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YEAH, HOUSTON, WIR HABEN BÜCHER!

e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Super ideia do dia: já que o pessoal ‘tá reclamando tanto do material didático do MEC, que tal deixar as escolas particulares – mais as escolas militares – à própria sorte enquanto as geridas pelo estado continuam com os conteúdos antigos? Já pensaram a caralhada que vai ser? A cagada ensaiada totalmente excelente?
Vai ser linda!
“Há um lugar especial no inferno para mulheres que não ajudam umas às outras! Talvez devamos corrigir essa afirmação: há um lugar especial no inferno para mulheres (e homens) que pensam que meio milhão de crianças mortas é um preço razoável a se pagar por uma intervenção militar que arruína um país, e que ao mesmo tempo calorosamente apoiam os direitos das mulheres e das minorias em casa…”
– Madeleine Albright, no programa 60 Minutes do canal CBS de 12 de maio de 1996.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O indivíduo:
- Nunca entrou em uma universidade pública, AFIRMA que todo mundo que vem de lá, é necessariamente de esquerda;
- Acredita que todo mundo que não é direita, é AUTOMATICAMENTE de esquerda;
- Acredita que quem critica os críticos do PT, é AUTOMATICAMENTE petista;
- Não prestou atenção nas aulas de História e Geografia (ou não estava mesmo lá), e AFIRMA que o doutrina-se o comunismo durante estas (e nem faz ideia do que seja comunismo e/ou socialismo, além da velha presepada de “onde foi que o comunismo/socialismo funcionou?”);
- Nunca estudou história, teoria e crítica da Literatura, e AFIRMA que esta é pervertida e alienante;
- Não sabe nem o nome completo do/a professor/a e o que ele/a passa pra ir dar aula, e o/a DECLARA como “vagabundo/a maconheiro/a que ensina o que é comunismo na escola”;
- Vomita que Filosofia (e demais Ciências Humanas) é inútil e desnecessária, mas NÃO CONHECE as bases do pensamento crítico das ciências que estuda;
- Não conhece os próprios direitos trabalhistas e chama de vagabundo quem faz protestos pelos seus, defendendo a truculência da polícia.

Ou seja, não dá pra defender. Muito menos levar a sério.
Faça os favores à humanidade de parar de externar suas opiniões torpes sobre o que tu não sabes ou então se matar mesmo.
Filho(a) da puta.

sábado, 27 de agosto de 2016

DO POEMA POMBA DO JORDÃO

DO POEMA POMBA DO JORDÃO

O céu – um sino.
A lua – língua.
Mãe – pátria minha.
Eu – bolchevique.

Onde tudo é amigo,
Tudo lindo, rindo,
Eu canto o fim do
Mundo antigo.

Alto e bom som
Retumbe na tua 
Tumba o sino azul
Como aquela lua.

Mundo de amar,
É boa a espera.
Ouço no ar
Nova era.

:: Sierguéi Iessênin ::
:: 1918 ::
:: Tradução de Augusto de Campos, 1985 ::

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Aviso à gringalhada no Brasil pras Olimpíadas: se brasileiro é mal-educado em viagens ao exterior, então aguentem o tranco ao visitarem o Anfitrião. O ditado não diz “em Roma, aja como os Romanos”. Agora, adivinhe quem são os Romanos da vez. Ser hospitaleiro não é sinônimo que aguentaremos todas as presepadas que vocês farão/fazem aqui.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

