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YEAH, HOUSTON, WIR HABEN BÜCHER!

e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

poema sem título do domingo

[SEM TÍTULO POR ENQUANTO]

Boi Pavulagem vai trazendo o fim de tarde...
Boi Pavulagem vai levando embora a tarde embora...
Boi Pavulagem vai trazendo a noite...
Boi Pavulagem vai levando embora o sol embora...
Boi Pavulagem, leve embora...
Boi Pavulagem, leve embora...
Essa nau de lembranças e memórias.
Boi Pavulagem, sopre embora...
Boi Pavulagem, sopre embora...
Boi Pavulagem, sopre-me embora...
Boi Pavulagem, sopre-me embora...
Boi Pavulagem, sopre-A embora...
Boi Pavulagem, sopre-A embora...
Boi Pavulagem, sopre tudo embora...
Boi Pavulagem, sopre tudo embora...
Boi Pavulagem, guarde os sonhos d’Ela ...
Boi Pavulagem, guarde o sono d’Ela ...
Boi Pavulagem, que o céu em sonhos d’Ela sejam tão Vosso azul...
Boi Pavulagem, que Vossa constelação A guie na escuridão da noite...
Boi Pavulagem, atenda as preces e orações que Ela fizer antes de dormir...
Boi Pavulagem, atenda as preces e orações que Ela fizer depois de acordar...
Boi Pavulagem, atenda minhas preces e orações para que Ela se salve de Si Mesma...
Boi Pavulagem, atenda minhas preces e orações para que Ela se proteja de Si Mesma...
Boi Pavulagem, atenda minhas preces e orações para que Ela se cuide de Si Mesma...
Boi Pavulagem, (quando) atendereis minhas preces e orações para que eu me salve de mim mesmo...?
Boi Pavulagem, (quando) atendereis minhas preces e orações para que eu me proteja de mim mesmo...?
Boi Pavulagem, (quando) atendereis minhas preces e orações para que eu me cuide de mim mesmo...?
Boi Pavulagem, por que não consigo mais Vossa constelação quando a Lua se faz presente no firmamento...?
Boi Pavulagem, onde eu me perdi...?
Boi Pavulagem, onde eu perdi a fé...?
Boi Pavulagem, eu perdi a fé...?
Boi Pavulagem, eu já tive fé alguma vez...?
Boi Pavulagem, eu já tive realmente fé alguma vez...?
Boi Pavulagem, (ainda) ouvis minhas súplicas e lágrimas...?
Boi Pavulagem, já ouvistes minhas súplicas e lágrimas...?
Boi Pavulagem, acudais meus clamores e lamentos e A leve para brilhar no azul junto a Vós...!
Boi Pavulagem, acudais meus clamores e lamentos e que Ela seja uma nova constelação...!
Boi Pavulagem, se não consigo contemplar-Vos radiando no céu, como então Ela...?
Boi Pavulagem, Ela ainda relumbra aos meus olhos...?
Boi Pavulagem, Ela refulge aos meus olhos...?
Boi Pavulagem, Ela já rutilou aos meus olhos alguma vez...?
Boi Pavulagem vai trazendo o fim de tarde...
Boi Pavulagem vai levando embora a tarde embora...
Boi Pavulagem vai trazendo a noite...
Boi Pavulagem vai levando embora o sol embora...
Boi Pavulagem, leve embora...
Boi Pavulagem, leve embora...
Essa nau de lembranças e memórias.
Boi Pavulagem, sopre embora...
Boi Pavulagem, sopre embora...
Boi Pavulagem, sopre-me embora...
Boi Pavulagem, sopre-me embora...
Boi Pavulagem, sopre-A embora...
Boi Pavulagem, sopre-A embora...
Boi Pavulagem, sopre tudo embora...
Boi Pavulagem, sopre tudo embora...


:: Hospital Militar de Fortaleza, 17 de dezembro de 2017 ::

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

“Como, diante de uma criança que sofre, diante de uma criança que morre, diante da mãe dessa criança, como ousar celebrar a bondade ou a onipotência de um Deus e as maravilhas de sua criação? Crer em Deus, crer num Deus ao mesmo tempo bom e onipotente, é tolerar o intolerável! É o que chamo de covardia: aceitar o inaceitável. Violar, parece-me, o dever de compaixão, de solidariedade, para aqueles que estão no horror, com aqueles que enfrentam a atrocidade. [...] Ninguém, diante de uma criança que sofre e que morre, ninguém diante da mãe dessa criança, ousaria dizer ‘o mundo é maravilhoso’; ninguém ousaria dizer : ‘Este mundo foi criado por um Deus bom e onipotente’. Pois bem, o que não se pode dizer diante de uma criança que sofre, não se deve jamais dizer, JAMAIS, porque há sempre em algum lugar crianças que sofrem de forma atroz. Não vamos transigir com o horror!”
– André Comte-Sponville para Edmond Blattchen: “O título: Nome de Deus”. IN: “André Comte-Sponville: o alegre desespero”. Trad. Maria Leonor F. L. Loureiro. São Paulo: Editora UNESP. Belém: Universidade do Estado do Pará, 2002.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

“três poemas em um dia”

!SEM TÍTULO!

