“Já andei todos os lugares
Já cruzei os sete mares
Espalhando o ódio e o horror
Caminhando e matando, tudo o que eu for encontrando
Eu mato tudo, eu mato todos onde eu vou”
– Zumbis do Espaço, “Caminhando e Matando”, do álbum Abominável Mundo Monstro, de 2000.
Já cruzei os sete mares
Espalhando o ódio e o horror
Caminhando e matando, tudo o que eu for encontrando
Eu mato tudo, eu mato todos onde eu vou”
– Zumbis do Espaço, “Caminhando e Matando”, do álbum Abominável Mundo Monstro, de 2000.
Como diria o sábio Orkut: “Jogo RPG e não sou assassino”, “Jogo RPG e não matei meus pais” e “Jogar RPG nunca me fez matar”.
E então eu vejo estampado na capa de todos os jornais essa presepada desses dois malucos (sem referência qualquer à música do Pato Fu de mesmo nome, do Ruído Rosa, de 2001) e todo o mundo sem saber o que fazer. “Culpa do RPG!”, bradam. “Culpa do cinema!”, vibram. “Culpa da literatura!”, apontam. “Culpa dos videogames!”, insistem. “Culpa dos seriados de TV!”, protestam. “Culpa das histórias em quadrinhos!”, mas essa não é não é novidade. Ô, MEU CARALHO TAMBÉM!
Atualmente, como dito em algumas das últimas postagens, estou comendo história viking e mitologia dos mesmos. Pr’os leigos, eles (os vikings) eram adeptos do matar-pilhar-estuprar-matar (ôpa! D&D?!? Nããããããooooooo!); pra quem estuda, um povo digno de reverência devido sua contribuição social e cultural – e mesmo tecnológica – para a sociedade ocidental.
Mas eu vou pegar uma espada da minha altura ou um machado de duas mãos e duas lâminas e sair esquartejando nego → depois empalar o corpo → depois colocar a cabeça na ponta de uma lança a torto e a direito?!?!?!?!?!?!? Pois é, BEM QUE EU GOSTARIA, de verdade! Mas não rola..... Eu SEI quais são as CONSEQÜÊNCIAS disso......
Mas eu
Desde que me entendo por gente, eu tenho contato com “violência ficcional”: filmes de pancadaria, jogos de videogame de luta, quadrinhos do Conan e de Kung Fu e essas porras... Na minha adolescência, conheci o death metal e o thrash metal e o RPG e, bem, as coisas continuaram as mesmas. Mas e aí?
Têm vezes que dá vontade, AQUELA vontade de matar neguim, de verdade. De entrar em Crinos, tirar todos os sucessos em um teste de Fúria (mesmo gastando Força de Vontade) e despedaçar o(s) vagabundo(s) e/ou a(s) puta(s) em questão e...... E aí o bom senso ou seja lá que puta que pariu for, entra em ação e eu acabo não fazendo nada. Eu fico puto, FERVENDO de raiva e ódio, mas eu me agüento, só Gaia e Odin e Mitra sabem como (se fosse Crom, eu não ‘tava era nem vendo, caia matando mesmo!).
É, eu não sou o único. Praticamente todo mundo do meu meio é assim. E todo mundo joga RPG de lobisomens e vampiros e essa porra toda, lê HQ’s, vê filmes sanguinolentos. Mas e aí? Quando acaba a mesa, vamos encher a cara, falar da vida, das pessoas com quem vivemos, das coisas pelas quais passamos, dos filmes que vimos e das bandas que conhecemos, da puta que pariu e, no fim, cada um toma seu rumo. Todo mundo é porra-louca, é pirado e alucinado. Mas sabe seu limite.
(exemplo: eu abri o post com uma citação da letra “Caminhando e Matando”, dos Zumbis. eu AMO Zumbis do Espaço, tal como o Weiß_Ulf, e a gente, como todos os fãs da banda, não saímos matando nego por aí por causa das letras dos caras)
Eu tinha dezesseis anos quando aconteceu o massacre em Columbine, nos EUA. Foi no meio da semana, uma terça ou uma quarta-feira, por aí. Abril de 1999, alguns dias antes de rolar o primeiro show do Sepultura em Belém (pro qual eu fui). O filme do momento era o primeiro Matrix.
Um dos responsáveis era fã do Marilyn Manson (yeah, como eu também era na época – agora, pra mim, hoje, o Manson é muito legal, mas não mais o cara fodástico que era naquele tempo) e foram culpar o dito cujo.
Segundo as palavras do próprio: “Querem me culpar, querem culpar o videogame, querem culpar o mundo. Mas os verdadeiros responsáveis são os pais, que não deram atenção e orientação necessária para que fizessem isso. E, no final, querem culpar todos quando isso acontece, quando não percebem ou não querem admitir que são os próprios culpados.”
Um sábado desses, eu estava conversando com meine Mutter sobre assumir culpas. Uma das conclusões comuns é que as pessoas, CERTAS pessoas são tão acostumadas a culpar o diabo POR TUDO que acabam não assumindo que são culpadas pelas suas atuais situações. Pessoas que não têm coragem de assumir seus atos perante a terceiros e, principalmente, perante a si mesmas. “Foi o capeta que me fez fazer isso...”, “foi o capeta que me fez fazer aquilo...”, “isso é coisa do capeta”, “cozido é coisa do capeta...”, “café com pão e margarina é coisa do capeta...” e blá e blá e blá.
Mamãe até comentou com a mãe dela sobre isso: “as pessoas são tão acostumadas a culpar o diabo por tudo que acontece de ruim com elas que não conseguem assumir os próprios erros e derrotas”.
O que vovó disse? “Me admiro de ti, ‛tá bem do lado do diabo pra dizer essas coisas!” TENHA DÓ, NÉ?!?
Eu tenho uma Mãe maravilhosa que eu sei que me ama incondicionalmente (mesmo eu não sendo nem 10% merecedor devido à porcentagem de cagadas que eu faço, há, há, há) e que sempre está por perto para me dar o melhor conselho e a melhor orientação.
Eu tenho amigos incríveis que tenho a Honra de poder chamar de Irmãos Lobos e Irmãs Lobas.
Isso já diz tudo. Seus pais e mães também são....
Sou supersuspeito pra falar dos meus professores e professoras. Começando por professora Luíza e terminando por Frau Steffen e Frau Matar.
É um sem-número de nomes e não tem como citar todos aqui.
E eu não posso culpar nenhum deles quando isso acontecer.
Eu sou GRATO a todos eles por eu justamente não ser uma destas pessoas que fazem estas coisas.
Porque, no final, é o Amor que persiste e continua.
Nem rock’n’roll, nem RPG, nem HQ’s, nem putadas, nem escolaridade, nem cigarros, nem distância, nem ausência, nem saudade, nem ofensas, nem literatura, nem cinema, nem (escolha alguma coisa para incluir aqui).
É somente o Amor.
und ich liebe euch ganze
and I love you all
e eu amo vocês todos