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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

PRÁXIS AMANDI – poema de Olga Sawary

ouvindo: Bomb Factory, Blade of a Knife, de 1996.

PRÁXIS AMANDI
Olga Sawary

Na práxis de então
bem pouco se aprendia
com as vagas teorias
da chula sacanagem.
Quase sempre havia alguém
que não gozava
e se perdia
no meio da viagem

Hoje se sabe,
de Kama Sutra a Sade
passando de Ovidio à Barabarela
por dentro de Vinicius de Morais,
que amar é arte requintada
e há de
melhor acontecer a quem mais sabe.
 
Começa-se a bolina pelos olhos,
ou pela planta dos pés
que tanto faz
mas que se o faça como quem não quer
chegar além do simples arrepio.

Que se tateie muito de leve e manso
por cada canto da pele o corpo inteiro
e sempre no sentido
inverso ao da penugem.

Bem lentamente caía nos declives
e nos valados mais fundos e escondidos.
Teça, com os dedos leves, pelo a pelo,
roçando o eriçando cada uma
das papilas digitais —as mais sensíveis—
desde os agudos picos aos mais túmidos
e úmidos abismos,
como se cada polpa de dedo fosse língua.

Não se abandone então.
Não perca o tino,
que o pássaro do espasmo é fugidio,
e cansa de voar
nas brumas da emoção
do ser em cio.

Daí por diante
passe a refletir
frente dos espelhos,
e crie — a dois ou a dez —
todas as formas de ir
e posições
passíveis das possíveis
contorções.

Prossiga nos caminhos da surpresa
e não se escandalize
se a resposta vir maior que a empresa.
Pois que, por suas mãos
os deuses são,
e não se sabe onde
explodindo seus próximos desejos.

E tendo tudo isto posto,
tome todo tento à tentação
de sua companheira.

E, se tiver força e sã ciência,
refreie os seus ginetes,
sorva a seiva que lhe molha os lábios,
inspire fundo,
até que a égua úmida, esgotada,
estanque o seu galope,
e se abandone, como quem se esquece
da própria servidão
da vida e morte,
na relva dos lençóis.
E então comece.


IN: SAWARY, Olga. Carne viva. 1ª antologia brasileira de poemas eróticos. Rio de Janeiro: Editora Anima, 1984.









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terça-feira, 24 de novembro de 2020

O DIA, DE TODO DIA, NOSSO DE CADA DIA – letra de punk rock

o dia, de todo dia, nosso de todo dia

engarrafamento nosso de todo dia 
corrupção nossa de todo dia 
o sistema que não funciona pra todo mundo nosso de cada dia
as ruas e canais alagados a cada chuva nossos de cada dia
gente morrendo em hospital nossa de todo dia 
gente que tem pouco assaltada por gente que não tem nada nossa de todo dia 
gente que não tem o que comer nossa de todo dia
gente que não tem água na torneira de todo dia 
o telejornal que informa a parte (in)conveniente da notícia nosso de cada dia 
as crianças que brincam na rua que nunca verá asfalto em sua pele nossas de cada dia
a mãe de família que não acordará no dia seguinte pois foi morta pelo companheiro nossa de cada dia 
o alienado pelo trabalho que trabalha como um condenado que, por isso, sofre calado nosso de cada dia 
o imigrante que sente falta da sua terra mater e é diariamente humilhado pra onde imigrou nosso de cada dia 
a professora que é a última a dormir que dorme com remédios e é a primeira a acordar nossa de cada dia 
o peão que mora do outro lado da cidade pegando duas conduções pra chegar ao trecho no horário e não ser demitido e tem uma fila de gente esperando pra tomar seu trabalho nosso de cada dia 
a profissional plenamente capacitada preterida por um parente de alguém do alto escalão da empresa nossa de cada dia 
o entregador entregando a péssimas condições de trabalho que deseja sempre ter entrega no dia o dia todo nosso de cada dia 
a vendedora que deseja sempre ter venda o dia todo nossa de cada dia 
o dono da mercearia que pensa que é capitalista e espera não ter nada roubado de sua vendinha nosso de cada dia 
a desempregada que não quer levantar da cama pra procurar emprego porque não tem emprego pra achar nossa de cada dia 
o poeta que escreve sem parar para não se matar mesmo sabendo que ninguém vai ler nosso de cada dia 
a violonista que compõe uma peça no escuro do quarto iluminado por uma lâmpada numa tomada nossa de cada dia 
quem tem que escolher entre ir andando pro trabalho ou almoçar nosso de cada dia
quem, na universidade, tem que escolher entre almoçar ou tirar xerox nosso de cada dia
quem tem bolsa na particular que tem que trabalhar e estudar pra não perder a bolsa nosso de cada dia 
quem espera pra ser chamado em concurso que passou mas a chamada ‘tá pra expirar e o governo insiste em contratar temporários nosso de cada dia 
quem tem depressão e dias improdutivos que amaldiçoa a cada dia que continua em vida nosso de cada dia 
e “o pão nosso de cada dia”
o pão de cada dia 
e quem tem pão todo dia mas não agradece pelo pão?
e quem tem pão todo dia?
e quem tem pão dia sim, dia não?
e as ofensas que entram por um ouvido e saem pelo outro e aquelas que não dá pra relevar mas não dá pra revidar nossas de cada dia?
os derrotados nossos de todo dia cada vez mais derrotados a cada vez que o dia nasce
os fracassados nossos de todo dia cada vez mais fracassados a cada vez que o dia nasce
os frustrados nossos de todo dia cada vez mais frustrados a cada vez que o dia nasce
o dia
o dia, o dia que nasce
todo dia
todo dia, todo dia que nasce
o dia
o dia, o dia que nasce e morre e nasce outra vez
todo dia
todo dia, todo dia que nasce e morre e nasce outra vez