FALAR de Arte é falar de como a luz reflete em Vossa pele
De como Vossos cabelos se dispõem sobre Vossos ombros e costas
E como os arrumas com Vossos dedos e mãos.
Falar de Arte é falar como Vossos pés em sapatilhas
E como balanças as pernas enquanto sentada
E as linhas destas até Vossos quadris.
Falar de Arte é falar como Vossos olhos fixam e atentam enquanto o/a Professor/a fala
De como o ar entra por Vossas narinas enquanto sentada
De Vós em pé de lá pra cá ou de lá pra cá ou mesmo estática
[estética-estática]
E Vós despindo-Vos ou vestindo-Vos.
Falar de Arte é falar de Vós despida suada mediante movimento
Não somente A-Dupla – comungando e unificando o Universo e ao Todo –
Mas principalmente Vós-Convosco
Identificando, (Re)Conhecendo, Transitando
A Poesia, -Enquanto-Arte-Poesia e -Enquanto-Si-Mesma-Poesia,
Não se submete à nenhuma Arte
Tampouco à qualquer religião
Por ser Sua própria Religião e Divindade
E inclusive Seus princípios e meios e fins
Sendo cada verso escrito a uma Musa ímpar e pleno exercício
de Religiosidade.
-Enquanto-Arte-Poesia
e
-Enquanto-Si-Mesma-Poesia
Não se submete à nenhuma Arte
A Arte-em-Si e Arte-Independente-de-Outras-Artes
Seriam cada uma uma Religião independente e idiossincrática
E Sua Própria Religiosidade
E Ritos e Rituais
E princípios e meios e fins
Sendo que o exercer da Religião
Dá-se pelo exercer da Arte-em-Si e da Arte-Independente-de-Outras-Artes
– ou até mesmo -Multidisciplinar-A-Outras  e -Interdisciplinar-A- Outras –
Onde a Transcendência é chega
Quando a Obra enfim finda
Ou então CONTEMPLADA
pelo religioso ou pelos não-devotos-deste-Totem.
Então: onde termina de ser Arte e começa a ser Religião
Sendo simultaneamente Arte E Religião?
Onde termina a Religião e começa a ser Arte
Sendo simultaneamente Religião E Arte?
Onde e
Quando e
Como
A Mulher deixa de ser humana e passa a ser... se torna
Musa?
Poesia?
Forma Artística Perfeita e Ideal?
Musa sois a meus olhos – sejam abertos, sejam fechados
Poesia sois já pelo tanto por mim para Vós escrito
Forma Artística Perfeita e Ideal sois por Vossos tamanhos e formas e traços
Serem dentro e totalmente e além de meus padrões de
Agrado. 
Onde termina a Arte e começa a ser Religião
Sendo simultaneamente Arte E Religião?
Onde e
Quando e
Como
A Mulher deixa de ser
Mais-que-Humana
sendo
Musa
Poesia
Forma Artística Perfeita e Ideal
e passa a ser... se torna
Hierática?


:: do 1º ao 53º verso: não lembro em qual aula comecei ::
:: restantes do texto escrito em aula da disciplina História e Teologia das Religiões Afro-Brasileiras, Prof.ª Dr.ª Taíssa Tavernard de Luca ::
:: 12 de dezembro de 2017 ::




[¡sem título!]

SONHO e suspiro
Convosco despida
suada
banhando
banhada
deitada
de cabelos dispostos sobre ombros e costas.
Sonho acordado mordendo os lábios
Convosco despida
medindo com as mãos
os contornos
dos seios
do abdome
das coxas
da virilha.
Vós respirando de boca aberta enquanto o fazeis
Passando a língua nos lábios
Rangendo os dentes
Olhos semi-cerrando
abrindo
fechando
continuamente
momentaneamente.
Sonho e suspiro alto
Invejando imensuravelmente e veementemente
Ser Vossos dedos e mãos
Para então descobrir-Vos e conhecer-Vos
Novamente e continuamente;
Ser Vosso corpo, em todas texturas e contornos e segredos
Para serem
Desvendados por Vossas mãos e dedos.
Suspirar Convosco
Suspirar por Vós
Suspirar sonhando meus dedos os Vossos aos Vossos contornos
Vos despindo
despida
Vos [continuamente re]conhecer
Então poderia eu saber
Vossas linhas
Vossos números após a vírgula
Vossos vetores e ângulos de atrito
Vossas vicinais e índices de vazios
?
E como Vosso corpo como horizonte
E então amanhece e o sol se põe
E os compostos químicos e suas respectivas percentagens Vos engendram enquanto rio...?
E então suado e arfante, retorno do sonho
Por ter-Vos idealizado
Primeiro
Suada e arfante e tremendo e sem voz
Então
Rosto ao colchão, o primeiro coberto pelos cabelos
Sussurrares
quase que inaudivelmente
Ainda não estares
devidamente
plenamente
Satisfeita.


:: do 1º ao 30º verso: não lembro em qual aula os escrevi ::
:: restante do texto escrito em aula da disciplina História e Teologia das Religiões Afro-Brasileiras, Prof.ª Dr.ª Taíssa Tavernard de Luca ::
:: 12 de dezembro de 2017 ::





[¡sem título!]

É dezembro
Já deveria estar chovendo copiosamente
Diariamente.
Vossos cabelos castanhos
Já deveriam (DEVEM) estar chovendo em meu rosto
Simultaneamente minhas mãos à Vossa cintura.
Dezembro em processo
Sol escaldante em processo
Deveríamos (DEVEMOS) já juntos ser o/um Sol
E/Ou
Uma Máquina-de-Rendimento-Perfeito de
Queima constante e contínua de gordura e caloria
E produção imparável de suor.

Vamos fundar onde nossa própria Siderúrgica?

É, é dezembro!
Produziremos/Produzamos
Janeiro:
A Quatro-Mãos e
A Quatro-Pés e
A Duas-Bocas e
A Dois-Troncos? 