“Atualmente, os países em desenvolvimento estão sofrendo uma enorme pressão, por parte das nações desenvolvidas e das políticas internacionais de desenvolvimento controladas pelo establishment, para adotar um a série de ‘boas políticas’ e ‘boas instituições’ destinadas a promover o desenvolvimento econômico. Segundo essa agenda, ‘boas’ são as políticas prescritas pelo chamado Consenso de Washington em geral. Entre elas figuram políticas macroeconômicas restritivas, a liberalização do comércio internacional e dos investimentos, a privatização e a desregulamentação. ‘Instituições boas’ são, essencialmente, as existentes nos países desenvolvidos, sobretudo nos anglo-saxônicos. Entre as instituições-chave, incluem-se a democracia, a burocracia ‘boa’, o Judiciário independente , a forte proteção aos direitos de propriedade privada (inclusive a intelectual) e uma governança empresarial, transparente e orientada par a o mercado, assim como instituições financeiras (inclusive um banco central politicamente independente).
(...) discute-se muito se as políticas e instituições recomendadas são deveras convenientes para os atuais países em desenvolvimento. Mas o curioso é que numerosos críticos, que questionam a aplicabilidade de tais recomendações, dão com o ponto pacífico que essas políticas e instituições ‘boas’ foram efetivamente adotadas pelos países desenvolvidos quando estes ainda estavam em processo de desenvolvimento.
Por exemplo, aceita-se amplamente que a Grã-Bretanha veio a ser a primeira superpotência mundial graças à política de laissez-faire, ao passo que a França ficou relegada ao atraso em razão de uma política intervencionista. Do mesmo modo, é comum admitir-se que os Estados Unidos abandonaram o livre-comércio em favor da protecionista tarifa Smoot-Hawley e que o início da Grande Depressão (1930) foi, como disse Bhagwati (1985 , p.22, n.10), o famoso economista partidário do livre-comércio, ‘a lei mais notória e expressiva da estupidez anticomércio’. Outro exemplo da certeza de que os países desenvolvidos chegaram a esse status econômico graças às políticas e instituições ‘boas’ encontra-se na freqüente divulgação de que, sem a Lei de Patentes e os demais direitos de propriedade intelectual, eles não teriam gerado as tecnologias que os levara m à prosperidade. O National Law Center for Inter-American Free Trade (1997, p.l), com sede nos Estados Unidos, proclama que ‘[o] registro histórico nos países industrializados que outrora estavam em desenvolvimento demonstra que a proteção à propriedade intelectual foi um dos mais poderoso s instrumentos do desenvolvimento econômico, do aumento das exportações e da difusão de novas tecnologias, da arte e da cultura’. E assim por diante.
Será, no entanto, verdade que as políticas e instituições tão recomendadas aos países em desenvolvimento foram adotadas pelos desenvolvidos quando se achavam em processo de desenvolvimento? Mesmo em termos superficiais, não faltam indícios e evidências históricas fragmentária s sugerindo o contrário. E possível que alguns saibam que, contrariamente à sua natureza nos séculos XVIII ou XX, o Estado francês do século XIX foi essencialmente conservador e não-intervencionista. Também é provável que estejam informados sobre as elevadas tarifas praticadas pelos Estados Unidos, pelo menos a partir do fim da Guerra de Secessão. Uns poucos terão ouvido dizer que o banco central norte-americano, o Federal Reserve Board, foi criado bastante tardiamente, nada menos que em 1913. E é possível que uma ou duas pessoas saibam até que, no século XIX, a Suíça se alçou à categoria de líder mundial em tecnologia sem contar com uma só Lei de Patentes.
À luz dessas prova s contrárias à visão ortodoxa da história do capitalismo, cabe indagar até que ponto os países desenvolvidos não estão procurando esconder o ‘segredo de se u sucesso’. (...) vários elementos de informação histórica que contradizem a visão ortodoxa da história do capitalismo e oferecem um quadro abrangente, embora conciso, das políticas e instituições de que os países desenvolvidos se servira m quando estavam em processo de desenvolvimento. Em outras palavras, o que este livro pergunta é: com o os países ricos enriqueceram de fato?
A resposta mais sucinta é que ele s não seriam o que são hoje se tivessem adotado as políticas e as instituições que agora recomendam às nações em desenvolvimento. Muitos recorreram ativamente a política s comerciais e industriais ‘ruins’, com o a de proteção à indústria nascente e a de subsídios à exportação – práticas hoje condenadas ou mesmo proscritas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Antes de se tornarem completamente desenvolvidos (ou seja, antes do fim do século XIX e do início do XX), eles possuía m pouquíssimas dessa s instituições agora consideradas tão essenciais aos países e m desenvolvimento, inclusive as mais ‘básicas’ com o os banco s centrai se a responsabilidade limitada.
Se for esse o caso, as nações desenvolvidas não estarão se valendo do pretexto de recomendar políticas e instituições ‘boas’ unicamente para dificultar o acesso o dos países sem desenvolvimento às política se instituições que elas implementaram no passado a fim de alcançar o desenvolvimento o econômico?”
– Ha Joon Chang, Como os países ricos enriqueceram de fato?, 2003. Tradução de Luis Antônio Vieira de Araújo.

