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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

terça-feira, 24 de maio de 2022

Первые на Луне – análise e crítica do filme

ouvindo: Defence and Attack, Punx on the Street, de 2009. 

dia desses ai... eu ainda ‘tava fazendo mestrado, inclusive... vi uma lista de filmes no Youtube sobre.. filmes sobre viagem espacial, não vou lembrar agora o nome do vídeo pra botar o link pr’ocês verem. mas então que apresentaram um filme estadunidense – que achei até de bom tom comentar aqui algum dia – chamado Operação Avalanche, pseudodocumentário[1] estadunidense-canadense de 2016 sobre a primeira viagem tripulada à Lua, enquanto um espião soviético tinha como missão sabotar a empreitada.
Operação Avalanche
, de 2016; direção de Matt Johnson[2]; roteiro de Matt Johnson e Josh Boles; Zapruder Films e Resolute Films; distribuído pela Lionsgate Premiere.

Operação Avalanche é bem bacana por ser um documentário sobre um documentário. ‘tá, sim, não vou negar que tem a ver com o post de ontem, pois Blair e Gonjiam serem do mesmo gênero, que consiste basicamente em tratar de alguma questão social, cultural, histórica, lenda urbana, o caralho a quatro a partir da utilização de recursos cinematográficos, incluindo narração em primeira ou terceira pessoa, carga dramática, etc etc etc. vocês entenderam.
A Bruxa de Blair, de 1999; direção e roteiro de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez; Haxan Films; distribuído pela Artisan Entertainment.
Gonjiam: Manicômio Assombrado
, de 2018; direção e roteiro de Jung Bum-shik. Hive Mediacorp; distribuído pela Showbox.

mas, segundo [alg]uns historiadores da literatura fantástica [aleijados mentais para um caralho] dizem que “O Senhor dos Anéis é a resposta europeia à Conan”, poder-se-ia dizer que... Первые на Луне é (¿¡seria!?) a resposta russa à Operação Avalanche
como não saco CARALHO NENHUM do idioma russo, pegay o título do filme e jogay no google tradutor, resultando em Primeiro na Lua – assim que vou me referir ao texto em questão. certo? certo. sigamos. 
Primeiro na Lua
, de 2005 ; direção de Aleksei Fedorchenko; roteiro de Aleksandr Gonorovskiy e Ramil Yamaleyev.

ao contrario da FALSA leveza e da FALSA sensação de segurança presentes em Operação Avalanche, Primeiro na Lua é propositalmente pesado pra caralho. propositalmente angustiante. propositalmente arrastado. perturbador, inclusive? não sei. não chega a tanto, a não ser que sejas um consumidor de filme óbvio que te trate como um retardado. não é seu caso[3].
pra começar, duas coisas. a primeira é eu também descobri em uma lista de filmes sobre viagem espacial e admito que só fui atrás por ser filme russo, sendo que pouquíssima coisa chega por aqui e Chernobyl (sim, a série da HBO) é uma tremenda duma propaganda anti-Rússia que nem dá pra levar em consideração, a sério, o escambau. segundo é que nem dá pra dizer que “Primeiro na Lua é a resposta russa à Operação Avalanche” porque o filme é de 2005, lá de quando o CPM ‘tava soltando (UI!) o [álbum] Felicidade Instantânea, e ‘tavam aparecendo nos cinemas Cidade Baixa, Cinema, Aspirinas e Urubus, SW: Ep III[4], O Coronel e o Lobisomem. todo ano sai muito filme brasileiro bom, eu que sou um canalha do caralho e não assisto.

Chernobyl
, minissérie de 2019; direção de Bo Jonah Renck[5]; roteiro de Craig Mazin; HBO em parceria com as produtoras Sky UK, Sister Pictures, The Mighty Mint e Word Games.
Felicidade Instantânea
, CPM22, álbum de 2005; Arsenal Music e Sony BMG.
Cidade Baixa
, de 2005; direção de Sérgio Machado; roteiro de Sérgio Machado e Karim Aïnouz
Cinema, Aspirinas e Urubus
, de 2005; direção de Marcelo Gomes; roteiro de Karim Aïnouz, Paulo Caldas e Marcelo Gomes; REC Produtores Associados e Dezenove Som e Imagens. 
Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith
, de 2005; direção e roteiro de George Lucas; Lucasfilm; distribuição pela 20th Century Fox.
O Coronel e o Lobisomem
, de 2005; direção de Maurício Farias; roteiro de Guel Arraes, João Falcão e Jorge Furtado sobre o texto homônimo de José Cândido de Carvalho (1914-1989), publicado originalmente em 1964.

“mas sim, qual é o papo de Primeiro na Lua?”
um grupo de jornalistas russos teve acesso a um documento secreto da época da Segunda Guerra Mundial e descobre um projeto de levar um foguete tripulado à Lua e voltar ainda no ano de 1938, e o projeto foi – olha só! – levado a cabo. portanto, é um contar de história linear com entrevistas de participantes do projeto e imagens de registro, tanto de treinamento dos militares selecionados para serem os cosmonautas e a construção do foguete que iria e voltaria. pra terminar de ficar louco, o projeto simplesmente desaparece como se nunca tivesse existido.
na verdade, não termina de ficar louco porque... caralho que não dá pra levar o filme totalmente a sério porque tem Mikhail Roshchin (interpretado por Viktor Kotov), que é a porra de um ANÃO no processo seletivo pra se tornar um cosmonauta. creio que foi uma zuada, muitíssima da sua bem-acertada, do pra situar o espectador em “olha, caralho, esse documentário é uma zuada, não é a história real da União Soviética, te orienta” [batulho de tapão na tua cara].