Verão em Mercúrio e não Belo Horizonte no Outono

Sobre e em Vosso corpo
Industrializar!
A partir de Vossas formas e medidas
A Ciência totemizar!
Tomados estes alicerces
Meu sangue e carne sacrificar!
E então

Através de Vós
Em Unificado e Unificando e Unificante a Vós
Enquanto Portal e Passagem

Ascenderei

e

Transcenderei

de somente Prosa
e
Poesia
e
Parágrafo
e
Verso

e
serei

em seus todos conceitos abertos e fechados
possíveis e impossíveis
simultaneamente e idiossincraticamente

CIÊNCIA E TECNOLOGIA


:: 1º ao 22º verso escritos em um ônibus Guajará-Ver-o-Peso ::
:: restante do texto escrito em aula da disciplina História e Teologia das Religiões Afro-Brasileiras, Prof.ª Dr.ª Taíssa Tavernard de Luca ::
:: 12 de dezembro de 2017 ::

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A CAPRICHOSIDADE DA FÊMEA POESIA - poema

A CAPRICHOSIDADE DA FÊMEA POESIA

seria pedir demais, pedir demais
tufos de Vossos cabelos espalhados
pelo chão de meu quarto?
seria pedir muito, pedir muito
um buraco na minha cama
com o formato de Vosso corpo
do tanto de estares lá deitada?
pedir demais ou pedir muito
passar dias contigo
até enjoar de Vossa cara
e então
quando estiveres longe
lamentar por não estar
dormindo abraçado contigo?
pedir muito ou pedir demais
teres uma escova de dentes
e uma toalha de banho
e sandálias de dedo
em meu quarto?
seria pedir em demasia, em demasia
saber como vestidos
e sutiã e calcinha
desmontam de Vosso corpo
deixando somente, somente
Vossos traços originais
e
iniciais?
tanto seria pedir, tanto seria
poder ver água descendo
correndo
de cima abaixo de Vosso corpo
e então
Vossos cabelos como ondas
do mar
que terminam à
beira?
poderiam minhas mãos
ser pés
dento destas ondas
finadas à praia?
poderíamos ser
espada e fiorde
estando eu na condição de
eternamente
protegido
intocável
esquecido
em Vós?


:: 29 de novembro de 2017 ::

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

SONHOS COLORIDOS COM PAPEL CREPOM - poesia

SONHOS COLORIDOS COM PAPEL CREPOM

Eu te vi dormindo de olhos abertos
Com o que sonhavas tu?
Sonhavas radiantemente com uma usina nuclear
Caindo do céu.
Sonhos coloridos, sonhos coloridos de papel crepom:
Sonhos lívidos e vividos
De completa extinção
Da espécie humana.
Uma vez sonhei com um mundo totalmente
Reciclável
Porém nem tudo se recicla
Por exemplo, algumas ideias e ideologias
E muitos sonhos e conceitos e doutrinas.
Afinal, quais serão as ideologias e doutrinas
Que nos salvarão de nós mesmos
– se é que temos alguma chance de redenção ou salvação?
Se conseguimos chegar até aqui e agora
É devido a muitos -cídios, subjugação de civilizações
Imposição de religiões e completo estupro do meio ambiente
Em todas as possíveis condições.
Sonhos atualmente são coloridos a computador, caneta piloto, caneta quatro cores e lápis de cor
Mas o mundo também já foi sonhado
Com tinas tiradas de pedras, minérios, folhas, cascos e ervas
Quando o ser humano ainda tinha plena ciência
Que era somente um personagem em uma peça
E não roteirista e diretor.

Quando
Ficamos tão arrogantes?
Como
Nos tornamos tão prepotentes?
Para onde
Foram nossa Humildade e Respeito?
Por que
Nos voltamos tanto para dentro de nós mesmos
A ponto
De nos esquecermos
De nós mesmos?

Quando – Nós – Nos – Perdemos? – Esquecemos?
Como   – Nós – Nos – Perdemos? – Esquecemos?
Onde    – Nós – Nos – Perdemos? – Esquecemos?

Quando e Como e Onde
Desaprendemos a cantar a
Canção do Mundo?

Quando e Como e Onde
Desaprendemos a pintar o Mundo com suas cores?

Quando e Como e Onde
Desaprendemos a sonhar o Mundo colorido?

sabemos as respostas de todas estas questões
Temos coragem de proferí-las em voz alta?


:: 23 de novembro de 2017 ::
:: 01º ao 26º verso escritos no Guajará Ver-o-Peso ::
:: versos restantes: Teoria e Métodos em Ciências da Religião, Prof. Dr. Manoel Ribeiro de Moraes Júnior ::

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

AS BALIZAS EPISTEMOLÓGICAS DO PROCEDIMENTO CIENTÍFICO - poema

AS BALIZAS EPISTEMOLÓGICAS DO PROCEDIMENTO CIENTÍFICO

E Vós brincando com esta caneta em mãos
Que inveja dela, quem dera fossem meus dedos.
Herr Professor  falando sobre desejar a Mulher-do-Próximo
– “Não faça com os outros o que você não quer que seja feito com você” –
Vosso marido ficaria tudo menos feliz se soubesse
Como sonho acordado Convosco sozinho e Convosco
No campo de visão.
Como NÃO sonhar Convosco Vos tendo no campo de visão?
Foge da Ética Vos querer e Vos desejar
O QUANTO Foge da Ética Vos querer e Vos desejar?
Também foge da Moral?
O que é Ética?
O que é Moral?
Como estar dentro da Ética Vos tendo no campo de visão?
Não é Vossa culpa serdes Radiantemente-Princesal que sois.
Terdes Vossos Traços
Possuíres Vossos Contornos
... e Vossa Voz...
... e Vossos Lábios...
... e Vossos Olhos...
AH!, Vossos Traços...!
AH!, Vossos Contornos...!
AH!, Vossos Olhos...!
AH!, Vossos Lábios...!
Ah!, quem dera Vossos Contornos
Olhos
e
Lábios
pudessem somente um dia para mim
  ser.
Para onde vou com meu desejo?
Para onde vou com minha vontade?
Vou ao Paraíso-somente-a-Quem-Escreve-Poema-e-Poesia
Somente com passagem de ida por ter a certeza que lerás este escrito
Enquanto discorre/trata/observa/trata/ministra.
Mas Como e Onde e Quando existirão Poema-e-Poesia
Se não existir a
Musa?
Como e Onde e Quando existirão Poema-e-Poesia
Se não existires em específico
VÓS?


