como dizer que é velho sem dizer que é velho], baixava um álbum por dia resto era só sucesso passei praticamente os dois primeiros anos da universidade ouvindo Neil Young, Arraial do Pavulagem e pedrada desgraceira de punk e hardcore que achava.
[6] segundo alteração de 2023 da ABNT NBR 10520-2002, que trata das referenciações bibliográficas, agora os nomes citados entre parênteses são com iniciais maiúsculas e resto de minúsculas.
[7] ver nota 1.
[8] ver nota anterior. 
[9] Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entidade econômica intergovernamental fundada em 16 de março de 1948 para estimular o progresso econômico e o comércio mundial.
[10] aliança entre a Hungria, Polônia, República Checa e Eslováquia para fins de cooperação cultural, educacional, científica, tecnológica e econômica.
[11] área europeia de viagens sem controle de fronteiras criada a partir do Acordo de Schengen, assinado em 14 de junho de 1985, para livre circulação de bens e serviços no Espaço Econômico Europeu e no Mercado comum da União Europeia, no qual estão oficialmente abolidos passaportes e muitos outros tipos de controle de fronteira em suas fronteiras mútuas.
[12] no Brasil, não se fala português e sim brasileiro. portanto, nos EUA não falar-se-ia inglês e sim estadunidense. sem discussões e segue o jogo.
[13] sim, é a Augusta Ada King (1815-1852), a.k.a. Cortesa de Lovelace, escritora, pesquisadora, matemática e cientista inglesa, que utilizou o primeiro protótipo de computador criado pelo matemático, filósofo, inventor e engenheiro mecânico inglês Charles Babbage (1791-1871) para descobrir probabilidades de vitórias de competidores em corridas de cavalos.  
[14] o ditado cefetano/etfpano correto é “somos agregado graúdo da mesma jazida, mas não passamos em peneira de mesma abertura”.
[15] “dos males da propaganda” fudendo corações e mentes desde sempre.
[16] na cotação de hoje, 25 jan. 2024, o equivalente a 7k646,40 reais.
[17] não, não vou citar AQUELE álbum do BR que faz trinta anos esse ano, TALVEZ eu fale algo dos trinta anos da morte do Cobain a partir do livro Trinta Anos, de Frau Bachmann. 









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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

“ACORDES” – poema de Geovana Brito

ouvindo: Pure Hell, Noise Addiction, de 2006

ACORDES
» Geovana Brito «

Se você soubesse 
a cor do desejo 
roubarias meus beijos 
pra perto dos seus...
Se em tua alma 
tocasse... 
a mais bela canção!
Aquela do acorde 
que pulsa 
em notas profundas 
de um violão?

Tentarias ao menos, 
uma vez que fosse, 
alcançar os acordes 
do meu coração?


» “Acordes” está presente na antologia de poemas Pérolas de Caeté, organizada por Girotto Brito e publicada em 2017 pela editora paraense Parágrafo. « 










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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

“HODIERNO” – poema de Abílio Pacheco

 ouvindo: Anti Holocaust, Anti Holocaust / Self-Titled Demo Tape, de 1996.

HODIERNO
» Abílio Pacheco « 

Encontro-me entristecido neste tempo de flores
Que recendem sussurros muito de leve 
pouco nítidos, em voz reticente e breve 
e que nem eu consigo os sentir direito.

É tempo de sons persistentes, repetidos,
Como num conhecido bolero de ritmos em crescente
De todo repetido pouco menos de dois centos de vezes
Porém de se vencer o entendimento de modo frouxo
Ou preferível pelo repetir insistentemente o ínvero

Meu ouvido foge de ser conduzido por este ritmo
Recuso-me a ser um simples resiliente neste movimento
Pleno de homens e mulheres que vejo rotos
Esse som eu dessinto-o de lento e ouço-me
Por inteiro descrente de meus olhos níveis e ouvidos mocos


» Abílio Pacheco é professor universitário, escritor, poeta, romancista e músico paraense « 
» “Hodierno” está presente na antologia de poemas Pérolas de Caeté, organizada por Girotto Brito e publicada em 2017 pela editora paraense Parágrafo. « 










