NADEEN
AH!, quem me dera Vós
de cabelos soltos como cachoeiras
e quadris e cotovelos apoiados à minha cama
enquanto contemplas o céu (forro).
Ah!, quem me dera Vós
de pés descalços e mãos à cama
rindo como se não fosse convosco
e seus sorrisos mostrando os dentes
ou quando não, com a ponta da língua os correndo
“tu sabes o que eu quero” escrito em runas em Vosso olhar.
Ah!, Vós deitada despida de bruços
queixo apoiado sobre a mão
pele alva refletindo o sol ou o luar para dentro do quarto,
bendito de mim por permitido contemplar-Vos
contornos de Mulher-Formosa-Completa-Em-Si-E-Para-Si
nesse momento, toda e Toda somente para mim.
Posso... Poderia Vos contemplar despida para então confeccionar Poesia?
Eu poderia Vos contemplar despida em forma de aurora
– infindável-Amanhecer-particular –
mesmo sem Vos tocar somente para escrever poesia... Sim poesia minúscula
já Vós... Vós em si e como todo e completo Poesia em maiúsculas.
Posso... Poderia... Ah!, quem me dera... Ah!, quem dera-me...
Poder despir-Vos e então correr nariz e barba e boca a descobrir e desbravar em minúcias
todos Vossos horizontes a mim desconhecidos e que almejo como e enquanto
Lar e Morada e Templo.
Qual corpo de Mulher-Formosa-Completa-Em-Si-E-Para-Si
– tal qual Vós sois –
não é uma Usina, Fábrica, Indústria-Motor-Reator
de infindável Prazer e Gozo e Júbilo
a Si mesmo e próprio...?
Ah!, quem me dera poder, ao menos, tocar-Vos pelo menos somente uma vez
e então, em contato com Vossa energia, pura em si, explodir em mesmo e por fim não mais existir como se nunca aqui
e finalmente Vós novamente eternamente dormir.
Então a Poesia e a Mulher e a Pesquisa são as crenças que me conduzem como estrelas-guias
a ponto de crer que, mesmo em praias continentalmente distantes,
ainda
um dia
estarei descalço ao pé de uma cama
com o queixo apoiado nos antebraços,
Vos contemplando adormecida
então acordares por um momento
me beijares
e recolher-Vos ao sono novamente.
:: 27 de janeiro e 02 de fevereiro de 2017 ::
:: agradecimentos mais-do-que-especiais ao poeta maranhense Raimundo da Mota de Azevedo Correia (1859-1911) ::