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YEAH, HOUSTON, WIR HABEN BÜCHER!

e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

poemas baseados em fotos... mais poemas baseados em fotos

ouvindo: Índio Cachoeira, Solos de Viola Caipira, de 2007

ondas que quebram em pedras
ondas que quebram em beiras
ondas que quebram em pernas
ondas que quebram em pés
ondas que quebram... ondas que quebram...
ondas que quebram em muros de arrimo
ondas que quebram em vigas de sustentação de pontes
ondas que quebram em flutuadores de plataformas petrolíferas autoelevatórias ou semissubmersíveis
ondas que quebram em navios
ondas que quebram em canoas
ondas que quebram em barragens 
naturais ou artificiais... 
para onde se vai após ser quebrado como ondas são? 
ondas quebradas por pés em uma praia 
ao longe 
pés de alguém perguntando ao horizonte 
para onde vai depois que tudo acaba... 
para onde vai depois que tudo se quebra... 
é para onde as ondas nascem 
e não voltar... não voltar
tornar-me... tornar-se onda
e quebrar-me... quebrar-se... sem sofrer
por sofrer
e talvez tornar-me... tornar-se outras ondas
e prosseguir... prosseguir...
como ondas.



:: 30 de setembro de 2019 ::
:: poema baseado na foto da escritora, revisora e tradutora Marcelly Amorim Ferrari, postada em seu perfil do Instagram em 28 de setembro de 2019 (não é essa a foto, mas não tô a fim de gastar o dinheiro que não tenho em processo, já que ela aparece na foto em questão) ::

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

não deu pra postar ontem, mas ‘tô postando hoje (o quê? poesia, né?)

ouvindo: Ricardo Vignini, Rebento, de 2017
foto de Jacqueline Lima Coelho Sampaio (citada em ... dessa madrugada em claro...)

Parvaneh nasceu, nasceu de uma flor 
desbotou tanto que agora não é mais só
Flor 
mas inclusive 
Mulher 
a um meio-termo 
e         conceito mediado 
simultâneo de

Mulher e Flor.

Parvaneh fez tanta força com os braços 
que se-tornaram-se 
braços.

Parvaneh fez tanta força com as pernas 
que se-tornaram-se 
pernas.

Parvaneh fez tanta força com os quadris 
que se-tornaram-se 
quadris.

Parvaneh fez tanta força com as ancas 
que se-tornaram-se 
ancas.

e dos tons de canela 
surgiram as castanhas 
que colorem Seus olhos 
e desfiam em mil milhares de fios que 
são Seus cabelos

será que têm cheiro de 
castanha ou 
canela?

Parvaneh é uma Mulher ou 
uma Flor 
oriunda de uma
Flor-de-Canela?

Parvaneh é uma Mulher ou 
uma Flor 
oriunda de uma
Flor-de-Castanha?

Parvaneh é                                uma Mulher e uma    Flor 
que nasceu de                          uma Mulher e uma    Flor 
e gerará 
caso seja de Sua vontade 
outra                                                        Mulher e outra  Flor. 

enquanto isso
Parvaneh floresce o mundo 
que precisa de mais música e 
                                 mais poesia   e 
                                 mais flores 
através da dança.





:: 18 de setembro de 2019 ::

sábado, 21 de setembro de 2019

o de ontem... poema escrito ontem... e o que há depois de ontem?

ouvindo: Jerry Goldsmith, First Blood: Original Motion Picture Soundtrack, de 1981.

antes das seis quando o dia acorda, já tem gente acordada
já tem.
já tem gente indo e vindo em pé no ônibus quando a Lua ainda está alta no céu 
se preparando para ir embora
já tem.
tem gente que não dormiu porque não dorme sóbria e não quer dormir com remédios receitados
já tem.
Maria Luiza tem a cor da Lua iluminada pelo Sol que reflete na Terra 
mas Maria Luiza não precisa da luz do Sol para 
brilhar mais que a Lua.
quando o dia nasce, nasce tímido ou nasce impávido
como dorme Maria Luiza: 
será que nasce nua ou minimamente vestida?
Maria Luiza acorda antes ou depois da Lua ir embora?
no que será que pensa? no que será que sonha, sonha já acordada?
no que será que pensa ao ver a linha que demarca
o horizonte adornado de prédios e ruas e árvores?
o que lhe vem à mente ao contemplar rios a partir de barcas que translada
de uma margem de origem a uma de destino?
quais os parâmetros para Maria Luiza escolher sapato, vestido e brincos
quando enfim tem coragem para sair de casa?
será que, será que Maria Luiza volta quando o dia acorda, 
já tem gente acordada?
será que, será que Maria Luiza volta quando a Lua ainda está alta no céu 
se preparando para ir embora?
Maria Luiza não bebe, só ri, logo volta sóbria
quanto tempo Maria Luiza demora 
para dormir?