sábado, 13 de agosto de 2016

“Paraíso... Nós recebemos o paraíso e estamos transformando-o em um matadouro... Aonde quer que vamos...
Deixamos as coisas sangrando e gritando...
Estamos matando o mundo...
Devemos ser detidos... A Humanidade deve ser detida... Antes que não sobre nada...
Nós achamos que o mundo é nosso, mas... Oh, Deus... Nós caímos tanto...
E ainda...
Ainda... Não é... O fundo”
– Fera B’wana para Homem-Animal em “When we all lived in the forest” , Animal Men 04, de dezembro de 1988. Roteiro de Grant Morrison, arte de Chas Troug e Doug Hazlewood.
Publicado na DC 2000 Nº 6, de junho de 1990, sob o título “Quando todos vivíamos na floresta”.

[Sim, eu refiz a tradução a partir da HQ publicada no Brasil para algo mais inteligível se comparado à fala original do Fera B’wana.]
“Paraíso... Nós recebemos o paraíso e estamos transformando-o em um matadouro... Aonde quer que vamos...
Deixamos as coisas sangrando e gritando...
Estamos matando o mundo...
Devemos ser detidos... A Humanidade deve ser detida... Antes que não sobre nada...
Nós achamos que o mundo é nosso, mas... Oh, Deus... Nós caímos tanto...
E ainda...
Ainda... Não é... O fundo”
– Fera B’wana para Homem-Animal em “When we all lived in the forest” , Animal Men 04, de dezembro de 1988. Roteiro de Grant Morrison, arte de Chas Troug e Doug Hazlewood.
Publicado na DC 2000 Nº 6, de junho de 1990, sob o título “Quando todos vivíamos na floresta”.

[Sim, eu refiz a tradução a partir da HQ publicada no Brasil para algo mais inteligível se comparado à fala original do Fera B’wana.]

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

“reestruturar as formas de pensar os fundamentos do judô educativo na realidade considerando o modelo de pensamento sistêmico de Jigoro Kano, estruturado a partir da integração Oriente-Ocidente, tomando evidentemente o cuidado de reorganizar as referências conceituais emergentes para o momento histórico atual, pode ser pertinente se a intenção é integrar a sabedoria do Oriente e do Ocidente para dar ao homem a perspectiva da sabedoria da humanidade através da filosofia mundial”
– Sérgio Oliveira dos Santos, Trajetória das alterações nos sistemas simbólicos da luta de judô diante da linha evolutiva antropológico-filosófica das diferentes intencionalidades do homem nas lutas de origem japonesa, 2015.
livro completo aqui!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SOBRE O DIA DO ESTUDANTE

Graças à Lais Meyer Helena Caparroz, acabei de descobrir que o tal “Dia do Estudante”, no Brasil, foi criado em homenagem à fundação dos dois primeiros cursos de ciências jurídicas do país, em 11 de agosto de 1827, por D. Pedro I (ver http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-11-08-1827.htm). Todavia, o referido documento não faz referência a quaisquer outros estudantes. Então... Por que o tal dia? Só o pessoal de Direito estuda? Não à toa que é o Dia do Advogado e não Dia do Estudante propriamente dito. (parando por aqui senão pessoal vai dizer que é um ataque aos caras, e o texto não é sobre isso)
Eu lembro muitíssimo bem que todo “Dia do Estudante”, os professores sempre encontravam uma maneira nova de ferrar a gente valendo e até riam quando falávamos do tal dia. Quando questionava com meus amigos sobre, TODOS falavam a mesma coisa. Ou seja, “Pros professores tudo”, já pro alunado... Não ‘tô desmerecendo os professores, longe de mim fazê-lo devido o esforço hercúleo para nos formarem mediante condições indubitavelmente escrotas. Mas... Ai eu penso...
Citarei somente quatro dos casos mais acentuados do descaso com a educação no Brasil:
- a cagada ensaiada totalmente excelente do Escola Sem Partido, onde todo mundo se joga merda e não chega à conclusão alguma, deixando a entender que o pessoal não quer dar aula e sim militar suas causas ideológicas dentro de sala (claro que não é, mas esse zumzumzum pros desinformados/leigos...);
- professores universitários “lutando” por melhores salários mas descaradamente pouco se fudendo tanto pra melhorar a didática quanto se o alunado aprende de fato sua(s) disciplina(s) ou não (e nota-se que são sempre os piores professores que exigem melhores salários, já é de lei, isso sem contar os que têm mil coisas por fora e querem reclamar logo do salário do Estado);
- o assédio de professores a alunos e alunas (“ah, só homem é estuprador em potencial”, ‘tá, vai acreditando que “só homem assedia aluna”, VAI LÁ SÓ TU);
- por fim, o Estado se valendo de seu braço armado e seu braço midiático para invalidar a luta dos que querem estudar de fato e validar somente seus interesses escusos e torpes, ao contrário do dito “bem geral”, previsto pelo melhor livro de piadas já redigido – a Constituição de 1998 da República Federativa do Brasil.