:: Teorias e Métodos dos Estudos das Religiões, Prof. Dr. Donizete Rodrigues ::

:: 16 de novembro de 2017 ::

terça-feira, 14 de novembro de 2017

“The Nalu are recent converts to Islam (Silva 1956; Carreira 1961; Frazão-Moreira 2009), and a pre-Islamic cosmology exists in a syncretic form according to which supernatural beings (genies, or 'irans' as they are called in Guinea-Bissau protect people and the territory. Places where these beings live are considered sacred and, as such, they are preserved as taboo objects and ritual places. In general, natural beings, whether animals or plants, are seen as elements of the world at the same level as humans in a holistic and systemic vision of the universe. This pre-Islamic Nalu cosmology is thus another illustration of what many authors, such as Stathern (1995 [1980]) or Ingold (1996, 2000), have been arguing when they say that non-Western views cannot be adapted to a naturalist eye influenced by an anthropocentric viewpoint and the opposition between culture and nature.”
- Amelia Frazão-Moreira, “Ethnobiological research and the ethnographic challenges in the 'ecological era'”. IN: Etnográfica, outubro de 2015, 19 (3): 605-624.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

¡poema sem título!

[!sem título!]

EM uma tarde ensolarada à beira de um rio
Passares as pontas das unhas em meus dedos
Descendo de modo indiano dos cotovelos
Vossos cabelos negros esvoaçando, quase cobrindo Vosso rosto…
Como Vossos olhos brilham à luz do sol?
Vossa pele aquecida avermelhando…
Vossa mudez diante Baia do Guajará
À vista da Escadinha
Onde, próximo domingo, Batalhão das Estrelas
lançar-se-á.
Posso não estar perto
Incomodando
Importunando
Ou mesmo desejando “bom dia” e perguntando como está e se dormiste bem
Estar perto”
… a um país de distância no mesmo país…
Mas não se engane
Não estarei por perto como na música do Capital Inicial
E sim: em cada Poema e Poesia que lermos
Em cada verso que eu escrever
Toda vez que ouvires cantares Atkinsianos , Grohlianos  e Graffinianos 
E estares despindo a Vós e então
Banhar-Vos
Pois eu serei os versos a Vossos olhos
As melodias a Vossos ouvidos
E a água – seja fria, seja quente –
Em Vosso corpo.
Um dia, esvairemos deste mundo
E seremos somente
Memória e Narrativa
E um dia
Nem isso mais.
Todavia não precisamos de nós somos sussurros no tempo.
De certa maneira, faz-me sentir mal o que sinto por Vós
Faz-me Pior estarmos longe
E não saber como estás
Nem que seja superficialmente…
Somos vítimas de nossas escolhas:
Admito ter escolhido errado por me afastar…
Como um devoto vive e sonha
Sem ter sua Musa?
Mas:
Há como voltar?
Tenho ciência que pode não ser mais como antes
(¿será?)
Mas há como voltar?
Dois pés atrás, receios, limites
– Condições de Temperatura e Pressão Pré-Determinadas.
Permita-me novamente Vosso abraço
Vossa voz e boa-vontade e bem-querer
E “hummmmm’s” em bico.
Todavia
E se não puder, deixarão:
Os céus de ser azuis?
As ondas de correr pro mar?
Literatura-em-Verso de ter sentido?
Mulheres de ter cunho e Todo-Poético
– Principalmente as de Vossos vieses e contornos?
Para Vós, muitíssimo possivelmente
Quase certamente
Não.
Para mim:
inquestionavelmente.

:: Seminários de Pesquisa, Prof. Dr. Douglas Rodrigues da Conceição ::
:: 06 de junho de 2017 ::

terça-feira, 30 de maio de 2017

[poema sem título]

[!sem título!]

AH!, quem me dera, quem me dera
Passar as pontas dos dedos em Vossa barriga
E então Vos abraçar por trás
Afundando o rosto em Vossos cabelos.
Ah, Iansã[1] e Frigga[2] me permitissem
Abrir com as pontas dos indicadores e médios
Vossos punhos cerrados
E então cruzarmos os dedos
E então que tais Mães tragam Chuva
Quando nós de testas dadas
E eu procurar Vosso nariz com o meu
E Vossa boca com a minha
E então Ela à minha.
Comunguemos através de um beijo
Também simultaneamente
Em um abraço 
(a um abraço).
Repouse as palmas das mãos e queixo em meus ombros
Enquanto minhas mãos em Vossa bunda e rosto em Vossos cabelos.
Lágrimas não desatarão Vossa maquiagem
E sim Procela
(mais cedo ou mais tarde suor produzido a dois
[¿será?]
[¡TOMARA!]).
Tomara um dia
Enfim um dia
Finalmente um dia
Nós deitados, enquanto Aiê[3] se desfaz em chuva,
Eu colocando Vossos cabelos atrás de Vossas orelhas
Ver Vossos olhos, à altura dos meus, brilhando a fogo baixo,
Nossos pés se aquecendo juntos
Enquanto adormecemos abraçados
durante esse quase-escurecer.

[1] Nas religiões de matriz africana, deusa dos ventos e tempestades; filha de Iemanjá e irmã de Xangô – deus da justiça –, Ogum – deus dos metais e da guerra –, Ossaim – deus das ervas e da cura –, Omulu – deus das enfermidades – e dos Ibejis – os deuses da infância. 
[2] Segundo vários mitólogos, este nome é um dos vários utilizados para, na mitologia nórdica, designar a deusa Frigg, esposa de Óðinn.
[3] Nas religiões de matriz africana, o mundo material, onde os humanos residem, já que Orum é a morada dos deuses. O mito de sua criação tem várias versões, mas conheço somente as presentes n’As Melhores Histórias da Mitologia Africana, de A.S. Franchini e Carmem Segranfredo (Artes e Ofícios, 2009, 246 páginas) e As Senhoras Pássaros da Noite, de Carlos Eugênio Marcondes de Moura (Edusp/ Axis Mundi, 1994). 



