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YEAH, HOUSTON, WIR HABEN BÜCHER!

e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

sábado, 12 de novembro de 2016

Ouvindo: Motörhead, Bad Magic, 2015.

Creio eu que uma estrela morre a cada dizer “desocupem a universidade porque os outros alunos querem estudar” (isso na melhor das hipóteses). Estudar Introdução aos Processos de Ensino e Aprendizagem e Filosofia da Educação ninguém quer, né?

Então vamos aos questionamentos e desarmamentos.
Teu centro ‘tá ocupado? Não? Não reclama e toca o barco.
Pararam as aulas do teu PPG? ‘Tá? Não reclama e toca o barco.
O projeto de pesquisa que fazes parte parou? Não? Não reclama e toca o barco.
Teu TCC ‘tá atrasado? ‘Tá? Vai botar em dia!
Teu PPTCC ‘tá atrasado? ‘Tá? Vai botar em dia!
Tens algum artigo teu atrasado? ‘Tá? Vai botar em dia!
Tem matéria acumulada? Tem? Vai botar em dia!
Não tem como estudar em casa? Não? O que não falta por ai é biblioteca.
Não gosta de estudar sozinho/a? Vai fazer grupo de estudo com o pessoal. Grupos de filósofos da Idade Antiga e Clássica e povos de Clubes dos Livros da metade do século passado mandam lembranças e te saúdam.
Algum/a amigo/a ou conhecido/a teu/tua não tem o conteúdo de alguma disciplina? Vai ajudar!
Algum/a amigo/a ou conhecido/a teu/tua ‘tá fudido/a em alguma disciplina? Vai dar uma força se tu souberes da dita!
Teu/Tua professor/a aderiu à greve? Vai encher o saco dele/a com todas as dúvidas que tu tens das tuas leituras. A maioria dos professores viaja pra só-Gaia-sabe-onde pra não ser incomodado por aluno. Enfie os polegares e os dedos médios nos cus deles/as pra eles/as ficarem ligados/as e aprenderem quem é que manda. Faça os salários deles/as valer o aumento.
Por fim, tem um monte de material que ainda não ‘tá na internet pro pessoal! Vai escanear e upar! Todo mundo quer na mão mas ninguém quer upar pro povo!
Logo, só fica aos-Deuses-dará quem quiser! Dê o seu jeito!

Por fim, é muito fácil chamar quem luta pra conseguir e/ou manter direitos sociais pra todo mundo: “desocupados”, “vagabundos”, “safados”, etc etc etc. mas ir pra linha de frente ninguém quer. É cômodo por demais usufruir de direitos conquistados por poucos para todos e ainda desmerecer a luta dos caras.
Não reclame de uma luta por todos. Porque eles todos também lutam por você.
Reflita sobre isso.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

[sobre as – até agora e desde sempre – infrutíferas discussões entre a “Esquerda” e “Direita” no Brasil]

“O diálogo não é um mero ‘rebuliço sonoro’, mas é uma arte essencial que marca a dinâmica humana. Na visão de um dos grandes pensadores do século XX, Hans George Gadamer (1900-2002), o diálogo é ‘um atributo natural do homem’, que ocorre mediante a linguagem (GADAMER, 2002, p.143). Distintamente do intercâmbio que se trava na ruidosa vida social, o diálogo traduz a comunicação recíproca e o encontro entre duas pessoas com a peculiaridade de sua visão e imagem do mundo. São dois mistérios que se encontram, que partilham suas experiências e buscam se compreender mutuamente, estando igualmente abertos para o recíproco enriquecimento. O diálogo não apaga, porém, a diferença do outro, que permanece velado por um “mistério intransponível”. É um exercício essencial de ampliação da singularidade, pois deixa uma marca nos parceiros. O que revela o diálogo verdadeiro, sublinha Gadamer, ‘não é termos experimentado algo de novo, mas termos encontrado no outro algo que ainda não havíamos encontrado em nossa própria experiência do mundo (...). O diálogo possui uma força transformadora. Onde um diálogo teve êxito ficou algo para nós e em nós que nos transformou. O diálogo possui, assim, uma grande afinidade com a amizade.’ (Idem, p.247)
O diálogo, enquanto conversação verdadeira, é sempre uma operação inquietante e arriscada, pois coloca em questão a autocompreensão dos interlocutores. Nele está implícito o desafio da provocação do outro, que reclama para si o reconhecimento de sua singularidade e dignidade. Em toda conversação respeitosa ocorre um processo de mudança, que pode ser mais radical, envolvendo uma experiência de conversão, ou mais controlada, embora também autêntica. Igualmente nesse caso ocorre a apropriação de uma nova possibilidade para o sujeito, que vê seu mundo enriquecido pelo toque da alteridade.”
– Faustino Teixeira, O imprescindível desafio da diferença religiosa. 2012. 
Beijo no coração e bom dia só pra quem acha lindo traficante se converter ao Cristianismo e continuar sendo traficante!!!
Eu só olho esse bando de pau na beira dito “esclarecido” que diz aos quatro ventos que “brasileiro não sabe votar e quer dar teco nas eleições dos EUA”, sem ter a mínima ciência que somos colônia de exploração do país supracitados e que as decisões deles a nível de relações exteriores nos afetam diretamente.
Conhecimento de política internacional docês, ó. Um ó mesmo.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

