Sabe onde você está agora?
Em MEU solo sagrado, onde eu posso falar todas as
merdas que me der em meu maldito telhado sem ser repreendido (de imediato),
talhado e/ou cortado. É aqui onde eu posso rir, chorar, gritar, cantar,
reclamar, lamentar, comemorar e entrar em júbilo por tudo que bem convir.
Este é meu solo sagrado e a minha canção de hoje, dividida em duas…
Sim, Andarilhos do Asfalto ainda cantam. Não como os outros Garou, mas ainda
cantamos. Novas formas de uivar e passar
as histórias, mesmo que todos tenham achado que desaprendemos até isso.
E foda-se a opinião de terceiros. Independente de
Posto, “Respeitarás o Território do Próximo”.
Esta é a minha canção de hoje.
A primeira parte da canção.
É pra começar a pagar de moralista? Vá procurar
isso em outro lugar, aqui não onde você vai encontrar isso. Moralistas não
aprontam metade do que apronto, não escrevem metade do que escrevo, não sonham
metade do que sonho e não desejam metade do que desejo.
E [longo e profundo suspiro], mais uma vez, meus
pesadelos que permitem dormir à noite de tempos em tempos vieram me assombrar
novamente, como fazem de tempos em tempos. Meus pecados que me lembram que os
cometi, as palavras que sussurram aos meus ouvidos com a minha voz quando as
pronunciei. E todos me beliscam com unhas pontudas como agulhas e amoladas como
klaives, impregnadas de veneno que eu produzi com paciência e afinco: “nós
estamos aqui, Quilômetros-a-Pé. Nós somos você e não iremos embora nunca,
porque você é responsável e não poderá nunca voltar atrás.”
Certo. Sinuca de bico e/ou dilema moral? Eu consigo
dormir à noite e conviver com o que foi feito? Sim. Até o momento que tudo isso
volta de tal forma que me lembra que preciso mudar pra que toda essa merda não
se repita de forma a me auto-despedaçar todo, como sempre consigo fazer, volta
e meia. Volta e meia e quase sempre. Quase sempre.
SEMPRE.
Não se engane, menina linda. Tudo volta. As
palavras, as frases, as bebedeiras, as ações cometidas durante ou simplesmente
durante pura raiva ou completa frustração. Se você não lembra, não se preocupe.
As pessoas vão lembrar e – não duvide disso em momento algum! – vão falar
sobre, até chegar aos ouvidos de quem não precisa saber de tais histórias. Ou
não precisaria se não fosse pela sua boca – se você lembrasse. E então… Então
tudo volta pra você, porque pessoas que você tem algum tipo de apreço ou que
não gosta ou pra quem você não dá a mínima ou que simplesmente não conhece
sabem e tudo e vão contar pra quem você não somente não quer que saiba, mas que
também sabem como usar isso contra você caso você faça a jogada errada.
E ai? Bem, e ai ‘cê acha que é certo a se fazer em
tal momento é ficar na moita até que tudo se arrume por si só e que todo mundo
vai esquecer.
Errado.
‘Cê já fez isso por tanto tempo e tantas vezes que
o pessoal já sabe o porque faz isso e, quem não sabe, vai saber porque está
fazendo. Isso adianta? Não, só vai fazer o pessoal te olhar mais errado do que
já olha desde antes de te ver pessoalmente. Como “o cara que sempre some quando
tudo ‘tá contra ele ou quando tudo cai em cima dele sem que possa se proteger”.
Eles estão errados? Não completamente, mas ainda há o quê de certeza em tal
certeza. E, por experiência própria, vou te falar porque isso não adianta.
Porque as merdas já vão estar lá, já vão ter sido feitas. Elas não se desfazem
e as palavras não voltam atrás. E, mesmo com tudo o que você faça para melhorar
e superar e ser uma pessoa melhor do que era antes de tudo, as cagadas não se
desfazem e não voltam pra dentro do cu – já se tornaram registros. E, não te
preocupa, gente graúda em pontos graúdos pode até não saber teu nome quando te
ver, mas vai saber quem você é só pelas histórias “fulano fez, fulano falou”. Também já passei por esta última parte, lamento pelos que sentem inveja de tal situação......
