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e ai que tenho três livros de autoria publicada que fiz praticamente tudo neles e vou fixar esse post aqui com os três pra download e todos...

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

THE CREATURE BELOW - análise e crítica do filme

ouvindo: Nightmare Fuel, A Turn For The Worst, 2024

desenrolando um trabalho pra um cliente, descobri canais do youtube que contam filmes inteiros em velocidades aceleradas, sem que nada fique perdido do roteiro uma vez, eu ‘tava comentando com um amigo [hoka hey, luis vinicius!] sobre gente que só ouve áudios do whatsapp em créu velocidade 1,5 ou 2 e VÊ FILMES NA MESMA créu VELOCIDADE. tenho quase certeza que esses canais surgiram a partir dessa demanda. 
ai que comecei a fuçar esses canais, porque sempre dá pra descobrir alguma coisinha bacana (sabendo peneirar) e descobri duas obras de viés lovecraftiano: The Creature Below, de Stewart Sparke; e Gods of the Deep[1], de Charlie Steeds. esse post vai tratar do primeiro pra poder falar do segundo.
The Creature Below
. direção de Stewart Sparke; roteiro de Stewart Sparke e Paul Butler. Inglaterra: 2016.

Gods of the Deep. direção de Charlie Steeds; roteiro de Jerome Reygner-Kalfon, Sebastien Semon e Charlie Steeds. Inglaterra: 2023. 

The Creature Below até que não é ruim, mas me deixou neurado, porque só em filme mesmo que cientista é irresponsável como ela foi. “mazesse” não é o primeiro ponto da minha crítica, o primeiro ponto da minha crítica é que a irresponsabilidade da protagonista, Olive Crown [Anna Dawson], tanto me lembrou os bilionários que foram brincar de James Cameron em um submarino feito com tubo de PVC e controle de Playstation em 2023 E LEVARAM O CARALHO, quanto me lembrou o movimento anticiência, que tomou proporções mundiais e deixou o ocidente geográfico e o ocidente socioeconômico/sociocultural correndo atrás dos próprios rabos na pandemia de coronavírus no triênio 2020-2022[2].
o segundo ponto da minha crítica é que filme de viés lovecraftiano é igual bolacha recheada: não se consegue comer só uma. a gente (público consumidor desse tipo de porcaria) sabe que os filmes são de qualidade extremamente duvidosa, sabe o que vai acontecer, sabe que vai ficar puto com o que vai acontecer, mas consome assim mesmo esse tipo de porcaria.
terceiro ponto da minha crítica: The Creature Below não é ruim, reitero. tem todos odos odos os clichês do subgênero horror lovecraftiano, mas até dá pra ser um entretenimento mediano. o diretor e roteirista Stewart Sparke [que divide o roteiro com Paul Butler] até que faz um grande esforço em sair dos lugares comuns, mas acaba caindo nos clichês.The Creature Below vale justamente pelos esforços em sair dos lugares comuns do subgênero em questão, sendo que o principal deles é a atuação de Michaela Longden, que faz Ellie, a irmã on the road e coisas desiguais, com você por perto, eu gostava mais de mim[3] da Olive, que, creio eu, por ter um jack kerouac way of life, consegue notar que a Olive ficou biruleibation dazideia full mode – ao contrário do namorido de Olive, Matthew (Daniel Thrace), que, devido ao seu trabalho em um asilo para idosos – que é uma tremenda duma sugação da porra, sendo praticamente 24/7 –, não vê nada que não seja completa e inequivocamente óbvio. ‘tá, sejamos corporativistas (E EU ODEIO CORPORATIVISMO!), o cara nota a mudança brusca no comportamento da Olive desde que ela voltou de viagem, mas não liga os pontinhos que fazem o elefantinho[4].
eu não só gosto de acreditar como também quero acreditar que The Creature Below acerta mais do que erra, do que Gods of the Deep, porque [The Creature Below] foi filme pra cinema e [Gods of the Deep] foi pra televisão portanto, o texto do Charlie Steeds pôde ser descaradamente cretino e vagabundo e o [texto] do Sparke ter mais camadas, como, por exemplo, o processo de Olive se tornar de uma inquisidora da verdade pela lógica científica para uma cultista obstinada, que transforma todo mundo em seu caminho para o avatar do deus ancestral que está em seu porão. porque, caralho, velho
CARALHO, VELHO
CARALHO, VELHO
C
A
R
A
L
H
O
V
E
L
H