¡¡¡BIS!!!
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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

GODZILLA VS CTHULHU? AGORA VAI!?

 ouvindo: Milton Nascimento, Travessia, de 1967[1]


uma das desgraceiras mais desgraceiramente maravilhosas de redes sociais[2] é poder encontrar gente suficientemente estúpida e inepta que te faz até parecer, minimamente, gente decente, minimamente, sã e coerente. 
em grupo de otários retardados imbecis com as cabeças dentro das bundas “fãs”, então, nem se fala, quando reúne um monte de analfabeto funcional com achismos tirados do intestino (nem é da bunda, é do intestino mesmo), preconceitos tinindo que dá pra ouvir até no vácuo e uma incapacidade hermenêutica absurdamente (nada) invejável, a ponto de, é claro e não faltar no diálogo desse pessoal, a clássica da clássica “não bote política no meu quadrinho/filminho/joguinho”, sendo que – olhe só, veja você[3] – a obra em questão, tem um indisfarçável e inconteste viés político. eu poderia citar n exemplos de situações e perolas proferidas por essa galera que não consigo não pensar “onde foi que os professores desse pessoal falharam na educação desse pessoal?”. esse “pessoal” ai que não sabe o que é comunismo, que buga quando questionado o que é questionado o que é comunismo, e fala “mimimi nhém nhém nhém geração Paulo Freire pátria educadora mimimi nhém nhém nhém”, sem saber quem foi Paulo Freire, desconhece a metodologia de alfabetização por ele desenvolvida, não sabe que esta sistemática nunca foi aplicada de fato no Brasil[4] e fala mal de direitos trabalhistas e/ou humanos, sem fazer mínima ideia do que sejam e depois fica às lamúrias quando tem que depender destes. 
reação do brasileiro médio que não prestou atenção nas aulas de Filosofia, Sociologia e História quando questionado sobre o que é comunismo, socialismo e direitos trabalhistas e/ou humanos
otário retardado imbecil com a cabeça dentro da bunda
 fã fazendo fãzice. levanta a mão só quem lembrou da choradeira da nerdaiada quando O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel não ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2002.
  
como falei pra uma ex-namorada minha o que conclui com o Sussurro-do-Amanhecer-Nublado uma vez: o, meu problema, de fato, nunca foi com a ideologia que alguém apregoa, vive e pratica[5], o problema é a pessoa apregoar, viver e praticar uma ideologia de extrema direita (no caso brasileiro, o neofascismo bolsonarista[6])
não. 
‘pera. 
isso também é um problema.
o, meu problema, de fato, nunca foi com a ideologia que alguém apregoa, vive e pratica. o problema é a pessoa ser burra e descolada da realidade e se permitir gratuitamente ser burra e descolada da realidade, o que talvez – é uma hipótese, consta-se – permita este alguém ser analfabeto funcional com achismos tirados do intestino, ter preconceitos tinindo que dá pra ouvir até no vácuo e uma incapacidade hermenêutica absurdamente (nada) invejável, a ponto de proferir “não bote política no meu quadrinho/filminho/joguinho”. e como tem mais espaço pra falar no Facebook do que no Twitter[7], o pessoal vomita mais merda (achismos e preconceitos gerados por incapacidade hermenêutica) por centímetro quadrado lá.. do que no Twitter. foda, né?
assim sendo, não vou me estender falando de toda a questão política, sociopolítica, histórica e sócio-histórica ao redor da obra Godzilla, de 1954, dirigido e escrito por Honda Ishirō. esse ano, inclusive, completam 70 anos da obra[8] e vai até lançar filme novo esse ano e ano passado lançou Godzilla: Minus One, dirigido pelo especialista em efeitos visuais Yamazaki Takashi[9]. 
Godzilla
, dirigido e escrito por Honda Ishirō. Japão: Toho, 1954.
pôster promocional de Godzilla and Kong: The New Empire, de Adam Wingard. Estados Unidos/Japão: Legendary, no prelo pra abril ou maio de 2024. 
Godzilla: Minus One, dirigido e escrito por Yamazaki Takashi. Japão: Toho, 2023.