:: 24 de novembro de 2020 ::

domingo, 22 de novembro de 2020

AI, ALI, RUA DO PÉ DE PEQUI - poema

ai, ali, rua do pé de pequi
pé de pequi no meio da rua
pequi, pequiá, do pé que nasce o sol e a lua
tem tecnologia que permite mas nem sempre dá
pra realocar a árvore de seu lugar original
mesmo assim, me diga: quem deu à espécie humana o direito de decidir tudo na natureza?
por que a árvore deveria mudar se são os sapiens que se “incomodam” com sua beleza?
basta partir a rua em duas 
depois junta de novo
situando anteriormente um marcador de obstáculo
pra indicar canteiro estreito separador de pistas.
olha ali, eis ali.
a rua do pé de pequi..
piquiá perder de vista...
sob esta copa, quantos primeiros beijos de meninas?
meninas de olhos de pequi
meninas de olhos de asfalto
meninas de olhos de céu antes de chover
meninas de olhos de pequi-ao-seu-florescer
não passa caminhão, mas passa carro
de motor, de homem, de burro, de boi
talvez não passe buzão, mas passa moto
passa bicicleta, quando ver, já foi

“onde fica?”
“fica na rua do pé de pequi.”
“onde fica?”
“passand’a rua do pé de pequi.”
“onde fica?”
“direto na rua do pé de pequi.”
“onde fica?”
“dobrando a rua do pé de pequi, à direita.”
“onde fica?”
“dobrando a rua do pé de pequi, à esquerda.”
“onde fica?”
“antes d’ o pé de pequi.”

e o poema chega ao fim


:: 21 de novembro de 2020, a partir do artigo Prefeitura faz asfalto em bairro de Araguaína e preserva pé de pequi no meio de rua, do portal de notícias G1 Tocantins em 21 de novembro de 2020 ::

terça-feira, 10 de novembro de 2020

BALA – letra de punk rock

BALA
Não tem luz
Mas tem bala

Não tem água
Mas tem bala

Não tem comida
Mas tem bala

Não tem esperança
Mas tem bala

Não tem perspectiva de melhora
Mas tem bala

Quando vai ter luz
E não ter bala?

Quando vai ter água
E não ter bala?

Quando vai ter comida
E não ter bala?

Quando vai ter esperança
E não ter bala?

Quando vai ter perspectiva de melhora
E não ter bala?

luz
água
comida
esperança
perspectiva
E não bala

:: 05 de novembro de 2020 ::

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

“[...] não se deve deixar que a dicotomia entre ‘mulher de família’ e ‘mulher prostituta’ esconda que as duas versões ou posições advêm de um mesmo núcleo de sentido fundante: o feminino é todo ele pensado como objeto e como interdito. O feminino posto unilateralmente pelo imaginário dominante como único objeto da sexualidade passa a ser o objeto por excelência da interdição. Assim,  toda a sexualidade  feminina é concebida pelo imaginário dominante como aquela que se esquiva para se oferecer. Assim, ao mesmo tempo que se diz que a mulher é o objeto passivo da sexualidade, sempre se supõe uma iniciativa indireta e o signo da interdição. Não há, assim, qualquer possibilidade de substancialização das categorias de ‘mulher de família’  e ‘mulher prostituta’. Elas podem sempre se transmutar uma em outra, porque é a referência ao ‘ego’ masculino que as constitui. O feminino visto da posição exterior, tanto para os olhares masculinos como femininos, enquanto se está falando das outras mulheres, o feminino é transitivo, ou melhor, transicional. Apresenta-se como a construção de uma sexualidade de gênero que se funda no transitar entre a posição de seduzir e a posição de esquiva, entre a posição de feminino sagrado e de feminino impuro. A ambivalência e a transicionalidade entre estes dois lugares é o que constitui o imaginário da sexualidade feminina.” 
– MACHADO, Lia Zanotta. Masculinidade, sexualidade e estupro: as construções da virilidade. cadernos pagu (11) 1998: pp.231-273.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

LUNAR - análise e crítica do filme

ouvindo: Midnight In The Garden Of Good And Evil (Music From And Inspired By The Motion Picture), de 1997

post de ontem falei que ia falar de filme pra mó de desocupar o estômago do meu HD. hoje vamos dar prosseguimento. 