Dia do Estudante?
Não me façam rir.










[Sim, tem a filosofia do “um dedo que aponta e três apontam contra”. Eu admito que fui verdadeiramente e extremamente relapso, desdenhoso e filho da puta na graduação quanto às disciplinas da licenciatura, só fazia mesmo pra me livrar e foda-se. Todavia, eu não entrei pra ser professor e sim tradutor ou teórico literário mesmo (a Licenciatura não serve SOMENTE para formar professores, que fique logo bem claro – se tu acreditas nisso, pare de ler o texto aqui) e acabei enveredando pela revisão e consultoria de textos acadêmicos (sim, apesar de todos os pesares, eu gosto do que faço), por isso eu nem tchum pras aulas e pro estágio “obrigatório”. Certo. Ai alguém dir-me-á que eu sou “parte do problema da crise da educação”. Alto lá. Eu nunca disse que queria ser professor. Eu disse, Carol? Eu disse, Tail? Não lembro de ter dito. Logo, eu não sou exceção tampouco regra, e sim caso totalmente isolado.]

terça-feira, 9 de agosto de 2016

“Se o adversário é inferior a ti, então por que brigar?
Se o adversário é superior a ti, então por que brigar?
Se o adversário é igual a ti, compreenderá o que tu compreendes...
então, não haverá luta.
Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui.”
– Funakoshi-Gichin (1868-1957), Karate ni sente nashi.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

CANÇÃO PARA RAFAELA

“A mulher negra tem força de viver no sangue, e, de todas as mulheres, de todas as raças, cores e credos, a mulher negra é a mais sábia, porque ela teve que passar por todos os preconceitos e machismos que toda mulher passa ao longo dos séculos, porém, ela teve que esfregar na marra, sua força, seu valor e sua capacidade na cara de uma sociedade imbecil e racista, que aos poucos e muito lentamente, se desprende de conceitos idiotas baseados apenas na cor da pele.
Hoje, graças a força que corre nesse sangue guerreiro, a mulher negra é sinônimo de sabedoria, liderança, beleza e inteligência, porque teve que fazer e saber, tudo em dobro das demais, para provar sua genética guerreira e sua capacidade de vitória.”
– Keila Sacavem