:: Seminários de Pesquisa, Prof. Dr. Douglas Rodrigues da Conceição ::
:: 30 de maio de 2017 ::

domingo, 28 de maio de 2017

¡poema sem título!

[!sem título!]

É difícil esquecer o gosto e o cheiro de Vossa pele?
É difícil esquecer a textura e o sabor de Vossos lábios?
O que dizer de Vossos braços ao redor de meu pescoço?
O que dizer de Vossa voz melodiosa sussurrante a meus ouvidos?
Quando novamente...
Quando enfim outra vez...
Através de contato:
Vossa pele à minha tornando-se um só cheiro e gosto?
Vossos lábios aos meus tornando-se uma só textura e sabor?
Vossos braços ao redor de meu pescoço e meus braços ao redor de Vossa cintura?
Vossa voz melodiosa sussurrante a meus ouvidos?
Mesmo que as dúvidas mais pertinentes sejam
“Quando finalmente Vós despida diante meus olhos?”
E “então as pontas de meus dedos descendo de Vossas orelhas por Vosso tórax até
(Oh!, Mãe Gaea!)
os contornos de Vossas ancas e quadris?”
Suave e lírica sois a meus olhos...
Linearmente charmosa e interessante sois de meu agrado...
Agradavelmente e pertinentemente questionadora a mim insofismavelmente fascinante...
Sois a Fogueira que, então acesa, Não-Mais-Escuridão:
A-Fogueira-enquanto-Questionamento e Escuridão-enquanto-Desconhecimento
A Vontade e o Desejo em contraposto ao Medo e a Necedade.
Permita-me tocar-Vos enquanto Divindade e Totem e (então) simplesmente Humana
– mais que Humana, Divindade e Totem Mulher –
e entrar em combustão por estar Convosco e em Vossa presença
a ponto de não sobrar(mos) tampouco pó e cinzas;
Permita-me, Vós de olhos cerrados e deitada sobre meu corpo,
colocar Vossos cabelos atrás de Vossas orelhas
e ter Vossos lábios a contato direto e imaculado e tenro aos meus
e então voltarmos adormecer
somente ao som de nosso conjunto respirar.  

:: Introdução às Ciências da Religião, Prof.ª. Drª. Daniela Cordovil Vieira dos Santos ::
:: 27 de abril de 2017 ::

quarta-feira, 10 de maio de 2017

“Cada ser histórico transporta consigo uma grande parte da humanidade anterior à História. Esse é um fato que, sem dúvida, nunca foi esquecido nem mesmo nos tempos mais inclementes do positivismo: quem, melhor do que um positivista, sabia que o homem é um ‘animal’, definido e regido pelos mesmos instintos dos seus irmãos irracionais?”
– Mircea Eliade (1907-1986), “Simbolismo e Psicanálise”. IN: Imagens e Símbolos. Trad. Maria Adozinda Oliveira Soares.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

FLOR AMOROSA - poema

♪♫Flor amorosa, compassiva, sensitiva, vem porque
É uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa
Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor
Oh, dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor
Em uma taça perfumada de coral

Um beijo dar não vejo mal
É um sinal de que por ti me apaixonei

Talvez em sonhos foi que te beijei
Se tu pudesses extirpar dos lábios meus
Um beijo teu tira-o por Deus
Vê se me arrancas esse odor de resedá

Sangra-me a boca, é um favor, vem cá
Não deves mais fazer questão
Já perdi, queres mais, toma o coração
Ah, tem dó dos meus ais, perdão
Sim ou não, sim ou não
Olha que eu estou ajoelhado

A te beijar, a te oscular os pés

Sob os teus, sob os teus olhos tão cruéis
Se tu não me quiseres perdoar
Beijo algum em mais ninguém eu hei de dar
Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim

A mim, a mim
Oh, por que juras mil torturas
Mil agruras, por que juras?
Meu coração delito algum por te beijar não vê, não vê 
Só por um beijo, um gracejo, tanto pejo
Mas por quê?
– Catulo da Paixão Cearense, “Flor amorosa”.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

poemas escritos no mesmo dia para a mesma guria

[aula da manhã]

RITOS DE REPETIÇÃO (NECESSIDADE)

SABE o que eu preciso?
Preciso Vos ver acordando.
Sabe o que eu preciso?
Fazer-Vos suar como um porco-prestes-a-morrer
De tanto fuder
De tanto gozar.
Sabe o que necessito?
Vós sobre mim, Vossos pés sobre minhas coxas ou joelhos
Vossa barriga friccionando à minha
Avermelhando quase fogo.
Necessito veementemente:
Vosso emitir de sons ininteligíveis
Enquanto penetração e consequente orgasmo;
Vós de quatro em uma cama
Para eu me apoiar nos pés enquanto Vos penetro
E as mãos presas à Vossa cintura
“Até onde alcanço?”
“Será que chego/alcanço Vosso útero?”;
Simultaneamente/Inclusive
Amarrar Vossos cabelos com uma mão
Durante penetração
A fins de saber (até) onde Vosso pescoço verga
Facilitando/Dificultando
Vosso cantar de Renovar-(d)o-Mundo.
E, creio eu,
Vejo eu,
Que a Mulher e o Homem enquanto Um
São (como) um Ritual de Honra aos Deuses de Renascimento e Vida e Criação
Comunhão ao Universo e à Criação
Enquanto Si mesmos.
Sabe o que eu preciso?
Sabe o que necessito?
Dormir em Vossos braços eternamente
Tendo a insofismável certeza
De ter sempre de Vossos melhores beijos e sorrisos
Toda vez que acordar. 