CENA UM 
Douglas “Doug” Murray, veterano da guerra do Vietnã, idealizou e escreveu a HQ The ‘Nam para a Marvel Comics entre dezembro de 1986 e setembro de 1993. este título foi publicado no Brasil pela editora Abril Jovem sob o título O Conflito do Vietnã[1].e cada volume tinha três histórias. e, no volume 8 da mesma, publicado originalmente em julho de 1986 – e, no Brasil, em abril de 1989 –, tinha a história Rato do Túnel, desenhada por Michael Golden. já na história anterior, No Subterrâneo[2], nós é apresentado o sargento Frank Verzyl, que trampara como “rato de túnel”.
“que porra é um ‘rato de túnel’?”
os vietcongues faziam muitos tuneis subterrâneos, que utilizavam para transporte de tropas e suprimentos e as tropas estadunidenses tinham “corajosos” (que o resto da tropa considerava como completamente malucos) que adentravam este buracos para limpá-los e, assim, garantir a segurança dos ianques. e o Verzyl, em uma operação de rotina, cai numa armadilha deixada pelos vietcongues: uma dispensa LOTADA de RATOS famintos. o cara surta violentamente com a situação, desembesta de lá hellucinado mete dois balaços no sargento de primeira classe que o ordena voltar lá e é levado amarrado em um avião para ser julgado pela corte marcial do exército estadunidense. sim, completamente louco.

CENA DOIS 
2007. junho de 2007. como eu disse por aqui, eu ‘tava em Parauapebas trabalhando pra uma empreiteira terceirizada da Vale. ai conseguir ter a oportunidade de ver/visitar umas minas de extração de minérios e conheci uns malucos que explosivos nos fundos das minas pra poder escavar mais ainda e tirar mais porra de minérios. ‘tava escrito nas testas desses caralhos “COMPLETAMENTE PIRADO PRA CARALHO”, o que não era de se admirar, considerando o trabalho, visto que passavam até mesmo uma FUCKING SEMANA INTEIRA no subsolo metendo explosivos pra deixar buracos absurdamente assustadores na pele de Gaia cada vez mais absurdamente assustadores. não suficiente, tinha doido que morava dentro do buraco ou mesmo nos caminhos dos caminhões pra pegar minério e mais absurdamente assustador era que OS CARAS CONSEGUIAM LEVAR MULHER PRA LÁ. era dos assuntos que todo mundo, TODO MUNDO, sabia mas ninguém comentava por motivos óbvios.
e, sim, a essa época, eu já tinha lido Conflito do Vietnã.

ai por que as duas “cenas”?  pra falar de Lunar, filme de 2009, primeiro filme de Duncan Jones (que dirigiu o nada menos que MAGNÍFICO Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos, de 2016), que o escreveu em conjunto com o Nathan Parker, primeiro filme escrito por ele. tudo pra dar errado, né?
NÃO MESMO 
tal qual Operação Avalanche – que também vou comentar aqui –, descobri Lunar em uma lista de melhores filmes de ficção científica espacial quando deveria estar escrevendo artigo pra disciplina do mestrado. fiquei interessado pela premissa e “foda-se, vou baixar pra ver?”.
Operação Avalanche
, de 2016, escrito e dirigido por Matt Johnson

Lunar é uma ficção científica onde Sam ring my Bell (Sam Rockwell[3]), funcionário da transnacional que nomeia o filme[4] e que extrai minérios do satélite natural da Terra, visto que os daqui da Terrinha praticamente estão levando o caralho, uma parada praticamente totalmente automatizada. mas ai que tem ter um fuckin humano na jogada, não? sim, justamente nosso abiguinhu Sam Bell é o escolhido pra ser colocado n’olho do furacão. para lhe fazer “companhia”, há o autômato Gerty, que mais serve como babá do que qualquer outra coisa ou uma companhia propriamente dita. 
quando eu vi o nome do Kevin Spacey[5] nos créditos do filme, me perguntei onde porra ‘tava a porra do Roger Kint no filme. é não é que o Kint ‘tá dublando a porra do Gerty coisa de loco HAHAHAHA[6]
são noventa minutos de filme onde a fotografia, cenografia e figurino são limpos a ponto de irritar e se tu não gostas de filme lento, NÃO ASSISTA LUNAR. são noventa minutos de filme que o tempo parece não passar e a trilha sonora não melhora as coisas, ainda mais se fores hiperativo e seres fuckin ansioso[7]. “ain, Quilômetros, mas tem filme mais lento e angustiante que Lunar?” tem o austro-alemão A Fita Branca, escrito e dirigido por Michael Haneke[8], do mesmo ano que Lunar, inclusive[9]. se fores hiperativo e seres fuckin ansioso, NÃO ASSISTA A FITA BRANCA.
então que, se conseguires passar da primeira meia hora de filme, verás que o Bell começa a ter a impressão de que não está sozinho lá, de que há outra pessoa lá com ele e isso também angustia pra caralho (ess)a situação. é o pior que não é coisa da cabeça dele, tem outra pessoa lá com ele mesmo. É OUTRO SAM BELL que TAMBÉM ACREDITAVA ESTAR SOZINHO NA ESTAÇÃO. sim, é NESSE momento que teu cérebro explode com a situação, ainda mais que nenhum dos dois está louco (só paranoico mesmo, que já é um pé pra ficar loco oco oco) e descobrem que “Sam Bell” é um nome genérico pra um clone que trabalha na estação há tanto tempo que não questiona seu trabalho e quando vai voltar pra Terra, porque sabe que vai voltar. não sabe quando, mas vai.
visto que tem uma cauraulhada de clones armazenados em uma parte isolada da estação para atenderem à Moon até quando tiver matéria-prima pra ser lavrada e que sua “vida ‘terrestre’” não passa de uma mentira caralhesca, Sam decide fazer o impensável: ir à Terra confrontar os chefes da Moon.