Não vou julgar ninguém por ficar feliz pela medalha olímpica da Rafaela Lopes Silva. É uma felicidade merecida mesmo, merecida pra caralho, merecidíssma. Quem viu a presepada que aconteceu com ela devido Londres-2012 sabe do que ‘tô falando, eu vi na TV quando aconteceu e fiquei “caralho...” 
[ela mesma foi um dos principais motivos de eu ter voltado a treinar até ter chego aos JUBs de 2012 e 2013 e então obtido a almejada sho-dan, em outubro de 2014 (sendo que a Ina e o Sussurro-do-Amanhecer-Nublado foram que mais me deram força pra não desistir dessa quest). mas este texto não é pra falar de mim.]
A vitória da Rafaela serve como um roundhouse kick de barra estourada na cara de todo mundo que falou aquele monte de merda pra ela em 2012, que – a meu ver – não foi somente pra ela e sim pra todos os negros, e principalmente para todas as mulheres negras. Eu não duvido que o Teddy Riner, campeão MUNDIAL de judô OITO VEZES, tenha ouvido as mesmíssimas coisas e até piores, sendo negro e francês, porém... Pode-se dizer que o caso é outro? “As coisas mudam de nome, mas continuam sendo”, já disse Gessinger. Todavia, como mulher e como mulher NEGRA, as dificuldades sempre se mostraram maiores para Rafaela e ela, como judoca que honra o obi, se curvou às dificuldades somente para aplicar-lhes as projeções e eis o ippon
Contudo, não deve-se desconsiderar a atual conjuntura politica do país e o caos social do estado do Rio de Janeiro. Todavia, Como bem sabe-se, uma das bases do heroísmo é a superação, e a judoca fluminense mostrou-se composta desta. Sim, o heroísmo e a superação de quem ajuda esse grande país grande a continuar em frente, mesmo acorrentado por todos e por si mesmo. Se a Inês Brasil é a dita, por muitos, “cara do Brasil” (que mais se assemelha ao “mítico” Maguila, sendo Inês uma continuação do “legado” do boxeador), Rafaela Lopes Silva é a cara que devemos buscar de fato dar ao nosso país, devido seu comprometimento, determinação, garra e vontade inexoráveis, inabaláveis e, por isso, exemplares.
E, por fim: agora sim, eu ‘tô vendo o judô brasileiro DE VERDADE em ação. Agora sim, eu ‘tô vendo judocas – não-somente brasileiros – irem com VONTADE, hoje negada foi com sangue nos olhos, mostrando tudo o que sabe. Pessoal ENFIM ligou o “botãozinho do foda-se” e ainda ativou o nitro, com Rafaela à frente, portando o estandarte de Kano-Jigoro-sensei em uma mão e Gungnir na outra, mostrando o caminho para Valhalla!
E tem judô olímpico até sexta, 12 de agosto. Que os deuses permitam e façam que o pessoal continue nesse nível ai, porque é ele que queremos ver. Tal como os deuses foram para com Rafaela Lopes Silva, a tornando humanamente e judocamente imortal.
HAIL!

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

MATANZA - PIOR CENÁRIO POSSÍVEL - 2015

:: MATANZA ::
:: PIOR CENÁRIO POSSÍVEL ::
:: 2015 :

A SUA ASSINATURA
Eu posso ouvir, e posso ver você tentando se esquivar de mim
Você nunca foi um cara muito esperto
Acha que de mim não vai chegar nem perto
Mas eu estou a poucos passos de você
Mas tudo bem, porque eu sei do gosto ruim que a paranoia tem
Sei do desconforto de quem sente medo
Não há bebida que afogue o seu segredo
A um passado que não pode revelar

Mas soube me pedir, saiba também me pagar
Fácil como foi ter vindo aqui me procurar
Eu sei como se sente, eu sei que se arrepende, é assim com muita gente
Mas se essa assinatura é sua, a sua alma impura agora vem pra mim
Mas se essa assinatura é sua, a sua alma impura vem pra mim

Eu derrubei muita gente pra poder te transformar em rei
De um povo que te olha com desprezo
É tão irônico que encontra-se indefeso
Eu faço muito gosto em vê-lo decair
Não sei dizer o que explica a obsessão de ter pra aparecer
De conseguir as coisas sem merecimento
E é por isso que agora o atormento
Com a verdade que não quer admitir

Mas soube me pedir, saiba também me pagar
Fácil como foi ter vindo aqui me procurar
Eu sei como se sente, eu sei que se arrepende, é assim com muita gente
Mas se essa assinatura é sua, a sua alma impura agora vem pra mim

O QUE ESTÁ FEITO, ESTÁ FEITO
Nada muito bom mas eu não posso reclamar
Cheguei muito mais longe do que eu pude imaginar
Deveria me encontrar em melhor situação
Poderia ter ficado menos tempo na prisão

Eu tenho consciência do que fiz
E só lamento não ter feito direito
Matei e sei que mereço morrer
Não mataria se não tivesse porque

Eu devo admitir que não fui muito legal
Pelo menos é o que diz a minha ficha criminal
Eu tentei me defender e mostrar quem tem razão
E peguei mais de duzentos anos de detenção

