INSTANTE SEM DURAÇÃO
“Ao teu olhar tombaram as folhas das árvores
E os tajás vergaram-se para a terra como para alimentar os formigueiros.
Ao teu olhar as nuvens passaram pelo céu límpido de junho e choveu.
Ao teu olhar os horizontes se estenderam e se distanciaram
E os veleiros se perderam entre nuvens ao longe.
Ao teu olhar tudo se transformou.”
– Paulo Plínio Abreu, “Poema”.
O que há em Teus Olhos
Que por Eles e Teu Rosto e Tua Boca
Perdidamente me encantei?
Teus Olhos, Teus Olhos, Teus Olhos
Que almejo me fitarem sem fim à vista
Independente haver ou não fonte de luz
Eles a fonte de luz!
Qual a cor d’Eles Eles refletindo o Sol?
Teu Rosto, Teu Rosto, Teu Rosto
De onde Tu com este Rosto?
Para onde Tu com este Rosto?
Ah!, quem me dera Teu Rosto ser o espelho
No qual quero perder minha face
Através de beijos e cheiros!
Tua Boca, Tua Boca, Tua Boca
Sobre Ela me faltam palavras
– tal qual como a Teus Olhos! –
E se o momento de contato d’Ela à minha
Esta realidade/condição natural e profana
Tomar contato com o Sagrado e Mítico
E nossos beijos se tornarem
Instantes sem duração?
À parte de qualquer verdade
De toda e qualquer realidade
Poderias... Podes ouvir-me suspirando
O quanto desejo passar os polegares e indicadores em Teus cabelos
Enquanto infindamente
Indiscriminadamente
O calor de Teu Rosto ao meu
O sabor de Tua Boca à minha
E contemplando por Teus Olhos ser
E para dentro d’Eles seguir sem qualquer volta
Sendo para sempre Teu através destas
Castanhas estrelas em seu momento apoteótico de fulgor:
Teus Olhos.
:: 25 de maio de 2018 ::