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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

UMA FOTO FAZ UM CONTO.................

Ai que vi esta foto no mural da Lívia Franco Mendes e ai que hoje escrevi este conto nas aulas de Prática do Ensino e Aprendizagem e Psicolinguistica (só faltam estas duas pra eu me formar). E AINDA BEM QUE ELA GOSTOU!

ENTARDECER

“ela para e fica ali parada
olha-se para nada
(paraná)
fica parecida
(paraguaia)
para-raios em dia de sol”
– Engenheiros do Hawaii, “Parabólica”, Gessinger, Licks & Maltz, 1992.


Ela sentada parecia uma pintura, só à mesa, em silêncio e perdida em pensamentos, cabelos vermelhos cobrindo as orelhas e caindo sobre os óculos de grau, de armação fina e que casavam muito bem ao seu rosto. Pés sobre sandálias de dedo, ora cruzados, ora passados um no outro, unhas feitas, as palmas dos pés juntos, palmas dos pés pelas canelas até os joelhos. Uma das mãos na testa, semi-aberta, polegar passando pelas articulações doutros dedos, a unha polegar indo e voltando pelas outras; a outra segurando um canudinho, a outra metade dentro do copo, voltas e voltas. Olhos castanhos baixos, olhando para dentro deste copo, olhando para lugar nenhum, a mão na testa, inquieta, abrindo e fechando, sinais com os dedos, olhos baixos, ignorando o bar, o mundo, as pessoas, o fim de tarde ensolarada. Ao lado do copo, um crachá com uma foto (a dela) com o cordão enrolado organizadamente. Ao lado do crachá, um sabre de luz com as medidas de suas mãos. Aparentemente ignorado, era de uma família onde crianças aprendiam a falar e a andar ao mesmo tempo que eram versadas no uso de tais artefatos. Ela era atraente, mas não destoava do cenário, e o sabre evitava cortejos e aproximações indesejadas – e ela não estava ali para tanto. Após ver o que vira, precisava de um momento só, sem Conselho, amigos, família, mestre: só consigo mesma. As voltas no suco de frutas davam voltas em suas memórias e pensamentos, mais perguntas e incertezas do que respostas, para onde depois daquele dia, daquela tarde? Fim de tarde ensolarada, pele morena e olhos de um castanho quase do sol se pondo. O mesmo pôr-de-sol em Geonosis, onde o anoitecer tornou-se eterno para muitos de seus irmãos e irmãs, inclusive para muitos soldados da então República e os mercenários Mandalorianos – até mesmo o que roubara seu coração. Após aquela tarde que a enfim consagrara como Cavaleira, todos os dias eram-lhe insuportavelmente longos demais. Após Geonosis, todo pôr-do-sol fazia perder-se e tornar-se absorta em profunda e ímpar melancolia. Olhos castanhos baixos, voltas e voltas no suco de frutas.

:: para Lívia Franco Mendes ::
:: 16 de setembro de 2013 ::
:: agradecimentos ao Sr. João Paulo Leão ::

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