Ah, se este é meu mea culpa? É, eu ‘tô admitindo
com todas as letras que só faço e só falo merda e que isso fode comigo
valendo a posteriori – mesmo com os trabalhos apresentados e os períodos sem
beber. Eu poderia muito bem dizer que fico puto
e não penso e acabo dizendo e fazendo; ou que fico tão bêbado que não sou mais
eu mesmo e acaba dando na cagada que dá. Já chega. Não é isso. E, mesmo não
parecendo, já ‘tô de saco cheio de tudo isso. Já passou do tempo – e, vão por
mim, já passou pra caralho – que eu deveria ter aprendido tanto a guardar
minhas opiniões e frustrações só pra mim quanto beber a ponto de ficar somente
calado e quieto no meu canto. “Beber socialmente”, como as pessoas de fora dizem. Sou eu
mesmo que vou pagar por tudo isso, a curto, a médio ou a longo prazo, mas a
fatura sempre vem com um tridente e uma moto-serra ligada numa usina nuclear. Nem
pense em levantar o dedo, menina, eu sei o que você vai dizer: “você e todo mundo
ao seu redor, principalmente seus amigos e a mulher que você quer como sua”. Neste
caso...
Porém, tudo isso tem um porém.
A segunda parte da canção.
O ENEL, né? Você e eu já tivemos essa conversa
muitas vezes desde quando voltamos do olho do furacão. Mesmo com o que
aconteceu comigo lá, só quero que VOCÊ saiba que fui até lá com objetivos e
cumpri todos eles.
O primeiro. Apresentar as oficinas com o
Tailson e Samara e o Denison (que infelizmente não foi, e esta será uma de
minhas eternas lamentações, mesmo não sendo culpa minha – primeiro, a ABraPA,
depois o EPEL e agora…………..), porque, graças eternas a todos os deuses e contra
todas as expectativas, consegui ir, mesmo com os problemas aos 40º do 2º
tempo que, graças à minha mãe e graças aos meus amigos, consegui superar pra
poder ir. E fomos e apresentamos e, desde o EPEL do ano passado, eu nunca vi
tanta gente numa sala até o fim de uma apresentação de trabalho. NUNCA. E, sim,
naquela noite de quinta, só fui CONFIRMAR que você não ia assistir, mesmo tendo
ido todo arrumado e garboso só por sua causa. “Senhora Contratempo”, lembra?
Mas fomos, vimos e vencemos, como sempre foi e sempre o será. Sim, estamos
acostumados a isso, a ir onde for preciso apresentar os trampos que fazemos e fizemos
com e demos nossos corações e vontade pra fazermos. E, me perdoe por isso,
menina linda, duvido que você entenda tudo isso tão cedo.
O segundo. Conhecer pessoalmente os amigos do grupo
do ENEL do Facebook. “O Quarteto Fantástico”. Anne, Clederson, Talita e
Daniela. Ainda tem o Odin, não posso esquecer desse puto, mesmo nunca tendo
proseado com ele por lá pelo grupo outrora. E você não imagina o quanto eu
fiquei feliz de conhecer os caras. Realmente, são as pessoas maravilhosas e
incríveis que eu acreditei que fossem. E, realmente, estou imensa e
verdadeiramente orgulhoso de poder chamá-los e referir-me a eles como AMIGOS,
mesmo que – eu duvido muito – que não me considerem como tais (o que eu duvido
muito que aconteça). E, de quebra e pra completar, ainda conhecer a Liana e o
Rafael (amigos do Alan, são grandes pessoas incríveis também), a Lilian
“profeta Dercy”, a Larissa “cachaça, caralho!” (que só éramos lendas um pro
outro, de quem as pessoas falam muito e não tínhamos idéia de quem éramos) e o
Anderson, que dividiram o “Anexo da Cracolândia” conosco durante o evento, além
de ter enfim firmado a amizade com a Annie (com quem ‘tô fazendo o trampo sobre
a Anne Frank), com o Rafa (não mais) Calouro, o Crystian, a Talice e a Maely, e ter conhecido os
novos Ratos, como o Filipe, o Dhiego, o Thiago, o Léo, o Leno e a Aline, além
de descobrir mais gente que não quero por perto, cujos nomes aqui são
desnecessários. Não esquecendo, é claro, é claro, é claro, do Patrik e da Laura, os primeiros matogrossenses que conheci na vida e que, caralho!, vou levar pra sempre comigo por serem pessoas muito fodas-para-caralho como eles são. Eis a vitória nº 2 que fica emparelhada com a nº. 1.
