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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CANÇÃO PARA TALITA - conto de Garou sobre o XXXII ENEH

CANÇÃO PARA TALITA


NÃO ESTAVA MAIS ESCURO DENTRO DA BARRACA POR CAUSA DA ILUMINAÇÃO EXTERIOR DO BARRACÃO DA ESCOLA DE SAMBA. Dormiam de boca aberta, roncando em uníssono cada um a seu tom, ela com a cabeça e uma das mãos no peito dele, e ele com um dos braços ao redor dela, com os corpos colados. Não sabiam que horas eram, só sabiam que estavam lá.
Ele acordou com o balanço da barraca, ela com os gritos – algo acontecia lá fora. Até que ouviram algo parecido a... Uivos. Ele reconheceu alguns dos timbres na hora, até que ouvira seu nome naquela linguagem. “Fique na barraca”, ele disse – praticamente lhe ordenando –, já vestindo uma bermuda, “e não saia para nada até eu vir te buscar”, a beijou antes de sair. Era possível ver somente os contornos dos corpos e dos cabelos castanhos desgrenhados da menina.
O pandemônio. “A Batalha do Apocalipse começou e ninguém me avisou?”, ele disse. Pessoas correndo de um lado para outro e os Garou que sabia que estavam presentes já estavam em combate. Barracas em chamas, corpos jogados ao chão. “Ela está aqui em algum lugar!”, ele ouviu o brado feminino que liderava o ataque. Seu sangue gelou. “Quilômetros, faça alguma coisa”, Camila Suave-como-um-Córrego, Ahroun dos Filhos de Gaia da Universidade Federal de Santa Maria, ordenou sem pestanejar. Era um ataque coordenado de Espirais Negras, Malditos, Fomori e outras... Coisas que nunca havia visto antes. Ela havia lhe dito que os Garou do caern UFRJ estava a caminho mas que estavam resolvendo outra complicação no mesmo.
Júlia Último-Ás, Theurge Andarilha do Asfalto da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Anderson Derruba-Boi, Ahroun Fenrir da Universidade Federal de Santa Maria, Leo Cartada-Certeira, Galliard Andarilho do Asfalto da Universidade Federal de Minas Gerais, Rodrigo Semente-no-Concreto, Ragabash Andarilho do Asfalto da Universidade Federal de Minas Gerais, Claudinei Fonte-do-Verso, Galliard Fenrir da Universidade Estadual de Londrina, Dannyllo Berserker, Ahroun Andarilho do Asfalto da Universidade Estadual de Londrina, agiam sob a batuta de Juliana Assine-Bem-Aqui, Philodox Andarilha do Asfalto da PEMB, e Wanessa Dívida-de-Honra, Philodox Galliard Presa de Prata da Universidade de São Paulo. Eram poucos Garou para conter um ataque daquele porte e, para falar a verdade, eles nem sabiam porque se proteger. Havia um outro alojamento para abrigar os encontristas do mesmo evento e lá haviam outros lobisomens; todavia, na melhor das hipóteses, também estavam sob ataque. Para o azar deles, alguns Parentes já haviam sido mortos.
Embaixo de cobertas e com os olhos mareados de lágrimas, Talita ouvia os uivos de guerra dos Garou já em Crinos combatendo seus antagonistas e dos inocentes sendo mortos. Ao fechar os olhos novamente, viu índios e colonizadores em guerra. Entre eles, Parentes e Garou de todas as tribos, Vampiros, alguns Magi tradicionalistas e inclusive os da casa que seria conhecida como Tecnocracia (mas não saberia reconhece-los). E os viu. Um italiano levando sua mulher e filho – ambos indígenas – para o mais longe que poderia. E sendo perseguidos até que pai e mãe foram mortos. Um branco pegou a criança. A olhou bem. Entregou para uma mulher. Talita abriu os olhos.
Ascendeu em branco. Revelou-se com o mais límpido e furioso dos uivos. Semente-no-Concreto, Fonte-do-Verso e Assine-Bem-Aqui já haviam caído, Quilômetros-a-Pé lutava para se salvar e salvar a pele de Suave-como-um-Córrego (que ajudava Cartada-Certeira, lamentando por Rodrigo). A linha de frente era composta por Último-Ás, Derruba-Boi e Dívida-de-Honra. Quando a Ponte da Lua dos Garou da UFRJ foi aberta, eles foram encobertos por um clarão que engoliu todo um bairro da cidade do Rio de Janeiro. Ao desfalecer do iluminar, ela irrompeu com os mais belos pelos e olhos castanhos, como as árvores mais antigas das florestas mais perdidas.
“É ela”, foi a última coisa se ouviu de um dos inimigos. Com a graça de uma bailarina e a precisão de um samurai, foi derrubando um a um, deixando estupefatos todos os Urrah presentes. Nada em pé além dela, que não permitiu um escapar para levasse a mensagem a seus mestres. Ao final, os Garou de Gaia se reuniram ao redor dela, que voltara a forma humana, sendo acolhida por Quilômetros.
“Lita?”
“Rafael?”, ela perguntou. “O que aconteceu?”
“Essa pergunta é nossa, menina”, disse Derruba-Boi. Júlia ajoelhou-se frente a menina. “Somos muitos gratos a você, visse?”, seu sotaque era fortíssimo mas agradável. “Não é todo dia que somos salvos por uma Garou em sua Primeira Mudança”.
“O que eu sou?”, Talita perguntou.
Eles se entreolharam. “É uma longa história”, Camila sorriu, pegando docilmente em seus ombros, “agora você precisa descansar antes de saber”.
“Eu tive um sonho”. Todos levantaram as orelhas e viraram na direção dela. “Índios e colonizadores em guerra”, ela começou, já tinha atenção geral, “não sei onde, um branco levou sua mulher e bebê, os dois índios, até bem longe. Eles foram mortos, entregaram o bebê para uma mulher.”
“Talita”, Quilômetros pediu, “mostre as palmas das suas mãos”.
A jovem, ainda tremendo, estendeu as mãos e mostrou as palmas – Rafael segurou a direita e Camila a esquerda. Nelas, o pictograma da tribo outrora conhecida como Croatan entalhado como se em klaive. Todos perderam as palavras. Após minutos, Wanessa foi a primeira a falar.
“Puta que pariu. Por Mãe Gaia em toda sua misericórdia e piedade.”
Alguns Andarilhos se entreolharam, sem saber o que acontecia.
“Senhoras, senhoritas e senhores e todos os Garou presentes”, Camila disse, “temos aqui a última Croatan”, ela continuou.
“E, nos acreditem”, Dívida-de-Honra completou, “agora sim, começa a Batalha do Apocalipse.”


:: 06 de setembro de 2013 ::
:: sobre o XXXII Encontro Nacional de Estudantes de História ::

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