então que, em um grupo do Facebook que reúne um monte de ótario retardado imbecil com as cabeças dentro das bundas fãs do Godzilla, que eu ando rateando estes tempos, eu soube que ‘tão produzindo uma HQ do Godzilla vs Cthulhu. ‘tá, sim, eu lembrei do adágio proferido pela ex-presidenta Dilma Vana Rousseff[10], em 2015, no ínterim que precedeu o golpe de estado que a tirou do cargo[11]: “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.”
te amo, sua caralha do caralho, e me odeio por isso 

porque... caralho, né, velho? Godzilla, uma fuckin força da natureza, incontrolável et imparável. esqueçam essas merdas de Godzilla humanizado, com idiossincrasias humanas, defensor da Terra e, resultantemente, da humanidade etc etc etc, essas porras que colocaram no personagem pra poder transformá-lo em um substrato capitalizável[12]. terem antropomorfotizado[13] o Gojira pra aproximá-lo do público consumidor, no meu entender, foi a maior cagalhada caralhada do caralho que fizeram com o nosso kaijū (“titã” o caralho, o termo é “kaijū”; “muto” o caralho, o termo é “kaijū”) favorito. pensem junto comigo: se o Gojira fosse MESMO um “defensor da Terra”, ele já teria rapado a humanidade do planeta, em decorrência de todas as presepadas que a espécie humana faz ao planeta desde a primeira Revolução Industrial. conhecem “Still”, da Alanis Morissette? se fossemos, ao menos e pelo menos, metade avançados/desenvolvidos/iluminados, não faríamos metade do que ela cita nessa letra. nem vou entrar no mérito do que é citado em “Perfeição”
“Still”
, da Alanis Morissette
“Perfeição”
, da Legião Urbana

¿o que dizer do Cthulhu? não conhece o Cthulhu? RAPA DAQUI QUE EU NÃO VOU APRESENTAR ou vai procurar saber e depois volta aqui. então... quando o Cthulhu meter as caras no ringue pra enfrentar o Gojira, vai ser sal e coloral pra nossa espécie, já que nossa capacidade cognitiva não ‘tá nem perto de estar pronta pra contemplar um ser do porte do Cthulhu. 
estrutura da mitologia dos Outer Gods
posição de Cthulhu neste quadro
o propriamente dito: Cthulhu, Senhor de R’lyeh

¿pra quem eu vou torcer? eu vou torcer pro Jonathan Maberry, roteirista do projeto, fazer uma história que preste, né, caralho? histórias de “versus” costumam ser uma tremenda duma bela bosta, ao contrário de jogos de “versus”. quanto ao Maberry, eu já conhecia o cara por ele ter escrito a trilogia Marvel vs., que só li – admito – porque tem o Justiceiro na jogada e porque ele escreveu Naked Kill, uma one shot até que legalzinha do Justiceiro. ‘tá sim também li Marvel vs. porque tem o Wolverine e passei a curtir mais o personagem depois da saga Dinastia M, quando ele passa a lembrar de todo o passado dele e passa o rodo a garra em todo mundo que já fudeu ele, mas ele não lembrava por causas das travas mentais involuntariamente adquiridas no projeto Arma X[14]. segue a ordem de leitura a trilogia Marvel vs.
Marvel Universe vs. Wolverine
, roteiro de Jonathan Maberry e arte de Laurence Campbell. Estados Unidos: Marvel, junho a agosto de 2011.

Marvel Universe vs. The Avengers
, roteiro de Jonathan Maberry e arte de Leandro Fernández. Estados Unidos: Marvel, dezembro de 2012 a março de 2013. as melhores partes são quando o Justiceiro mata o Capitão América porque este ‘tá virando um zumbi e quando o Thor dá uma Mjꬾlnirada na fuça do Gavião Arqueiro porque pensa que o Barton virou zumbi também.

Marvel Universe vs. The Punisher
, roteiro de Jonathan Maberry e arte de Goran Parlov. Estados Unidos: Marvel, outubro a novembro de 2010.

Punisher: Naked Kill
, roteiro de Jonathan Maberry e arte de Laurence Campbell. Estados Unidos: Marvel, 2008.