e então que agora perguntar-se-ás que porra tem a ver o filme com as duas histórias que contei no começo do post. a narrativa per specificare do Murray é pra mostrar como o cara pode ser/ficar completamente pinel se trabalhar sob condições escabrosas de trabalho (isso se já não for antes de exercer a atividade[10] em questão). e que o caso da mineração predatória[11] vem ferrando o mundo lindamente, a ponto de já ter n ideias e tecnologias de lavrar aerolitos meteoros[12] e até mesmo outros planetas tem outros filmes e obras que tratam disso. todavia, Lunar é do caralho justamente por pegar esses dois tempos, do quanto o cara fica fudido alienado do trabalho em decorrência das condições escrotas do mesmo (mesmo que não pareçam escrotas) e do quão precisamos rever urgentemente nossas politicas energéticas e consumistas, visto que são diretamente proporcionais e interligadas e isso afeta diretamente o sistema ecológico planetário e como nele estamos inseridos. fora que também há a crítica do quão somos substituíveis no mercado do trabalho e quem controla o jogo de fato está pouco se fudendo pra mão-de-obra, isso inclusive a nível de saúde mental. TALVEZ PRINCIPALMENTE a nível de saúde mental, vai saber. o caso de “dependendo de sua origem, você não é um, e sim mais um. e, somadas as outras discussões que apresentei aqui, faça Lunar ser relevante.
assista Lunar.





[1] infelizmente nem todos os volumes foram publicados por aqui, o que já era meio que costume das editoras nacionais no período.
[2] nome do volume em questão, a propósito. 
[3] vencedor do Oscar de ator coadjuvante por Três Anúncios Para Um Crime, de 2017, escrito, produzido e dirigido por Martin McDonagh (vencedor do Oscar de curta-metragem em 2005 por Six Shooter). pelo mesmo filme, Frances McDormand recebeu sua segunda estatueta na premiação, sendo a primeira por Fargo, de 1997, dos irmãos Coen.  
[4] no original, Moon.
[5] se tu pensas que vou dizer quem é o Kevin Spacey aqui, certamente tu comeste merda.
[6] não tanto se considerar que ele já tinha trampado n’animação Vida de Inseto, de 1998, dirigido por John Lasseter e escrito por Andrew Stanton, Donald McEnery e Bob Shaw.
[7] tal qual este que vos fala.
[8] ele dirigiu e escreveu Amor, vencedor do Oscar de filme estrangeiro de 2013. mas podem ter certeza que não vou me dar o trabalho, nem que seja mínimo, de procurar pra ver. 
[9] ver notas 1 e 7 da postagem anterior.
[10] A Atividade é uma HQ da Image muito foda, recomendo.
[11] ‘tá, sim, eu sei que não existe mineração NÃO-predatória, vocês entenderam.
[12] a HQ Pariah, comentada nesse post aqui, tem uma passagem que trata exatamente disso.










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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

