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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

sábado, 3 de fevereiro de 2018

KAISA BEIJOS-DE-MOÇA - poema

KAISA BEIJOS-DE-MOÇA

“Não, tu não és um sonho, és a existência 
Tens carne, tens fadiga e tens pudor 
No calmo peito teu. Tu és a estrela 
Sem nome, és a morada, és a cantiga 
Do amor, és luz, és lírio, namorada! 
Tu és todo o esplendor, o último claustro 
Da elegia sem, anjo!”
– Marcus Vinicius de Moraes (1913-1980), “Cântico”.

Como vireis? Como vireis?
Descendo os raios de sol?
Desfilando pelos raios de luar?
Como estareis? Como estareis?
Se vierdes ao Sol,
Vossos cabelos brilharão como a Lua?
Se vierdes à Lua
Cintilarão tal como o Astro-Rei?
Por Vossa voz aparentas ser
A calmaria do lago à qualquer luz
Nele refletida.
Mas então
– Pessoalmente –
Sois um pequeno que torna-se um
Rio estrondoso?
Carrega-me, Musa Correnteza, carrega-me!
Leveis-me em Vosso ventre
enquanto
O mundo sucumbe ante Vossa passagem!
Ou sereis Musa-Rouxinol
Arrulhando aos sussurros aos meus ouvidos
Me pondo para dormir
Com os braços ao redor de Vossas pernas
E cabeça sobre Vosso bojo
Olhos fechados
Quase adormecido
– Esperar-me-eis dormir para
Voltar para onde sois oriunda?
Deixar-me-eis ao Sol para ser acordado aos beijos pela Lua?
Ou à Ela, para ser incendiado pelo Sol?
E, ao despertar, sereis
Lembrança concreta?
Alucinação vívida?
(vivida?)
Delírio (auto-)induzido?
E então perambularei por Mannheimr  com
Vossos cânticos aos ouvidos que infindamente ressoarão
Ao Vosso encalço: insano perscrutar e impossível localização?
Ou
Vós de sacra e em cristais nobres talhada
Voz
Em Vós mesma
Ávida
Arfante
Sôfrega
acordares-me e levares-me
a
Vossos-Lábios-Todos
para em
Vossas unhas
e
Vossas pernas
e
Vossos lábios
me possuir:
me inserindo e me
conduzindo
em Vosso
interior?
Que Vossos calcanhares beijem
de minha cintura a joelhos!
Que Vossas unhas tracem
Pontos e Retas e Curvas e Sinuosidades de meus ombros à alcatras!
Que nasçam em
Muros de Arrimo e em
Paredes de Contenção de Energia Nuclear
Rosas e Violetas e Labiadas e Mesambrintemos 
a partir de nossos beijos!
E regadas estas flores com
Nossos chegares juntos ao
Paraíso.
Consoma-me!
Atomiza-me!
Particula-me!
através de ondas eletromagnéticas de idiossincráticas freqüências e comprimento de ondas
características à
Vós
enquanto
Divindade!
E as palavras de Vossas solares mãos
a meus ombros
enquanto
a mim
Vossos melhores beijos
Beijos melhores e tão saborosos
quanto
os Beijos-de-Moça
que a Moça-que-Não-Sei-o-Nome
vende no ônibus na tarde chuvosa.
E Vossos elípticos lunares não-lunáticos olhos
– que já contemplaram o Mundo
como ele foi e está sendo e ainda será
– aos meus enquanto a mim
Vossos melhores beijos – não Beijos-de-Moça e sim
Beijos-de-Mulher-Feita-e-Atemorosa.
E por fim então seja Verdade, Sonho, Delírio ou Miragem
com braços com braços
ao redor de meu corpo e minha cabeça a Vosso colo.
Ninar-me-eis aos arrulhos de iniciado anoitecer
enquanto
não mais rios retumbantes revoltosos
e trovejares
e relampejares e raiares somente a mim
Vossos melhores
Beijos-de-Mulher-Plena-e-
à minha testa
Vossos melhores
Beijos-de-Moça.


:: 01 e 02 de fevereiro de 2018 ::

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

HARDSONETOCORE PARA PROFESSORA LUIZA

HARDSONETOCORE PARA PROFESSORA LUIZA

As nuvens brincando ao redor do sol no céu
Não torna mais fácil aceitar o fato de que a Senhora foi pro Beleléu.
E então o céu escurecendo violeta escondendo todas as estrelas
Me lembram que, mesmo estando tudo péssimo, pra Senhora tudo ainda era uma beleza.

Agora sua voz vai ressoar só dento da minha cabeça...
O mundo como incógnita da equação, seus conselhos uma certeza.
Eu me perguntei uma vez o que a Senhora não sabia
Respeito à religião alheia, Paysandu, Corinthians, Matemática e Física.

Onde eu estive quando a Senhora mais precisou?
Graças à Vossa reza e cafés, minha luz continuou...
Mais um pesar pra suspirar (às lágrimas) diariamente...

Me lembro da primeira vez que Vos vi, como se fosse ontem
Me lembro da última vez que Vos vi, como se fosse ontem
Enquanto puder lembrar, de Vos amar como a minha Mãe, sempre será como se fosse ontem...

:: para Luiza Maria Ferro Santana (1949-2017) ::
:: 02 de fevereiro de 2018, a partir do primeiro quarteto, pensado em 31 de janeiro de 2017 ::

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

PEQUENA ESTRELA DA TARDE - poema

PEQUENA ESTRELA DA TARDE

“Não achas que a mulher parece com a água, pescador?
Que os peitos dela parecem ondas sem espuma?
Que o ventre parece a areia mole do fundo?
Que o sexo parece a concha marinha, pescador?”
– Marcus Vinicius de Moraes (1913-1980), “Pescador”.

E então descereis a mim,
plena e radiante:
envolta em níveas vestes
não tanto quanto
Vossa tez.
Tomar-me-eis em mãos
após despir e catalogar minh’Alma
somente através dos olhos,
levar-me-eis ao colo
para que eu desça
de Vosso queixo a ombros
e finalmente aos
seios.
Estes
cujos cumes
meio-termo tez
de Carmim-Vossos-Cabelos
e
do Níveo-Vossa-Pele
– estrelas vistas ainda a céu azul do entardecer
pois
incomparavelmente vivas e radiantes
mantêm-se,
permanecem!
Nos cumes de tais cumes
fincado a uma árvore
eviscerado
saboreado pelos familiares de Huginn e Muninn 
por nove anos lunares  e nove noites sem-Lua
permanecerei:
A fins de Vos ter
enquanto
Única-Estrela-Radiante-em-Meu-Céu-Independente-de-Horário
fazendo-se notar
até mesmo
durante nublados e choveres.
E então
em suma conhecer
Vossos segredos e vontades
e desejos
e suspirares
para então:
Vós, com os olhos me incendiares
e, Em Chamas!,
descer-Vos
conhecer-Vos
saber-Vos
a partir deste poço de desejos que tens como
boca
desbravar-Vos
conhecer-Vos
saber-Vos
integralmente.
Todavia
sempre como
ponto de partida:
os dedos e as palmas das pontas destes
suavemente
a Vossos
seios
e
as bordas internas dos lábios
ternamente
a Vossos
mamilos.


:: 26 a 31 de janeiro de 2018 ::