ficção não tem obrigação nenhuma com a realidade, mas só, somente e apenas na ficção que alguém pega um ovo de uma espécie que não conhece, toma para si e vai pesquisar what the fucking hell é esse ovo e o que vai acontecer com ele. é aquela porra que falei no segundo ponto da minha crítica, sobre filme de viés lovecraftiano ser igual à bolacha recheada e quem gosta desse tipo de porcaria ficar puto com as presepadas que acontecem, mas consome, assim mesmo, esse tipo de porcaria.
a aparição da digievolução final do monstro do porão da Olive, como cena final do filme, é muitíssimo mais aceitável e crível do que o Cthulhu de jogo 8 bits de Gods of the Deep (dizer que seria um de 16 bits seria uma ofensa aos jogos 16 bits). inaceitável é a Ellie, internada em um hospital psiquiátrico a.k.a. manicômio depois de quase ter virado comida de monstro do porão[5] ter fugido do hospital psiquiátrico a.k.a. manicômio porque a enfermeira responsável pela ala deixou a porta aberta quando foi levar as medicações aos retidos ao recinto. primeiro filme que assisto que alguém foge porque a a enfermeira responsável pela ala deixa a porta aberta quando vai levar as medicações aos retidos ao local[6]. eu não faço, mas a patifaria é a tanta que tem até um close na pulseirinha do hospital psiquiátrico a.k.a. manicômio que a Ellie ‘tá usando.

no mais, The Creature Below acaba servindo de introdução, até que aceitável do subgênero horror lovecraftiano, sendo até que um entretenimento mediano pra quem não saca porra nenhuma dessa seção da biblioteca. Gods of the Deep não, esse é doroga pesada, só pra quem já é crackudo dessa seção da biblioteca. se não conhece nada de horror lovecraftiano, NÃO VEJA Gods of the Deep, mas dê uma chance pra The Creature Below.
pra alguma coisa os recursos que os europeus roubaram dos não-europeus serviram: pra fazer filme de qualidade relativamente aceitável.





[1] não confundir esse com Lords of the Deep, dirigido pelo Roger Corman, de 1988.
[2] SÓ PRA VARIAR, a África foi o continente que mais se fudeu nesse interim. não que eu tenha ficado surpreso... não que isso não tenha me deixado puto.
[3] perdão, foi inevitável.
[4] caralho, doido, eu DESENCAVEI essa.
[5] irmã(o) é pressas coisas, né, non?
[6] ♪♫nunca subestime um local, aqui você se diverte bem mais♪♫ 









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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

XIRA - quadrinho comentado e analisado

ouvindo: Social Insecurity + Dread 101, Social Insecurity + ...And Systems Continue, 2002