“‘tá, mas o que tudo isso tem a ver com a fala da Dilma?”
Godzilla, uma fuckin força da natureza, incontrolável et imparável, contra o Cthulhu, um DEUS ancestral e atemporal e atemporal, cuja simplíssima visão pode transformar a mente de qualquer pessoa em sorvete de [insira um sabor aqui] com cobertura de [insira um sabor aqui] (alguém, em algum lugar, em algum momento, disse que a cura da esquizofrenia, do autismo e do tdah seria a exposição da pessoa a algum dos Outer Gods, cuja simplíssima visão TAMBÉM pode transformar a mente de qualquer pessoa em sorvete de [insira um sabor aqui] com cobertura de [insira um sabor aqui][15]).
uma luta dos dois supramencionados seres seria[16] (ainda bem, para o bem do planeta Terra) o fim, algo extremamente proximíssimo[17] do fim da espécie humana. só posso... também tenho que torcer para o Maberry ambientar o certame em Israhell, pra varrer este estado terrorista do mapa de uma vez por todas. por favor, sem mimimi de “antissemitismo”, porque vocês nem sabem o que é isso. 
sim, aqui é team Palestina. anarquista apoiar Israhell? ISSO NON ECZISTE!

no fim, se um bando de arrombado já ‘tá falando um caralhal de merda sobre o visual do Godzilla pro filme que vai sair esse ano, já começaram – acredite – a falar um caralhal de merda sobre Godzilla vs. Cthulhu, porque a maioria não faz ideia do que o Cthulhu seja. o que é o Cthulhu? o mal ancestral. o mal atemporal. o mal primordial. quando as estrelas se alinharem e ele acordar pra retomar o planeta que ele tocou o caralho nos outros Outer Gods pra tomar como território dele, não pensem que nem juntando todos os kaijū, mais o Kong, mais o Rampage, mais os monstros gigantes que aparecem na animação e os yōkai da trilogia do Yasuda Kimiyoshi e os metal heroes e os super sentai dos tokusatus, os heróis e vilões da Marvel e da DC, a Patrulha Canina, os Teletubbies, os Cavaleiros de Ouro, a Seleção Brasileira do Penta de 2002, o Teddy Rinner, o Hancock, o muleque lá do (filme) Brightburn, o maluco lá do (filme) Psychokinesis, a puta que pariu o Benjamin Netanyahu, a puta que pariu o Yitzhak Rabin e e a puta que pariu o Ariel Sharon vai dar conta do cara.
100 Contos Yōkai
, dirigido por Yasuda Kimiyoshi e escrito por Yoshida Tetsurō. Japão: Dalei, 1968. 
A Grande Guerra dos Yōkai
, dirigido por Yasuda Kimiyoshi e escrito por Yoshida Tetsurō. Japão: Dalei, 1968. 
A jornada assombrada ao longo de Tokaido
, dirigido por Yasuda Kimiyoshi e Yasuda Kimiyoshi, roteiro de Yoshida Tetsurō. Japão: Dalei, 1969.
Hancock
, dirigido por Peter Berg e escrito por Vincent Ngo e Vince Gilligan. Estados Unidos: Columbia Pictures, Relativity Media, Overbrook Entertainment, Weed Road Pictures, Forward Pass e Blue Light, 2008.
Brightburn
, dirigido por David Yarovesky e escrito por Brian e Mark Gunn. Estados Unidos: Screen Gems, Stage 6 Films, The H Collective e roll Court Entertainment, 2019.
Psychokinesis
, dirigido e escrito por Yeon Sang-ho. Córeia do Sul: Redpeter Films, 2018.

Godzilla vs. Cthulhu: se o Maberry for na onda da Dilma – que sempre ‘tava certa, o Brasil que não ‘tava/‘tá/estará pronto pra uma governante como ela –, vai todo mundo ganhar em uma história onde somente a nossa espécie vai perder.
¿será que vai demorar muito pra sair essa história?