O terceiro. Beber todo o álcool possível. Você
praticamente disse que me viu em modo hard e que nenhuma garota gosta de ver o
cara que deseja ficar com ela no estado que eu fiquei. Não, meu bem. Na viagem,
eu ainda ‘tava começando! Eu simplesmente fiquei puto com os rumos dumas coisas
(você não inclusa) e ai decidi entrar na garrafa e pro diabo o que você
pensaria. Grande erro? E bote “grande erro” nisso (sim, mais um). Chegando lá,
não preciso te contar o que você mesma viu: começamos a entrar em “estado
monstro” logo no Credenciamento e o resto que se fodesse. Certo? De certa
maneira, foi bem isso que aconteceu. Sabe quando eu vi que tinha cagado tudo
(é, eu percebi)? Ainda no ônibus, quando eu te vi dormindo do lado do Digão
(i.e.: Dhiego). “Mas, oh, caralho… Agora não tem mais volta. Voltando pra
Belém, a gente vê isso (eu acho).” É, eu pensei isso mesmo. E segui em frente. E
o resto você viu e ouviu o que aconteceu. E este objetivo está diretamente
relacionado ao primeiro, porque… Mesmo que as apresentações fossem na segunda e
na terça, eu NÃO teria bebido no domingo e na segunda e virado cavalo do cão
durante o resto do evento. Mas, como foram na sexta e no sábado, hah. “Vamos
cair na farra, baby!” E você viu o quanto a gente agita bastante. E eu precisava
MESMO ficar anestesiado enquanto os dias das apresentações não chegavam, devido
meu problema sério de ansiedade. Ficar em casa e se distrair pensando é uma
coisa. Estar do outro lado do país com seus amigos muda completamente a
situação (pelo menos na minha perspectiva). Talvez eu não bebesse tanto caso os
trabalhos fossem logo apresentados de cara? Não temos mais como saber disso.
O último. Pegar mulher. Objetivo completo. Sem mais
e sem detalhes.
Esta aí. Este foi o ENEL pra mim, mesmo com o que aconteceu
naquele sábado fatídico. E, até chegar ai e com aquela terça-feira doentia,
ainda me diverti pra caralho como nunca tinha feito na vida e acho que nunca
vai rolar de novo. Uma festa nunca é igual à outra. E agradeço sempre e
imensuravelmente ao pessoal que ‘tava lá (Alan, Amanda, Neuton, Sue, Charles,
Tail, Marcelo – estou falando com vocês) (e lamentando pro quem não tava:
Denis, Muitas-Garras, Gisa e Jeanzão, Fab e Momó [agora Mago de Ataque]), por sempre me deixar seguro que eu
ia conseguir chegar até o fim e de nós sempre nos ajudarmos quando era sempre
mais preciso.
Bom, agora admito que eu ter sumido abriu os
precedentes pra que te falassem tudo o que te falaram sobre mim e viestes
pensando desde então? Sim. Mas ‘cê ia saber de qualquer jeito. Além de concluir
que existem vários Quilômetros-a-Pé dentro de um Quilômetros-a-Pé e que sou
todos eles. Até agora não sei se saber disto me apavora – ou não. Mas,
realmente e não querendo te zoar, me foi uma grande descoberta. “Variações
sobre o mesmo Lobo”, podemos dizer assim? Ou “Variações e conclusões sobre o
mesmo Lobo”?
E é aqui que as duas canções se juntam e saber que
fui seu rato de laboratório desde quando eu disse o seu nome já me esclarece
muita coisa sabendo e tudo isso e de “tudo que passamos até agora”. Sério. Tudo
isso faz um puta sentido. Canos e caneladas. Faz tudo muito sentido e sempre fico
muito feliz quando as coisas se ajeitam na minha cabeça. Talvez demorasse mais
se eu ainda estivesse bebendo como no ENEL ou como quando meus orientadores
deram o “ok” final pro meu TCC, mas o caos e o caso não é este.
“E qual seria?”
Você juntar tudo e me entregar este bolo e eu estar
digitar tudo isso em resposta. E eu não ‘tô puto, sabe? Estou é grato por você
ter me deixado bem mais esperto e bem mais atento a este tipo de situação a que
eu me encontro e a qual você está me fazendo passar. Às vezes, não importa o
quão nos achemos espertos e inteligentes e superiores e o caralho, ainda
precisamos de alguém pra nos sacudir ou mesmo nos implodir direto na base pra
sabermos o quanto não sabemos nada e precisamos aprender tudo do zero
continuamente pra poder chegar ao verdadeiro entendimento das coisas.
É. Sim. Estou te agradecendo por tudo isso.
Este é um mea culpa, uma explicação dos fatos segundo
a MINHA perspectiva dos mesmos e, por fim, um agradecimento sincero e
verdadeiro pelo que você tem feito por mim desde quando nos conhecemos.
E, por enquanto, é só isso.
Eu sou Quilômetros-a-Pé, Theurge Fostern da tribo
dos Andarilhos do Asfalto, e este é meu pequeno solo sagrado.
Leia o que quiser e depois caia fora.