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terça-feira, 16 de outubro de 2018

“Existe ‘fascismo de esquerda’?”

“O termo fascismo hoje está bastante é banalizado; ora é usado para desqualificar o adversário, ora serve para estigmatizar ou calar aqueles dotados de pontos de vista diferente. Ficou fácil insultar alguém de fascista. Mas este termo ‘ainda pode ter um significado crítico se for possível utilizá-lo com certa clareza’ (TERRA, 2012), desde que o descolamos de termos que induzem confusão e se aliena do contexto e interesse em que ele é usado. Essa é a recomendação de Wittgenstein: prestar a atenção mais ao uso do que a etimologia dos termos.
Em primeiro lugar, Umberto Eco (1995) nos alerta que não se deve confundir fascismo com nazismo, ainda que todo ato nazista também seja fascista. Mas um fascista [...] pode não ser necessariamente nazista. Porque o nazista é seguidor da doutrina da supremacia da raça ariana (caucasiana ou branca), e para o fascista este olhar racial não é fundamento para seu jeito político e social de ser com os outros.
Então, conforme observa Eco (op. cit.), o fascismo é uma colagem de idéias ‘difusas’, não existindo propriamente uma ‘teoria fascista’, mas um estilo de ser truculento tanto em atos como na imposição de suas ideias. Portanto, o fascismo além de difuso, é complexo e esquivo: tanto pode tender para a direita como para a esquerda na sociedade atual.”
– Raymundo de Lima, “Existe ‘fascismo de esquerda’?”. IN: Revista Espaço Acadêmico, nº 141, fevereiro de 2013.

2 comentários:

Giovanni Beneditto disse...

Boa matéria, mas podemos pensar também oq identificamos como esquerda, se ligamos a esquerda ao viés socialista e progressista, como no Brasil, não podemos associar o fascismo com a esquerda, uma vez que uma das características do fascismo é a negação da luta de classes, ele é baseado no conceito de conciliação de classes. Abraço.

Quilômetros-a-Pé disse...

oi, saudações, boa noite. agradeço a visita.
bom... no tocante a “no Brasil, não podemos associar o fascismo com a esquerda” (BENEDITTO, 2018), eu não só creio que podemos, como também devemos, tua análise tá bem crível mesmo. SÓ QUE NÃO TEM como haver conciliação de classes no Brasil, tendo em vista o abismo social que há entre uma e outra.
No mais, não entenda como zueira ou sarcasmo ou cinismo, eu não entendi a passagem “uma das características do fascismo é a negação da luta de classes, ele é baseado no conceito de conciliação de classes” (idem). dá pra ser mais claro?

abraço.

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