AMIZADE DESFEITA - análise e crítica do filme

ouvindo: Anti-Nowhere League, We Are…The League, de 1982

como atualmente tenho menos espaço na partição C: do HD que memória RAM e tenho uma pasta de quase 26 Gb de filme guardado na partição D: do mesmo armazenador a fins de só pra comentar aqui e depois deletar, esse resto de mês e parte de novembro vou fazer uma maratona de “análises e críticas de filmes” pra ir liberando espaço no D: e mandando coisa do C: pra lá. e vamos começar com um dos filmes mais locos que vi em 2018, chamado Amizade Desfeita, do ano de 2014. 
Amizade Desfeita
, de 2014, dirigido por Levan “Leo” Gabriadze e escrito por Nelson Greaves
Amizade Desfeita é uma produção russo-estadunidense dirigida por russo Levan “Leo” Gabriadze e escrito por Nelson Greaves (24 Horas: O Legado), que também produz o filme, em conjunto com Timur Bekmambetov (O Procurado, Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, Guardiões da Noite, Guardiões do Dia)[1] e Jason Blum (Whiplash, Corra!, Atividade Paranormal), para a estadunidense Blumhouse Productions e para a russa Bazelevs Films, sendo que foi distribuído internacionalmente pela Universal. 
assistindo Amizade Desfeita dá pra entender porque, mesmo custando “só” um milhão de doletas, arrecadou cerca de 64k5 doletas no mundo todo – ou seja, mais do que se pagando, visto que um filme deve render, no mínimo, o triplo do seu valor total de custo para ser considerado. e Amizade Desfeita quebrou a banca, tal qual A Bruxa de Blair da vida, o primeiro. tal qual A Bruxa de Blair, Amizade Desfeita também tem continuação
Amizade Desfeita 2: Dark Web
, de 2018, escrito e dirigido por Stephen Susco
A Bruxa de Blair
, de 1999, escrito e dirigido por Daniel Myrick e Eduardo Sánchez
e olha que o primeiro A Bruxa de Blair mergulhou num mar de tubarões que foi o ano de 1999. só pra lembrar rapidinho o que foi 1999[2] no cinema pra quem esteve lá e pra apresentar pra quem não esteve:
Matrix, escrito e dirigido por Lana Wachowski e Lilly Wachowski
South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes, dirigido por Trey Parker e escrito por ele, em conjunto com Matt Stone e Pam Brady
O Gigante de Ferro, dirigido por Phillip Bradley Brad Bird[3] e escrito por Tim McCanlies, sobre o romance The Iron Man: A Children's Story in Five Nights, de 1968, do escritor inglês Edward James Ted Hughes (1930-1998)[4]
Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma, escrito e dirigido por George Lucas
13º Guerreiro, dirigido por John SE NÃO CONHECE ELE, RAPA DAQUI AGORA McTiernan e escrito por William Wisher, Jr. e Warren Lewis, sobre o romance Comedores de Mortos, de 1976, do estadunidense Michael Crichton (1942-2008)
10 Coisas que Eu Odeio em Você, dirigido por Gil Junger e escrito por Karen McCullah Lutz e Kirsten Smith
O Homem Bicentenário, dirigido por Chris Columbus[5] e escrito por Nicholas Kazan, sobre o conto homônimo, de 1976, e do romance O Homem Positrônico, de 1993, ambos do escritor e cientista russo-estadunidense Isaac Asimov (1920-1992)
Quero Ser John Malkovich, dirigido por Spike Jonze e escrito por Charlie Kaufman
O Sexto Sentido, escrito e dirigido pelo M. Night Shyamalan
Godzilla 2000, dirigido por Takao Okawara e escrito por Hiroshi Kashiwabara e Wataru Mimura
À Espera de um Milagre, escrito e dirigido pelo Frank Darabont, sobre o livro homônimo do Stephen King
Clube da Luta, dirigido por David Fincher e escrito por Jim Uhls, sobre o livro homônimo de Chuck Palahniuk
A Múmia, escrito e dirigido por Stephen Sommers
Detroit Rock City, dirigido por Adam Rifkin e escrito por Carl V. Dupré
American Pie - A Primeira Vez é Inesquecível, dirigido por Paul e Chris Weitz, escrito por Adam Herz
Buena Vista Social Club, escrito e dirigido por Wim Wenders
Beleza Americana, dirigido por Sam Mendes e escrito por Alan Ball

voltando à Amizade Desfeita. é preciso situar que o filme fez esse sucesso ABruxadeBlairiano em decorrência de sua história, visto que o filme é praticamente “passado” na internet e 2014. a tríade não, não a do WoD Facebook-Twitter-Instagram ‘tava cuns caralhos e o WhatsApp também ‘tava com tudo e tinha acabado de chegar ao Brasil com a nova tecnologia de telefonia celular não lembro qual era e não vou pesquisar, foda-se. e tinha o Skype[6] também, né? tem que falar do Skype, porque ele é a ambientação principal da narrativa aqui comentada. 
após alguém não identificado upar na internet um vídeo da estudante secundarista Laura Barns (Heather Sossaman) mutcho mutcho loca em uma festa, desmaiada e se cagando. como se as coisas não pudessem piorar – mas elas sempre pioram –, o vídeo viraliza e ela passa a ser motivo de chacota da escola. não aguentando a pressão, Laura mete uma bala na cabeça.
EXATAMENTE UM ANO APÓS O SUICÍDIO DE LAURA, estão em uma conferência de Skype Blaire Lily (Shelley Hennig) – a então “melhor amiga de infância” de Laura –, Mitch (Moses Storm) – namorado de Lily –, Jess (Renee Olstead), Ken Masters (Jacob Wysocki), Adam Warlock (Will Peltz) e um usuário desconhecido conhecido como “billie227”. toda vez eles querem se livrar do “indesejado” mas sempre sem sucesso, até Blaire conferir a quem pertence à conta – para surpresa geral, a conta era de Laura. após situações meio que absurdas e ser revelado que cada um dos participantes tem algum tipo de vínculo com Laura, todos passam a ser mortos – acredita-se que por seu espírito, que viera para dar aquela forra do povo que fez bullying dela. eu, particularmente, acredito que é a Laura mesmo que veio tocar o foda-se no negócio.
‘TÁ CERTO 
eu vejo Amizade Desfeita sob três perspectivas. a primeira é quanto ao fenômeno social bullying. “ain, se ela não tivesse bebido tanto, isso não teria acontecido”. FODA-SE, MEU IRMÃO, a mina chapou? chapou. mas não era nada pra filmar e muito menos upar na rede. a regra é clara: ACONTECEU NA FESTA, FICA NA FESTA. eu já sofri bullying pra caralho, eu já fiz bullying pra caralho, ninguém precisa me dizer o quanto o ensino médio é escroto quanto a isso. não conheci ninguém que se matou em decorrência de bullying, mas conhecer gente que conheceu não melhora as coisas. dizem que o Brasil tem potencial pra ser um EUA da vida ia ser legal pela expectativa de vida, não pelas taxas de suicídio entre jovens, que é praticamente o dobro do Brasil e, consequentemente, maior que qualquer outro país do G8 e da própria América Latina.
a minha segunda perspectiva quant’à obra remete e ainda’bre um link a terceira perspectiva. em algum dos seus vídeos do seu canal do YouTube o filósofo brasileiro Henry Alfred Bugalho disse que obras artísticas são necessariamente obras de seus tempos, produzidas sob problemas dos tempos, visando tratar com pessoas de seus tempos, podendo ou não utilizar ferramentas e metodologias de produção dos tempos nos quais foram produzidas. Amizade Desfeita é uma obra do nosso tempo falando pra gente do nosso tempo de problemas do nosso tempo, se valendo da atemporal roda de amigos pra falar merdas sobre tudo e principalmente sobre o que todo mundo fala quando ninguém está escutando – neste caso, Laura – e se valendo de duas ferramentas de nosso tempo. como dito, o Skype. como dito, a internet.
a minha terceira perspectiva parte do como Skype ambientação principal da narrativa um dos filmes mais icônicos do Alfred Hitcock é Festim Diabólico, de 1948, que, em suma, se passa em somente um cenário.
Festim Diabólico
, dirigido por Alfred Hitcock (1899-1980) e escrito por Arthur Laurents (1917-2011), sobre a obra Rope’s End, de 1929, do teatrólogo e escritor britânico Anthony Walter Patrick Hamilton (1904-1962)

