ESCURIDÃO DE FIM DE TARDE
à meia-tarde, à meia-luz
vejo Seu rosto em meu rosto ao me ver em um espelho
Seu rosto no meu, se sobrepondo ao meu.
inspiro e solto o ar e me vem Seu cheiro
fico surda ao mundo para ouvir Sua voz
me ausento e me nego de tudo ao redor
para sentir Sua presença.
em nenhum espelho ficará perdida Sua face
porque eu sou Sua face
que continua e permanece,
porque minha irmã é Sua face
que continua e permanece,
porque meu irmão é Sua face
que continua e permanece,
porque somos Sua face
que continua
e prossegue.
prosseguimos como sol que brilha e não como chuva que não termina
ainda que eu já tenha me perguntado se me tornei o que eu queria
e principalmente, não mais do que principalmente,
se me tornei tudo o que a Senhora
queria e gostaria.
no fim de tarde, quarto sem luz, luz de tarde terminando
olhos fixos no vazio que só se encontra dentro da escuridão
escuridão de fim de tarde
por que não meus olhos e minhas mãos
em Sua face?
de uma maneira que não posso explicar
somente sentir
quando estou sozinha e de olhos fechados,
e toco o meu rosto
é como se tocasse pela primeira vez
a Sua face.
Mãe
:: 11 de março de 2019 ::
:: sim, escrevi esse poema em cima dessa foto. já deveria estar pronto, mas o resultado parcial não estava de meu agrado. hoje acabei refazendo todo a partir dos esboços dos dois anteriores e coloquei mais umas coisas e então o presente texto ::
2 comentários:
Quem é a pessoa da foto?
mãe (foto circular) e filha (foto retangular), a mãe morreu em idos da década passada em decorrência de câncer de pulmão.
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