:: Introdução às Ciências da Religião, Prof.ª. Dr.ª. Daniela Cordovil Silva Correa ::

#################################

[aula da tarde]

A DISSIMETRIA QUALITATIVA

SEI que já falei em outro(s) poema(s)
Que desejo estar eternamente em Vossos braços
As mãos em Vossa bunda
Enquanto Vossas mãos e queixo em meus ombros
Enquanto chove.
Poderia ser, poderia ser
Durante chuva torrencial e frio de inverno Alemão
Ou Siberiano-Fronteiriço-à-China
Ou Groenlandês
No litoral Russo que seja possível ver o Japão.
Ou em uma praia, qualquer praia
Mas que não faça sol
Vossa pele reflete a luz do sol e/ou das estrelas
Quando estás despida?
Ah, vontade…
Vontade!
Vontade de sentir Vossa respiração antes de beijares testa e nariz
Sentir o apertar no corpo de Vossas unhas e Vossos dentes
Enquanto serdes por mim internamente aberta no momento de Vos penetrar.
Expirarás pela boca ou pelo nariz
(enquanto boca fechada)
Neste momento?
Em-Verde-Queimarás-meus-olhos?
(ou não).
Juntos partiremos este Mundo MundoS!
Seremos Terremotos e Maremotos e Furações e Infestações!
Através da destruição deste Mundo como hoje é conhecido
Reunificaremos o material com o espiritual!
E então, por fim, eu Vosso leito e repouso:
Vossos seios e barriga às minhas costas
Virilha e cintura e ancas aos meus quadris
Lábios e narinas à minha nuca e pescoço e ombros.
Inquestionavelmente com todo e existente grado atlasiano
Suportar-Vos-ei.
Com a Força e Vontade concedidas mediante orações e danças e cantorias e oferendas a todas às divindades totêmicas
Carregar-Vos-ei
E incessantemente
Amar-Vos-ei
Até não haver mais Mundo e Mundos
Até que não haja mais nada além de 
Amor. 

:: Linguagens da Religião, Prof.ª. Dr.ª. Maria Roseli Sousa Santos ::

“Nossas lâminas se encontraram com um estrondo que ecoou pela floresta, e quase o matei no primeiro golpe. Foi mais por sorte que ele deteve parcialmente minha estocada feroz, e a ponta de minha espada lhe atravessou toda a pele da mandíbula, de modo que o sangue lhe jorrou na parte da armadura que lhe protegia o pescoço. Ele gritou feito um cão louco, mas o ferimento lhe deu juízo e o fez perceber que não estava diante de uma brincadeira de criança.
Ele brandiu sua lâmina com toda a força e habilidade, e não o achei um espadachim médio. Bom para mim, que havia aprendido a arte pela melhor lâmina da França, pois este patife de barba negra era forte, habilidoso, e cheio de truques sujos e subterfúgios assassinos, através dos quais eu soube que ele não era um homem honesto, mas um sicário, um daqueles matadores pagos que vendem suas espadas a qualquer um que possa lhes pagar o salário.
Mas eu não era inocente naquele jogo, e minha rapidez de olhos, mãos e pés era tal, que nenhum homem poderia igualar. Falhando em todos os truques e estratégias, o barba-negra tentou me derrubar com pura força bruta, despejando golpes trovejantes sobre minha guarda com toda a sua força. Mas isto não lhe foi de melhor serventia, porque, apesar de eu ser mulher, meu corpo era como se fosse de molas de aço e ossos de baleia, e tinha a arte de desviar seus golpes antes que eles fossem bem começados e, deste modo, evitar sua fúria total. Dentro em pouco, sua respiração começou a assobiar através de seus dentes expostos, a espuma começou a se misturar com o sangue em sua barba, e sua barriga a ofegar sob sua couraça.”
– Robert Ervin Howard, “Espadas para a França”. IN: A Espadachim e outras Aventuras Históricas. Trad. Fernando Nesser de Aragão.
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sábado, 29 de abril de 2017

“Além disso, a serpente representa a função primária da vida, sobretudo comer. A vida consiste em comer outras criaturas. Você não pensa muito a respeito quando faz uma boa refeição, mas o que está fazendo é comer algo que há pouco estava vivo. E quando você olha para a bela natureza e vê os passarinhos saltitando daqui para ali... eles estão comendo coisas. Você vê as vacas pastando, elas estão comendo coisas. A serpente é um canal alimentar que se move, isso é tudo. Ela lhe dá aquela sensação primária de espanto, da vida em sua condição mais primitiva. Não há absolutamente o que discutir com esse animal. A vida vive de matar e comer a si mesma, rejeitando a morte e renascendo, como a lua.”
– Joseph Campbell para Bill Moyers, “A Jornada Interior”. IN: O Poder do Mito. Trad. Carlos Felipe Moisés.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

¡poema sem título!

[!sem título!]