:: 20 de setembro de 2019 ::

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

eu nem lembrava mais desse poema, mas eis ai postado

ouvindo: João Bosco, João Bosco, 1973.

passou meu tempo de forçar amizade 
ou de aceitar amizade forçada 
atualmente o que não me falta são 
amigos “amigos, amigos, eu aqui e tu aí” 
e
amigos “amigos, amigos, cada um pro seu lado” 
que não preciso de novos 
já que agora a expressão “soma ou some” 
me faz todo o sentido do mundo.
eu sei que tenho conhecidos que são amigos tóxicos
dos quais me afastei assim que pude/tive oportunidade
e não me arrependo. 
também sou plenamente ciente o quão eu mesmo sou um merda 
entendendo perfeitamente como e quando 
as pessoas se afastam sem se despedir. 
mas a gente continua 
todo mundo continua 
o mundo não para sem a gente 
nem seus processos rotacionais sem a gente 
nossos mundos muito menos se não formos mais amigos. 
não que eu goste mas é isso aí 
demora mas a gente aprende e é isso aí 
mais cedo, mais tarde, nos esquecemos completamente e é isso aí 
tu sabes tão bem quanto eu que não faz sentido 
mas um dia chega o momento que faz todo o sentido do mundo 
e o mundo que conhecíamos como “amizade” termina 
aqui.



:: 31 de maio de 2019 ::

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

poemas para dançarinas... (mais) poemas para dançarinas...

ouvindo: Clara Nunes, A Voz Adorável de Clara Nunes, de 1966

quando Ela dança 
Ela dança, todos os 
olhares são 
todos só pra 
Ela.

batuques batucando 
e sopros soprando 
para bailar e 
rodopiar toda 
Ela.

os homens solteiros 
volta e meia 
às simpatias e aos 
banhos de cheiros para 
cair às graças d’
Ela.

as noivas e casadas e
enamoradas 
costuram os nomes de 
seus homens nas 
bocas dos sapos e de 
cheiro vivem 
banhadas para seus 
homens não caírem 
às graças d’
Ela. 

enquanto isso 
Parvaneh segue chocalhar os 
quadris e ombros 
como se não fosse 
nada com Ela 
porque Parvaneh, Parvaneh 
não quer nada e ninguém 
que não seja a Dança 
porque agora somente à 
Dança faz sentido para
Ela.


:: 18 de setembro de 2019 ::

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

poemas sem título... poemas sem título...

eu ando sozinho pela parte mais urbanizada de Mosqueiro
enquanto chove torrencialmente: 
indo pra onde não sei... 
vindo de onde eu não sei... 
só vejo cores insípidas em linhas retas em um fundo cinza 
e percebo que são casas e prédios 
e (super)mercados e armazéns 
e bares e quiosques. 
tudo – cada - vez – mais – longe 
reconhecíveis somente pela memória afetiva. 
ela também identifica as linhas curvas no fundo cinza 
como praias 
normalmente cálidas 
mas não quando chove 
a ponto do mundo ser um 
amontoado de cores 
timidamente inexpressivas.
pé ante pé de diferentes 
granulometrias,
aos olhos aos olhos uma tela de tonalidades frias
em um fundo cinza.eu me pergunto
quem decide quanto tempo as pessoas em nossas vidas se somos nós
ou se é a vida?



:: 18 de setembro de 2019 ::
:: agradecimentos especiais a Kaius Felippe Silva de Almeida e Matheus Batista Massias ::

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

sobre Ciência e Livros (como presentes) e Amigos

“O poder da ciência na definição de realidade deriva-se de seu enorme poder para transformar o mundo e até reduzí-lo a pó. É irônico: seu poder de definição real advém, em última análise, de sua capacidade de destruí-lo.
Faz-se urgente e necessário, portanto, que se desmistifique um pouco essa coisa quase mágica chamada ciência, relativizando-a até que se compreenda que ela é apenas uma das formas de se construir e entender a realidade. Pois que esta nasce de um jogo dialético entre o homem e o mundo físico, entre a consciência e o trabalho humanos e a materialidade das coisas.”
– DUARTE JÚNIOR, João Francisco. “A Realidade Cientifica”. IN: DUARTE JÚNIOR, João Francisco. O Que é Realidade. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986. (Coleção Primeiros Passos, v.115) 
notas de rodapé
- se eu tivesse lido durante a graduação, insofismavelmente teria evitado muitos problemas epistemológicos que tive de lá até hoje;
- agradeço muitíssimo e de coração à Carla Lobato pelo presente (e de muitos outros livros também) (p.s.: quem tiver o físico [UUUUUUUUI] do Othelo, o Mouro de Veneza, do Shakespeare, pra doar, avisa ai que eu ‘tô precisando urgente).

