CANÇÃO PARA CAROLINA
[título provisório]
Ela se odiava verdadeiramente por não conseguir se despedir da mãe e das irmãs menores. O padastro nunca mais lhe dirigira a palavra. Podia ter dormido a noite anterior em casa mas preferiu amanhecer na casa de uma amiga, devido à festa que lá ocorrera.
Nunca saberia que uma Iêda fosse cair sobre sua casa, matando suas familiares. Até então não tinha opinião sobre a guerra. “Quantas pessoas têm o azar de ter sua casa destruída por um módulo de combate após combate aéreo?”, chegou a se perguntar. Chegou a considerar a idéia de se alistar, mas o porte físico e a má-vontade para quase tudo a convenceram do contrário.
Lembrou que uma das irmãs menores disse que seria piloto “quando fosse do tamanho da Carolina”. Queria chorar, mas não podia; olhou para as amigas na platéia – tinham uma faixa imensa com seu nome. Segurou forte a mão do pai enquanto mordia o lábio inferior. Enfim seria a próxima a ser chamada.
Enfim a formatura.
“Mãe”, sussurrou em latim, “eu queria que a senhora estivesse aqui.”
:: 21 de fevereiro de 2014 ::
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