É difícil esquecer o gosto e o cheiro de Vossa pele?
É difícil esquecer a textura e o sabor de Vossos lábios?
O que dizer de Vossos braços ao redor de meu pescoço?
O que dizer de Vossa voz melodiosa sussurrante a meus ouvidos?
Quando novamente...
Quando enfim outra vez...
Através de contato:
Vossa pele à minha tornando-se um só cheiro e gosto?
Vossos lábios aos meus tornando-se uma só textura e sabor?
Vossos braços ao redor de meu pescoço e meus braços ao redor de Vossa cintura?
Vossa voz melodiosa sussurrante a meus ouvidos?
Mesmo que as dúvidas mais pertinentes sejam
“Quando finalmente Vós despida diante meus olhos?”
E “então as pontas de meus dedos descendo de Vossas orelhas por Vosso tórax até
(Oh!, Mãe Gaea!)
os contornos de Vossas ancas e quadris?”
Suave e lírica sois a meus olhos...
Linearmente charmosa e interessante sois de meu agrado...
Agradavelmente e pertinentemente questionadora a mim insofismavelmente fascinante...
Sois a Fogueira que, então acesa, Não-Mais-Escuridão:
A-Fogueira-enquanto-Questionamento e Escuridão-enquanto-Desconhecimento
A Vontade e o Desejo em contraposto ao Medo e a Necedade.
Permita-me tocar-Vos enquanto Divindade e Totem e (então) simplesmente Humana
– mais que Humana, Divindade e Totem Mulher –
e entrar em combustão por estar Convosco e em Vossa presença
a ponto de não sobrar(mos) tampouco pó e cinzas;
Permita-me, Vós de olhos cerrados e deitada sobre meu corpo,
colocar Vossos cabelos atrás de Vossas orelhas
e ter Vossos lábios a contato direto e imaculado e tenro aos meus
e então voltarmos adormecer
somente ao som de nosso conjunto respirar.  

:: Introdução às Ciências da Religião, Prof.ª. Drª. Daniela Cordovil Vieira dos Santos ::
:: 27 de abril de 2017 ::

quarta-feira, 19 de abril de 2017

poema - TIARAS DE CONCHAS E FLORES E FOLHAS

TIARAS DE CONCHAS E FLORES E FOLHAS

TIARAS de conchas...
tiaras de flores...
tiaras de flores...
flores coloridas, flores de diversas cores:
flores mortas, folhas mortas
flores e folhas
e conchas
conchas que trazem o mar cantar em seu idioma
como o mar canta em seu próprio idioma
o quanto Vos quero
o quanto Vos almejo
desejo, desejos, desejo de Vós, desejo de Vós toda
mesmo apesar
apesar
de: indiscutível inegável inquestionável
indiscutivelmente
inegavelmente
inquestionavelmente
todas as Mulheres me interessarem
Umas mais... Umas menos...
Algumas é “é Mulher? ok, ótimo!”
Outras “uhum, aham, ok, ‘tá (eu passo)...”
pois a Mulher e o Ser Feminino
– a meu ver  e entender –
é o inexorável ápice e projeção do Belo artístico
enquanto conceito e ideal e estético
e interpretado como Perfeição e Harmonia perpetuamente irreprodutíveis em si mesmas.
tal qual Herr Professor [1] Campbell[2] observa e aponta
quanto Vos vi da primeira vez
meu coração disse-me ser Vós...
Vós enquanto meu outro eu...
assim como o supracitado teórico pontua sobre uma luz cintilar e algo no individuo lhe dizer quem é a pessoa certa
e... aconteceu...
eu vi esta luz a priori no verde de Vossos olhos
a completar em Vossos traços e contornos
e finar em Vosso sorriso e voz.
cantareis
de mãos às minhas
podereis cantar para mim
de nariz colado ao meu
e nós dois de testas coladas
e tiaras adornadas
quando enfim e finalmente
nossos espíritos e vontades e compromissos
tornarem-se Unos
transmutarem-se
alinharem-se
convergirem-se
em
Um
Só? 

[1] Do alemão “senhor professor”. Na língua alemã, todos os substantivos começam com letra maiúscula. Ademais, enquanto „Lehrer“ é o professor de ensino básico (feminino „Lehrerin“), „Professor“ já é o professor no ensino superior (feminino „Professorin“).
[2] Joseph John Campbell, (1904-1987), estadunidense mitólogo e estudioso de religião comparada.

:: 19 de abril de 2017 ::
:: Tópicos Temáticos I, Prof. Dr. Gustavo Soldati Reis ::

domingo, 16 de abril de 2017

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – “A BOMBA”

“A bomba 
é uma flor de pânico apavorando os floricultores 
A bomba 
é o produto quintessente de um laboratório falido 
A bomba 
é estúpida é ferotriste é cheia de rocamboles 
A bomba 
é grotesca de tão metuenda e coça a perna 
A bomba 
dorme no domingo até que os morcegos esvoacem 
A bomba 
não tem preço não tem lugar não tem domicílio 
A bomba 
amanhã promete ser melhorzinha mas esquece 
A bomba 
não está no fundo do cofre, está principalmente onde não está 
A bomba 
mente e sorri sem dente 
A bomba 
vai a todas as conferências e senta-se de todos os lados 
A bomba 
é redonda que nem mesa redonda, e quadrada 
A bomba 
tem horas que sente falta de outra para cruzar 
A bomba 
multiplica-se em ações ao portador e portadores sem ação 
A bomba 
chora nas noites de chuva, enrodilha-se nas chaminés 
A bomba 
faz week-end na Semana Santa 
A bomba 
tem 50 megatons de algidez por 85 de ignomínia 
A bomba 
industrializou as térmites convertendo-as em balísticos 
interplanetários 
A bomba 
sofre de hérnia estranguladora, de amnésia, de mononucleose, 
de verborréia 
A bomba 
não é séria, é conspicuamente tediosa 
A bomba 
envenena as crianças antes que comece a nascer 
A bomba 
continua a envenená-las no curso da vida 
A bomba 
respeita os poderes espirituais, os temporais e os tais 
A bomba 
pula de um lado para outro gritando: eu sou a bomba 
A bomba 
é um cisco no olho da vida, e não sai 
A bomba 
é uma inflamação no ventre da primavera 