Amizade Desfeita se passa em um cenário particionado em cenários, em cenários que fabricam um cenário. não é integralmente em plano sequência como o texto hitcockiano, óbvio, além de não ter um trabalho de fotografia e iluminação, sendo esta última a das câmeras dos notebooks e dos lugares pelos quais os personagens e coadjuvantes transitam, dando um senhor ar de credibilidade ao que o Greaves e o Gabriadze, creio, devem ter proposto ao desenvolver a obra. esta, inclusive[7], também não tem trilha sonora, sendo todo o som ambiente – tal qual o primeiro parâmetro (A Bruxa de Blair) –, que deve ter facilitado pra caralho a vida do pessoal da mixagem de som e da edição de som, por não terem tanto som pra trabalhar em cima.
a edição é um caso à parte justamente pelo caso do “cenário particionado em cenários, cenários fabricando um cenário”, é um jogo muito interessante de se acompanhar, tem umas jogadas de câmera muito boa, que o som vai acompanhando tudo e parece que estamos na conversa devido à limpeza de som enviado e recebido. essa limpeza de som também chega a incomodar quando rolam os gritos e chiados e barulhos intensos. não duvido que tenha sido verdadeiramente intencional. e deu muito certo.
meu problema com Amizade Desfeita é: ser muito longo. fosse uma hora, NO MÁXIMO, ‘tava de excelente duração. ESTOURANDO, uns setenta minutos. ‘tá. sim. tem o caso da exigência do cinema de ter cerca de uma hora e meia, no mínimo. mas, pra mim, não funcionou com todo esse tempo, ficou cansativo, a ideia meio que se perdeu. eu não sei se o Levan Gabriadze e o Nelson Greaves tinham a pretensão de “revolucionar” o cinema de horror e o caralho. mas certamente eles deram uma senhora contribuição inquestionável ao gênero com o texto. este tem os poréns de comparação com Festim Diabólico? tem, mas tem seus méritos próprios que cobrem estes poréns. Amizade Desfeita tem os poréns de comparação com A Bruxa de Blair? tem, mas tem seus méritos próprios que cobrem estes poréns, ainda mais tendo em vista a diferença de propósitos e qualidade do refinamento dos produtos finais. mesmo porque comparar a qualidade de vídeo de uma câmera de mão da primeira metade da década de 1990 com uma câmera de notebook da primeira metade da década de 2010 é justo pra caralho, né? (dependendo do notebook, a qualidade de vídeo da câmera é a mesma de uma câmera de mão da primeira metade da década de 1990 mesmo).
no mais, creio que um texto realmente aproximado a poder comparar Amizade Desfeita é o Pulse/Kairos, mas isso vou tratar em outro post[8], inclusive[9].
Kairo
, de 2001, dirigido e escrito por Kiyoshi Kurosawa
Pulse
, de 2006, dirigido por Jim Sonzero e escrito por Wes Craven e Ray Wright, com base em [ver filme abaixo]

e, oh, no decorrer do filme, se acaba-se descobrindo quem upou o vídeo da Laura.

assista Amizade Desfeita.





[1] ele também produziu o Ben-Hur de 2016, mas se faça o favor de ignorar sua existência.
[2] sim, agora tu cantas a música homônima do Capital Inicial.
[3] eu falo de uma das primeiras animações que o Brad Bird trabalha, The Plague Dogs, nesse post aqui
[4] eu apresentei um trabalho sobre esse longa na época da minha graduação, falo dele AQUI! 
[5] vale o mesmo comentário do John McTiernan.
[6] dispensa apresentações.
[7] caralho que “inclusive” se tornou meu novo marcador linguístico HAHAHAHAHA.
[8] ‘tá quase pronto até, só falta ajeitar um detalhe aqui e ali e subir.
[9] olha ai de novo o marcador.