Foi muito importante pra pensar na vida
Mas eu não gostei da comida
E da liberdade não se abre mão
Então achei na dinamite a solução

Nada que eu ache bonito, sei que não tinha o direito
Não resolvi o conflito quando matei o sujeito
Admito que enfureço se me faltam com respeito
E o que está feito, está feito

Nada muito bom mas eu não posso reclamar
Cheguei muito mais longe do que eu pude imaginar
Deveria me encontrar em melhor situação
Poderia ter ficado menos tempo na prisão

Eu tenho consciência do que fiz
E só lamento não ter feito direito
Matei e sei que mereceu morrer
Não mataria se não tivesse porque

Nada que eu ache bonito sei que não tinha o direito
Não resolvi o conflito quando matei o sujeito
Admito que enfureço se me faltam com respeito
E o que está feito, está feito

MATADOURO 18
Muito se espantariam os vizinhos da área
Se um dia soubessem
Que nos fundos do Matadouro 18
Coisas assim acontecem
Chega a polícia, investiga
Não acha nada, nem desconfia
Que há gente trancada no piso de baixo há dias

Quantos mais vão cair
Pelo poço do matadouro 18
Da câmara fria impossível sair
Alguns são depois encontrados na margem do rio
Mas a maioria simplesmente sumiu

Os que já sabem
Hoje vivem na sombra do medo
Jamais dirão qualquer coisa
Eles guardarão em segredo
Mesmo com todas as mortes
Teremos sempre um desavisado
Que resolve passar a noite acampando no lago

Quantos mais vão cair
Pelo poço do matadouro 18?
Da câmara fria impossível sair
Existe um riacho lá perto que já foi bom pra pescar
Hoje a água é turva e lodosa, ninguém mais vai lá

Quantos mais vão cair
Pelo poço do matadouro 18?
Da câmara fria impossível sair
A noite se ouve abafado o barulho do incinerador
E o cheiro que vem com a fumaça
Revela uma noite de horror

CASA EM FRENTE AO CEMITÉRIO
Essa casa é minha
Deviam ter ficado fora
Não há saída agora
Aqui só há raiva e rancor
No chão em que pisam, muito sangue fora derramado
Está amaldiçoado e eu me alimento dessa dor

Foi nessa casa onde nasci
Onde eu passei a vida, onde morri
Não vou deixar ninguém chegar
E achar que é dono do lugar
Jamais vou tolerar
Eu tenho raiva de quem entra aqui
Ódio de quem entra aqui
Nojo de quem entra aqui

A casa foi erguida
Em frente ao velho cemitério
Solo morto estéril
Quero que continue assim
Nunca tive pena de nenhum dos velhos moradores
Os fiz passar horrores, tiveram um pavoroso fim

Foi nessa casa onde nasci
Onde eu passei a vida, onde morri
Não vou deixar ninguém chegar
E achar que é dono do lugar
Jamais vou tolerar
Eu tenho raiva de quem entra aqui
Ódio de quem entra aqui
Nojo de quem entra aqui

SOB A MIRA
Não morri no dia do acidente
Em que meu carro foi quase partido ao meio
Não contavam com sobreviventes
Com um desastre realmente muito feio
Não morri quando fui baleado
Apesar de ter cruzado um tiroteio
Eu mesmo fiquei admirado
Porque nenhum dos 27 foi em cheio

Vejo que o azar tem trabalhado muito bem
Mas a morte ao que parece não quer nem saber de mim
Deve ter havido um erro na digitação
Porque as coisas não costumam ser assim

Eu devia ter morrido envenenado
Por ter misturado whisky e gasolina
Nem sequer fui hospitalizado
O caso eu resolvi com uma aspirina

Não morri quando calcei a bota
Sem saber que havia um escorpião lá dentro
Pode ser que eu seja um idiota
Pois não faço disso um acontecimento

A única certeza que se tem nessa vida
É que ela acabe, contra isso não há nada a se fazer
Posso imaginar a sua indignação
Não é só a discussão que vai perder

Estive sob sua mira
E acabou sua munição
Pra você ver que o jogo vira
Não sou eu nesse caixão
Assim acaba sua vida
Vá você que eu não vou não
Boa sorte na descida

Não quero te dar lição nenhuma
Uma explicação melhor fico devendo
Não há uma palavra que resuma
E você também não tem mais muito tempo