A bomba 
tem a seu serviço música estereofônica e mil valetes de ouro, 
cobalto e ferro além da comparsaria 
A bomba 
tem supermercado circo biblioteca esquadrilha de mísseis, etc. 
A bomba 
não admite que ninguém acorde sem motivo grave 
A bomba 
quer é manter acordados nervosos e sãos, atletas e paralíticos 
A bomba 
mata só de pensarem que vem aí para matar 
A bomba 
dobra todas as línguas à sua turva sintaxe 
A bomba 
saboreia a morte com marshmallow 
A bomba 
arrota impostura e prosopéia política 
A bomba 
cria leopardos no quintal, eventualmente no living 
A bomba 
é podre 
A bomba 
gostaria de ter remorso para justificar-se mas isso lhe é vedado 
A bomba 
pediu ao Diabo que a batizasse e a Deus que lhe validasse o batismo 
A bomba 
declare-se balança de justiça arca de amor arcanjo de fraternidade 
A bomba 
tem um clube fechadíssimo 
A bomba 
pondera com olho neocrítico o Prêmio Nobel 
A bomba 
é russamenricanenglish mas agradam-lhe eflúvios de Paris 
A bomba 
oferece de bandeja de urânio puro, a título de bonificação, átomos 
de paz 
A bomba 
não terá trabalho com as artes visuais, concretas ou tachistas 
A bomba 
desenha sinais de trânsito ultreletrônicos para proteger 
velhos e criancinhas 
A bomba 
não admite que ninguém se dê ao luxo de morrer de câncer 
A bomba 
é câncer 
A bomba 
vai à Lua, assovia e volta 
A bomba 
reduz neutros e neutrinos, e abana-se com o leque da reação 
em cadeia 
A bomba 
está abusando da glória de ser bomba 
A bomba 
não sabe quando, onde e porque vai explodir, mas preliba 
o instante inefável 
A bomba 
fede 
A bomba 
é vigiada por sentinelas pávidas em torreões de cartolina 
A bomba 
com ser uma besta confusa dá tempo ao homem para que se salve 
A bomba 
não destruirá a vida 
O homem 
(tenho esperança) liquidará a bomba.”
– Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), “A Bomba”. IN: Lição de Coisas, 1962.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

“(...) ela [a Hermenêutica] possui um âmbito que alcança por princípio até o ponto em que se estende efetivamente o enunciado dotado de sentido. Enunciados dotados de sentido são inicialmente todas as declarações lingüísticas. Enquanto a arte de transmitir o que é dito em uma língua estrangeira para a compreensão de outra pessoa, não é sem razão que a hermenêutica recebe o seu nome de Hermes, o tradutor da mensagem divina para os homens. Se nos lembrarmos desse esclarecimento nominal do sentido de hermenêutica, ficará inequivocamente claro que se trata aqui de um acontecimento lingüístico, da tradução de uma língua em outra, ou seja, da relação entre duas línguas. No entanto, na medida em que só podemos transpor algo de uma língua para outra se compreendermos o sentido do que foi dito e se conseguimos reconstruí-o em meio à outra língua, um tal acontecimento lingüístico pressupõe o compreender.”
– Hans-Georg Gadamer, “Estética e Hermenêutica”. Trad. Marco Antonio Casanova.

poema sem título

[!sem título!]

EU tenho um lençol azul de rede
Que uso pra me embrulhar.
Como ultimamente faz frio pra porra de manhã cedo
Quando durmo, é enrolado com ele
E quase não levanto no dia seguinte
Isso porque não tem ar-condicionado no meu quarto
Imagina se tivesse...
Se me perguntares ou perguntasses como eu queria acordar hoje:
Ah!, queria eu... e Ah!, quem me dera...
Se fosses colchão e lençol onde eu pudesse não somente
Ter o melhor dos dormires e inclusive também
o melhor acordar...
Ah!, queria eu... e Ah!, quem me dera...
Vós do lado, ao redor, acima e abaixo
O nívea-pele refletindo às paredes do quarto a pouca luz do sol que adentra pelas fretas da janela
E então Vós vos incrustando ainda mais a meu corpo
Tal qual um brasão de armas em um escudo ou cabo de gladio e/ou espada e/ou maça.
Como, Vós, ser refletor
Como, Vós, colchão e lençol
apareceste a minha vida e então 
Vós, de divinos e formosos traços e delíneos...
Vós, de doces e cândidos olhos claros
estes ora silenciosos (mudos?)
ora gritantes no momento de gozar
que nenhum dos Nove Mundos consegue mais dormir depois...
Vós, toda e Toda em Vossos infinitos e ímpares
Completude e Graciosidade e Infinitude
em Vós
perco-me alegremente sem olhar para trás
rumo aos inescrutáveis e imensuráveis 
Sentido-da-Vida e Existência-em-Si-Mesma
que são e estão Vosso Corpo e enfim neste 
Vosso Bem-Querer!
Então neste Período conhecido como “Agora”
repousado em Vós
embrulhado em Vós
tal qual um Lobo no silencioso caçar
subirei de Vossas pernas a Vossos quadris e barriga
trilharei por Vosso tórax e abdome
rastrearei por Vosso colo e Vosso braço e ombros
até finalmente situar bandeira em Vosso queixo e lábio e nariz
para ouvir-Vos sussurrar, de olhos semicerrados, meu nome

e então sermos
novamente
e mais uma vez

Um. 

:: 07 e 11 de abril de 2017 ::
“Parece pertencer muito mais à experiência da arte o fato de a obra de arte possuir sempre o seu próprio presente, de ela só reter em si de maneira muito condicionada a sua origem histórica e de ser em particular expressão de uma verdade que não coincide absolutamente com aquilo o seu autor intelectual propriamente imaginou aí. Quer denominemos agora esse fato a criação inconsciente do gênio ou consideremos a partir do observador a inesgotabilidade conceitual de cada enunciado artístico – em todos os casos, a consciência estética pode se reportar ao fato da obra de arte comunicar a si mesma.”
– Hans-Georg Gadamer, “Estética e Hermenêutica”. Trad. Marco Antonio Casanova.