“Toda linguagem socialmente partilhada fornece um modelo de mundo. Esse modelo de mundo é arbitrário, culturalmente delimitado. Ele apresenta o mundo como “ele é” sendo, no entanto, apenas uma forma de organiza-lo entre outras possíveis. Porém o jogo da ideologia do poder é precisamente dar transparência a essa linguagem, dando-lhe aura de realidade. Segunda essa perspectiva, o mundo é como o descrevemos e as relações sociais, étnicas, de gênero, etc. ali representadas são dadas como naturais. Cientes desse poder instaurador de realidade que a linguagem tem sobre o homem e a mulher comum, estados, partidos e grandes corporações investem muito dinheiro em repetir pedaços dessa realidade por meio de bordões, jingles, pequenas cenas padronizadas, comportamentos recorrentes, de forma que na nossa percepção imediata do mundo não tenhamos mais que pensar nas formas como ele é composto. Ele nos é dado.”
– Paulo Augusto de Souza Nogueira, Religião e linguagem: proposta de articulação de um campo complexo, 2016.
“Segundo Merlin Donald, a linguagem surgiu com o objetivo de narrar do mundo, e a forma por excelência dessa narração é o mito (DONALD, 1991, 258; ver também DEACON, 2009, 500). Aderindo a essa perspectiva também diríamos que essa forma elementar de narração, o mito, é a única que permite encaixar num texto elementos desconexos, improváveis, inesperados, aqueles mesmos com que os seres humanos se depararam ao se darem conta da grande assimetria, de que a cultura humana se constituía como uma das formas de enganar a morte, dando-lhe significado. Existe, no entanto, algo mais absurdo do que dar sentido à morte? É aqui que o mito entra em ação, como narrativa densa e improvável, e por isso indispensável.”
– Paulo Augusto de Souza Nogueira, Religião e linguagem: proposta de articulação de um campo complexo, 2016.
“A leitura não é um movimento linear, progressivo, uma questão meramente cumulativa: nossas especulações iniciais geram um quadro de referências para a interpretação do que vem a seguir, mas o que vem a seguir, mas o que vem a seguir pode transformar retrospectivamente o nosso conhecimento original, ressaltando certos aspectos e colocando outros em segundo plano. À medida que prosseguimos a leitura, deixamos de lado suposições, revemos crenças, fazemos deduções e previsões cada vez mais complexas; cada frase abre um horizonte que é confirmado, questionado ou destruído pela frase seguinte. Lemos simultaneamente para trás e para a frente, prevendo e recordando, talvez conscientes de outras concretizações possíveis do texto que a nossa leitura negou. Além do mais, toda essa complicada atividade é realizada em muitos níveis ao mesmo tempo, pois o texto tem ‘segundos e primeiros planos’, diferentes pontos de vista narrativos, camadas alternativas de significado, entre as quais nos movemos constantemente.”
– Terry Eagleton, Fenomenologia e Teoria da Recepção, 1997. Tradução de Waltensir Dutra com revisão de João Azenha Júnior.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

projeto inicial de poema

[¡poema por ora incompleto!]

É cheiro de UFPA depois que chove e então faz sol...
cheiro de grama não-cortada
cheiro de grama molhada
cheiro de grama molhada secando
cheiro de universidade federal com vista para um rio
cheiro de universidade federal a beira-rio
devia ser o cheiro das salas e dos discentes se não fossem ar-condicionados e ônibus e motos e carros.
Feche os olhos e sinta
feche os olhos e inspire
cheiro de UFPA depois que chove e então faz sol
é como se o sol brilhasse lá como não brilha no resto do planeta
melancolia particular.
Fechamos os olhos e abrimos
contemplamos o verde-grama-esverdear e o cinza-muro-de-arrimo-acinzentar
barro-cor-laranja-areia e  tons-de-cinza-seixo
se tornar transmutar longo-e-tortuoso-edificar
– pois enfim é assim que tudo se torna?
– pois então é assim que o tempo vem e tudo se transforma?

:: novembro de 2016 ::