O fato é que eu também não entendo
Eu sigo o rumo que o destino aponta
E nesse meio tempo eu vou bebendo
Até que a morte chegue e peça a conta
Agora se me der licença
Eu vou fumar o meu cigarro
Vou tomar uma cerveja por ai
Pode ser que um dia a sorte mude
Sei que fiz tudo que pude
Só por isso estou aqui

Estive sob sua mira
E acabou sua munição
Pra você ver que o jogo vira
Não sou eu nesse caixão
Assim acaba sua vida
Vá você que eu não vou não
Boa sorte na descida

PIOR CENÁRIO POSSÍVEL
Então você se vê, perdido em alto mar
Sem água, sem comida e sem ideia de onde está
Sem diesel no motor, sem sinalizador
Sem chance de ser visto, de ser salvo por quem for
Em tal situação, fácil perde-se a razão
Começa a esperar de Deus alguma explicação
O fato é que não há mais nada a se fazer
Você mal pode crer

Quando vê a tempestade se formando no horizonte
A nuvem carregada vindo em sua direção
Gira o botão, mas o rádio não responde
Água subindo de nível
Pior cenário possível
Casco na proa esta rachado
O barco já está adernado
Teria alguma sugestão?
Não!

Dois dias atrás, quando partiu do cais
Deixou a terra em que não pisaria nunca mais
E agora o que fará, não consegue pensar
Com o vento que bate, você começa a congelar
Nem barco de pesca, nem guarda costeira
Por mais que se queira, não passa nem um avião
Porão inundado, sem alternativa
Total a deriva

Vendo a tempestade se formando no horizonte
A nuvem carregada vindo em sua direção
Gira o botão, mas o rádio não responde
Água subindo de nível
Pior cenário possível
O mar ficando agitado
Você vai sendo arrastado
Até sumir na escuridão então

O PESSIMISTA
Reconheço na voz a mentira
Me admira a frieza do olhar
O sorriso fingido da ira
Tanto inspira quem quer te matar
O discurso é de fato asqueroso
O conceito é arcaico e sombrio
Com um pretexto confuso, ardiloso
Que defende o que nunca existiu

E você que me acusa de ser pessimista
Quer que eu fique sentado e assista
Esse mundo mudando por si
Não vai mudar
Vai ficar bem pior do que está
Mais inútil dizer
Se ninguém quer saber
Não vou ficar
Vou embora pra outro lugar
Não consigo viver
Perto assim de você

Atitude é sempre covarde
Partido que não pode explicar
A pergunta se faz muito tarde
A resposta não queira escutar
Não explica a miséria do mundo
Não entende, não vai discutir
Nos ordena que mude de assunto
Diga algo que os faça sorrir

E você que me acusa de ser pessimista
Quer que eu fique sentado e assista
Esse mundo mudando por si
Não vai mudar
Vai ficar bem pior do que está
Mais inútil dizer
Se ninguém quer saber
Não vou ficar
Vou embora pra outro lugar
Não consigo viver
Perto assim de você

CHANCE PRO AZAR
Podia ser pior, mas não foi dessa vez
Realmente impressionante o estrago que fez
Mas teve sorte sim, mesmo com a explosão
Teve só um braço quebrado e uma laceração
Você podia estar em casa com sua mulher
A derrota é fazer tudo o que o diabo quer
Não sabe nada

Sempre dando chance pro azar
A noite poderia ter tido um final feliz
É como se diz
Não sabe fazer
Acaba pondo tudo a perder

Diante do juiz, que muito quer saber
O porquê de tudo isso que deu em você
Sem ter o que dizer, não há como negar
Sempre esta na hora errada e no pior lugar

Seu advogado fala da situação
A fiança pelos danos chega a um milhão
Que pilha errada
Sempre dando chance pro azar
A noite poderia ter tido um final feliz
É como se diz
Não sabe fazer
Acaba pondo tudo a perder

ORGULHO E CINISMO
Muito me embrulha o estômago ler os jornais
Talvez seja pra humanidade tarde demais
Navio naufraga e derrama petróleo no mar
Material radioativo que a usina deixa vazar
Teoria da conspiração
O triste fim da civilização?
Ou só mania de perseguição que leva à paranoia