[1] esse ano vou ouvir a discografia completa dele, já que já tinha ouvido toda a do Lô Borges e toda a do Beto Guedes. 
[2] eu passei cerca de uma hora e uma pilha de louças lavadas pra poder chegar a esse título.
[3] sim, é pra ler cantando.
[4] outra discussão para outro momento. só posso adiantar que neoliberal bom é neoliberal com um tiro na testa e pobre que apoia neoliberal e suas políticas tem mais é que se fuder. sabem a Argentina? sabem o Equador? pois é.
[5] são três coisas totalmente distintas, isso já vale um post por si só.
[6] o que também já vale um post por si só.
[7] eu sou o cara mais suspeito do mundo pra falar qualquer coisa sobre o Twitter.
[8] e 60 anos de golpe militar de 1964. “contragolpe conta o comunismo” o teu cu, seu retardado imprestável do caralho. se tu pensas assim, tu deverias, NO MÍNIMO E NA MELHOR DAS HIPÓTESES, ter nascido mort@ que contribuirias melhor à espécie humana.
[9] sim, vai sair um post falando só de Godzilla: Minus One
[10] apesar de eu ser anarquista, não vou me estender sobre a Dilma ser a ÚNICA política no cargo de presidente pra quem eu dispendei algum crédito na vida. vou me resumir em que o fiz por ser filho de mãe solo e, portanto, a Dilmãe me passar, desta forma, algum crédito e, consequentemente, segurança. sim, isso é extremamente muitíssimo hipócrita de minha parte, sendo que critico de forma veemente quem dá crédito a polític@ não por seus projetos [ou falta deles] e histórico e sim pelo quanto simpatiza com @ polític@ em questão. sim, isso já vale um post por si só, também.
[11] foi golpe de estado sim e vai se fuder se tu pensas/achas o contrário. aqui só e somente a minha opinião vale.
[12] eu ODEIO PARA UM CARALHO ter que concordar com o Gaveta ele faz este comentário nesse vídeo aqui.  

[13] sim, o verbete existe sim. se não existia antes, existe a partir de agora.
[14] ‘tá muito enganado se pensa que vou explicar aqui. vai te fuder procurando pra ler pra saber do que ‘tô falando.
[15] ¿a simplíssima visão de um Outer God curaria alguém do bolsonarismo? pergunta difícil, but pertinente. isso já daria um post por si só ou mesmo um artigo cientifico daqueles. 
[16] “você sabia que eu sabia que o sabiá sabia assobiar?” como comentei com uma ex minha domingo último, li um artigo estes dias que diz que, atualmente, muitas crianças têm problemas com trava-línguas porque elas não têm o hábito de ler. ‘tá osso, olha... sim, claro, isso também tá diretamente relacionado com o analfabetismo funcional que gera achismos em intestinos, preconceitos tinindo que dá pra ouvir até no vácuo e a incapacidade hermenêutica absurdamente (nada) invejável, chegando ao ponto do “não bote política no meu quadrinho/filminho/joguinho”. já disse o poeta: “problemas... sempre existiram”.
[17] idem nota 12. 










¡¡¡BIS!!!
¡¡¡ZU!!!
¡¡¡DEM!!!
¡¡¡BREAKIN!!!
¡¡¡FUCKIN!!!
¡¡¡NEUEN!!!
¡¡¡POST!!!

sábado, 13 de janeiro de 2024

palavras do mestre Abílio Pacheco para o primeiro post do ano


“Desde a antiguidade se diz que o poetas trabalhavam a partir da inspiração. As musas sopravam-lhes os versos para que eles escrevessem e mesmo atualmente essa ideia não parece ter sido abandonada e é usada mesmo quando o pensamento predominante é racional. Estar inspirado é estar em transe criativo, tomado por uma ideia, tema ou assunto; é estar surpreendentemente capaz de explicar algo ou fazer determinada coisa que talvez não conseguisse naturalmente. É estar um pouco fora de si. O poeta e a poetisa nestes estado procuram comunicar aos demais seres humanos qualquer coisa fora do cotidiano ordinário ao qual estamos submetidos. A poesia é esta terna e etérea corrente de ar. É uma brisa.”
– Abílio Pacheco, “Duas palavras sobre o nome dessa coleção”, introdução do livro Lírio Branco, de Flávio Machado. Bragança: Parágrafo, 2017. (Coleção Brisa Poética, volume 02)