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sábado, 17 de outubro de 2020

DEAD FISH – LADO BETS – 2020 – O CENTÉSIMO POST DO ANO

ouvindo: X, Under the Big Black Sun, de 1982

centésimo post do ano, né?
os últimos anos que rolaram mais de cem posts foram 2016 e 2011, respectivamente. quase períodos olímpicos, né? RÁ RÁ RÁ era pra centésima postagem ter rolado em julho se eu não fosse tão procrastinador quanto ao blog, mas foda-se, ele não é mais tão prioridade, visto que já rolou até canal do YouTube (toda vez é pra eu tirar essa porra do ar mas sempre esqueço porque considero aqui mais versátil de trabalhar e sou um bosta pra editar vídeo e porque escrevo melhor do que falo). eu poderia, inclusive, falar de qualquer outro assunto – tem duas HQs e um filme na fita pra comentar, inclusive –, mas como descobri que o DF lançou um álbum de “inéditas” chamado Lado Bets, aind’ess’emestre, fiquei “foda-se, warum fuckin nicht? vamos lá”. vamos lá? vamos lá.
DEAD FISH
LADO BETS
2020
DÉCIMO ANDAR
:: de uma programa de vinhetas da MTV Brasil de 2005 ::<
Vislumbrar um caos
Tão ordenados aqui
Janelas acesas e postes de alguém, não sentir
Saudades da onde vier
Outro episodio sobre essa vida real
Que não vai cristalizar
Não se pode valorar em uma figura para trace-consumir(trace consumirrrrr)
Sem esperar
As ruas da cidade
Hoje não vai chover
Hoje não vai chover
Fogo a ultrapassar, paciência esperar
Chegarem.

ROUBANDO COMIDA
>:: bonus track do álbum Vitória, de 2015 ::<
Ele é limpinho
Toma banho e penteia o cabelinho
Faz a barba e toma iogurte
Paga seus impostos em dia
Fala baixo e respeita o vizinho
Respeita a polícia militar
Diz trabalhar feito um camelo e odiar os nordestinos

Nada melhor!
Um cidadão de bem!
Entende seus direitos!
Pensando mais além!

Sempre pronto pra dar um conselho
Vê um bom sujeito no espelho
Se relaciona com as pessoas certas
Sempre, as mais espertas

Se diverte na festa
Murcha uma de testa
Acredita em violar
o estado sempre em seu proveito
Acredita na família e na igreja
Uma cidade limpa é o que deseja
Sem crianças pretas na sarjeta
Apóia grupos de extermínio

Nada melhor!
Um cidadão de bem!
Entende seus direitos!
Pensando mais além!

Mas o salário não dava
Vivia além do que podia
Comprando tudo o que via veio a carestia
Achava entender economia
A dívida crescendo e a insatisfação
Um homem bom com crédito
foi preso roubando comida

Nada melhor! (Roubando comida)
Um cidadão de bem! (Roubando comida)
Entende seus direitos! (Roubando comida)
Pensando mais além!

DÊEM NOMES AOS BOIS
>:: presente no EP Dead Fish e Zander - Split Vinil 7”, de 2013 ::<
O que é mais conveniente, que amnésia coletiva?
Não saber porque se morre, nem porque se mata

Não queremos esquecer, se não há lembrança
Existe um sentimento de algo injusto no ar
O argumento não convence
mostrem suas mãos sujas de sangue
O que não vem ao caso

Esconder, perpetuar!

Temos o direito à verdade
Pingos nos i's, um passo à frente
Deem nome aos bois
Ordem e progresso por memória

Ampla e restrita para quem?
Para velhos em seus pijamas
E suas gordas pensões
Onde fica o desespero
De quem ainda procura
Abra os seus arquivos
Covardes militares!
Assassinos, coronéis!

Temos o direito à verdade
Pingos nos i's, um passo à frente
Deem nome aos bois
Reconstruir nossa memória

Reconstruir, nossa memória
Reconstruir, nossa memória!

O OUTRO DO OUTRO
>:: bonus track do álbum Ponto Cego, de 2019 ::<
Sem janelas, só espelhos
A boa vida no apertamento
Proteção que aliena a quem convém

Sufocando em segurança
Retorcendo e distorcendo a razão
Interesses que não servem mais ninguém

Cresce o muro, cresce a grade
Cresce o ego, insustentavelmente
Cresce o medo, o ódio e o desdém

Ganhar mudando as leis
Viver sem competir
Desaprender a enxergar e a sentir

O ponto cego desumaniza o outro
Nega e anula o outro, e o outro
Do outro, do outro

Amor devido é amor não pago
Dentro de uma escala de valor
A prudência que é capaz de anular

Aplaudido pelo ego
O reforço opositivo para si
Dividir a dívida pra se isentar
Responsabilizar, acusar, repreender
Aqueles que não poderão se defender

Cativeiro privativo
Alto custo de manutenção
Esperando a chegada do passado
Fragilidade extrema
Revivendo a confrontação
Resignado ao quadrado

Autoajuda, gasolina
Nos limites entre contas e quinas
Pobres cachorros prontos pra se adaptar
Na caverna o que vê é só o que há
Receita fabricada para confundir
O outro, do outro, do outro

MODERN MAN
>:: áudio da banda tocando no programa Fanático MTV, em 2006 ::<
>:: cover do Bad Religion, escrito para o álbum Against the Grain, de 1990 ::<
I've got nothing to say,
I've got nothing to do.
All of my neurons are functioning smoothly
Yet still I'm a cyborg just like you.