Pode alguém dizer o que estamos fazendo aqui?
Esta estrada acaba num abismo
Mas pelo visto nós vamos todos cair com orgulho e cinismo
Cogitar que o mundo pode acabar seria um grande exagero
Mas, se o futuro prometido aqui chegar, há de suportar o mau-cheiro

Um chefe de estado suspende os direitos civis
Epidemia de vírus dizima todo um país
A fraude é só o que sustenta o sistema legal
É fato, não é boato, não li no jornal
Teoria da conspiração
O triste fim da civilização?
Ou só mania de perseguição que leva à paranoia

Pode alguém dizer o que estamos fazendo aqui?
Esta estrada acaba num abismo
Mas pelo visto nós vamos todos cair com orgulho e cinismo
Cogitar que o mundo pode acabar seria um grande exagero
Mas, se o futuro prometido aqui chegar, há de suportar o mau-cheiro

Pode alguém dizer o que estamos fazendo aqui?
Esta estrada acaba num abismo
Mas pelo visto nós vamos todos cair com orgulho e cinismo
Cogitar que o mundo pode acabar seria um grande exagero
Mas, se o futuro prometido aqui chegar, há de suportar o mau-cheiro

CONVERSA DE ASSASSINO SERIAL 
Precisa arrumar um novo culpado
Se tudo acabar dando errado
Precisa de um novo suspeito
Porque foi bem longe de um crime prefeito
Fez bem em tê-la enterrado
Pena que foi descuidado
Deixou na pá impressões digitais

Porque ninguém mais acredita
Que foi só um crime comum
Mesmo que a investigação não saiba onde procurar
Eu já vi mais de um repórter andando pelo local
Já começaram a publicar que é um assassino serial

A policia se depara com um cadáver
Associa uma série de outras mortes
Pelos traumas, pelos cortes
São imagens realmente muito fortes
O legista faz um relatório extenso
E atesta requintes de crueldade
Seis mulheres da mesma idade
Todas ela mortas no meio da tarde

Precisa sair disfarçado
Quando for deixar o condado
Precisa de um carro discreto
Não se preocupe vai dar tudo certo
Procure deixar pistas falsas
Cruze o rio pelas balsas
Pegue carona e siga pro sul

Eu cometi o mesmo erro que você tempos atrás
Me colocaram na cadeia, mas eu consegui fugir
Me escondi numa cabana na montanha por um mês
E não é pra me gabar, mas eu matei bem mais de seis

A policia identifica nas imagens
Um sujeito numa loja de ferragens
Um velhinho de aparência cordial
Chega a noite e compra dez quilos de cal
A patrulha o segue e chega numa casa
Que parece há muito tempo abandonada
Há vários corpos enterrados no quintal
Mas nem sinal do assassino serial

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

“Eu não vejo a presença de negros nas tuas histórias.”
“Bem, eles ‘tão lá. E eu também quando conto em primeira pessoa ou falo de mim na terceira.”
[pausa]
“Mas eu falo de mulheres, das musas, mas mulheres que falas sobre. Das tuas ‘Musas’...”
“Ah, cara. Eu simplesmente vou lá e escrevo. Escrevo baseado em memória, em frustração, no que eu leio e vejo, das pessoas que conheço, das situações que passei. E sobre mulher, eu escrevo sobre ex, sobre atuais, sobre quem poderia ter sido, sobre o que não deveria ter sido, sobre quem eu quero e não posso ou não pude. Essas porras. Tudo isso ai.”
“Não, cara. Não é bem assim. Não é assim.”
“Cara, tu escreves?”
“Não, eu tenho talento. E eu ia escrever sobre o que?” 
“Então vai à merda, seu menino. Começa a escrever as tuas próprias narrativas, baseadas no que tu vives e no que tu deliras e depois a gente conversa. Só dê teco nas minhas depois que começar a escrever as suas.”
“Mas eu também sou formado em Letras, eu sei do que ‘tô falando.”
“Tu és formado em encher o saco da humanidade, caralho. Vai escrever e não me dirige a palavra até vir com pelo menos uns cem poemas e uns cinquenta contos escritos. Cretino filho da puta corno miserável carniça do inferno.”