existe uma área do conhecimento chamada Psicolinguística, que quem saca esse blog entre o triênio 2011-2013 sabe muito bem que essa cátedra foi o meu caos na terra durante minha graduação, que quase que não me formo por causa dessa feladumégua.
a cadeira em questão trata de estudar como seres humanos adquirem, processam, desenvolvem e produzem linguagem[1]. dentro deste contexto, há a memória (não, não o que o Halbwachs[2] e o Ricœur[3] entendem como memória), que traz à tona recordações de experiências anteriores similares[4].
sabendo disso, ler Xira, dos argentinos Diego Giribaldi (arte), Mauro Mantella (roteiro) e Ramon Ignacio Bunge (colorista), me fez lembrar praticamente imediatamente do pequeno grande clássico do começo desse século We3, de Grant Morisson (não preciso dizer QUEM é o Grant Morisson) e Frank Quitely (não preciso dizer QUEM é o Frank Quitely), mesmo porque o próprio Diego Giribaldi admite a influência e inspiração da, talvez, minha obra favorita do Morisson.  
Xira 
#1, arte de Diego Giribaldi, roteiro de Mauro Mantella e cores de Ramon Ignacio Bunge. Estados Unidos: Red 5 Comics, julho de 2020
Xira 
#2, arte de Diego Giribaldi, roteiro de Mauro Mantella e cores de Ramon Ignacio Bunge. Estados Unidos: Red 5 Comics, agosto de 2020
Xira 
#3, arte de Diego Giribaldi, roteiro de Mauro Mantella e cores de Ramon Ignacio Bunge. Estados Unidos: Red 5 Comics, setembro de 2020. 
We3 
#1, roteiro de Grant Morisson e arte de Frank Quitely. Estados Unidos: Vertigo, 2004.
We3 
#2, roteiro de Grant Morisson e arte de Frank Quitely. Estados Unidos: Vertigo, 2004.
We3 
#3, roteiro de Grant Morisson e arte de Frank Quitely. Estados Unidos: Vertigo, 2004.

Xira também lembrou Projeto Secreto: Macacos, com o Matthew Broderick (não preciso dizer QUEM é o Matthew Broderick), por praticamente ter a mesmíssima pegada “primatas sendo testados por militares para se tornarem armas vivas”. não coincidentemente, não surpreendentemente, o projeto do filme do Kaplan e o da história do Morisson acontecem com armas desenvolvidas pela USAF (¿por que qual outro grupo terrorista usaria uma arma desse tipo, né não?).
Projeto Secreto: Macacos, direção de Jonathan Kaplan, roteiro de Lawrence Lasker e Stanley Weiser. Estados Unidos: distribuição internacional da (até então) 20th Century Fox, 1987. 