I am one big myoma that thinks:
My planet supports only me,
I've got this one big problem: Will I live forever?
I've got just a short time to see.

Modern man, evolutionary betrayer,
Modern man, ecosystem destroyer.
Modern man, destroy yourself in shame,
Modern man, pathetic example of earth's organic heritage.

When I look back and think,
When I ponder and ask "why?",
I see my ancestors spend with careless abandon,
Assuming eternal supply.

Modern man, evolutionary betrayer,
Modern man, ecosystem destroyer.
Modern man, destroy yourself in shame,
Modern man, pathetic example of earth's organic heritage.

Just a sample of carbon-based wastage,
Just a fucking tragic epic of you and I.

MICHEL OGHATA
>:: presente no compacto Michel Oghata / Múmia, de 16 de setembro de 2016 ::<
Foi avisado lá não era um bom lugar,
O príncipe ordenou não ser tão curioso, aquilo podia matar.
Não precisava entender, o que chamam civilização.

Partiu com um sorriso na face
Sem dar ouvidos lá se foi.
Qualquer dia, qualquer lugar,
Precisava provar

Michel Ohgata vai pra cidade aprender
Vivenciar o belo ver o seu superior
Tratado como diferente se assustou
Raça forte
Passeou a morte.

A lei para os indesejáveis,
Louros ao vencedor.
Se arrependeu em estar ali, quis fugir
Um preço alto demais a pagar.
Não precisa mais do que já sabe.
Eles não confiam em ninguém
Não respeitam o sol,
Não agradecem, à lua.

Michel Ohgata deixa a cidade se entender.
Por que complicam tanto?Por que não deixam viver?
Não entendia a sorte não sabia o que era fé
Não se encaixava em um destino.

Quem precisa ensinar?
Quem precisa aprender?

A RECOMPENSA
>:: bonus track do álbum Um Homem Só, da própria banda, de 2006 ::<
Passou muito além do seu destino
Perdeu mais tempo sem nada pra fazer
Todas as coisas fúteis que ela nunca fez
Se olhando no espelho, rindo de si mesma

É tarde pra definir
Se tudo foi bom ou ruim
Se nada te fez ver
Não se preocupe mais

Seja feliz como nunca se permitiu
Agora já não há tempo pra lamentar

Sentiu falta de se dedicar
(A algo ou alguém)
Pela primeira vez teve a vida em suas mãos

Ninguém vai sentir ou ver por você
A recompensa não virá
Mas isso não importa

Tudo vai terminar
Sobre os escombros a sorrir
No meio da multidão
Cantando alto a canção

MÚMIA
>:: presente no compacto Michel Oghata / Múmia, de 16 de setembro de 2016 ::<
Tratar as pessoas como se tivessem dito o que fazer
O mal que fez a si mesmo, sempre rogado desejando
Por mais silêncio que pudesse haver
Não era só por mim

Suportar as tarjas, censuras e escolhas
Em tudo há consequência
Tente aceitar a sua...
Assuma o que é teu

Para outros todo mal
Como é fácil apontar
Este é o seu melhor
Tudo que pode demonstrar
Eu sei nunca vai ouvir
Que Deus é esse o seu?
Que reza só pra si!

Suportar as tarjas, censuras e escolhas
Em tudo há consequência
Tente aceitar a tua...
Assuma o que é teu

Ainda bem que insisti em esperar o pior
E ver em copos vazios uma escolha melhor
Não exercer o poder, vindo de ideias tão burras
E aceitar que você podia ser muito mais
Talvez tenha sido cego
Mas continuei por paixão
Se o dinheiro não veio, e ninguém pode pagar
Não precisava ter feito, o que fez!

Tente outra vez
(Ou esqueça pra sempre)
Tornar melhor
(Você acha que pode)
Tente outra vez
(Outra oportunidade)

SEM REMÉDIO
>:: deveria ter entrado no álbum Um Homem Só, 2006 ::<
Não perca tempo, a máquina não vai parar
Nem esperar por você ou por ninguém
Não se distraia, mantenha o passo, siga o fluxo
Cumpra a meta e não esqueça de sorrir

Com orgulho ou desprezo
A vaga é sua até não ser mais
Tão fácil substituir

Você perdeu espaço e valor
O mundo do trabalho é sem remédio
Peça obsoleta, encaixes desgastados
Todos sabiam esse dia iria chegar

Quando o cansaço torna difícil suportar
O custo é alto mas não há pra onde correr
Se recomponha, tome um remédio pra acelerar
Um relaxante e oito gotas pra concentração

Sinta fluir
Você é parte da engrenagem
Sinta apertar e explodir
Você perdeu espaço e valor
O colapso do indivíduo é sem remédio
Peça obsoleta, encaixes desgastados
A máquina não vai te esperar

Mantenha o passo, sempre sorrindo
Com ordem e progresso
Mantenha o passo, siga o fluxo
Até morrer

A doença ingerida diariamente
O vazio que não dá pra preencher
Com anúncios ou mentiras ou remédios
O sofrimento que mata sem perceber
Sinta fluir, você é parte

MANIAC NONLINEAR
>:: gravada no período de gravação do álbum Zero e Um, de 2004 ::< 









BIS 
ZU 
DEM 
BREAKING 
FUCKING 
NEUEN 
POST
!!!!