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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

A/ÀS GERAÇÕES QUE SE PERDE[RA]M EM SI

 ouvindo: Mutant Strain, Murder Of Crows, 2023.

“Overburdened, underwhelmed, their ethical decree
That’s your moral compass but what good is it to me?” 
– Bad Religion, “True North”
apesar de todos os meus defeitos e péssimos hábitos, eu já tinha um ranço gratuito de gente velha/idosa desde que eu era muleque. tenho quarenta anos e, dependendo do velho por perto, prefiro que fique em silêncio mesmo. algo que sempre me deixa, desde sempre, encaralhado para um caralho é cumprimentar alguém com uma ofensa ou comentário depreciativo e gente velha/idosa tem o péssimo habito de ser personagem épica[1] nisso.
passar dos anos, só foi agravando, ainda mais quando eu soube da “justificativa” “não, é só brincadeira, pra descontrair, pra entrosar, pra quebrar o gelo” pra comportamentos e falas preconceituosos/depreciativos de diversos vieses, que, se prestarmos bastante atenção, (estes comportamentos e falas) vão se sendo repetidos indefinidamente entre as gerações a ponto de ser naturalizados, culturalizados[2], socializados e, resultantemente, imperceptíveis a ponto de não considerar uma avaliação e ulterior (auto)correção de quem os profere. e então, velh@/idos@ ficar de uma frescura extrema quando recebe o mesmo tratamento, e alguém (quando não, amigo teu ou parente teu ou afins de proximidade) “ah, tem idade pra ser teu pai, tua mãe, avó, avô; isso que tu estás fazendo é falta de respeito”.
aham. “falta de respeito”. ‘tô sabendo.
como o trem piorou de forma colossal quando ingressei o ensino superior, quando conheci uns muitos professores que deveriam levar um beijo de .12 em cada joelho por dia antes de saírem de casa pra ministrarem aula pra aprenderem a respeitar aluno – não respeitavam seus favoritos, que dirá os seus que não eram. então, agora, corno vai vir e dizer “ah, tal professor não é assim não”. aham. “não é” pra caralho também, eles que não se ouviam falando e/ou não eram tratados assim. nesse instante, nota-se que isso faz parte de uma cultura tão enraizada do professor universitário médio/padrão ser naturalmente cretino que povo nem se sente que isso acontece. sim, certo, é assunto pra outro post[3].
chegando onde eu queria chegar de fato com essa postagem...
agora fudid@ vem me dizer pra ter pena dos idosos que foram presos pelos ATOS TERRORISTAS do oito de janeiro do ano corrente. 
como é que esse pessoal, essa velharada, falava pra gente mesmo? 
“se estivesse em casa, isso não ter acontecido”
“boa romaria faz, na sua casa vive em paz”
dependesse de mim, apodreciam todos na cadeia nas mesmíssimas condições que um monte de gente que rouba pra comer fica só porque roubou pra comer e não tem o caso acelerado na justiça enquanto empresário que dirige bêbado e mata alguém, paga uma fiança, sai pela porta da frente e sem ser fichado[4]. eu nem vou entrar na seara dos policiais militares que fazem a mesmíssima coisa em serviço e dá em nada pra eles “porque ‘estavam em serviço’ e essas coisas acontecem”, porque também é outra discussão para outro momento. 
“ah, mas [meu pai, minha mãe, avô, avó] ‘tá preso em condições subhumanas, não ‘tá tomando o remédio, não tem o que comer; chora todos os dias, querendo voltar pra casa.” 
FODA-SE, MEO ERMAUM!
como é que esse pessoal falava mesmo? 
“direitos humanos para humanos direitos”
“direitos humanos esterco da vagabundagem”
“direitos humanos é coisa de esquerdista vagabundo”

depois das prisões[5], eles, seus parentes e correligionários (todos de índole tão golpista e terrorista quanto, perceba-se) ficaram chorando nos meios de comunicação “direitos humanos, cadê os direitos humanos?” “aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaain, como é que deixam essas pessoas viverem nessas condições?” POR FAVOR, NÉ, PORRA?!
exprime minha opinião sobre esse bando de vagabund@s desocupad@s 01
exprime minha opinião sobre esse bando de vagabund@s desocupad@s 02 
exprime minha opinião sobre esse bando de vagabund@s desocupad@s 03

