o tiro diário pelas costas do preto
mataram o irmão preto de alguém preto com um tiro pelas costas
mataram o filho preto de alguém preto com um tiro pelas costas
mataram o pai de alguém preto com um tiro pelas costas
mataram o amor de alguém preto com um tiro pelas costas
mataram um trabalhador preto com um tiro pelas costas
com as suas vassouras no ombro,
indo trabalhar.
hoje morrem todos os irmãos pretos de alguém preto com um tiro pelas costas
hoje morrem todos os filhos pretos de alguém preto com um tiro pelas costas
hoje morrem todos os pais pretos de alguém preto com um tiro pelas costas
hoje morrem todos os amores pretos de alguém preto com um tiro pelas costas
hoje morrem todos os trabalhadores pretos com um tiro pelas costas
com as suas vassouras no ombro,
indo trabalhar.
que covardia! a covardia!
tiraram o sorriso de uma mãe preta
será que ele se despediu antes de sair?
a covardia! que covardia!
com todas as mães pretas de todos os fusos-horários
mataram o amor de uma mãe preta com um tiro pelas costas
(a impar covardia de matarem o amor de uma mãe preta com um tiro pelas costas)
mataram a esperança de uma mãe preta com um tiro pelas costas
(a díspar covardia de matarem a esperança de uma mãe preta com um tiro pelas costas)
quantos irmãos pretos hoje
quantos filhos pretos hoje
quantos pais pretos hoje
quantos amores pretos hoje
quantos trabalhadores pretos hoje
amanhã quantos irmãos pretos
amanhã quantos filhos pretos
amanhã quantos pais pretos
amanhã quantos amores pretos
amanhã quantos trabalhadores pretos
os tiros pelas costas
hoje morrem pretos
hoje mataram pretos
morrem amanhã pretos
mataram amanhã pretos
as covardias, as (não)despedidas
os nasceres de dias que não nascem em decorrência de tiros pelas costas
com as suas vassouras no ombro,
indo trabalhar.
» para Diego William da Silva Dias (1991-2022) «
» 05 de abril de 2022 «
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