“Nenhum período da história humana foi tão penetrado pelas ciências naturais e tão dependente delas como o Século XX. Contudo, nenhum outro período sentiu-se menos à vontade com suas potencialidades. Ciência – tão poderosa, tão impotente. Dentre os paradoxos que emergem do projeto iluminista de desenvolvimento, do qual ciência e tecnologia fazem parte, destacam-se o uso militar dos conhecimentos científicos, a progressiva deterioração do meio ambiente, a perpetuação e intensificação das desigualdades sociais, o desemprego estrutural latente. O espírito da Revolução Científica, o da ciência para o bem do homem e para glorificação de Deus, está longe de ser plenamente corporificado pelo sistema capitalista.
Entretanto, apesar dos fatos levarem a uma certa demonização da ciência e da tecnologia, foi a Segunda Guerra Mundial que consolidou a crença na importância da ciência não só para ganhar guerras, mas também para gerar dividendos na paz. Foi a tecnologia de base científica que dominou a expansão econômica da segunda metade do Século XX, configurando-se como corolário da aplicação sistemática da ciência à produção a aceleração da inovação tecnológica. Diante dos ventos da destruição criadora, tudo que é sólido e estável se evapora. A própria sobrevivência do capital passa a depender do desenvolvimento tecnológico e, por conseguinte, do progresso da ciência.”
– MEDEIROS, T. R., Entraves ao Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear no Brasil: Dos Primórdios da Era Atômica ao Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. 2005. Dissertação orientada pelo Prof. Dr. João Antonio de Paula. Universidade Federal de Minas Gerais: 2005.
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