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

poema escrito no busão! [MAIS UM! QUE NOVIDADE!] poema escrito no busão

todo ser humano é uma bomba atômica
todo ser humano é uma bomba
todo ser humano é uma
todo ser humano é
todo ser humano
todo ser
todo
todo átomo
todo átomo a
todo átomo a ser
todo átomo a ser partido
todo átomo a ser partido é
todo átomo a ser partido é uma
todo átomo a ser partido é uma bomba
uma bomba em formato de ser humano
uma bomba em formato de ser
uma bomba em formato de
uma bomba em formato
uma bomba em
uma bomba
uma
humana
bomba
incapaz de
destruir.


:: ônibus Guajará Ver-O-Peso, 09 de setembro de 2019 ::

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

poema (escrito no buzão [um de muitos]) para uma dançarina

quando eu escrevo
não envelheço
tampouco rejuvenesço
o mundo para
em si mesmo
e me torno eterno
até o momento
que o Texto decide
ser terminado
e Ele, só Ele
nada além d’Ele
ninguém que não seja
Ele
seja eterno.

quando Tu danças
não envelheces
tampouco rejuvenesces
o mundo para
em si mesmo
e Te tornas
inanaliticavelmente
incriticavelmente
inteorizavelmente
eterna
até o momento
que a Dança decida
terminar Seu número 
e Ela, só Ela
nada além d’Ela
ninguém e nenhum porém somente
Ela
seja eterna.

quando Homem e Mulher Se
beijam
não há outros homens
e outras mulheres
tampouco mundo
muito menos
tempo
muito menos
espaço
e, se um dia
(que dia o dia esse dia?),
quando Teu nariz ao meu
e mãos dentro das minhas 
nos beijarmos
e não haver mais
realidade, memória, tempo e
espaço
e os próprios conceitos de “conceito”
serão aniquilados
e não haja
exista
permaneça
além de nossas testas e mãos
e juntos os lábios
estando nós estando de
olhos bem
fechados.


:: 21 de agosto de 2019 ::

terça-feira, 3 de setembro de 2019

e [mais um] poema sobre Praia e Céu e Mar

as cores do 
Céu de fim de 
tarde encontram a Terra através das
águas do Mar que
batem à beira da Praia no fim de
tarde
quando as cores do Céu e do Mar
são as
mesmas.
os fins de tarde parecem ser os
mesmos mas não são, tal como nós ao
final de cada tarde não somos os
mesmos da tarde anterior
apesar que pareça
apesar que pareçam(os)
os mesmos.
o Mar parece ser o mesmo
mas não é...
o Céu parece ser o mesmo
mas não é...
se ninguém ouvir o som das ondas
do Mar que
têm como fonte as cores do
Céu de fim de tarde
elas ressoarão até onde...?
até onde não
tem litoral ou
sequer lugar onde
banhos não-
encanados?
o Céu... espelho do
Mar...
o Mar... espelho do
Céu...
o Céu chega à Terra através do Mar...
a Terra chega à Terra através do Mar...
o Mar isocronicamente está no Céu e na Terra...

... que(m) nos vemos quando nos vemos em espelhos...?


:: escrito a partir de fotos de Ariceli Portela e Adriana Guerreiro Soares de Oliveira ::
:: 03 de setembro de 2019 ::

domingo, 1 de setembro de 2019

elegia para mário e edyr - poema escrito no busão

ELEGIA PARA MÁRIO E EDYR

após ler Quintana e Proença
ah!, ah não ler e não mais escrever
mais Poesia alguma neste mundo!
após ler Quintana e Proença
oh!, oh mas vontade e que vontade
de não fazer mais nada além de
escrever Poesia neste mundo!
ah, que injustiça, a justiça
com a mais superior e elevada
das Artes, logo Ela: a
Poesia!
mas como?! se a principal função da
Arte é tornar o homem que A
pratica melhor e mais elevado que antes de Sua
execução.
não melhor e mais elevado que outros
homens
e sim melhor e mais elevado 
do que si
próprio e mesmo...!
como não melhorar ao ler Quintana, oh,
Quintana?
como não melhorar ao ler Proença, oh,
Proença?
infelizmente
melhorar, como
piorar, é um
processo reversível.
melhorar segundo
parâmetros?
piorar segundo quais
condições?
duvidar sempre dos seres indiferentes à Poesia...!


:: para o poeta, tradutor e jornalista sulriograndense Mário de Miranda Quintana (1906-1994) e para o escritor, jornalista, radialista e professor paraense Edyr Augusto Proença (1954-) ::
:: ônibus Guajará São Braz, 01 de setembro de 2019 ::