eu pensei que seria a Nadezhda Svetlaya (interpretada por Viktoriya Ilyinskaya) a qualificada à vaga, mas quem levou foi o capitão Ivan Sergeyevich Kharlamov (interpretado por Boris Vlasov), ele vai, faz a quest e volta, a sequência toda é muitíssimo empolgante, vibrante, mesmo sendo angustiante. só que a cápsula espacial cai no Chile e o Kharlamov volta pelo oceano FUCKING pacífico, passando pela Polinésia, subindo pela península da Indochina[6], China, o caralho, até retornar a sua terra mater. e os seus conterrâneos (mas não contemporâneos, pontua-se) vão pegar parte por parte da rota, e é uma coisa bem lindona de se ver. como eu comentei no Twitter quando assisti o filme, o Terceiro Mundo lá no coo da Ásia é o mesmo Terceiro Mundo daqui da Amazônia e do Nordeste, mesmas mazelas, idioma diferente. as mazelas tornar-se-iam o mesmo idioma, mas isso já seria uma outra discussão pra outro post. e...
no fim, replicam a nave, mas em dimensões menores menores menores[7][8] (por motivos bastante óbvios, só pra constar) com o mesmo material utilizado em cada detalhe e seguindo exatamente o mesmo método de produção. se o Roshchin já é o elemento que meio que acaba com a credibilidade do projeto, tirando a narrativa da dicotomia crível/incrível, a puxando pra “QUE PORRA É ESSA, JOGADOR?! QUE PORRA É ESSA?!”, a réplica da nave ter explodido termina de enterrar quaisquer credulidades sobre a existência desse programa espacial pré-Guerra Fria URSS-EUA mas, vamos lá, não dá pra não ficar “AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH” quando a reduzida duplicata KÁ-BUM. dá uma vontade daquilo funcionar, daquilo dar certo, que não tem como não ficar triste com essa “quebra”(?) de tensão. sim, a Arte tem dessas coisas de... criar tensão, fazer tensão crescer e depois te mete um socão na cara, “não sou obrigada a atender tuas expectativas, mesmo se eu tiver criado”
no mais, ao contrário do que se vê em produções estadunidenses, o ufanismo patriótico, a venda da ideia da superioridade nacional estadunidense, não tem porra nenhuma disso em, é algo muito mais sutilzão. não é uma “ode à Mãe Rússia”, é uma porra tipo... “o que o povo russo pode fazer quando decide trabalhar junto para a Rússia”, junto ao Fedorchenko declarar seu amor ao cinema, que dá pra ver as homenagens e referências nos planos, na edição, como o preto e branco mudam pro colorido e voltam. e... apesar da ausência do ufanismo patriótico e da superioridade nacional estadunidense, o que não falta são cenas apoteóticas e grandiosas, pra sustentar a ideia que falei d“o que o povo russo pode fazer quando decide trabalhar junto para a Rússia”. e, apesar do anão, tu compras aquilo porque te conquista, mesmo o filme sendo uma sopa de pedra.
mesmo que eu seja consumidor E produtor E pesquisador de Ficção Científica, admito e de forma assaz veemente que Primeiro na Lua não é fácil, é cansativo pra caralho. arte produzida na Rússia não é de fácil digestão e o texto escrito e apresentado pelo Aleksei Fedorchenko não foge à regra em momento algum. essa Ficção Científica pedregulhosa é uma herança (não sei... direta?) que dá pra puxar lá do Solaris, do Andrei Arsenyevich Tarkovsky (1932-1986), e, por que não?, da paulada Per Aspera Ad Astra[9], do Richard Viktorov (1929-1983)[10]. 
Solaris
, de 1972; direção de Andrei Arsenyevich Tarkovsky; roteiro de Andrei Arsenyevich Tarkovsky e Fridrikh Gorenshtein (1932-2002) sobre obra homônima de Stanislaw Herman Lem (1921-2006), publicado originalmente em 1961.
Per Aspera Ad Astra
, de 1981; direção e roteiro de Richard Viktorov sobre obra homônima de Kir Bulychov (1934-2003).

como em O Homem do Norte, Primeiro na Lua te arranca da tua zona de conforto, a não ser que já sejas acostumad@ a filme pedreiragem. é uma escola totalmente diferente, mas é pedreiragem igual, e... te deixa triste, muitão, pela história não ser verdade, e a jornada do capitão Ivan Sergeyevich Kharlamov Da América à Europa é algo bem “UOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOU” que não dá pra se sentir cativado.

PRA TERMINAR, as duas versões full de Primeiro na Lua que têm no YouTube ‘tão em russo com legenda em russo, ai baixei um original sem legenda e a legenda em português, anexei no FormatFactory. então assiste ai, comenta e é isso ai.
Primeiro na Lua
2005
direção de Aleksei Fedorchenko
roteiro de Aleksandr Gonorovskiy e Ramil Yamaleyev










[1] no original, “mockumentary”.
[2] ele tem um outro pseudodocumentário, de 2013, chamado The Dirties. tenho que ver, inclusive. 
[3] espero.
[5] que dirigiu uns episódios das séries Walking Dead, Bates Motel e Vikings, inclusive.
[6] região do Sudeste Asiático situada entre o leste da Índia e o sul da China, que abrange – além destes países – Vietnã, Laos, Camboja, Tailândia e Myanmar.
[7] que os Deuses e Deuses salvem e abençoem quem inventou o escalimetro!
[8] se bobear, essa duplicata era mais alta que o Roshchin.
[9] que tenho que comentar aqui também, inclusive.
[10] nada a ver esse corno morrer no mês que nasci.
[11] vão ficar os dois pôsteres do filme porque eu gosto pra caralho dos dois.











¡¡¡BIS!!!
¡¡¡ZU!!!
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¡¡¡NEUEN!!!
¡¡¡POST!!!

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