“mas e a Xira?” pergunta totalmente quinta série feelings
Xira é um gorila fêmea que reside em uma instalação de tortur... pesquisa que utiliza primatas não-humanos. não fica especificamente específico do que são estas pesquisas, mas quando catei as capas no ComicVine, ‘tava descrito que são tortur... pesquisas que visam criar astronautas melhores (FAZER ISSO COM HUMANOS NINGUÉM QUER, NÉ, CARALHO!?), mais fortes, mais rápidos e mais inteligentes. como de praxe, os cientistas a tratam como mais uma primata não-humana estúpida, a quem lhe foi permitida procriar para que sua prole também seja submetida a... creio... testes de verificação de transmissão de genes a partir dos experimentos aos quais Xira fora submetida. não é explicado como nossa heroína consegue uma arma, mas ela mete um balaço no coco do cientista-chefe, não só porque ele é um escroto de marca maior, MAS PORQUE É UM ZÓOFILO TAMBÉM. Xira, não surpreendentemente [‘tá, sim, surpreendentemente sim] consegue fazer uma FUCKING análise sociopsicológica[5] a partir de uma leitura corporal do segurança de um traje capaz de atuar a a 30 vezes a atmosfera a terra[6] e tira o segurança da jogada. sim, Xira fala como um ser humano (se bobear, melhor do que muito “ser ‘humano’ que eu conheço), o que deixa praticamente todo mundo surpreso – os cientistas e quem ‘tá lendo a hq em questão[7].
no trajeto de fuga para encontrar o grupo militante pelos direitos dos animais não-humanos, chamado [talvez muitíssimo convenientemente] de ZOO FIGHTERS, “não sei opinar”[8] se a melhor parte foi ela meter um míssil em um comboio possível situado para obstruir sua passagem ou ela tratorar uma equipe da swat, jogando, inclusive, um carro em um helicópteros de guerra que fora tirar a de combate, visto que ela portava “um vírus capaz de fazer antrax parecer fermento em pó”, às palavras do chefe de polícia (sim, o que leva o míssil na fuça) – vírus, inclusive, de influência nula a primatas não-humanos. as situações mencionadas são maravilhosas de se ver porque a arte do Diego Giribaldi não é bagunçada e as cores feitas pelo Ramon Ignacio Bunge são nítidas, não parecem estar todas uma em cima da outra, não permitindo o discernimento do que cada personagem é em cada quadro.
mas tal como em We3, mandam uma arma propriamente dita para parar Xira de uma vez por todas. um babuíno em uma armadura hipertecnológica, que, pelo dito por um dos cientistas, dá pra entender que já foi utilizado em batalha anteriormente. achei legal que o Mauro Mantella faz uma referência/homenagem indireta muitíssimo ao escritor estadunidense ERNEST HEMINGWAY (1899-1961) (não preciso dizer QUEM é o Ernest Hemingway), pois enquanto em inúmeras histórias do Hemingway, as personagens femininas não têm nome, além da própria Xira, a única personagem que tem nome é Marko, o babuíno da armadura hipertecnológica, usado pelo governo dos EUA (¿por que qual outro grupo terrorista usaria uma arma desse tipo, né não?²). achei isso interessante para caralho e seria legal o Morisson ter feito isso em We3.
após Xira e sua cria essa frase nao ficou legal, convenhamos já terem encontrado os Zoo Fighters[9] e Xira alimentar sua cria, ocorre uma batalha destroyer entre Xira e Marko, que após este arrancar o braço da cria de Xira, o que provoca sua ira e então lhe dá a vitória na batalha. por fim, através da divulgação do Manifesto Xira, pelos Zoo Fighters, na qual ela se declara “a voz dos que não têm voz”, a comunidade científica mundial decide parar de uma vez com as pesquisas em animais não-humanos. UHUM, ‘TÁ, VOU ACREDITAR QUE VAI SIM.
Xira é um manifesto ecológico e um convite a discussões sobre o atual estado e mesmo o futuro da bioética, das quais a médica, militante feminista e bioeticista Fátima Oliveira (1964-2017) – autora do volume Bioética, da coleção Polêmica (Moderna, 1997, 144 páginas) – ficaria orgulhosíssima em ver e participar o texto de Mantella, Giribaldi e Bunge, além de excelente contribuição aos quadrinhos de ação e de ficção científica (que andam juntos quase sempre desde sua gênese), é um tremendo de um chute na boca dos nerdolas chorões pleonasmo mode on turbo que dizem não querer discussões sobre política no referido gênero tetual (sim, os quadrinhos). 
creio que a própria Fátima Oliveira, pra quem dedico esse texto, adoraria ler essa HQ, justamente por sua protagonista ser uma fêmea, uma mãe e um ser vivo que só quer viver e o melhor para sua prole.

leiam Xira






[1] SÁ, Thaís Maíra Machado de; OLIVEIRA, Cândido Samuel Fonseca de. Métodos experimentais em psicolinguística: uma introdução. In: OLIVEIRA, Cândido Samuel Fonseca de; SÁ, Thaís Maíra Machado de [orgs.]. Métodos experimentais em psicolinguística. - 1. ed. - São Paulo : Pá de Palavra, 2022.
[2] HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1990.
[3] RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Trad. Alan François et al., Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2007.
[4] GUIMARÃES, Mara Passos. O priming estrutural na pesquisa linguística. In: OLIVEIRA, Cândido Samuel Fonseca de; SÁ, Thaís Maíra Machado de [orgs.]. Métodos experimentais em psicolinguística. - 1. ed. - São Paulo : Pá de Palavra, 2022.
[5] PAIVA, Vera Silvia Facciolla. Psicologia na saúde: sociopsicológica ou psicossocial? Inovações do campo no contexto da resposta brasileira à AIDS. Temas em Psicologia, vol.21 no.3, Ribeirão Preto dez. 2013.
[6] eu poderia colocar a 30 atm, mas isso ia lembrar muito os treinos do Vegeta e do Goku na ida a Namekusei.
[7] ¿qual o nome que os eleitores do mileso dão pra histórias em quadrinhos?
[8] Pires, 2016.
[9] eu lia e pensava “caralho, esse bicho é muito filho da puta” HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA 









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