avó de uma chegada minha do ensino médio virou doida de quartel e ‘tava no 8.01.2023. certo dia, essa chegada colocou umas fotos temporárias no grupo do ensino médio[6] de uma festa da família dela que ‘tava rolando perto de um Líder no qual só gente “lisa” mora perto[7] e “vovó... zona” com uma FUCKING tornozeleira eletrônica na canela. pois, em belo e determinado momento, ninguém mais, ninguém menos que a FUCKING PF bate lá pra saber porque FUCKING MOTIVO a velha não ‘tava na casa dela aquele horário, depois das 21h30, e levou metade da festa presa porque não queriam deixar a velha ir em cana de novo. infelizmente, muitíssimo infelizmente, o trem não apareceu na tv porque gente com muita grana abafou porque muita gente na mesma condição que a “vovó... zona” foi no balaio presa porque ‘tava na mesmíssima condição.
se vocês acreditam que os tempos (ditos pós-)modernos estragaram nossos jovens e nossas crianças (ver os incels, femcels, embelezos, esquerdomachos, esquerdominas, ancaps, esquerda cirandeira, channers), digo para prestarem a devida atenção para quanto e como estes mesmíssimos tempos estragaram (muitos d)os velhos e (d)os idosos, sendo que, se tem uma coisa pra qual a internet foi bastante útil, foi pra mostrar o quanto velhice não é sinônimo de acúmulo de sabedoria, visto o quanto essa velharada foi estimulada a mostrar o quanto o brasileiro médio – independente da idade, do grau de instrução, do credo e da região[8] – é conservador e preconceituoso a ponto de assustar o próprio brasileiro médio.  
se tivermos – “nós”: a parcela da geração X nascida na década de 1970[9], os millenials[10], as gerações W[11] e Dragon Ball Z[12]– , que levar um ensinamento de gente velha/idosa em consideração, que seja este “seja uma pessoa melhor do que eu sou, seja uma pessoa melhor do que eu fui”.
os tempos presentes, portanto, mostraram que há dois desafios. o primeiro consiste em não permitirmos que os jovens e as crianças sigam pelo mesmo rumo que essa velharada. o seguinte é não nos permitirmos (sim, nós, geração X, millenials et geração W) ser o que esta “melhor idade” foram e são. a crise na economia, na sociedade e no clima resultam de muitas das decisões deles (o quanto isso é culpa do capitalismo também é assunto para outro post) e não podemos nos omitir do quanto gerações X, Y, W e Z somos tanto quanto culpados. 
não posso precisar se perdemos o norte, se nunca tivemos um norte ou se ele chegou, algum dia, a existir. mas talvez tenha passado da hora de fazermos o da nossa geração, o do nosso agora porque os das gerações anteriores à X se mostraram inúteis, desprovidos e de sentido e significado, além de não-ressignificáveis. não dá pra dizer que não é uma coisa ruim.
a única certeza que consigo inferir é: se não quisermos ser os velhos chatos do futuro, temos que corrigir pra ontem nossos hábitos e os das gerações vindouras, porque uma solução os-sofrimentos-do-jovem-wertheriana não vai resolver e é tudo que a extrema-direita e a esquerda radical conservadora[13] quer: tod@s @s rebeldes, insurgentes, descontentes, crític@s e dissidentes à ela[s] @s fora de seu[s] caminho[s], facilitando sua vitória.
essa é mais uma luta entre tantas, que não reduz as outras, porque faz parte das outras e as outras fazem parte delas.
jamais esqueçamos: a revolução começa a partir da crítica e da autocrítica, enquanto plano das ideias e ação. nada é incriticável. é possível não ser chato e não passar pano pra nada. começando por nós mesmos.




¡¡¡BIS!!!
¡¡¡ZU!!!
¡¡¡DEM!!!
¡¡¡BREAKIN!!!
¡¡¡FUCKIN!!!
¡¡¡NEUEN!!!
¡¡¡POST!!!









[1] trad. “personagem com habilidade lendária em alguma habilidade”.
[2] sim, essa palavra existe.
[3] isso se eu já não tiver escrito sobre isso em algum momento a anteriori.
[4] vocês sabem de qual (terrorista) deputado federal goiano estou falando, mas tem mais exemplos disso do que estrelas cujos brilhos vemos à noite quando dá pra conseguir ver.
[5] prisões estas que deveriam levar todos os militares envolvidos, inclusive; serem enquadrados, demitidos, tornados civis e presos; porque, se depender da justiça militar – essa sim a verdadeira vergonha do serviço público brasileiro, o verdadeiro e inconteste amontoado de vagabundo desocupado inútil por metro quadrado da América Latina – nenhum vai preso; no máximo, afastado e ainda recebendo pra isso, POR MÊS, mais do que muito assalariado vai ganhar em uma vida todo dia.
[6] como é de conhecimento geral, não dá pra tirar print de fotos temporárias.
[7] sim, consideremos o quão um imóvel fica valorizado quando um supermercado grande passa a fazer parte das proximidades, ainda mais quando é bairro “nobre”.
[8] Tocantins não fica no norte do Brasil; na verdade, é um ponto cego. quem nasce no RJ, ES, SP, PR, SC e RS é SUDESTINO!
[9] a geração X compreende todo mundo nascido entre 1960 e 1980. também tenho que pontuar aqui que não teve geração baby boomer na América Latina, Ásia, África, Europa Oriental e Oceania, sendo um fenômeno sociocultural exclusivo da América Anglo-Saxã e Europa Ocidental.
[10] minha geração, diga-se logo; também alcunhada de geração Y, sendo todo mundo nascido entre 1980 e 2000.
[11] todo mundo nascido entre 1990 a 2000.
[12] todo mundo nascido entre 1990 a 2010.
[13]  romance publicado originalmente sob o título Die Leiden des jungen Werthers, em 1774, de autoria do romântico alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832).
[14] sim, existem progressistas conservadores! não abre teu olho pra ver se tu não rodas nas mãos deles!

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